Capítulo 8 - Revelação

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Luciana Mendez

Como o combinado o meu pai de fato me esperava no escritório do Mr. Insuportável.

Acho curioso que até agora, ele não disse nada.

Só ficou me olhando de cima a baixo. Mais que po**a é essa?

O Mr. Insuportável saiu do escritório para nos deixar asós.

Quem sabe não era por causa da presença do meu sequestrador que o meu pai manteve-se calado?

É O QUE EU ESPERO QUE SEJA O MOTIVO!

SERÁ QUE O MEU PAI ESTÁ PENSANDO EM ALGUMA ROTA DE FUGA?

Do nada o meu pai, o Mr. Rogério Mendez deu um sorriso sarcástico.

— Vejo que está muito bem cuidada, Luciana. Isso alegra-me e muito. Quero que me escute com muita atenção: Você está aqui para cumprir um propósito maior, pense dessa forma! Aproveite para descobrir as fraquezas e os meios de derrubar o seu senhor. Isso será de muita utilidade após o casamento!

Juro que me arrepiei da cabeça aos pés ao ouvir tamanha loucura.

E o pior! Vinda do meu próprio pai! O homem que deveria cuidar de mim.

Pelo visto de fato fui vendida. É triste constatar as coisas dessa forma.

Senti meu coração despedaçar e as lágrimas querendo saltar dos meus olhos.

Os fechei por alguns instantes e quando os abri consegui conter um pouco da raiva que sentia.

— Não estou entendendo! Como assim eu devo descobrir as fraquezas e outras maneiras para destruir o sequestrador? Pensei que viesse aqui para resgatar-me e...

Não consegui terminar de falar, pois o Rogério se desatou a gargalhar.

ISSO É ALGUM TIPO DE PEGADINHA? ONDE ESTÁ A CÂMERA ESCONDIDA?

Só pode ser uma pegadinha! Meu pai nunca se comportou dessa maneira.

-Como pode concordar que eu me case com um homem que não conheço? Isso é um absurdo!

Pude ver o semblante do meu pai mudar de sarcástico para raivoso em questão de segundos.

O que aconteceu com ele? O que eu perdi?

-Escute-me aqui sua fedelha, fará o que eu mandar! É a minha filha e me deve obediência, tudo o que seu senhor lhe disse é verdade! Perdi tudo que tínhamos numa partida de pôquer. Tive de apostá-la! Havia colocado a nossa casa como garantia de pagamento e perdi, você foi o último bem que me restou!

Rogério puxou-me pelo braço agressivamente.

-Está se ouvindo? Não posso acreditar no que está dizendo! É ultrajante!

-Vejo que até o seu vocabulário está diferente! Anda tendo aulas de etiqueta?

Como aquela pergunta me enfureceu.

Sempre falei dessa maneira. Claro que não o tempo todo.

— Educação foi algo que sempre tive!

-Que seja! Use o que for necessário para seduzi-lo e tomar o dinheiro dele! Depois disso entramos com a papelada do divórcio e não teremos de trabalhar nunca mais!

Rogério revirou os olhos e respondeu friamente.

Parecia uma pessoa completamente diferente.

Um estranho. E não alguém que me criou para ser uma pessoa de bem.

-Não sou esse tipo de pessoa e sabe bem!

-Não precisa ser sua tonta! Apenas aproveite-se da situação!

Tonta? Ele me chamou de tonta? Meu pai nunca havia se referido a mim com adjetivo pejorativo antes.

Isso foi um soco no estômago. De fato ele não transparecia se importar comigo.

Se preocupava em recuperar o dinheiro que perdeu.

-Vá embora! Não quero vê-lo nunca mais, suma daqui!

Pedi em tom firme. Rogério riu, soltou o meu braço e saiu do escritório.

Estava chocada! Completamente chocada.

Não era possível que tudo tenha sido planejado por ele!

Isso é um absurdo! Não sei mais o que pensar e..

Comecei a sentir falta de ar só que dessa vez de verdade.

Corri para os meus aposentos para pegar a bombinha.

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Após o café da tarde retornei ao quarto, e o Mr. Insuportável veio atrás de mim.

A conversa com o meu pai ou melhor, com o seu Rogério foi esclarecedora!

Não precisava de mais nada! Aquilo já explicava tudo.

Estou sozinha nesse mundo e a mercê desse homem que no momento parecia ser a única pessoa a se preocupar com o meu bem estar.

Mesmo sendo um completo estranho.

Deitei-me na cama e puxei as cobertas. A única coisa que eu queria era dormir e acordar daquele pesadelo e ter a sensação de que tudo não passou apenas de um sonho.

Um sonho e nada mais. Um sonho horrível, manipulador e calculista.

Está mais para pesadelo na verdade.

Suspirei. O homem sentou-se na ponta da cama.

-Está passando mal?

Neguei com a cabeça. O homem estranhou o meu gesto.

Certamente esperava alguma resposta mirabolante ou engraçada, acho que ele esperava até uma frase irônica.

— A conversa com o seu pai deve ter sido difícil!

O ignorei. Ele sorriu.

-Esse é o seu mecanismo de defesa não é mesmo? Calar-se quando não quer responder algo profundo ou quando não encontra uma resposta favorável não é mesmo?

Vinte e quatro horas. Esse foi o tempo que ele levou para aprender algumas peculiaridades minhas.

Sorri mentalmente. Não acredito que algo tão bobo consegui distrair-me.

-Não sei do que está falando, só preciso descansar.

Decidi dar uma resposta fria até porquê essa cara de normal não tem nada e se está falando com jeitinho, ou tentando ser legal comigo é porquê quer algo de mim.

O homem franziu a testa e fechou a cara.

-Está bem descanse! Precisará de energia para mais tarde, teremos convidados importantes para o jantar dessa noite!

Foi a última coisa que o homem disse antes de sair do quarto e trancar a porta.

Não queria dizer isso até porquê a casa é dele e as regras também, mas é um pouco estranho toda vez que sai trancar a porta.

Ele não é bobo! Sabe que agora não tenho para onde ir e nem parentes próximos.

Não tem motivos para prender-me. Sabe que não teria como chegar a polícia!

E o meu celular não existe mais! Na bolsa que trouxe para cá era o único item que estava faltando.

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