O quarto era ricamente decorado. Aliás, quarto não, suíte, pois tinha banheiro próprio. Tons de bege, dourado e rosa se misturavam para dar um ar feminino com vários adornos infantis que caracterizam o ambiente criado para um bebê. Uma babá, devidamente fardada, e uma enfermeira velavam o sono daquela pequena criança que dormia tranquilamente.
— A hora da soneca dela está quase acabando. — Comentou a babá. — Os convidados já estão lá embaixo, ansiosos para conhecer a bebê.
— A senhora Laura não quer que ela seja acordada nem um minuto antes para não alterar sua rotina de sono. — A enfermeira falou com o tom autoritário de sempre. — Ainda é cedo. Os convidados podem esperar mais algum tempo.
Apesar da tragédia, que tinha acontecido há poucos meses, aquele era um dia feliz. A filha de Laura e Henry Reynolds, Beatrice, estava completando seis meses e os Hayes viriam conhecer a criança.
Nathaniel e Alexsander Hayes chegaram, na gigantesca mansão dos Reynolds, por volta das duas horas da tarde. Após a perda de seus pais, o menino de 10 anos estava sempre com seu avô e sua tia Emily. Tragicamente, pouco meses após o acerto do casamento do menino e de Beatrice, o avião, no qual os pais de Alexsander viaja, caiu e ambos morreram.
— Nossa, esse rapazinho cesta crescendo rápido demais. — Comentou Laura, tentando ser agradável, assim que Alexsander e Nathaniel chegara a sua casa.
Sem demonstrar genuína alegria, o menino sorriu de volta para aquela mulher, mas não falou nada. Não entendia o motivo para um comentário tão bobo. Afinal, ele tinha visto a senhora Laura na missa de sétimo dia dos seus pais e só fazia alguns meses.
— Essas crianças de hoje crescem rápido demais. — Respondeu o avô de forma séria. — Sua menina ainda é um bebê recém-nascido, amanhã, já é uma mulher adulta.
— Deus lhe ouça. — Rogou Laura que estava odiando o trabalho que a bebezinha lhe dava. — Essa fase é muito puxada. Quero realmente que Beatrice cresça logo.
— Não reclame tanto, meu amor. — Henry se aproximou de Laura para cumprimentar Nathaniel e Alexsander. — Você tem bastante ajuda. Duas enfermeiras, que se revezam 24 horas, a babá e ainda teve uma ama de leite. — Ele abraçou Laura por trás, dando um beijo no seu rosto e em seguida, falou com as visitas. — Nathaniel, como vai?
— Tudo nos conformes. — Respondeu Nathaniel sem muita alegria. Era impossível falar que ia “tudo bem”. Tinha perdido seu filho e seu único neto estava órfão, sob sua responsabilidade.
— E você, Alexsander? — Henry se dirigiu ao garoto que parecia mais uma cópia de seu avô de tão sério.
— Oi, Tio Henry.
— Está pronto para conhecer sua esposa? — Brincou Henry para aliviar aquele clima de seriedade. Sabia que ambos estavam tristes pela recente tragédia. O próprio Henry tinha ficado arrasado, pois conhecia James e Lily há muito anos, mas o nascimento de um bebê sempre trazia alegria e naquele momento, não tinha espaço para tristeza.
— Sim. — O garotinho respondeu de maneira firme, demonstrando que desde pequeno já tinha uma personalidade forte e segura.
— E o que estamos esperando aqui?! Vamos lá para cima, imediatamente.
— Ela continua dormindo, soninho pós-almoço, Henry. — Laura falou com um tom manhoso, fingindo que se importava com o sono da filha, mas sua preocupação não era essa. Ela detestava quando a criança acordava, chorando no meio da noite, pois, por maior que a casa fosse, ela berrava e perturbava o sono de todos. Às vezes, demorava horas para voltar a dormir e Laura tinha que ir até seu quarto, no meio da noite, mesmo com a enfermeira lá, para fingir para Henry que estava preocupada com a menina.
— Não importa. — Respondeu Henry sem perceber que estava contrariando Laura. — Hoje é um dia especial. Alex está aqui para conhecer nossa filha. Vamos subir.
A família Hayes entrou na suíte do bebê com expectativa contida. Os olhares percorreram o ambiente meticulosamente decorado, pousando finalmente na pequena Beatrice, que ainda dormia profundamente. A babá e a enfermeira mantiveram uma distância respeitosa enquanto a família se aproximava do berço.
Alexsander, apesar de sua jovem idade, era um garoto maduro, acostumado a lidar com as adversidades da vida. A perda de seus pais tinha o deixado silencioso e introspectivo, mas seu olhar suavizou ao se fixar na pequena bebê que dormia tranquilamente à sua frente.
Nathaniel, o avô, segurava um misto de emoções. O pesar pela perda de seu filho e nora ainda estava fresco, mas a presença da pequena Beatrice também carregava uma dose de esperança. Ele se aproximou do berço com uma expressão serena, observando o rosto sereno da criança.
— Ela é linda, Laura — comentou Nathaniel com sinceridade, suas rugas suavizadas por um breve sorriso.
Laura estava acostumada a lidar com a arte da manipulação e da aparência. Seu sorriso se alargou, genuíno ou não, ao ouvir o elogio.
— Muito obrigada, Nathaniel. Beatrice é uma bênção em nossas vidas, mesmo que esteja dando trabalho às vezes. — Ela compartilhou, exibindo um olhar afetuoso para a criança adormecida.
Alexsander finalmente quebrou seu silêncio, sua voz suave carregando um traço de curiosidade.
— O cabelo dela é vermelho. — O menino comentou com certa estranheza, observando o cabelinho ralo que já tinha nascido na cabeça do bebê.
— Sim. Igual ao meu. — Laura destacou apontando para seu próprio cabelo.
Sem querer, Alexsander fez uma cara feia. Não gostava de Laura e não queria que Beatrice se parecesse com ela. Sua tia, Emily, já tinha enchido a cabeça do garoto contra sua futura sogra.
— Sim. — O garoto respondeu recuperando a compostura e se afastando do bercinho.
— Com licença, senhora. — A enfermeira falou, chamando atenção de Laura. — Já vão dar três horas da tarde e vamos acordar Beatrice. Caso queiram, vocês podem descer e levaremos a bebê até a sala.
Todos falavam um tom mais baixo para não perturbar a bebê que ainda dormia.
— Perfeito! — Laura respondeu contente por Beatrice não ter sido acordada antes da hora. — Vamos descer.
Pouco tempo depois, a babá chegou na sala com a criança toda arrumada. Um vestido branco, com detalhes em renda, bastante luxuoso, tinha sido escolhido especialmente para aquele dia. Beatrice estava acordada e era um bebê bastante sorridente. Tinha os mesmos olhos de Laura para desgosto do pequeno Alexsander. Durante todo tempo, ele evitou se aproximar da bebezinha que sempre ria e mexia as mãozinhas, em sua direção, tentando tocar nele, quando ele estava por perto.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Silvaneide Ágatha
nossa, quando o idiota vai descobrir que casou com a cobra 🐍🐍🐍
2024-11-24
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Silvaneide Ágatha
🤩🤩🤩
2024-11-26
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Silvaneide Ágatha
tadinha da Beatrice 😔
2024-11-26
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