Após fornecer todas as informações atualizadas sobre o estado desse mundo, continuamos nossa jornada em direção à saída da floresta.
Observando ao redor, percebi que as árvores começaram a se espaçar, indicando que estávamos nos aproximando da saída.
Seraline não pôde deixar de se questionar: — Ren, nosso objetivo original não era encontrar o templo escondido nesta floresta? — Ela examinou os arredores em busca de pistas.
Noelle, pensativa, comentou: — Ah, vocês estão se referindo à minha casa? Não entendo o interesse de vocês por aquele lugar. Era apenas um refúgio dos Kobolds, não havia nada lá, exceto por esta lança carmesim que carrego. — Ela retirou a lança das costas e a mostrou ao grupo.
Fiquei visivelmente desconfortável com o que Noelle havia revelado.
— Bem, Noelle, digamos que sua casa tenha sido completamente destruída... — Cocei a bochecha, hesitante. — O ataque de Seraline atingiu o templo em cheio enquanto Rosa e eu estávamos próximos, então não sobrou nada no local. Desculpe...
Noelle ficou chocada com a notícia. — O quê?! Como assim!? — Ela olhou para ambos, sua expressão mostrando surpresa e tristeza.
Rosa rapidamente se escondeu atrás de mim, temendo uma possível reação de Noelle.
Olhei para Noelle com um sorriso caloroso e disse: — O que acha de se juntar a nós? Gostaria muito de tê-la como uma aliada, especialmente alguém com tanto potencial como você, Noelle. O que diz?
Seraline cruzou os braços instantaneamente, e ao ver o sorriso em meu rosto, franziu a testa por um momento, perturbada por algo que a incomodou.
— Além disso, Rosa está conosco, então, por que não? Pode ser divertido ou talvez um pouco preocupante, haha, mas com certeza será interessante... — Sorri docemente.
Estendi a mão, aguardando a resposta de Noelle, que ponderou por um momento.
Em sua mente, ela lutou com a questão de se deveria ou não confiar em um humano.
— Eu odeio humanos, mas por que ele me faz sentir tão tranquila? — Noelle comentou em pensamento. — Talvez este Guardião seja diferente? Eu quero descobrir... — Ela continuou pensando.
Noelle estendeu a mão, apertando a minha, e um tímido sorriso apareceu em seu rosto parcialmente oculto pela máscara de lobo.
— Estarei contando com você, R-Ren... — Ela respondeu, visivelmente envergonhada.
— Tenho certeza de que você se encaixa perfeitamente conosco, Noelle! — Respondi com alegria.
Observando atentamente o mapa, ainda nos encontrávamos a um mero quilômetro da saída da misteriosa Floresta dos Perdidos.
Apesar do incidente com aquela criatura mágica, Rosa que agora virou aliada e as Sombras Inferiores, até então, nos haviam sido favoráveis. Além disso, Seraline e eu havíamos ganhado poderes adicionais, o que me conduziu ao despertar como Guardião.
Com um toque sobre meu peito, percebi um leve vazio, mas decidi deixar isso de lado momentaneamente, voltando minha atenção às garotas. Seraline, com sua aparência notavelmente transformada, me instiga a questionar o que exatamente havia ocorrido.
— Talvez eu possa esclarecer? — oferece Yggdrasil.
Contudo, ponderei sobre a invasão de privacidade que tal indagação poderia representar para Seraline, que aparentemente nutria um sentimento de raiva.
Yggdrasil exibe um suspiro leve de frustração e, em seguida, sua preocupação fica evidente.
— E quanto ao seu despertar? Até quando você pretende manter isso em segredo? — questiona ela, com pensar.
— Huh? Estou bem. A Energia Full Moon está se adaptando bem ao meu corpo, e eu compreendo como usá-la conforme as instruções... — respondi, com um sorriso, mas sou interrompido por Yggdrasil, claramente chateada.
— Você sabe que não me refiro a isso, meu filho... Ficará ainda mais doloroso se você continuar guardando isso só para si... — comenta ela, mostrando tristeza.
Baixo o olhar para o chão por um breve momento antes de recuperar minha compostura. — Estou bem, mãe. Não se preocupe tanto, por favor... — digo, voltando-me para as garotas.
Sinto que é hora de compartilhar algumas informações atualizadas sobre nossa situação atual e aprender mais sobre os habitantes deste mundo.
— Que tal fazermos uma pausa e aproveitar para nos atualizarmos antes de seguirmos em direção a uma cidade humana? — sugiro, interrompendo nossa caminhada.
Yggdrasil demonstra preocupação, murmurando meu nome.
Enquanto isso, Seraline, apoiada em uma árvore, pondera sua resposta. — Embora eu queira seguir imediatamente para a capital dos monstros devido a algumas pendências pessoais — diz ela, visivelmente insatisfeita —, compreendo que a missão de meu marido é de máxima urgência. Esperarei...
Seraline pensa por um instante e, em seguida, volta-se para mim.
— Agora que você despertou como Guardião Lunar e seus poderes aumentaram, será que teremos alguma vantagem? Afinal, precisamos encontrar a fonte desses meros peões que surgiram. Você tem alguma ideia de onde possa estar essa Sombra Verdadeira? — indagou, curiosa.
— Sobre isso, tenho notícias boas, sobre o mapa tridimensional dentro de minha mente que criei agora está constantemente ligado, posso dar uma noção da situação... — expliquei enquanto colocava o dedo em minha testa. — Eu agora posso enxergar a energia Dark no ar, assim discernir possíveis pontos das Sombras inferiores ou a Verdadeira que é o nosso foco.
Rosa parece não entender a explicação, então levanta a mão para falar.
— Não consegui entender… o que é um mapa tridimensional? — perguntou Rosa confusa.
— Claro que um cérebro de planta não ia entender uma coisa dessas, não quer ir tomar mais um pouco de Sol, para ver se evolui um pouco mais? — retrucou Seraline sorrindo sarcasticamente.
Seraline, dando um olhar irônico para Rosa, continuou:
— Ou talvez precisemos encontrar um jardineiro para ajudar com a evolução botânica dela. Quem sabe assim ela compreenda o tal mapa tridimensional?
Rosa ficou visivelmente ofendida com a provocação e respondeu: — Engraçado vindo de alguém que não consegue nem criar uma planta de casa sem matá-la por excesso de magia!
Nesse momento, a discussão entre as duas se transformou em uma troca de insultos divertidos.
Noelle se aproximou de mim, puxando minha manga. — Você não acha melhor parar as duas? — comentou, preocupada com a discussão se desenrolando.
Apenas dei de ombros para a discussão cômica delas, respondendo a Noelle:
— Nhã, deixe elas, normalmente é assim que florescem grandes amizades… — comentei rindo.
Dei alguns passos à frente, mas, pensando um pouco, pelas informações da Yggdex, os Kobolds talvez...
Me virei para Noelle, analisando sua pele e sua cabeça de lobo sobre a cabeça.
— Noelle, você pode se transformar em lobo? Você me parece mais do que uma simples Kobold… — perguntei curioso.
Noelle ficou surpresa pela minha afirmação, o que a deixou animada, então ela respondeu:
— Você é o primeiro que sabe sobre essas informações sobre um Kobold, sim, nós Kobolds temos uma forma mais "selvagem", por assim dizer, mas são raros os da raça que podem acessar sua metamorfose… — explicou ela. — E claro, eu posso me transformar, como você havia dito.
Acenei com a cabeça, e Noelle se moveu para um espaço mais à frente, enquanto Seraline e Rosa pararam suas discussões para observar o que ela fará.
— Bem, então lá vou eu… — comentou Noelle, fechando os olhos por um momento e concentrando-se em sua transformação.
Seu corpo começou a tremer, e uma aura escura envolveu-a, como se sombras tivessem se unido a ela.
Suas roupas se rasgam enquanto sua forma humana se distorce.
Seu corpo cresceu e se alongou, os ossos estalando com o esforço da metamorfose.
Pelos negros e espessos começaram a cobrir sua pele, enquanto suas unhas se transformavam em garras afiadas.
Seus olhos, agora brilhavam intensamente em um azul profundo, como dois faróis na escuridão.
Noelle emitiu um uivo poderoso, revelando sua nova forma impressionante: um lobo escuro gigante, com músculos poderosos e um olhar penetrante.
Sua altura ultrapassa a da Seraline nessa forma, impressionante…
— Como esperado de um Kobold, qualquer criança de nossa mãe Tiamat tem traços únicos em sua genética — comentou Seraline, analisando a metamorfose.
Caminhei até Noelle, acariciando embaixo do pescoço dela, o que a surpreendeu pela ação, mas ela não se afastou e começou a ronronar, apreciando o gesto.
— Urg, por que esse humano é assim? — comentou pensando. — Até algumas horas atrás, eu queria que ele fosse largado morto, e agora estou recebendo carinho dele, mas é tão bom que não consigo resistir…
Parece que ela também tem habilidades psíquicas, mas sério que ela queria que eu morresse? Bem, vou deixar passar, apenas porque ela fica adorável nessa forma.
— Hehe, parece que não é só a Rosa que consegue se comunicar por telepatia com você, Ren, — comentou Yggdrasil em pensamento, animada. — Talvez sua ligação com os seres sobrenaturais e os monstros seja mais intensa do que imaginava. Tiamat vai gostar de você — disse, rindo sobre o possível encontro.
Continuando a acariciar Noelle, mas virando o rosto para Seraline, perguntei pensativo:
— Conheço vagamente pela mitologia, mas poderia me informar quem seria a Deusa Tiamat de quem vocês falam com admiração? — perguntei, curioso.
Seraline acenou com a cabeça e se ofereceu para explicar, levemente orgulhosa em seu tom.
— Tiamat é a Deusa Primordial das Bestas e de todos os Seres Sobrenaturais, como Onis, Lobisomens, Kobolds, Bestas Mágicas, e quaisquer seres que se alimentam da agonia e se divertem caçando seres humanos amados pelos deuses. Ela se auto proclamou a Mãe das Bestas — explicou Seraline, orgulhosa de sua descendência.
Rosa interveio, dando mais informações:
— Diferente dos Deuses que são venerados pelos humanos e ganham mais divindade, — explicou Rosa sorridente. — Tiamat outrora era uma Deusa do Reino Divino, mas se tornou caída. Ela é adorada pelas suas criações e temida pelos humanos — Rosa continuou sua explicação com entusiasmo.
— Assim, sua divindade se tornou algo primordial, algo fora do controle dos Deuses. Nossa mãe, por nossas consequências e ações, sendo temida, vai ficando cada vez mais forte — terminou Rosa, bufando orgulhosa.
Levando a mão até o queixo e pensando a respeito. Era diferente dos Deuses que, para serem fortes, precisavam ser amados e venerados por suas ações.
Tiamat se tornou o oposto; suas ações e criações a tornaram temida, e o medo faziam com que sua divindade aumentasse, seu nome sendo espalhado de tal forma que ela se tornou poderosa.
Medo... Isso me lembrou algo de sua infância, em minhas viagens com o vovô.
Yggdrasil interveio: — Informações adicionais: Tiamat foi expulsa do Reino Divino, os Deuses a consideravam "repulsiva", então a jogaram no reino dos mortais. Como forma de deboche e raiva contra os deuses, Tiamat fez nascer seus primordiais, que se alimentam de tudo o que os deuses deram aos homens, — informou Yggdrasil, embora não muito interessada.
Em pensamento, debati com minha mãe e perguntei: — Tudo o que os deuses deram aos homens?
— Os Deuses, ao criar a humanidade, deram uma parte de si para eles. Como o Amor, Raiva, Luxúria, Medo... entre várias coisas, para torná-los uma criação complexa e perfeita aos olhos dos deuses — explicou Yggdrasil.
— Eu vejo. Então a Deusa do Amor, e a Deusa da Luxúria Derma algo delas, para tornar o homem mais complexo em sua criação perfeita aos olhos deles — comentou, entendendo aonde ela queria chegar.
— Com isso, Tiamat criou seus filhos Primordiais, que se alimentam de algo que os Deuses deram aos homens: Medo, Luxúria, Amor, Raiva, Agonia, Caos e Desespero. Logo, você terá a chance de se encontrar com algumas dessas criaturas vagando por esta expansão da Criação, — explicou ela.
— Então sobre a Rosa, Seraline e a Noelle é o mesmo? — perguntou curioso.
— Os Primordiais também tiveram suas crianças, sendo várias que você encontra por aí. Elas têm menos poder que os verdadeiros, mas são temidas por serem filhos de Tiamat... — acrescentou Yggdrasil.
Uma Deusa bem interessante, então ela foi a causa daquelas situações mesmo na Terra não tive sossego, he.
— Espero um dia conhecer a Tiamat parece ser uma deusa interessante… — comentei resmungando, mostrando meu interesse na deusa.
Todas as três ficam surpresas pela resposta, mas logo Seraline é a primeira a sorrir em aprovação
Assim como Noelle e Rosa, talvez agora tenha ganhado um ponto a mais sobre minha pessoa aos olhos dos filhos dela.
— Bem, vamos continuar caminhando, Noelle, posso montar em você? — perguntei animado.
— Eh!? — surpresa, Noelle arregalou os olhos em resposta. — A-Acho que não deve ter problema… — assentiu balançando a cabeça.
Olhei para Seraline, que por um leve momento parecia enciumada pela minha ação de estar se divertindo com a presença de Noelle.
Posso ver pelas suas emoções e através do seu braço cruzado, onde seu dedo batia ferozmente no bíceps.
Me aproximando dela sorridente, e vendo o rosto dela virar para o lado, apenas movendo o dedo, para que ela olhasse para minha direção, podendo ver seus olhos carmesins me visando.
— Você tem muita audácia para agir de tal forma tão ousada perante sua rainha, — comentou Seraline com seus olhos semi abertos.
Aproximando de seu ouvido sussurrando apenas para que ela pudesse ouvir. Talvez Noelle pudesse, mas duvidaria que ela entendesse.
— Minha audácia é apenas sua majestade, até porque eu sou seu, — respondi em um tom sedutor, mostrando um comportamento mais ousado perante ela. — Então não precisa se preocupar que quaisquer ações tomarei com base em suas decisões de antemão, certo?
Vejo Seraline levemente envergonhada, com suas bochechas rosadas, entendendo nossas posições como casal, então sorriu, levando sua mão perto de seus lábios.
Aparentemente, isso dissipou as dúvidas de Seraline.
— Acho que não vejo problema em você se divertir um pouco — assentiu Seraline sorrindo.
— Obrigado! Você é a melhor, Seraline! — respondi animado, ao beijar os lábios dela, a fazendo envolver os braços ao redor do seu corpo e puxá-lo para cima.
Parece que essa nova Seraline era mais dominante.
— Ahem! Vocês poderiam fazer isso em um lugar mais privado, não acham? — respondeu Rosa, chamando a atenção.
— Ah, desculpe, — respondeu, saindo dos braços de Seraline e indo até Noelle.
Ainda estava meio quente por causa do beijo, uma sensação prazerosa toda vez que faziam isso…
— Noelle, se não quer que eu faça isso é só dizer, — perguntei, acariciando o pelo dela.
— Não, só estou um pouco nervosa, mas acho que vale a experiência, pode se sentir à vontade, Ren, — respondeu Noelle, estando mais calma. — E também, ouvir sobre lendas antigas que deram a nossa origem serviu de montaria para um grande herói lendário — explicou Noelle, parecendo estar mais animada, ao ver o futuro ao meu lado.
Herói, não entendo muito, mas se meu nome e o de Noelle a espalhar por esse vasto Multiverso, ter os dois na capa de uma revista ou no canto e na corda de um violão de um bardo não parecia uma má ideia.
— Então aqui vou eu, — respondi, sinalizando, ao dar um pequeno salto e subir.
A sensação era interessante, ver as coisas aqui de cima. O pelo de Noelle, mesmo sendo crespo, não era desagradável, nada que um banho não resolvesse.
— Até parece que vocês dois nasceram um para o outro, — comentou Seraline, analisando a cena. — Devo concordar que maneira, transmitem uma grande união entre humano e um Kobold, não separados como inimigos, mas unidos como guerreiros leais — disse ela com um sorriso orgulhoso em seu rosto.
Rosa acenou concordando, com Seraline observando ambos. Parecia mesmo uma coisa inusitada, já que os humanos eram hostis com tudo o que não fosse humano.
Acariciando o pelo da Noelle, me traz velhas lembranças à tona. — Isso me lembra dele — comentei, murmurando, ao lembrar de algo.
Se bem se lembrava, aconteceu uma situação parecida quando tinha seis anos…
Continua…
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Atualizado até capítulo 42
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