Seraline descansou após o jantar, então a Dríade deixou para contar as coisas após ela acordar. Tirei meu jaleco preto do uniforme escolar e dobrei para deixá-lo confortável e macio. Com cuidado, levantei a cabeça da Seraline que dormia ao meu lado, levantei-me e coloquei meu jaleco por baixo dela. Mesmo dormindo, ela parecia um pouco incomodada, mas era uma visão adorável.
Tem algo me incomodando desde o primeiro momento em que observei a Dríade. Ela olha para mim com seu sorriso doce de uma irmã mais velha, mas algo nesse sorriso me deixa inquieto.
Caminhei até a Dríade, sentei-me em uma rocha ao seu lado, coloquei meu joelho para cima, segurando a perna com as mãos, e observei a Seraline dormindo. No entanto, era óbvio que a Dríade estava esperando uma conversa comigo.
— Dríade, você tem algum motivo para me ajudar? Não desconfio de você, mas gostaria de saber se há uma razão específica para essa ação —, perguntei a ela.
Ela respondeu com sua voz suave: — Não há nenhum motivo em particular, Renier. Sou o Espírito da Natureza. Não busco nenhum benefício ao ajudá-lo. Gosto de você, o vejo como um irmão caçula, é uma criança sincera, e admiro como você lida com Seraline, mesmo após descobrir sua verdadeira natureza. É por isso que estou fazendo isso por você. Gosto de humanos raros como você, atualmente.
A inquietação retornou depois desse sorriso. Levantei-me da pedra e segurei o rosto da Dríade com minhas mãos, olhando seriamente em seus olhos, o que a deixou surpresa e preocupada.
— Não suporto esse sorriso. Desde o primeiro momento em que o vi em você. Dríade… Esse sorriso me faz sentir que você está mentindo. Odeio isso. Você está sentindo algo por dentro, algo doloroso, e está sofrendo, mas mesmo assim tenta disfarçar com um sorriso falso. Isso me incomoda —, desabafei.
Seus olhos se abriram amplamente após minhas palavras, e seu sorriso desapareceu lentamente com lágrimas começando a cair de seu rosto. Ela me olhou com a voz trêmula e confessou:
— E-Eu… Por que você fez isso? Posso parecer bem com esse sorriso, mas você poderia ter simplesmente ignorado. — respondeu olhando para baixo com melancolia, — mas sendo você, então era óbvio que você não ia simplesmente deixar eu fazer isso. Tenho aguentado essa dor por milênios. Sou a irmã mais velha dos Espíritos, então tenho que manter uma aparência calma e alegre para não preocupar ninguém. Afinal, tenho que ser forte.
Abracei a Dríade fortemente. — Você não precisa ser forte ao meu lado. Você é a Dríade, a cuidadora de toda a natureza. Então, eu cuidarei de você, dríade. Todos precisam de cuidados, inclusive você. Você me chamou de irmão, então, como família, é meu dever cuidar da minha irmã mais velha quando ela não está se sentindo bem — respondi.
Dríade não respondeu verbalmente, mas envolveu seus braços em mim, devolvendo o abraço com força, escondendo seu rosto no meu peito e deixando suas lágrimas fluírem. Ela estava feliz por finalmente liberar o que estava sentindo para alguém e poder ser fraca e frágil, sabendo que havia alguém ali para cuidar dela.
Ela admitiu: — Sim, a família cuida um do outro, e prefiro que você cuide de mim. Então, se é assim, eu vou me permitir sentir fraca, pelo menos até eu conseguir ser forte novamente. —
Entendi que ser a irmã mais velha não era fácil, pois era como uma mãe para as outras menos, precisando ser forte para que as demais também fossem. Ela tinha que manter essa aparência para não preocupar ninguém e ser a protetora de toda a natureza, o que a tornava responsável por toda a fauna e flora, sentindo a dor física e mental de todas elas. Pelo menos ela poderá aliviar um pouco…
~0~
Após Seraline, ter acordado sentamos ao redor da fogueira, para ouvir a história que Driade irá nos contar de, e sobre as informações que ela passará, com um clima realmente perfeito para a ocasião, uma história em um acampamento como me trás nostalgias do meu avô quando fazíamos nossas viagens ao redor do mundo.
Dríade olhando ao redor bate uma palma para chamar nossa atenção dizendo. — Então vou precisar contar uma história, vocês precisam ouvir atentamente.
Fecho os olhos para sentir o clima perfeito em volta, ao redor da clareira com tudo me preparando para as histórias. Sorridente comento sobre o cenário perfeito.
— Uma história ao redor de uma fogueira em um acampamento durante a noite me traz grandes lembranças boas do meu antigo universo, sempre amo isso — dizendo fechando meus olhos sentindo o clima.
O som do riacho, das pedras quebrando a água, o clima gelado, o zunido do vento e o farfalhar das folhas das árvores se mexendo, até mesmo o brilho da lua em seu resplendor deixando o ambiente único para contar histórias de vários tópicos diferentes. Não poderia pedir algo melhor para essa noite.
— Nunca tive essa oportunidade, mas acho que a ocasião deixou perfeito o clima, o cenário para ouvir uma história está perfeito — comentou Seraline.
— Ora, talvez a natureza tenha planejado isso, haha. — Dríade respondeu enquanto sorria, — então como vocês estão no clima, então vamos começar contando sobre a origem da existência…
~0~
No coração da existência, Yggdrasil, a Árvore Cósmica, erguia-se majestosamente, imbuída de uma aura mística que a tornava a personificação da vida e da criação. Conhecida como a Verdadeira Deusa Mãe, ela existia desde os primórdios, antes mesmo da concepção dos deuses, céus e inferno. A Árvore Cósmica era a origem de tudo, uma força vital que permeia os infinitos universos.
Era uma época primordial, quando o vazio reinava e a escuridão era absoluta. Foi então que a Árvore Cósmica surgiu, brotando além dos limites da compreensão mortal. Sua presença trouxe luz e vida ao universo, moldando-o em diversas realidades interligadas.
Com a Árvore Cósmica, o Multiverso ganhou forma, e cada universo se tornou um ramo dos galhos dessa magnífica árvore. Os deuses receberam o dom da criação, dando origem aos céus, infernos, submundos e reinos espirituais. Diversas raças surgiram e habitaram os universos, cada uma com sua história e características únicas.
A Árvore Cósmica era a fonte de energia que conecta todos os seres vivos, criando um intrincado emaranhado de vida e destino. Sua essência pulsava através dos ramos e folhas, nutrindo e vitalizando cada canto da existência. Aqueles que compreendiam sua importância a reverenciavam como a guardiã da harmonia e da existência.
No entanto, apesar de ser a mãe criadora de tudo, a Árvore Cósmica não tinha controle absoluto sobre todas as forças que habitavam o Multiverso. Surgiram forças obscuras, lideradas por uma entidade conhecida apenas como Dark, que emergiram de locais além da compreensão, buscando semear o caos e a destruição.
As Sombras Verdadeiras, criaturas malévolas surgidas há cerca de trezentos mil anos, foram uma das ameaças mais sombrias que enfrentaram. Viajantes interdimensionais, elas eram capazes de atravessar barreiras entre realidades para disseminar sua maldade. Onde quer que aparecessem, a vida definhou, e o desespero reinou.
A corrupção trazida pelas Sombras Verdadeiras era indescritível. Não apenas transformavam paisagens em desolação sombria, mas também corrompiam seres vivos, transformando-os em servos obedientes de sua causa nefasta. Os corrompidos perdiam suas emoções e ansiavam apenas por espalhar mais escuridão e destruição.
Dark, o líder supremo das Sombras Verdadeiras, era uma entidade de pura destruição e caos, uma manifestação do terror que existia além das fronteiras conhecidas da realidade. Sua presença era desconhecida, mas seu poder era temido por todos.
Enquanto os mundos definhavam sem poder se defender, a Deusa do Sol, Amaterasu, uma Kitsune Celestial de nove caudas, emergiu com um poder incomparável. Ela trouxe consigo uma energia única, batizada de Energia Celestia, que era uma fusão da própria Energia Corrosiva de Dark com a pura Energia Divina de Amaterasu. Essa força se revelou capaz de combater as sombras e sua energia corrosiva, purificando o ar ao seu redor. No entanto, essa energia era exclusiva dos deuses, mas que poderia os corromper, e os seres humanos não eram capazes de empunhá-la.
Entretanto, ao longo do tempo, foram descobertos alguns humanos que possuíam uma imunidade natural à energia corrosiva das sombras. Eles se mostraram invulneráveis à sua influência maligna, não se tornando sombras como os demais. Com o surgimento desses seres especiais, surgiu também uma elite de quatro guerreiros extraordinários, nomeados como os Guardiões Solares, escolhidos para representar a Deusa Amaterasu no reino mortal.
Os Guardiões Solares eram os protetores da humanidade contra as forças das sombras. Cada um deles recebeu uma parte da Energia Celestia da própria Amaterasu, que lhes concedeu poderes divinos e capacidades sobre-humanas. Com estes dons, eles se tornaram os defensores do mundo dos mortais, enfrentando as sombras sempre que ameaçassem desencadear o caos e a destruição.
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Após a Dríade terminar a história da origem da existência, todos permanecemos imersos em silêncio por um momento, absorvendo a grandiosidade e o mistério do Multiverso. As chamas da fogueira dançavam e lançavam sombras na clareira, e a lua brilhava intensamente no céu estrelado.
Seraline quebrou o silêncio, emocionada pela narrativa épica que acabara de ouvir. — Nossa, essa história é realmente fascinante! É incrível pensar que tudo começou com uma árvore cósmica, não é mesmo?
— Sim, é realmente surpreendente — concordei. — E a ideia de diferentes universos como ramos dessa árvore, cada um com suas próprias raças e histórias, é de tirar o fôlego. E essa tal Energia Celestia criada pela Deusa do Sol para combater as Sombras Verdadeiras, é algo extraordinário.
A Dríade, com um sorriso satisfeito, assentiu. — A história do Multiverso é vasta e complexa, cheia de maravilhas e desafios. Cada reino e cada raça têm suas próprias lutas e triunfos, e a batalha contra as Sombras Verdadeiras é apenas uma delas.
— Os Guardiões Solares, são bem únicos, pelo visto apenas quatro — comentei pensando sobre o assunto da história.
— Exatamente — confirmou ela. — Esses quatro guerreiros foram escolhidos para representar a Deusa do Sol Amaterasu no reino mortal. Eles possuem a rara imunidade à energia corrosiva das Sombras Verdadeiras, o que os torna capazes de enfrentar essa ameaça diretamente.
Então tenho essa rara imunidade natural à energia corrosiva de Dark. — É uma honra incrível ser escolhido por uma deusa tão poderosa, essa Energia Celestia vai ser bastante útil — comentei admirado.
— Na verdade, não sinto a essência dela em você, Renier, — respondeu Dríade. — Sua essência se assemelha à irmã mais nova de Amaterasu, a Deusa da Lua Tsukuyomi, é uma Kitsune Celestial também de nove caudas. Provavelmente você deve ser o primeiro Guardião do tipo Lunar, não posso falar como despertar sua energia já que é a primeira vez que vejo um Guardião Lunar.
— Guardião Lunar, sou o único da Deusa da Lua, realmente gostei de como soa interessante — respondi com um sorriso. — Então tenho que achar um jeito de “acordar” meu poder da Lua, por assim dizer, como os Guardiões Solares normalmente fazem para liberar a energia Celestial deles?
— Na verdade, não — respondeu Dríade. — Quando é escolhido normalmente eles conversam com a Amaterasu antes, então já conseguem usar naturalmente os seus poderes, você deveria ter falado com a Tsukuyomi, mas pelo visto você não tem ou perdeu suas memórias desse evento.
Se eu me lembro, Seraline mencionou o mesmo ontem, ela havia ficado confusa por não lembrar do porquê e como cheguei nesse mundo. Aconteceu algo e não lembro da conversa com a Deusa da Lua. Talvez se torne problemático se não souber como despertar essa energia, afinal não lembro como morri e nem a conversa que tive com a Deusa da Lua.
— Está tudo bem, Renier sendo você, tenho certeza que você vai conseguir usar sua energia lunar, por assim dizer — diz Seraline entusiasmada o encorajando.
— Obrigado, você está certa, vou dar meu melhor para conseguir liberar esse poder. — assenti grato por sua motivação.
Yggdrasil a árvore-da-vida e do conhecimento, na mitologia nórdica. Ela então é a criadora e é tudo na existência na totalidade, Deusa Mãe da Vida e da Criação é um título que combina com seu ser.
— Então como é a Yggdrasil? Uma Árvore Cósmica? Sua existência deve ser bem majestosa pelo modo que você a mencionou na história — perguntei curioso.
Animada, Dríade respondeu. — Yggdrasil, não é apenas uma árvore, como eu disse, é uma se não há melhor mãe que podemos ter, suas raízes passam por todos os Infinitos universos tanto metafisicamente quando espiritualmente. Tudo só existe porque ela existe. Yggdrasil, é a existência todo.
Pelo modo que ela falou, parecendo conhecer a Yggdrasil pessoalmente. Pensando um pouco, levei minha mão ao queixo pensativo no plano deste Dark parece ter se tornado óbvio.
— Então Dark, não pode atravessar para essa realidade. Yggdrasil é poderosa, então talvez tenha alguma força os separando, então suas Sombras são enviadas no seu lugar, — comentei sobre o que pensava. — Invadem os universos, criados pela Yggdrasil, corrompem e matam tudo com intenção de atacar as raízes metafísicas da Yggdrasil, para então a enfraquecer, assim essa força que os separa, ficará frágil fazendo ele passar por completo, pelo menos é o que eu acho.
Ambas ficaram surpreendidas com o comentário. Não pensaram nisso antes? Dríade parecia ser mais inteligente à primeira vista.
Dríade, percebendo no que havia pensado emburrada, puxa minha bochecha. — Sua cara diz o que você pensou de mim, Renier. Isso foi muito rude da sua parte —
É adorável ver ela estando emburrada, beliscando a bochecha só deixa mais fofa. — Desculpe… Bem, então os seres vivos corrompidos pelas Sombras Verdadeiras, são também a fauna, os animais, e como as paisagens são afetadas pela energia caótica de Dark você leva bastante dano junto — afirmei.
— Está certíssimo… os seres vivos, os quais são corrompidos, não voltam mais ao normal. É uma angústia eterna no meu corpo até que eles sejam libertos, pelo menos morrendo eles tem um descanso apropriado — confirmando Dríade acena com a cabeça.
Bocejando, Seraline deita sobre minha perna com os olhos fechados. — Desculpe se precisarem de mim, é só me acordarem… Boa noite… — disse Seraline sonolenta.
Fechando os olhos se ajeitando na minha perna. Fiquei acariciando os cabelos dela, sendo um gesto agradável para Seraline, enquanto lentamente adormece.
— Agora que penso a respeito. Dríade não é seu nome correto? Afinal, que me lembre das lendas do meu mundo, as dríades são mais de uma entidade. — perguntei com leve interesse sobre o assunto.
Acenando com a cabeça concordando. — Sim, você está certo, as dríades, embora sejam uma extensão de mim, são independentes assim como agem e pensam de maneiras únicas — respondeu Dríade.
— Espíritos Elementais Primordiais, não tem nomes, afinal meio que somos a representação do nosso domínio pela nossa elemento como o Espírito Primordial do Fogo, Água, Terra, Vento, Neve, Raios e eu o Espírito da Natureza.
— Como imaginei… Então posso dar um nome para você? — perguntando sorridente.
Surpresa com a sugestão repentina, um sorriso largo surge em seu rosto. — Gostaria de um nome, poderia escolher me dar um por favor. — animadamente Dríade respondeu.
Um nome é algo muito especial, ao fazer parte da sua identidade, não posso escolher qualquer um, olhando para o cabelo verde, a orquídea azul em sua orelha.
Quando tinha 12 anos, tinha uma orquídea azul parecida, tinha até um nome, cuidei bem dela. Como minha habilidade de ler o coração das pessoas, funciona também em animais e plantas, sentia a Orquídea o tempo todo, os cuidados e o amor retribuindo sua felicidade me deixava do mesmo jeito, então o nome só pode ser esse.
— Aoi, afinal Aoi combina com meu apelido Ren de Renier. — sugeri levantando o dedo.
Dríade levemente corada, levando sua mão à flor em sua orelha, em uma maneira sentimental de agir.
— Posso sentir um significado profundo e sentimentos no qual você escolheu… Eu amei, é uma honra conhecê-lo Ren — respondeu Dríade emotiva com uma expressão gratificante.
Aoi combinou com ela e me faz lembrar da flor que eu cuidava, pois chamava ela de Aoi, pois as orquídeas azuis no Japão se chamam Aoi Ren.
E achei divertido usar para brincar com meu apelido combinando dessa maneira, afinal por coincidência meu apelido Ren em japonês é Orquídea, Aoi é Azul, então sendo Aoi Ren, achei bem interessante, fico feliz que ela gostou bastante para combinar e ter algo em comum entre a gente.
— É uma honra conhecê-la Aoi fico feliz que você tenha gostado desse nome. — sorrindo respondi animado.
Aoi, me puxa sorrindo em um abraço envolvendo seus braços ao redor de minha cabeça. — Você é o melhor irmãozinho que eu poderia pedir Ren, como prova do meu amor, vou ensinar você a você a controlar sua mana! — disse acariciando meus cabelos.
Controle de mana, vou aprender a usar magia? Isso poderá ser divertido!
Continua…
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Thiago De Nunes
oo
2023-09-11
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Thiago De Nunes
devia ter o Thiago tbm sério irado !!
2023-09-11
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