Com quem eu estava ontem a noite?

Lucas dormiu bem mais do que havia imaginado, havia acordado desnorteado dentro do quarto de hotel, a sua cabeça parecia que ia estourar, até mesmo a luz do sol o incomodava. Levantou buscando por Liana, mas não encontrou ela em lugar nenhum.

— Ela foi embora? Sem me dizer nada? Custava deixar ao menos um bilhete se não queria me acordar? Pensei que a noite havia sido importante para ela. Depois homens que são idiotas superficiais. Que seja. — Lucas estava indignado, não pensou que acordaria em um quarto sozinho, depois daquela noite, mas decidiu não pensar nisso, se era assim que ela queria, não seria ele que correria atrás.

Decidido a esquecer totalmente aquele encontro, Lucas foi para casa, já era fim de tarde quando chegou. A sua mãe já esperava na sala junto com seu pai, ambos estavam com cara de poucos amigos. Haviam passado todo o dia tentando fazer contato com ele, mas não haviam conseguido.

— Pensei que não tinha mais casa. Já estava pensando em arrumar as suas malas e enviar para onde você estava. — Fátima disse ao ver o seu filho passando pela porta.

— Boa tarde, mãe. Aliás, eu estou bem, nada aconteceu comigo. Apenas dormir demais. Não precisa se preocupar. — Lucas debochou. Sua mãe não parecia preocupada, mas apenas irritada com o fato do filho ter demorado para chegar e não atendido o celular.

— Como pode fazer piada? Deveria está envergonhado. Não te criei para fugir da responsabilidade ou ser desrespeitoso com as outras pessoas. Se não tinha intenção de ir para o encontro com Sheila, deveria ter dito desde o início, mas fazer ela ir até o restaurante, esperar por você, não atender o seu telefone e não dar qualquer notícia. Isso é algo que um homem faria com uma mulher? — Fátima levantou olhando sério para seu filho, que gargalhou ao ouvir aquilo. Não fazia menor sentido.

— Você está brincando, não? Eu fui sim aquele restaurante, me encontrei com a mulher que você havia marcado. Estava até agora com ela, quer dizer, até mais cedo. Como pode me falar essas coisas. Quando fiz exatamente o que você me pediu? Isso é injusto, não? E me arrependo de ter ouvido seu conselho. Esse tipo de coisa de encontro às escuras só acontece em filmes ou antigamente. Não faz nenhum sentido. Fiz o que queriam. Como prometido me deixem em paz. Não quero mais saber sobre esse história de casamento. — Lucas não sabia o que irritava mais ele, a ideia de ser questionado injustamente por sua mãe ou a mulher que ele sequer tinha interesse ter despertado o seu interesse depois partido sem dizer nada.

— Como ousa falar assim com a sua mãe? Ainda mais mentir dessa forma. Eu falei com Sheila e a mãe dela. Passei horas conversando com elas. Você não tem ideia o que eu tive que ouvir por você ter deixando aquela garota plantada no restaurante. Ainda quer se sentir na razão? — Fátima estava preocupada, o seu filho não tinha costume de mentir, mas acima de tudo, sabia que Henry já tinha ido encontrar alguém e estava se preparando para o noivado.

— Ela disse que não nos encontramos? Como pode dizer isso! Nunca imaginei que alguém que parecia ter tão sincera, mas realmente é uma pessoa terrível. Não quero mais saber sobre essa mulher. Eu cheguei antes dela. Ela chegou atrasada e ainda ousa inventar essa mentira deslavada. Não se pode mesmo confiar em mulheres. — Lucas estava irritado, não apenas foi deixado sozinho, como agora tinha que lidar com a mentira que ela inventou. — Eu sequer gosto de mulheres de cabelos pretos.

— Espera. Ela não mentiu. Ontem a noite mesmo né ligou pedindo seu número. No mesmo horário que vocês haviam marcado. Sheila sofreu um acidente de carro, chegou um pouco atrasada, por isso, me ligou pedindo seu número. E hoje pela manhã, até me encontrei com ela e a sua mãe. E com toda certeza do mundo, ela é loira. De onde saiu essa morena? — Fátima não estava mais entendendo o que havia acontecido, notou que o seu filho havia realmente se irritado com a situação.

— Loira? Espera. Me mostra uma foto dela. Eu não estou louco. Ela definitivamente tinha o cabelo preto. — Lucas pediu a sua mãe.

— Filha, claro que eu tenho, te mostrei ontem quando falamos sobre o encontro. — Fátima mostrou a foto ao filho. Que se surpreendeu, era uma mulher totalmente diferente.

— Espera. Essa não é a Sheila... Quer dizer... Se essa é a Sheila, com quem eu estava ontem? — Lucas sabia que aquela mulher na foto com toda a certeza não era a mesma que ele havia passado a noite, mas se perguntava quem era ela.

— Como assim? Sua mãe mostrou a foto dela. Como assim não é a mesma mulher? Com quem esteve ontem, filho? — Sandro olhou preocupado para o filho. Ele não era do tipo que dormia fora, ainda mais, com uma mulher.

— Não importa! Estamos com problemas. Enquanto você estava andando por aí com uma mulher desconhecida, seu primo Henry encontrou uma noiva. Nesse ritmo todos nós vamos à falência. Sabe que seu primo nunca foi bom no negócios e nem se importa. Seu avô lutou muito por essa empresa, meu filho. Muitas famílias dependem desse lugar. Não podemos deixar o legado dele nas mãos de alguém que claramente vai destruir. Eu não queria insistir nesse casamento, sei que isso não acontece nos dias de hoje, mas eu preciso que pense um pouco. Esse casamento é vital para conseguir a empresa. A escolha deve ser sua, mas eu preciso que pense nisso. Podemos conversar com Sheila para um casamento de fachada, não sei. Falei com o advogado, ele disse que você pode adotar um filho, claro que depois de um tempo, pode surgir um sentimento entre vocês, mas saiba que Sheila está disposta a tudo isso. O que acha, meu filho? — Fátima havia combinado com Sheila e sua mãe todo um plano para juntar eles dois, sem pressionar ele.

— Está falando que Sheila concordou em um relacionamento estritamente profissional? Você só pode estar brincando. O que ela ganharia com isso? — Lucas perguntou a mãe. Sabia desde pequeno que ninguém fazia nada de graça.

— Não sei, mas realmente importante. Um problema de cada vez. Primeiro temos que evitar que seja primo herde tudo, depois nos preocupamos com Sheila. O que acha? — Fátima pensou saber o que aquela mulher desejava, mal sabia ela que não era nada do que imaginava.