Os dias que se seguiram ao enterro e missa de sétimo dia foram preenchidos com uma mistura de tristeza e pesar. Beatrice, ainda atordoada pela perda de seu pai, encontrou conforto na presença de sua mãe, de sua avó e de seus amigos mais próximos. Nathaniel também permaneceram por perto, oferecendo apoio e ajudando no que podia. Alexsander esteve presente no enterro e na missa, mas sempre naquela forma distante, apesar de lamentar tudo que estava acontecendo com os Reynolds.
Quem não se conformava com aquilo era Michael. Ele estava inconsolável com a perda de seu único filho de forma tão repentina. Henry era relativamente jovem. Ia completar 45 anos. Praticava tênis com frequência, pois adorava jogar com Beatrice. Ia à academia regularmente. Frequentava excelentes médicos e do nada, essa fatalidade.
— Eu não me conformo, Nathaniel. — Michael falou, batendo no braço do sofá, onde estava sentado.
— Eu sei, Michael. É uma dor profunda e difícil de entender. Perder um filho é algo que vai além das palavras. — Nathaniel respondeu, sua voz carregada de compreensão, pois já tinha passado por isso anos atrás ao perder seu filho e seu nora, naquele acidente de avião. — Não é a ordem natural da vida.
Durante aquele sofrimento, ele era a figura de sabedoria e apoio para Michael. Nathaniel se sentou ao lado de seu grande amigo, que estava olhando para o horizonte, através da janela, com olhos vazios, parecendo carregar um peso insuportável em seu coração.
— Eu sinto que falhei com ele, Nathaniel. — A voz de Michael estava embargada, carregada de tristeza e culpa. — Eu deveria ter protegido meu filho, deveria tê-lo mantido seguro.
Nathaniel colocou uma mão gentil no ombro de Michael, olhando para ele com compaixão.
— Você não pode se culpar por algo que estava fora de seu controle. A vida é imprevisível, e às vezes coisas trágicas acontecem sem que possamos evitar. Você deu a Henry uma vida repleta de amor e carinho.
Michael balançou a cabeça, os olhos marejados. A perda de Henry era uma ferida aberta que parecia nunca cicatrizar. Ele pensava nos momentos que compartilharam, nas risadas, nos conselhos, nas lembranças de uma vida juntos que agora se transformara em saudade.
— E Beatrice... que trauma isso será para ela. Minha neta querida. Perdeu o pai no dia da sua festa de 15 anos. Ao menos, não foi realmente no dia que ela nasceu. Caso contrário, a data de seu nascimento ficaria marcada para sempre com essa tristeza.
— Meu amigo, Bea tem somente 15 anos e isso vai passar. Ela está na flor da idade e vai superar a perda do pai. — Nathaniel estava preocupado com Michael, pois nunca tinha visto ele num estado tão apático. — Mas você precisa superar isso. Todos estão sofrendo, mas a vida continua e você não pode se entregar assim. — Ele olhou para garrafa de Vodka que estava quebrada no chão e para garrafa de whisky que estava quase seca, pois Michael tinha passado a noite bebendo, novamente. — Ana está preocupada com você. Ela me disse que faz dias que você se tranca nesse escritório e bebi até tarde da noite.
— Eu só consigo dormir assim. — Explicou Michael. — Ficar sóbrio é dolorido demais. Revejo as cenas da festa. Beatrice no chão, segurando a mão do meu filho. Não... — Michael olhou para o nada, com o olhar turvo, como se relembrasse tudo novamente.
Mais uma vez, Nathaniel apertou o ombro de Michael com firmeza, transmitindo seu apoio silencioso.
— É natural se sentir assim em momentos de perda. O luto é um processo difícil, e cada um lida com ele à sua maneira, mas você não pode se entregar a essa dor, Michael. — Insistia Nathaniel. Não ia abandonar seu amigo.
Com o passar dos dias, Michael começou a se isolar ainda mais. Ele evitava os lugares que costumava frequentar, as pessoas que costumava ver e as responsabilidades que costumava cumprir. Sua tristeza era palpável, uma sombra que parecia envolvê-lo por completo.
A situação das empresas, que eram administradas por Henry, começou a se deteriorar lentamente. Ele era uma peça fundamental nos negócios da família, sendo responsável por importantes decisões estratégicas e liderando equipes que mantinham o funcionamento eficiente das diversas divisões da companhia. Sua ausência deixou um vácuo significativo e ele não tinha um herdeiro homem, capaz de assumir todo império. Beatrice não tinha idade e nem formação para isso.
As reuniões que costumavam ser frequentes e produtivas agora eram rarefeitas e desprovidas de direção. Michael, que antes estava profundamente envolvido nas operações das empresas, juntamente com Henry, agora se mantinha distante e desinteressado. Sua mente estava nublada pela dor e pela tristeza, e a energia que antes dedicava aos negócios havia se dissipado.
Os funcionários começaram a sentir os efeitos da mudança. A comunicação se tornou desorganizada, projetos foram atrasados e decisões importantes ficaram pendentes. Aqueles que trabalhavam diretamente com Henry sentiam a falta de sua orientação e liderança, e muitos estavam preocupados com o rumo incerto que as empresas estavam tomando.
Nathaniel, apesar de estar focado em apoiar Michael, durante seu luto, também estava ciente da situação delicada das empresas. Ele tentava assumir algumas responsabilidades, levava documentos e atualizações para que Michael pudesse estar a par do que estava acontecendo, mas sabia que não poderia substituir completamente o papel que Henry desempenhava. Ele não tomou a frente dos seus próprios negócios, após a morte de James, quanto mais dos negócios de Michael, que o próprio estava completamente desinteressado.
Os concorrentes perceberam a vulnerabilidade das empresas e começaram a explorar oportunidades para ganhar vantagem. Contratos foram perdidos, acordos comerciais foram rompidos e a reputação das empresas Reynolds começou a ser prejudicada. Era uma situação preocupante que ameaçava o legado que Henry havia ajudado a construir ao longo dos anos.
Além disso, as finanças das empresas também começaram a sentir os efeitos. Investimentos que antes eram cuidadosamente planejados agora eram adiados ou cancelados, causando um impacto negativo nas receitas futuras. Os números começaram a mostrar uma queda gradual, refletindo a instabilidade que se instalara na organização.
Enquanto isso, Michael permanecia em seu escritório, na mansão, isolado do mundo exterior, mergulhado em sua dor e indiferente aos acontecimentos que afetavam as empresas que eram sua vida. Seu desinteresse era palpável, e aqueles ao seu redor estavam preocupados com a maneira como as coisas estavam se desenrolando.
— Eu não estou preocupado com isso, Nathaniel. — Michael falou ao ver seu amigo, mais uma vez, na sua casa, com aquela pasta de documentos, que ele precisava assinar, e um ipad na mão.
— Isso não pode continuar assim, Michael! — Exclamou Nathaniel irritado. Já tem 2 meses que Henry se foi. A vida continua.
— Você pode falar assim, pois quando James morreu, você depositou todas as suas esperanças em Alexsander. — Retrucou Michael. — Eu não tenho um neto.
Nathaniel continuava a ser a voz de razão, tentando mostrar a Michael a importância de enfrentar a situação, mas ele sabia que a jornada de recuperação de Michael seria longa e desafiadora. Ele estava perdido em sua própria tristeza, e as empresas que ele havia construído estavam pagando o preço por isso.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Silvaneide Ágatha
😭😭😭😭😭
2024-11-24
0
Silvaneide Ágatha
isso mesmo 👏🏿👏🏿👏🏿
2024-11-24
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Silvaneide Ágatha
isso mesmo, nem eu
2024-11-24
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