Abro os olhos lentamente, meu corpo não está mais tomado por aquela dor intensa que me consumia.
As últimas lembranças que tenho são do veneno daquela planta carnívora, fazendo-me tossir sangue e desesperadamente tentando manter a consciência.
— Onde diabos eu vim parar? — murmuro para mim mesmo, tentando entender a situação.
É estranho; o veneno que estava me corroendo parece ter perdido seu poder.
Olho ao meu redor enquanto estou deitado, e noto várias copas altas de árvores, uma vista deslumbrante que se estende até onde os olhos podem ver.
Incrivelmente, ao mexer minha mão, sinto o farfalhar de inúmeras folhas macias por baixo, como se estivesse deitado em uma cama natural e aconchegante.
Um grande suspiro de alívio escapou de meus lábios enquanto ponderei sobre essa situação.
— Elas me salvaram de uma queda para a morte… — murmuro com gratidão, olhando para as árvores que me abrigaram.
Decido levantar, sentar-me com cuidado.
Preciso voltar para Seraline, mas acho que fui jogado longe demais. Espero que esteja bem. As árvores desse lugar são diferentes, de uma forma que não consigo definir completamente.
Enquanto observo ao meu lado, algo que não havia percebido imediatamente me observa.
Uma figura humanoide tem olhos vermelhos penetrantes e uma aparência feminina, com uma estatura média, mas seu corpo parece ser uma fusão de humano e planta, com uma paleta de cores preto e cinza que contrasta com o verde exuberante ao redor.
— É uma presença bem adorável, quem seria você, pequena? — questiono, embora ela não pareça ser exatamente pequena, com cerca de um metro e cinquenta de altura.
Seus olhos expressam curiosidade enquanto ela me observa.
Movendo a cabeça levemente para o lado, ela parece estar tentando entender o que estou dizendo, mas apenas um som de sucção é transmitido pela sua boca.
Ao examinar a parte de trás de sua figura, percebo uma grande rosa vermelha fazendo parte do seu corpo, como se fosse uma extensão natural dela.
Há algo notavelmente mágico e energético nela. No entanto, não sinto perigo em sua presença; pelo contrário, ela parece ser uma criatura inteligente, uma verdadeira flor delicada no meio desta exuberante floresta.
Enquanto continuo a encarar a misteriosa figura com olhos vermelhos, um calafrio percorreu minha espinha, mas não é um calafrio de medo. É como se sua presença emanava uma aura de tranquilidade e segurança.
Decido me aproximar com cuidado, estendendo minha mão em um gesto amigável.
Ela responde estendendo um de seus longos e finos braços vegetais, tocando suavemente minha mão com suas pétalas macias e suaves.
É um gesto gentil e reconfortante, uma demonstração de que ela não é uma ameaça.
— Obrigado por me salvar — murmuro, sorrindo.
Embora não esteja certo se ela entende minhas palavras. No entanto, sua inclinação de cabeça sugere que ela compreende a gratidão em meu tom.
Enquanto observava sua rosa vermelha deslumbrante na sua costa, começei a perceber que esta flor é uma parte essencial dela, uma conexão profunda com a natureza que a rodeia.
— Por acaso, você seria uma espécie de besta mágica? — questiono, comparando-a com a planta monstruosa que me atacou antes.
Com um leve sorriso, ela acena com a cabeça em concordância, produzindo o mesmo som de sucção ao abrir a boca.
A criatura à minha frente é realmente adorável, mas, neste momento, minhas preocupações com Seraline são mais urgentes.
Preciso saber sua situação, e acredito que posso usar a habilidade especial que tenho, o mapa ligado à visão e ao controle de mana, para localizá-la.
Respirando fundo e concentrando a energia mágica.
Os olhos azuis de Renier começam a brilhar intensamente, e um pulso de energia se espalha pelo ar, indo em todas as direções.
— Seraline está… Aí! — grito levemente de dor, interrompido pela mordida repentina da besta mágica em meu braço.
A dor da mordida é acompanhada pelo som de sucção enquanto ela começa a drenar meu sangue.
Mesmo nessa situação, não consigo evitar uma pitada de humor:
— Você está bebendo meu sangue? Poderia pelo menos pedir primeiro. — respondo gentilmente, acariciando a cabeça dela enquanto ela continua a se alimentar.
Após alguns minutos, a besta mágica finalmente solta seus dentes do meu braço.
Ela parece mais energética, e eu posso sentir sua euforia após ter provado.
lambendo os lábios para limpar o sangue, como se estivesse apreciando e guardando aquele momento delicioso em sua memória.
— Aah~ Isso é delicioso, muito saboroso seu sangue foi a melhor coisa em anos que já experimentei é irresistível! — ela responde, agitada e eufórica.
Sua voz ecoa em minha mente, e eu percebo que estamos nos comunicando telepaticamente.
— Telepatia? Isso é interessante — comentou, surpreso.
A criatura arregala os olhos quando percebe que eu a compreendi.
— Eh!? Humano, você me entende? Você pode falar comigo? — ela pergunta, visivelmente curiosa.
— Sim, posso ouvir alto e claro, dentro da minha cabeça — respondo.
Ela parece emocionada com essa descoberta.
— Ooh! Eu sabia que era especial! Por isso o salvei. Qual é o seu nome, humano? — ela pergunta com curiosidade.
Cruzando os braços e ponderando sobre a situação, percebo que Rosa não parece representar nenhuma hostilidade. Sorrindo amigavelmente, decidi me apresentar:
— Sou Renier Kanemoto, mas pode me chamar de Ren, e quem seria você?
Ela sorriu graciosamente e puxou levemente as bordas do seu vestido de pétalas de rosas negras para cima, mostrando uma reverência elegante.
Rosa responde com um tom amigável:
— Umu, eu sou Rosa! Uma Rosentis, é um prazer conhecer você, Ren!
No entanto, nunca ouvi falar de uma raça como os Rosentis em meu mundo. Parece ser uma criatura pacífica, como Aoi...
Mas então, uma voz alta ressoa em minha mente: — RENIER!!!
Eu me surpreendi e inclinou ligeiramente a cabeça após o grito em minha mente.
Essa voz parece ser a da minha mãe? Isso é inesperado. Talvez eu deva responder...
— Ren, não fale com a boca, apenas se comunique em pensamento! — ordena Yggdrasil em um tom mais calmo desta vez.
Rosa me olha curiosa, sem entender minha expressão de surpresa tão de repente.
— Ren, aconteceu alguma coisa? — ela pergunta gentilmente, com um sorriso.
— Ah, não é nada, apenas estou pensando em algo — respondo com um sorriso para ela.
No entanto, minha mãe continua a se comunicar comigo em pensamento:
— Mãe? O que aconteceu para você me chamar? — perguntei pensando.
Ela responde seriamente:
— Eu achei melhor acompanhar você na sua jornada até derrubar a Sombra Verdadeira, e fiz bem. Essa criatura na sua frente, a Rosa, não confie nela como se fosse igual a Aoi. A raça Rosentis é rara e altamente perigosa.
Perigosa? Ela não me parece perigosa... Espera, minha habilidade de ler o coração das pessoas, ela funciona em plantas também. Por que não está funcionando com Rosa?
— A raça Rosantis é uma raça que surge uma em cada mundo, não são da família da Aoi, o Espírito da Natureza, ou seja, não é um espírito e muito menos uma planta. Ela está controlando sua mente, Ren. Ela se alimenta de sangue e é conhecida por devorar suas presas por completo — informa minha mãe com um tom sério.
— Sua aparência adorável é só um disfarce, sua habilidade de charme consegue bloquear seus sentidos e fazê-la parecer uma criatura inofensiva — completa Yggdrasil, o alertando sobre a verdadeira natureza de Rosa.
Descobrir que Rosa conseguiu burlar minha habilidade de ler o coração das pessoas é, ao mesmo tempo, interessante e curioso. Ela se mantém calma, sorrindo docemente, enquanto me observa.
Lembro-me das palavras de Seraline, a advertência para não agir por impulso neste momento.
Estou no território de Rosa, e fugir não é uma opção viável. Além disso, enfrentá-la é arriscado, já que desconheço suas habilidades.
Aquela rosa vermelha em suas costas parece mais do que um mero adorno; há algo misterioso nela.
— Ren, você tem a mim, a sua mãe pode lhe dar informações sobre ela! Sua Yggdex! Hahah — minha mãe respondeu em pensamento.
Ela realmente disse isso? Devo admitir que Yggdrasil tem um senso de humor peculiar, embora a situação não seja propícia para brincadeiras.
Levando a mão ao queixo, analisando a situação ao redor de Rosa e dela própria.
— Quais informações você pode me passar sobre ela, Yggdex? — entro na brincadeira, esperando que minha mãe possa fornecer informações úteis.
— Hay Hay! Aqui vai… analisando a Besta Mágica do tipo planta, — comenta Yggdrasil alegremente. — Rosantis, como todas as Bestas Mágicas, nascem de uma grande concentração de mana na natureza. Como essa floresta tem mana em abundância, esse exemplar surgiu.
Entendo melhor agora. Elas são criaturas que nascem onde a mana da natureza é densa, como nesta floresta.
— Habilidades das Rosentis: habilidades psíquicas, podem manipular suas presas e fazê-las vê-las como amigas, uma criatura fofa. Além disso, possuem a habilidade de telepatia para se comunicar com seres mais inteligentes, como humanos, e parecerem menos hostis — continua Yggdrasil, revelando mais detalhes.
Essas habilidades explicam como Rosa conseguiu me enganar inicialmente. No entanto, as surpresas não acabam aí:
— Sua rosa vermelha não é apenas decorativa; ela pode soltar pétalas como lâminas e controlá-las como desejar, cobrindo uma grande área. Além disso, elas liberam pólens para atrair presas, seduzindo suas vítimas a se aproximarem.
As informações são impressionantes. Pétalas de rosas como lâminas e a capacidade de manipulação psíquica, juntamente com a tática de sedução, fazem dela uma criatura formidável.
— Há uma última informação importante: quando a rosa em suas costas se abre, ela pode canalizar a energia solar e usá-la para disparar lasers poderosos. Portanto, tome cuidado para não se queimar; não será um simples bronzeamento — informou Yggdrasil.
As capacidades de Rosa são surpreendentes e potencialmente perigosas, agora que tenho essas informações.
Decido iniciar uma conversa, tentando manter a calma.
— Rosa, você sabe de qual direção eu vim? — pergunto, apontando para o céu.
Ela pondera por um momento antes de responder, apontando para o Sul.
— Você veio voando de lá, estava desacordado, como você já sabe, então retirei o veneno do seu corpo, — ela responde, levando o dedo à bochecha de maneira meiga, demonstrando curiosidade.
— Isso me lembra que uma luz estranha curou sua perna após o efeito do veneno ser neutralizado. — ela acrescenta.
— Ah, isso é normal. Não pense muito sobre isso... Bem, preciso voltar para o ponto inicial. Obrigado por me salvar; fico lhe devendo — agradeço, acenando em despedida.
Então começou a caminhar na direção que Rosa indicou.
Entretanto, uma pétala de rosa passa em alta velocidade e se crava em uma árvore à minha frente.
Sinto um corte quente em minha bochecha e, ao tocar, vejo sangue em meus dedos. Rapidamente, viro-me para encará-la.
— Aah~, mas talvez queira cobrar agora esse favorzinho~ — ela sugere com um sorriso adorável, embora eu possa sentir a malícia por trás dele.
Seus olhos vermelhos pulsam intensamente, demonstrando seu prazer em me encurralar.
— Estava me perguntando, você está resistindo aos meus encantos... uma presa como essa é mais divertida. Além disso, seu fator de cura não é algo que um humano normal deveria ter, — ela comenta. — Seu sangue foi especial, Ren, você é mesmo quem diz ser?
— Bem, você é mais interessante do que imaginei... Como você disse, não sou um simples humano.
— Então o que você seria, estou curiosa. Afinal, gosto de saber do que é feita minha refeição antes de comê-la.
— Ooh, acho que ela já sabe, então não está mais escondendo sua real personalidade de você — comenta Yggdrasil.
— É o que parece, mas agora não faz diferença. Já sabia que não ia poder fugir, então só me resta... — digo em pensamento. — Heh, por que não tenta descobrir tirando um pedaço? Se conseguir, é claro. Afinal, é mais divertido.
— Hehe, você está bem calmo, mas é o que farei, Ren. Vou arrancar cada pedacinho e saborear com calma. Garanto que você vai gostar — ela responde sorrindo.
Estou sem minha espada, então vou confiar em minha própria mana. Ouço a voz de Yggdrasil me encorajando:
— Esse é seu primeiro confronto real, Ren. Lembre-se de que você só tem uma vida, então se agarre a ela e não a deixe escapar
Rosa me observa sorridente, demonstrando confiança em suas habilidades com sua serenidade.
Embora normalmente não goste de pessoas que se acham, entendo que essa confiança é justificada por seu imenso poder, então não posso ser descuidado.
Aponto o dedo em forma de arma, como fiz durante meu treinamento, e disparo uma rajada de cor esverdeada em sua direção, mirando seu peito.
No entanto, a rachada é rapidamente interceptada por uma pétala, que faz as duas se desintegrarem no ar.
— Eeh~, então você pode usar a mana da natureza. Ren, você é mais fascinante do que eu imaginava. Mas esse é o seu melhor? Estou um pouco decepcionada — ela debocha.
Ela rapidamente cria várias pétalas vermelhas que são disparadas na minha direção com a intenção de acertar meus pontos vitais.
Começo a correr, disparando contra as pétalas que se aproximam rapidamente, conseguindo evitar ser ferido gravemente.
— Esse é o seu melhor? — respondo sarcasticamente.
Ela mantém seu sorriso, claramente se divertindo com o confronto. Contudo, sem que eu perceba, uma grande árvore me atinge por trás, me derrubando no chão com um impacto tremendo.
A dor é intensa, e percebo que se eu fosse um humano comum, minha coluna já teria quebrado.
— É tão delicioso ver minha comida ficando de joelhos para mim, mas ainda sinto que sua vontade não se apagou. Isso é o que mais me excita em uma presa! — Rosa responde alegremente, lambendo os lábios.
Franzo a testa, detestando a posição em que me encontro. Ficar de joelhos não é algo que gosto de fazer, então me levanto com determinação.
Contudo, quando olho ao redor, percebo que Rosa desapareceu, e o cenário se transformou completamente.
Agora, tudo está escuro, com uma lua vermelha no céu, destacando-se entre a neblina que rapidamente envolveu a floresta até mesmo o vendo e o ar se tornaram mais densos para deixar a atmosfera mais bizarra.
— Aah~, você sabia, querido? Minhas habilidades são incríveis, não acha? Posso enganar a mente dos meus alimentos facilmente, fazendo-os cair em ilusões dentro de suas próprias mentes, criando cenários tão realistas como este... — ela sussurra. — Você, Ren, é apenas um pequeno rato em um labirinto sem saída... Afinal, não há como fugir de mim.
Essa situação se tornou ainda mais complicada. Suas habilidades psíquicas permitem manipular a mente com tanta eficácia que tudo parece real.
Num piscar de olhos, sou atingido por duas pétalas de rosa; consigo desviar instintivamente uma delas ao ouvir o som do vento, mas a outra cravada em meu ombro.
A dor é menor do que a que senti durante o duelo contra a lâmina de Seraline, mas se eu continuar assim, vou morrer rapidamente. Preciso agir urgentemente ou não terei como sobreviver…
Continua…
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Atualizado até capítulo 42
Comments
•ʟɪᴢᴢ
Fascinante!
2023-09-10
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