Capítulo 09

Ao entrar no escritório de Henry, Alexsander observou que o ambiente estava vazio com as luzes apagadas. Um pouco confuso, ele olhou ao redor, tentando entender por que Henry o teria chamado para o escritório. No entanto, antes que ele pudesse formular uma pergunta, a porta se fechou atrás dele, e uma luz suave iluminou o cômodo, revelando um cenário encantador. Velas estavam dispostas pelo ambiente, criando uma atmosfera romântica e aconchegante.

Beatrice, que o seguiu até ali, ficou um pouco nervosa com a situação, mas estava determinada a aproveitar a oportunidade que Grace lhe proporcionara.

— Alexsander, você acha que poderíamos conversar um pouco? — Beatrice perguntou com um sorriso tímido, fazendo com que ele girasse para ficar de frente para ela.

Alexsander, surpreso com a mudança de ambiente e a súbita mudança de comportamento de Beatrice, assentiu. Ele se sentou em uma das poltronas, enquanto Beatrice escolheu a que estava de frente para ele.

— Claro, Beatrice. Só não entendo por que você me trouxe até aqui? Não poderíamos conversar na festa? — Alexsander indagou, intrigado.

— Lá fora a música está alta. Tem muitos convidados, eu preferia conversar em particular. — Ela respondeu, mordendo o lábio inferior, aflita. Alexsander não parecia nada satisfeito com aquela situação.

— E você precisava mentir para me trazer até aqui? — Ele provocou, irritado, por estar sozinho naquele cômodo, com sua futura esposa, extremamente sem graça e pela qual ele não tinha nenhuma atração ou interesse. — Sua amiga me disse que era seu pai que gostaria de falar comigo.

— Eu... eu... — Beatrice ficou sem palavras, corando na mesma hora. Não era do seu feitio mentir, mas pensou que se chamasse Alexsander para conversar em particular ele poderia evitá-la, como sempre fez. — Você sempre é tão frio e distante. Achei que você poderia não vir.

— Não temos muito sobre o que conversar. Muito menos em particular. — Ele a encarou de maneira firme, contrariado. — O que você quer falar comigo? — Alexsander refletiu que era melhor ir direto ao assunto. Quanto menos tempo passasse com Beatrice ali, melhor.

Ela respirou fundo, reforçando sua determinação, e então começou a falar.

— Eu gostei muito do colar que você me deu. Ele é lindo. — Ela começou, tocando o presente que estava em seu pescoço com a mão direita, nervosamente.

— Fico feliz, mas você já me disse isso lá fora. — Alexsander ergueu as sobrancelhas de forma irônica. Ele não facilitava as coisas para Beatrice que ficava mais tensa à medida que o tempo passava.

Nada estava acontecendo como Beatrice esperava, Grace falou que ao ficar a sós com Alexsander, ele saberia o que fazer. Todo homem sabia. Tinha velas no ambiente, criando um clima romântico e tudo mais. Será que ela teria que pedir um beijo de aniversário?

— É que hoje é meu aniversário de 15 anos... — Ela falava olhando para ele e para suas próprias mãos, entrelaçadas em seu colo, apertando-as nervosamente. — E...

Já sem paciência, Alexsander se levantou abruptamente da poltrona, assustando Beatrice que também se levantou em um pulo.

— Beatrice, minha tia Emily está sozinha lá fora e também, eu não tenho muito tempo disponível para passar a noite aqui.

Antes que Alexsander pudesse seguir para porta de saída do escritório, Beatrice se colocou na frente dele, quase fazendo com que ele esbarrasse nela.

— É que... nós vamos nos casar e não temos nenhuma amizade, eu mal conheço você... e... — Beatrice falava as palavras de maneira atropelada, sem conseguir dizer ou fazer que realmente queria. — E... todas as minhas amigas... ela tem mais experiência...

— Nós vamos nos casar somente quando você completar 21 anos. — Alexsander a interrompeu abruptamente, antes que Beatrice pudesse falar ou pedir alguma coisa que ele não faria. — Ou seja, ainda temos tempo demais pela frente para nos conhecermos melhor. — Ele falou de forma fria e indelicada, sem menor tato ou gentileza com a jovem, ao mesmo tempo, Alexsander se sentia completamente desconfortável com aquela situação.

Ele encarava Beatrice como uma criança, pela qual não tinha nenhuma atração física ou sexual. Na verdade, Alexsander até repelia aquilo, pois aos 15 anos e ele com 25, a diferença de idade era mais tangível. Principalmente, pelo fato de Beatrice não ter curvas e ainda possuir feições de menina.

— Eu sei..., mas... eu pensei... — Beatrice acabou desistindo de falar, enquanto Alexsander a observava atentamente, entediado pela atitude insegura que a jovem demonstrava. — Desculpe, eu não quis tomar seu tempo.

— Vamos voltar para festa. — Alexsander falou, apontando na direção da porta de saída do escritório. — Seus amigos devem estar esperando por você.

Percebendo a frustração de Beatrice, Alexsander deu um sorriso que não emitia nenhuma alegria, mas queria quebrar o clima tenso que tinha ficado entre eles. Beatrice, sentindo-se completamente envergonhada e rejeitada, baixou a cabeça e seguiu Alexsander em direção à porta. Seus olhos estavam marejados, mas ela se recusou a deixar que as lágrimas caíssem na frente dele. Afastar-se de Alexsander, sem conseguir seu primeiro beijo, era doloroso, mas ela não queria prolongar a situação desconfortável.

Ao saírem do escritório e voltarem para a festa, Beatrice tentou disfarçar seu constrangimento, forçando um sorriso quando seus amigos se aproximaram dela novamente. Grace olhou para ela com preocupação, percebendo que algo não tinha saído como planejado.

— E aí? Como foi? — Grace perguntou sem conseguir controlar sua ansiedade.

— Não aconteceu nada como nós esperávamos. — Beatrice falou num tom triste, contendo as lágrimas que teimavam sair de seus olhos.

Grace fez uma expressão de desapontamento, preocupada com o estado emocional de sua amiga. Ela sabia que Beatrice tinha criado muitas expectativas para aquele encontro e agora estava visivelmente abalada.

— Desculpa, Bea. Eu achei que seria diferente. — Grace murmurou, sentindo-se culpada por sugerir o plano que claramente não tinha dado certo.

Beatrice forçou um sorriso, tentando acalmar sua amiga preocupada.

— Tudo bem, Grace. Não é culpa sua. Eu que fui ingênua em acreditar que as coisas seriam tão simples. — Ela suspirou, tentando conter suas emoções. — Acho que coloquei muita pressão nisso tudo.

— Olha, Bea, talvez tenha sido um pouco precipitado pensar que o primeiro beijo teria que acontecer hoje. As coisas não funcionam sempre como nos filmes, né? — Grace tentou argumentar, buscando um lado positivo.

Beatrice deu de ombros, concordando com um suspiro resignado.

— É, você está certa. Talvez eu tenha idealizado demais essa situação. Eu só queria que fosse especial, mas acho que não é assim que as coisas acontecem na realidade.

Grace colocou um braço ao redor dos ombros de Beatrice, oferecendo-lhe apoio.

— Vem cá, Bea. Não fica assim. Vamos aproveitar o resto da festa e nos divertir, certo? Afinal, só se faz 15 anos uma vez e ainda temos muitos anos pela frente para criar memórias incríveis.

Beatrice finalmente cedeu a um pequeno sorriso, sentindo-se grata por ter uma amiga como Grace ao seu lado.

— Você está certa, Grace. Vamos esquecer essa situação e curtir a festa.

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