Capítulo 13

(Enquanto isso no elevador...)

Liam Narrando

Bai Jing estava novamente agarrada no meu pescoço arrumando minha gravata enquanto o elevador fechava e ainda pude ver a expressão paralisada de Edward e parte do seu pensamento me fazendo esboçar um sorriso leve.

(Ele vai ficar bem!)

[Bai Jing]

– Do que está rindo?

[Liam]

– Nada! Terminou? – Nem tinha me dado conta de que estava rindo, logo recupero minha postura e olho Bai Jing terminando de arrumar o no da minha gravata.

[Bai Jing]

– Eu esqueci porque tinha me livrado desse conjunto. Pelo menos ficou bom em você. – Ela voltou a ter atenção para si e começou a arrumar os cabelos e seu blazer novamente, secando algumas gotas de suor e retocando a base do rosto.

[Liam]

– Jing, você está perfeita! Confia em mim, vai dar tudo certo. Você tem dirigido essa agência praticamente sozinha nos últimos 5 anos.

Bai Jing me olhou ainda apreensiva segurando as pontas dos cabelos nas mãos.

[Bai Jing]

– E se ele achar que não fiz um trabalho bom o suficiente? Você acha que não existe essa possibilidade?

[Liam]

– Não acho! Porque eu sei que ela não existe Jing!

Nós dois rimos aliviando a tensão que ambos estávamos, era um momento importante, afinal nem sempre os fundadores têm chance ou tempo para reger sua unidade. Mas Bai Jing precisava retomar sua autoestima, ela sempre foi muito capaz de ser uma grande líder.

[Bai Jing]

– Ainda não sei porque eu acredito em você, mas se não der certo...

[Liam]

– Quando foi que eu me enganei a respeito de você? Confia no seu irmão, vai dar tudo certo!

Não muito tempo atrás, nós dois estávamos competindo um com o outro para ver quem resolvia mais casos de classe D até eu salvar a vida dela de um Ghoul sanguinário e assim acabamos virando irmãos jurados. Ela sempre vive me aconselhando e abrindo meus olhos, como uma irmã mais nova normalmente faria, enquanto eu estou aqui para oferecer meu apoio e ajuda sempre que ela precisa, como um bom irmão mais velho.

Bai Jing Narrando.

Bem, minha jornada até aqui foi um caminho muito mais longo do que a subida do elevador até o andar presidencial. Desde que entrei para o time de caça do ACS sempre estive envolvida nas principais missões, algumas eram de nível baixo a intermediário outras eram de níveis absurdos, a classe elite como costumamos chamar. E em todas eu buscava uma forma de mostrar que não era apenas uma raposa imatura ou uma mulher que deva ser subestimada apenas por ser magra.

(Como diria o Liam, talvez eu tivesse formigas no meu cérebro.)

E foi assim que acabei entrando numa missão de elite mesmo sem preparo para isso, o alvo era um Demônio Possessor e eu quase acabei morta por não saber onde estava me metendo. Tudo isso porque tentei defender um novato que vivia competindo comigo, mas por sorte esse novato era o Liam, mas não apenas ele, também havia um homem com ele, mas não consegui ver seu rosto, apenas brevemente sentir sua aura poderosa o suficiente para reprimir o Demônio.

Depois disso nunca mais voltei a sentir essa presença novamente, então nunca pude agradecer. Mas em troca acabei ganhando o irmão adotivo mais chato, cabeça dura e que me apoia sempre. Naquele dia nós dois fomos repreendidos pelo nosso treinador, pois não era uma missão para nosso nível, mas mesmo assim sobrevivemos e desde então nos metemos em várias missões que nem era do nosso nível, mas conseguimos resolver, até irritar nosso treinador e ele me “separar” de Liam.

(Spoiler: Não funcionou.)

Após de toda confusão com a liderança anterior, a maioria dos nossos superiores e até colegas desapareceram ou resolveram sair do mapa sobrenatural. Alguns nós conseguimos reencontrar, porém, seguimos procurando a antiga líder, acredito que ela deva ter desaparecido como muitos e agora estávamos prestes a encarar o Lobo Cinzento o único que pode ter o poder de trazê-la de volta.

E aqui estou eu completamente arrumada com nervosismo, um pouco de tremor nas mãos e acho que algumas gotas de suor na testa.

[Bai Jing]

– Muito bem, vamos lá. Como eu estou?

[Liam]

– Novamente Jing, você está ótima! Vamos.

O elevador se abre para o corredor da sala presidencial, a secretária nos recebe e aponta para a porta. Sabíamos bem aonde era, mas não queria ser grosseira e desmerecer a função da pequena fada.

[Liam]

– Você está parecendo uma raposa assustada!

[Bai Jing]

– E você uma cobra! Você deveria estar me apoiando, não está vendo como está difícil andar com esses saltos?

Liam olha para os meus pés e depois para meu rosto. Eu deveria estar realmente nervosa porque ele sorriu brevemente e seguiu na frente dispensando a secretária que nos acompanhava. Quando me dei conta, uma luz azul vinha na minha direção trocando meus saltos pelos da secretaria que nem pareceu sentir, afinal estava flutuando.

[Liam]

– Primeiro as damas, Chefe Bai!

– Então por que continua parado na porta?

[Liam]

– Como é?

Sabia que era um momento sério e que rir de um colega de trabalho seria anti-profissional, mas não resisti. Passei por Liam entrando no escritório e Liam me seguiu fechando a porta atrás de nós.

[Liam]

– Vou fingir que não ouvi me chamarem de mulher.

[Bai Jing]

– Ora, foi só um elogio bela dama!

[Liam]

– Chefe Bai por favor!

Liam parecia respeitoso, mas estava realmente se controlando para não me responder naquele momento. Recuperei minha compostura e observei a sala, não havia ninguém lá dentro. Nem sinal de áurea, muito menos um vestígio de poeira pelo local, nada além de Liam, eu e um lobo de pelúcia na poltrona da mesa presidencial.

[Liam]

– Isso é alguma pegadinha Bai Jing? – Liam falou retomando seu tom informal comigo. Nós dois nos afastamos da porta e começamos a andar pela sala.

[Bai Jing]

– Acha que eu usaria Xu Shen Ye para pregar uma peça em toda agência? – Respondia fingindo uma indignação.

[Liam]

– Realmente, você não tem esse tipo de humor.

[Bai Jing]

– Quem nos mandou entrar aqui?

Falava pegando a pelúcia de lobo e observando, não tinha nada de especial, mas admito que era uma pelúcia fofinha.

[Liam]

– Não olhe para mim. Me mandaram entrar primeiro.

[Bai Jing]