...BIANCA BERNARDES...
A primeira semana que sucedeu à partida do Matheus realmente foi difícil. Desejei um último momento com ele como uma forma de despedida e aquilo só me deixou ainda pior. Resolvi focar no meu trabalho, para encontrar um pouco de conforto, e esquecer um pouco todo o drama no qual minha vida havia se tornado. Sabia dos comentários idiotas que circulavam a meu respeito em meu ambiente de trabalho, mas sinceramente, oferecia o dedo do meio a cada um deles. Ninguém pagava minhas contas no final do mês, então pouco me lixei para todos eles.
Minha gravidez se desenvolvia como esperado, quando me dei conta já estava com 5 meses e minha barriga começava a desperta em meu ventre. No começo fiquei um pouco temerosa que tivesse algo errado com minha gravidez, porque minha barriga mal aparecia, mas a médica me informou ser normal, nenhuma gravidez era igual a outra. As barrigas de algumas mulheres se mostravam logo no primeiro trimestre, enquanto outras apenas davam sinais no segundo e muitas vezes algumas nem aparentavam já está perto de ter o bebê.
Como havia falado, após a partida do Matheus, me foquei no trabalho, e comecei a participar de pequenos congressos sobre cardiopatia, aquilo era minha válvula de escape diante dos preconceitos que estava passando no trabalho. Ficava me pergunto como aqueles profissionais que juraram salvar vidas poderiam ser tão preconceituosos daquela maneira. Aguentaria aquilo até o bebê nascer, depois que realizasse o sonho de meu irmão, eu realmente pretendia sair dali. Estava consciente que onde quer que fosse, existia um pouco daquilo, mas sabe quando você pega ranço de um determinado lugar? Estava me sentindo assim. Era grata pela oportunidade que me deram no começo, mas chegou o momento de abrir asas e voar.
Perto do horário do almoço meu telefone tocou, olhei para a tela, vi que era meu irmão, pedi desculpas ao meu paciente e coloquei o aparelho no silencioso, voltando minha atenção para o senhor diante de mim acompanhado de seu filho.
Estávamos debatendo a possível necessidade da colocação de um marcapasso. Mesmo com todos os medicamentos, aquele paciente ainda continuava tendo arritmia cardíaca, em alguns casos acompanhados de tonturas e perda de consciência. Não tinha porque esperar mais. Após tudo acertado eles deixaram a minha sala e eu peguei meu telefone retornando à ligação para o Gabriel.
— Oi, irmão, perdão por ignorar a ligação, estava com paciente.
— Perdão por atrapalhá-la, Bia, queria apenas confirmar o horário da consulta com a obstetra. Havia anotado aqui, mas perdi o papel.
— Será às 18 horas, depois que sair do consultório.
— Então encontro com você no consultório. Falar com a Katie. Acho que já te agradeci milhares de vezes pelo que você está fazendo por nós, mas sempre acredito que nunca é suficiente. Muito obrigada por realizar meu sonho, Bia.
— Eu já te disse, milhares de vezes também, que você não precisa ficar agradecendo por isso. Estou feliz em poder ajudar vocês a realizar esse sonho, irmão. Hoje descobriremos o sexo dessa coisinha fofa e dentro de mais alguns meses você o terá em seus braços.
— Deus te ouça irmã! — E assim nos despedimos.
No final da tarde, como combinado, o Gabriel estava na sala de recepção me esperando. Procurei pela Katie, mas não a vi em canto nenhum.
— Cadê a Katie? — Perguntei inocentemente ao Gabriel. Ele me olhou com uma cara nada feliz.
— Reunião de última hora.
Minhas suspeitas começavam a se tornar reais. Tinha certeza que a Katie só aceitou tudo aquilo devido à insistência do Gabriel. Agora ela ficava arrumando várias desculpas para não acompanhar nada daquela gravidez. Ficava me perguntando quando aquela criança finalmente nascesse como seria. Esperava que meu irmão pelo menos tenha pensando em uma babá, porque se dependesse da Katie a criança não teria mãe.
Quando fomos finalmente chamados na sala do exame, vi os olhos do Gabriel brilharem. Ele estava ansioso e muito nervoso, assim como eu.
— Como estão papai e titia? Preparados para descobrirem qual o sexo do bebê? — Olhamos um para o outro e tínhamos um sorriso no rosto. — Vamos verificar se essa coisinha fofa descruza essas perninhas e nos mostra se ele será um príncipe ou uma linda princesa. — Ficamos observando o monitor, enquanto o som do coração batendo rapidamente podia ser escutado pelo alto-falante. Aquilo me deixava emocionada sempre que eu escutava. — Acredito que ainda não será dessa vez. Posso afirmar que esse bebê, independente do sexo, já possui um gênio que tenho certeza que deixará os papais com os cabelos em pé. Mas o importante é saber que tudo está bem com ele ou ela. Seu desenvolvimento está perfeito.
Ainda não foi daquela vez que descobrimos o sexo do bebê, mas era reconfortante saber que tudo corria bem. O Gabriel sempre saia dessas consultas revigorado. Seu tratamento caminhava em passos lentos, mas pelo menos ele não teve mais pioras.
— Iria te chamar para comprar uma parte do enxoval depois que descobríssemos o sexo, mas teremos que esperar um pouco mais. — Meu irmão falou com um sorriso. — Pelo jeito ele ou ela vai herdar o gênio da tia.
— Ei, o que você quer dizer com isso? Não sou tão geniosa assim.
— Lembra de nossa infância quando você decidia querer certas coisas e nossos pais se recusavam a te dar? No final você sempre conseguia o que queria por conta de seu gênio.
— Falando nisso, irmão, preciso te dizer uma coisa. — Ele me olhou com certo receio. — Me inscrevi para uma vaga de emprego em um hospital cardiológico em Toronto. — Ele agora tinha um olhar surpreso. — Antes que você pense errado, nada tem a ver com o Matheus. Fiz alguns testes a distância e fui aprovada. Fiquei muito chateada com tudo que aconteceu aqui no trabalho, então decidi não continua depois que essa fofura nascesse. Conversei com o hospital que me ofereceu a vaga e expliquei a situação, como minha nota foi acima da média do que eles estavam esperando, resolveram me dar esse tempo até o bebê nascer. — Nesse momento o Gabriel me abraçou.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 86
Comments
Darlene Vieira
acho q Gabriel vai conhecer a criança e vai morrer em seguida, Katie não vai querer ela e no final a bia vai cuidar dela. e acho q é um menino
2024-12-15
0
elenice ferreira
As suspeitas da Bianca foram confirmadas , a Katie nunca quis filhos ! e agora ?
2024-12-01
0
Anilda Alves da Cruz
essa esposa do Gabriel não vai aceitar esse bebê
2025-01-14
0