Capítulo 12

Quem acompanhava aquela situação era Laura. Ela tinha sofrido a perda de Henry, mas era uma mulher astuta e preocupada em manter seu nível social. Desde a morte do marido, ela estava hospedada na casa dos sogros com Beatrice. A proximidade dos avôs fazia com que a situação fosse menos ruim para neta, que ainda estava bastante triste com a perda do seu pai.

Sempre que Michael saia do escritório, ela entrava lá para ter noção do que estava acontecendo, lendo os documentos das empresas, deixados por Nathaniel para Michael, tentando ouvir conversas atrás das portas. Infelizmente, aqueles documentos eram o mesmo que grego para Laura que não entendia nada de planilhas financeiras ou balanços demonstrativos.

Ultimamente, ela já tinha percebido que seu sogro só fazia beber e ninguém estava de olho nos negócios, como era quando Henry estava vivo. Essa realidade deixava Laura preocupada. Obviamente que eles não ficariam pobres do dia para noite, mas queria proteger a herança da sua filha. Não podia deixar as coisas desabarem por conta da fraqueza de Michael que não superava a morte do filho.

— Senhor Nathaniel é Laura quem está falando. — Ela respondeu assim que Nathaniel Hayes atendeu o celular.

— Olá, Laura. Como você está? — Nathaniel falou de forma educada, sabendo que estava falando com a nora de Michael. — Está tudo bem com meu amigo?

— Sim. Eu não estou ligando por conta do senhor Michael. — Laura falou sem rodeios. — Eu gostaria de falar com o senhor pessoalmente, em particular. Posso garantir que o assunto é de seu interesse. — Ela jogou aquela isca para que o velho Nathaniel não recusasse o encontro com ela. — Nós podemos nos encontrarmos no seu escritório ou na sua casa? Aonde for mais cômodo para o senhor.

— Prefiro que seja no escritório, Laura.

— Por mim está ótimo. Hoje à tarde? — Ela indagou demonstrando toda sua pressa e ansiedade.

— Por mim, tudo bem. Estarei na empresa. — Concordou Nathaniel.

Sabendo que a presença de Laura em sua casa seria um incomodo tremendo para Emily, Nathaniel preferiu marcar a reunião com ela no escritório da empresa. Ele não fazia ideia do que ela poderia querer falar com ele. Aparentemente, Laura era uma parva, interesseira, que só sabia gastar dinheiro.

Por volta das três horas da tarde, Laura entrava em um suntuoso empresarial, localizado no centro comercial de Nova York, onde ficava a sede das indústrias Hayes. Quem via aquele magnifico edifício, não fazia ideia da situação financeira das empresas de Nathaniel Hayes, que Alexsander tanto se esforçava para reverter.

— Laura, por favor, seja bem-vinda. — Cumprimentou Nathaniel assim que a futura sogra do seu neto entrou em sua sala.

— Obrigada, senhor Nathaniel. — Laura agradeceu com fingida gentileza. Esperava muito que aquele velho concordasse com seu plano. Sabia que seu sogro não estava em condições de resolver nada e se ele soubesse que aquela ideia tinha partido dela, ele rejeitaria com certeza.

— Bem... — Começou Laura, logo após se sentar na cadeira que Nathaniel ofereceu. — Eu espero que nossas desavenças do passado não interfiram nessa nossa conversa. — Laura falou aquilo se referindo ao fato de ela ter se casado com Henry, quando ele tinha um acordo de casamento com Emily, filha de Nathaniel.

— Claro que não Laura. — Nathaniel respondeu de forma seca.

— O senhor deve saber que estamos passando por uma situação complicada. Já tem quase três meses que meu amado Henry nos deixou e o senhor Michael não reage.

— Sim, eu tenho visitado meu amigo com frequência e acompanhado tudo isso de perto. — Nathaniel falou com verdadeira preocupação. — É arrasador perder um filho. Como você sabe, eu já passei por isso. Graças a Deus, Emily e Alexsander me ajudaram a superar isso com mais facilidade.

— Infelizmente, acho que para o senhor Michael, Beatrice não é suficiente para que ele volte a encarar a vida de frente. — Lamentou Laura. — Ele não vai à empresa desde a morte de meu marido e estou preocupada com isso.

Nesse momento, Nathaniel teve vontade de rir. Claro que aquele era o real motivo da visita daquela víbora. Ele sabia que ela tinha se casado com Henry por dinheiro e aquilo era um eterno desgosto para Michael, que queria que seu filho tivesse se casado com sua filha, Emily. Por outro lado, aquilo também era motivo de preocupação para Nathaniel. Não queria que quando chegasse a época do casamento de Beatrice e Alexsander, o seu neto tivesse que assumir aquele compromisso com uma jovem falida, que seria mais um estorvo na sua vida do que uma esposa. Além disso, ele contava com as lucrativas indústrias Reynolds para reerguer suas empresas.

— OK, como eu já disse, eu estou a par de tudo isso...

— Eu temo que a situação financeira das indústrias Reynolds esteja se deteriorando rapidamente. Henry era um pilar fundamental para os negócios, e sem ele, as coisas estão desmoronando. Receio que, se nada for feito, todo o legado que Henry construiu possa estar em risco. — Laura, observando atentamente a expressão de Nathaniel, continuou a apresentar sua preocupação calculada.

— O que você está sugerindo, Laura? — Nathaniel finalmente perguntou, seus olhos fixos nos dela.

Laura tomou um instante para ajeitar o colar de pérolas em seu pescoço antes de responder, escolhendo cuidadosamente suas palavras.

— Eu tenho uma ideia, senhor Nathaniel. Uma que pode beneficiar a todos nós, mas meu sogro não pode pensar que isso foi sugestão minha. — Advertiu Laura temerosa.

Nathaniel ergueu uma sobrancelha, intrigado.

— Continue.

— Beatrice, minha filha, eu acho que podemos adiantar o casamento dela com Alexsander. Já até consultei um advogado sobre isso e ele me disse que no estado de Nova York é possível que uma menina de 15 anos se case, desde que haja consentimento dos pais ou de um tribunal.

Em silêncio, Nathaniel ponderou a proposta de Laura, deixando-a nervosa. Adiantar o casamento poderia até ser viável, mas ele estava ciente da aversão de Alexsander à Beatrice. Seu neto não esperava se casar com ela tão cedo.

De toda forma, Laura tentava ocultar sua apreensão. Ela estava desesperada com a situação da família. Desde que se casou com Henry, ela era acostumada a viver no luxo e com cartão de crédito ilimitado, mas não entendia nada dos negócios de onde provinha dinheiro para bancar sua vida de rainha. Agora, ela não podia depender de um homem frágil como seu sogro, que ainda estava abalado pela morte do único filho. Precisava de um homem de confiança a frente dos negócios dos Reynolds. Ninguém poderia ser mais perfeito que o próprio Alexsander Hayes, pois já existia uma promessa de casamento entre ele e Beatrice.

Ignorantemente, Laura não fazia ideia da situação das empresas Hayes e achava que por Alexsander viver cercado por mulheres deslumbrantes, ele poderia facilmente rejeitar sua filha, muito jovem e sem graça.

— Sua filha vai aceitar esse casamento mesmo sendo tão jovem? — Nathaniel questionou sem saber o quanto aquela pergunta deixava Laura aliviada, pois Beatrice era a última coisa que lhe preocupava naquele momento.

— Sim. Ela foi criada sabendo desse casamento e é apaixonada por seu neto. — Laura assentiu com um sorriso confiante.

— Eu vou considerar sua proposta de adiantar o casamento, Laura. Obviamente, eu preciso falar com Alexsander e Michael sobre isso. Meu neto não é tão fácil de manobrar quanto uma jovem de 15 anos. Quanto a meu amigo, eu não vejo dificuldade para ele aceitar isso. — Nathaniel queria ter o controle da situação e claro que não ia entregar as fichas para Laura com tanta facilidade, demonstrando que também estava ansioso para que tudo desse certo.

Laura assentiu, satisfeita com o progresso da conversa.

— Muito obrigada, senhor Nathaniel.

Enquanto Laura saía do escritório, Nathaniel ficou sozinho com seus pensamentos. Ele faria de tudo para que Alexsander aceitasse adiantar aquele casamento, pois com o dinheiro das empresas Reynolds, seu neto conseguiria reerguer as indústrias Hayes rapidamente.

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