Eles discutiam de forma que eu escutava tudo do meu quarto, e cada vez mais, eu me enchia de mais raiva. Eles não tiveram consideração nem pelo meu estado, porque tenho certeza que ambos perceberam o quanto estava abalada.
— Por que agora? Mesmo sabendo que ela poderá precisar de você. — Escutei minha amiga perguntar.
— E o que vou falar quando as pessoas começarem a perguntar se o filho é meu?
— A verdade, Matheus! Que ela carrega no ventre o filho do irmão dela, já que a esposa dele aparentemente não pode gerar a criança. Um irmão que todos sabemos, que ela ama muito e que está com a saúde muito debilitada por conta da doença. Isso já não deveria ser suficiente?
— Toda nossa carreira ficaria em suspenso, Eduarda, por conta dessa besteira que ela está fazendo. Você estar me julgando por estar indo embora, mas perguntou para ela sobre as suspeitas que ela tem sobre a cunhada? Ela te falou sobre isso também? Ainda assim, ela resolveu carregar o fardo.
Não conseguir me segurar quando escutei o que o Matheus falou. Eu confiara aquilo a ele em um momento apenas nosso. Sair do quarto feito uma tempestade prestes a fazer o céu cair.
— Quem é você para me julgar, Matheus? Fiz o que fiz pelo meu irmão e não pela minha cunhada, e me admira que algo que debatemos em particular, esteja sendo jogando ao vento agora, ainda mais quando eu disse que não passava de suposições. Eu não tenho certeza e nem tenho como provar o que te falei, mas quer saber, Matheus, fico feliz que você esteja indo embora, porque só agora descobrir o quão preconceituoso você é! — Falei exaltada
Nesse momento eu sentir uma pequena pontada no ventre, estava muito nervosa e sabia que aquilo não era bom para meu estado. Senti algo molhar minha calcinha e ao olhar para minhas pernas, verifiquei que meu short estava um pouco melado de sangue, ao notar meu desespero e o que estava acontecendo, a Duda se desesperou.
Minha amiga correu até meu quarto, pegou minha bolsa e disse que me levaria ao hospital. Apenas nesse momento o Matheus se dava conta da merda que estava acontecendo e se desesperou também, me pegando nos braços e me levando direto para seu carro, enquanto eu me contorcia com cólicas. Chegando ao hospital a Duda pegou uma cadeira de roda e o Matheus me colocou nela, então a Duda simplesmente o dispensou.
— Acho que você já fez o suficiente por hoje, Matheus. Você pode voltar a cuidar de sua vida. Tenho certeza que não quer explicar que não é o pai da criança que ela espera, correto?
O Matheus olhou para a Duda com raiva, mas ele não fez menção de contradizer minha amiga, então ela empurrou a cadeira para dentro do hospital e logo estava sendo atendida por uma obstetra. Graças a Deus, nada grave aconteceu, precisaria de repouso e não poderia ter mais aborrecimentos desse nível no começo da gravidez.
A médica me aplicou uma medicação no soro e logo senti as dores aliviarem. Quando recebi alta médica, pegamos um Uber e voltamos para o apartamento. Assim que entramos não vi o Matheus, menos mal, agradeci a Duda e resolvi ir direto para meu quarto. Tomei um banho e deitei para relaxar. A médica me orientou a descansar pelo menos nas 48 horas seguinte e voltasse caso ocorresse mais algum sangramento.
No dia seguinte, assim que acordei, resolvi ligar para meu irmão, mas quem atendeu o telefone foi minha cunhada, então perguntei pelo Gabriel. Ela estava com a voz de quem esteve chorando, então logo me desesperei, mas ela me tranquilizou, disse apenas que o Gabriel continuava tendo muitas dores e que resolveram voltar para o hospital e o médico resolveu deixá-lo em observação, já que ele não parava de vomitar e não estava se alimentando direito. Após esperar mais um pouco, o Gabriel pegou o telefone.
— Oi, Bia, como você está, mana?
— Tenho certeza que melhor que você! Pelo menos não estou num hospital agora.
— Nem fale irmã, essa é a pior parte, dessa doença. Estou sentindo fortes dores nas articulações e muita ânsia de vômito.
— Sinto muito, irmão. Queria poder fazer mais por você. Estou te ligando porque queria marcar para ir até sua casa para conversarmos um pouco.
— Aconteceu algo? — Ele perguntou preocupado.
— Nada que você precise se preocupar, irmão. Tudo está correndo como deveria, queria apensas fazer uma visita. Porém, estou preocupada com você. Quer que eu vá até aí?
— Não se preocupe comigo, Bia. Se cuide, tenho certeza que você já carrega meu filho ou filha com você, então cuide dele por favor!
— Sexto sentido, Biel? — Falei brincando, porque era justamente sobre isso que queria conversar com ele. — Mas pode deixar, irmão. Cuidarei do meu sobrinho ou sobrinha com muito amor, como cuidaria do meu próprio filho. Você se cuide também, porque se tudo dê certo daqui a alguns meses você estará com ele ou ela em seus braços. Amo você!
— Também amo você, Bia! Obrigado por realizar meu sonho!
Desliguei com um aperto no peito. Eu não queria esconder isso de meu irmão, mas não queria dar essa notícia por telefone. Também não queria me esforçar a ir até lá, e depois colocar tudo em risco, mas como prometi ao Gabriel, cuidaria dessa vidinha dentro de mim, como cuidaria se fosse meu filho ou filha.
Me levantei para ir ao banheiro, mas tive uma leve tontura e o enjoo deu sinal novamente, então corri para o banheiro e me sentei no vaso sanitário, com um balde diante de mim e comecei a colocar o que tinha no estômago para fora, isso queria dizer, apenas a bile, porque ontem depois da confusão na cozinha, eu nem tinha me alimentado e me culpei por isso.
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Anilda Alves da Cruz
coitada ainda bem que tem essa amiga
2025-01-13
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Jucileide Gonçalves
Nossa, quanta emoção já estou vendo que essa história vai ser emocionante!!
2024-12-30
1
LmA Dicci
Que coisa mais chata esses dias de enjoo
2024-12-25
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