Capítulo 11 - Silêncio

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Luciana Mendez

Se passaram dois dias desde que o... sei lá o nome dele anunciou o nosso noivado para amigos e familiares.

E que família ele tem. Maravilhosa para não dizer o contrário.

A Heloisa de fato não apareceu e isso me deixou muito triste.

O Mr. Insuportável me deixou em paz. Na verdade, acredito que ele tenha ido trabalhar.

Deixou um conjunto de chaves comigo. Eram quatro chaves, disse que seriam os cômodos que eu poderia transitar durante o dia.

Uma chave era da cozinha, a outra era da sala de jantar, a penúltima era a chave da biblioteca e a última era a chave do meu quarto.

Disse também que se eu tentasse qualquer gracinha teria consequências e que a casa tem câmeras.

De qualquer forma ele estaria me observando.

Até que tudo está tranquilo. De boa! Só que estou um pouco entediada.

Não converso com ninguém. A não ser que seja para pedir alguma coisa.

Fui proibida de cozinhar e de lavar a minha roupa.

MAIS QUE PO**A! VIREI DONDOCA AGORA?

Não sei que obsessão é essa de querer trancar tudo.

Tô tentando entender mas não entra na minha cabeça.

Agora são duas e quinze almocei uma massa com camarões e molho pesto.

Nunca havia comido um camarão tão bom quanto esse.

Agora estou sentada na cadeira em frente ao balcão da cozinha esperando a cozinheira terminar o meu brigadeiro.

Um absurdo! Sabe como tive de pedir a sobremesa?

Por escrito! Isso mesmo! Tive de escrever num pedaço de guardanapo e não era um guardanapo descartável.

Era um guardanapo de pano. Coisa de rico.

Procurei alguma pista ou algum tipo de personalização nos guardanapos mas não tinha.

Ele não é bobo! Não ia se expôr. Só me pergunto o porquê de tudo isso, sabe? Fazer segredo de estado com o nome!

Será que ele é um gangster? Assassino de aluguel?

As vezes ele é só um desses ricos excêntricos.

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Mais um dia se passou. Já estava entediada.

Ao menos sabia as horas. Não foi como nos dois primeiros dias em que estive aqui sem a noção real do tempo.

Seis e meia da tarde. Já estava jantando. E dessa vez optei por uma salada de pêra e um ravioli com brie e molho branco.

Para beber um bom vinho e de sobremsa uma torta banofee.

Acho que fiquei mal acostumada. E para ser sincera o fato do Mr. Insuportável estar a uma certa distância de mim melhorou as coisas.

Não preciso discutir por coisas fúteis e nem me preocupar em agradá-lo.

As coisas não poderiam estar mais perfeitas.

-Que cheiro delicioso, me juntarei a você!

Oh, aquela voz! É bem como dizem: Nada dura para sempre!

A minha felicidade, tranquilidade e paz se foram no momento em que o vi.

Que bosta! Por que ele tinha de voltar logo agora?

Não poderia ter demorado mais? Eu não me importaria, havia acostumado com o silêncio e a tranquilidade.

Nubca senti tanta verdade no ditado: A alegria do pobre dura pouco.

Bem pouco mesmo. Literalmente. O jeito era respirar fundo e ignorá-lo.

-Sentiu minha falta, querida?

O sonso perguntou. Tive de prender o riso.

Fala sério! Essa história de querida de novo!

Faça-me o favor, que coisa mais ultrapassada!

E que raio de pergunta é essa? Não nos gostamos.

Mal nos suportamos. Então não cairei na dele e não o responderei.

Comer é tão bom! Ao menos terei uma desculpa para não respondê-lo.

— Foi uma boa escolha o cardápio de hoje!

Como assim o de hoje? Por acaso ele soube sobre...

TÁ ESSA PERGUNTA FOI BEM IDIOTA!

-Está refinando o seu paladar, fico feliz!

Não aguentava mais ouvir essa conversinha fiada.

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A noite passada deve ter ficado conhecida como a noite do vácuo.

Porque foi isso que fiz. Na verdade foi o que eu não fiz.

Falar com o Mr. Insuportável estava fora de questão!

Coloquei o meu melhor casaco. Isso porquê as únicas roupas que estavam disponíveis eram um cropped e um short de linho na cor amarelo.

Particularmente não gosto de amarelo, já ouvi tantas vezes que fico bem com essa cor.

E hoje me senti muito confortável então talvez use essa cor mais vezes.

O casaco é por causa do frio. Começou a nevar essa madrugada.

Fazia tanto tempo que não nevava. De repente me veio um pensamento, na verdade foi mais uma lembrança.

Uma boa lembrança de quando eu era criança e fazia bonecos de neve com o meu pai..

Sorri fraco. Agora eu não tenho mais um pai. Ao menos eu não gostaria de não ter!

O que ele fez comigo é imperdoável! Quero dizer.. que tipo de pessoa diz que te ama e te cria simplesmente abre mão de você com tanta rapidez.

Espero nunca mais cruzar com esse idiota. Não sou uma pessoa rancorosa, mas está doendo!

Está doendo porquê foi um golpe de uma só vez.

Ele disse tudo o que eu me negava a acreditar.

E de repente todo respeito que eu tinha por ele se foi.

Esse assunto para mim está mais que encerrado.

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Terminava de passar o perfume quando fui brutalmente agarrada pelos quadris.

O que esse homem pensa que está fazendo?

— Sabia que você deveria ser proibida de sair assim?

Que papo é esse agora? Essa roupa foi comprada por ele!

Quando digo que ele é louco.. É PORQUÊ ELE É LOUCO MESMO!

Não o respondi. Sinceramente não estou afim de brigar hoje, assim como não estava afim na noite passada.

-Não irá falar nada? Talvez eu deva fazer alguma coisa!

O homem loiro de olhos azuis aproximou o seu rosto do meu.

Está bem. Está bem. Agora eu acho que ele vai me beijar!

Ao menos parece que sim. Ele acariciou o meu rosto e..

E BINGO! Ele me beijou! Ai meu Deus! Por essa eu de fato não esperava!

Não mesmo! Mais ele beija bem. Muito bem mesmo e agora é real!

Não esperava que o meu subconsciente de alguma forma queria isso.

Acho que é mais por uma questão de curiosidade.

Ele te pegada. E nossa, é estranho dizer que foi o meu primeiro beijo?

Pois foi e está sendo tão agradável.

Agora ele não parece ser tão insuportável!

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