Nem havia me dado conta que havia adormecido, mas quando acordei ainda estava escuro. Não tinha ideia de quanto tempo dormi, mas quando me espreguicei me senti dolorida. Matheus continuava dormindo, então peguei minhas coisas e sai de seu quarto. Precisava urgentemente de um analgésico. Pensei comigo mesma que agora havia realmente retirado o lacre. Fui até minha bolsa, peguei o remédio e me dirigi até a cozinha para pegar um copo de água, mas tomei um verdadeiro susto com a Duda lá.
— Caramba! Duda, que justo! — Falei levando a mão ao peito. Vi que ela tinha um sorrisinho no rosto.
— Noite agitada, amiga? — Ela perguntou, mas percebi o duplo sentido em suas palavras e a encarei, então ela soltou uma gargalhada. — Foi impossível não escutar.
— Aí, meu Deus, que vergonha. Me perdoa por isso, Duda.
— Não se preocupe amiga! — Ela se levantou e me abraçou. — Pelo menos sei que a sua primeira vez não foi tão horrível quanto a minha.
Ela saiu me deixando ali, após tomar o comprimido, voltei para meu quarto, precisava de um banho. Um tempo depois, de banho tomado e deitada na minha cama, relembrei tudo que aconteceu. Não me arrependia de nada, mas lamentava o fato de o Matheus não querer ficar. Eu realmente gostava dele, mas do outro lado da balança estava meu irmão. Não tinha como mudar depois da esperança que eu lhe dei. Escutei minha porta ser aberta lentamente, então olhei para verificar quem era e me deparei com o Matheus.
— Você está bem? — Ele me perguntou ansioso. — Acordei e você não estava mais lá, vim apenas dá uma olhada. — Fiz sinal para ele entrar.
— Estou bem, sim, apenas precisei de um comprimido e de um banho. — Falei um pouco envergonhada. E ele me olhou com um pequeno sorriso. Sentou ao meu lado na cama.
— Como você conseguiu decidir ter um filho, mas ainda nem havia perdido a virgindade? — Ele me perguntou pensativo.
— Esse é o maior sonho do Gabriel, Matheus, e mesmo sem ter certeza de como as coisas se desenvolverão, não posso deixar de tentar. Os exames mostraram que a leucemia dele está bem avançada. Segundo o médico o organismo dele estar muito debilitado, mas preciso ter esperanças.
— Você julga que ele aguentará esperar todo o processo que você precisará passar?
— Não sei! Amanhã vou até o hospital, para podermos conversar e acertar tudo. Queria que você fosse comigo, mas entenderei caso não deseje ir.
— Não estou feliz com nada disso, Bia. Queria que você carregasse o nosso bebê, não que fosse uma barriga solidária. Entendo que você queira fazer isso por seu irmão. Respeitarei sua vontade, amo você, mas não sei até onde conseguirei ir com tudo isso. Você pode me achar um cretino, mas te avisei antes mesmo que rolasse tudo entre a gente. Estou sendo sincero com você.
— Não me entreguei a você com a intenção de querer segurar você com isso, Matheus. Tudo que rolou entre a gente, rolou porque eu queria, independente de ficamos juntos ou não.
Então ele se deitou e me puxou contra ele. Ali, deitada em seus braços, me perdi em pensamentos, e acreditei que o mesmo aconteceu com ele. Não me arrependia de nada do que fiz. O Matheus foi maravilhoso e estava agradecida por ele ser meu primeiro homem, talvez não o último, porque não sabia até onde ele estava disposto a ir comigo.
No dia seguinte, como combinado, fui até o hospital falar com o Gabriel. Conversamos bastante, ele e a Katie me mostraram os documentos da clínica de fertilização. O Gabriel já havia entrado em contato com a clínica informando haver encontrado a pessoa que geraria a criança.
Como ele ainda estava bastante debilitado, falou com um amigo advogado e explicou toda a situação, pedindo que o mesmo agilizasse o processo e mantivesse sigilo sobre o caso. Não queríamos que ninguém, além de nós, soubesse. Preferimos comunicar quando tudo de fato tivesse dado certo.
Nas semanas seguintes, o Gabriel teve uma leve melhora. Ele já estava em casa, indo ao hospital apenas para fazer a quimioterapia. Minha vida estava bem agitada com o trabalho e as consultas para o processo da inseminação. Meu irmão queria poder me acompanhar em todos os exames necessários, mas não era possível. Estava tomando hormônios que estavam mexendo com meu humor, mas que era necessário para preparar meu útero para receber o óvulo fecundado.
Quanto ao Matheus, nos cruzávamos rapidamente sempre que eu chegava em casa, mas nosso tempo estava muito desencontrado. Ou eu precisava sair para realizar alguns exames, ou ele precisava ir para o seu plantão. Inclusive, ele havia me mandado uma mensagem perguntando quando teríamos tempo para nós dois. Ele tem me cobrado muito isso, mas parece que 24 horas do dia, tem sido muito pouca para administrar tudo em minha vida. Depois de quase um mês nesse processo, tudo foi autorizado.
O Gabriel queria ir comigo para a clínica de fertilidade, mas naquela semana, devido à quimioterapia, ele se sentiu mais debilitado que nas semanas anteriores. O organismo dele não estava reagindo como antes ao tratamento aplicado pelo médico. A Katie informou não poder ir devido ao trabalho, o que deixou o Gabriel muito insatisfeito.
— Como você não vai poder ir? É nosso filho, Katie! Minha irmã estar fazendo isso por nós e você não vai poder acompanhá-la?
— Preciso trabalhar, Gabriel! Não trabalho em um escritório familiar, então não posso me dar ao luxo de faltar sempre que quero.
— Tudo bem, Gabriel! Verificarei como fazer, não se preocupe. Se concentre em sua melhora e o demais eu resolvo.
Não sei se era impressão minha, mas começava a acreditar que minha cunhada não estava muito feliz em dar continuidade aquele procedimento. Comecei a sentir que apenas meu irmão sentia o desejo de ser pai. Eu começava a me perguntar se realmente a Katie teria algum problema para engravidar, ou se ela apenas não desejava ser mãe. Julguei que ela fizera tudo aquilo apenas para agradar o Gabriel, mas aparentemente ela não estava feliz com aquilo.
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Anilda Alves da Cruz
Keith não será à mãe e sim Bianca que dará à luz ao sobrinho
2025-01-12
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Vó Ném
Provável se ele falecer, ela não vai querer a criança...
2025-01-26
0
Marcia Santos
Chiii, acho que a cunhada dela não quer o filho 🤔🤔🤔🤔🤔
2025-01-09
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