Capitulo 16

Continuação...

[Gustav]

– D-Desculpa… me desculpa mesmo! Neko-San!

[Edward]

– Certo, certo. Mas eu preciso mesmo ir! – Falava massageando o ombro dando um sorriso forçado para disfarçar a dor.

[Gustav]

– Não quer comer antes? Eu te trouxe aqui para isso. – Novamente esse fantasma agindo estranho, de forma envergonhada, evitando olhar para mim. – Você não comeu nada até agora e sua barriga não parava de roncar… eu achei que quisesse comer.

Minha barriga dizia para ficar e comer algo, minha cabeça dizia que ele era estranho, tinha razão, mas minha intuição dizia ter algo errado nessa história. Como geralmente minha cabeça, barriga e intuição estão de acordo, dessa vez eu tive que decidir entre confiar na minha barriga ou ficar com fome e cair fora dessa sala bizarra.

[Gustav]

– Então?

[Edward]

– Acho que vou comer algo rápido. Eu realmente preciso voltar logo.

[Gustav]

– Ótimo! Vou preparar a água na cafeteria. Tem alguns macarrões naquela bancada ali, pode escolher! – E novamente ele corre pela sala pegando água do filtro para encher a cafeteira, e eu vou até o fundo da sala olhar as minhas opções.

Enquanto olhava os tipos novamente sentia o arrepio, e tinha certeza que Gustav estava me olhando pelas costas. Essa sensação estranha só surgia perto dele, como se meu corpo quisesse avisar que tinha algo errado.

[Edward]

– Então… Gustav, você disse ser de onde mesmo? – Ele não respondeu de imediato, pareceu repensar.

[Gustav]

– Chubu, é uma região bem movimentada!

[Edward]

– Sério? Eu tinha a impressão de que você disse ser de Kanto. – Ele pareceu surpreso por um instante, mas sorriu e negou com a cabeça.

[Gustav]

– Eu morri lá, é diferente!

[Edward]

– Faz sentido. E como era o FPS que você estava desenvolvendo?

[Gustav]

– RPG.

[Edward]

– Isso! Foi mal, é que eu não tive muito envolvimento com games na minha infância, eu não sei bem a diferença!

(Talvez eu esteja sendo paranoico)

Gustav riu e começou a explicar a diferença entre os estilos de jogos, e um pouco sobre o jogo que ele estava desenvolvendo antes de morrer. Então finalmente parei de desconfiar dele e enquanto conversamos preparei o meu macarrão e comi tranquilamente, até mesmo me esquecendo de que eu tinha algo para fazer fora daquela sala. Gustav se sentou ao meu lado na mesa enquanto analisava os arquivos, ele lia tudo bem rápido e organizava quase na mesma velocidade. Eu já tinha terminado de comer quando ele finalmente parou e colocou a última pasta na pilha de dados.

[Edward]

– Pensei que seria melhor se você fizesse isso num computador como todos aqui fazem.

[Gustav]

– Ah, eu não posso. Aliás, é sempre bom ter uma cópia física, caso alguém resolva invadir o sistema não é?

Eu dei risada e ele começou a rir junto comigo, depois de um tempo já não entendia porque estávamos rindo, mas estávamos cada vez mais próximos. Era estranho então comecei a me afastar mesmo rindo, enquanto Gustav continuava a se aproximar.

A risada foi diminuindo e ficando sem graça, até se tornar uma situação constrangedora.

[Edward]

– É hilário… Er, Gustav está meio, perto demais não?

[Gustav]

– Neko-San é ainda mais bonito assim.

[Edward]

(Eu hein, o que é isso?)

De repente ele se aproximou mais e eu já não tinha mais para onde recuar. Quando um baque na porta fez ele parar onde estava.

Nós dois olhamos para a porta bem no momento em que Liam entrou enfurecido por ela.

[Liam]

– Eu estou interrompendo alguma coisa?

Eu não sabia se agradecia ou fingia que estava engasgado para essa situação não parecer tão estranha quanto ela é. Gustav olhou para mim novamente e se afastou com uma expressão séria. Ele olhou para Liam que entrou ainda parecendo bravo, os dois se encarando seriamente. Era tudo muito sério para mim.

[Edward]

– Liam! Eu já estava indo te procurar…

[Liam]

– Ah, é mesmo?

Ele olhou para mim e para o pote de macarrão na mesa, eu não tinha desculpas. Eu devia ter voltado assim que Gustav começou a catalogar os arquivos, em vez de ficar conversando.

[Liam]

– Vá para o Saguão.

[Edward]

– Mas você…

[Liam]

– Vai!

[Edward]

(Droga! Eu odeio quando você é assim! Babaca!)

Eu fiz questão de projetar bem esse pensamento antes de me levantar e sair empurrando ele e batendo a porta. Eu não sou assim, mas o Liam me causa essas emoções. Sei que errei, mas não sei porque tanta raiva.

Liam Narrando:

Assim que entrei e vi toda aquela cena, meu pensamento foi apenas tirar Edward de perto daquele cara. Eu não queria explicações, não queria desculpas, eu queria ele longe dele. Quando Edward saiu, minha cabeça ficou ecoando seus pensamentos por um tempo, o que me causou mais raiva.

[Liam]

– Escute bem o que vou lhe dizer Ghost. Faça o seu trabalho sem interferir no trabalho dos outros! Da próxima vez que eu ver você perto do Edward novamente, vou garantir que te transfiram para longe daqui por muito, muito tempo! Entendido?

[Ghost]

– Sim senhor!

Dito isso, eu saí da Sala Branca de volta para o saguão atrás de Edward para ver se ele estava bem, mas novamente eu não o encontrava.

[Liam]

(Eu não tenho mais paciência para brincar de esconde…)

[Edward]

(Estou na cantina)

Então dei meia volta e fui em direção à cantina, não muito longe do saguão. Chegando lá não via Edward em lugar nenhum, até resolver olhar embaixo da mesa. Ele estava na forma de gato, encolhido num dos cantos como se estivesse assustado.

[Liam]

– Por que você está aí embaixo? Shen Ye pode aparecer a qualquer momento!

[Edward]

(Ótimo, quem sabe ele não designa um assistente melhor para você!)

[Liam]

– Porque eu não quero!

(Espera, isso saiu assim?)

Eu falo sem pensar, mas penso no que falei como se tivesse me arrependido. Edward olhou para mim e não disse nada, apenas caminhou para fora, mas sem sair da sua forma felina.

[Liam]

– Olha…

[Edward]

(Me desculpa.)

Eu respirei fundo. Não era ele quem tinha que pedir desculpas, eu também exagerei, mas não sabia explicar porque aquela reação.

[Liam]

– Dá para voltar a forma humana? Parece que eu estou falando sozinho.

Eu me afastei um pouco me levantando conforme Edward voltava a forma humana. O rosto dele não estava dos melhores, os olhos inchados… eu o fiz chorar pela primeira vez. Eu me aproximei olhando seu rosto, mas me afastei percebendo que ele havia recuado.

[Liam]

– Eu não quis ter sido grosseiro com você. Eu… Me desculpe, eu fui um idiota.

[Edward]

– Finalmente admitiu?

Ele riu um pouco, o que me fez entender que ele estava bem. Não consegui evitar sorrir também. Olhei em volta e não tinha sinal de Bai Jing e Shen Ye ainda, então voltei a olhar para Edward que havia voltado a ficar sério.

[Edward]

–Eu sei que errei também, mas por favor, não me deixe sozinho novamente.

[Liam]

– Se precisava de ajuda, por que não me chamou? Eu poderia ter ficado com você! É a minha função.

Edward pareceu um pouco triste com isso, mas eu não saberia dizer se foi pelo que eu disse ou talvez pelo que ele fez.

[Liam]

– Não importa, é bom você melhorar essa cara, ou a Bai Jing vai me matar!

[Edward]

– Do que você está falando? Minha cara é ótima mesmo que eu chore por uma semana! Ao contrário de você!

[Liam]

– Ótimo! Eu posso viver com mais uma ofensa vinda de você! Vamos.

Edward riu e me acompanhou até onde Shen Ye e Bai Jing estavam. Acompanhamos a visita em cada setor e gradualmente Edward estava voltando ao seu normal, incrivelmente pareceu agradar Shen Ye e Bai Jing me perguntou se eu havia encontrado algo diferente, eu inicialmente estranhei e respondi que não, mas ela não explicou que tipo diferente ela se referiu então não insisti.

Por fim Shen Ye terminou sua visita e decidiu que logo iria designar novas atividades para o nosso setor. Bai Jing permaneceu na direção junto com ele, e Edward e eu retornamos para casa, apenas para tirar um cochilo depois de tudo que aconteceu. Ele novamente na cama e eu preferi o sofá.

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