Capítulo 14 ( irresistivelmente perigoso)

Abro a porta com receio meu coração dispara enquanto eu giro a maçaneta, mas o alívio toma conta de mim quando vejo que do outro lado está um dos serviçais da casa, não consigo ver seu rosto pois a bandeja está na frente, digo" obrigada, pode me entregar!" Ele nem se quer me olha apenas me empurra para dentro com bandeja e tudo, meu corpo congela ao ouvir a voz de Thomas.

Ele solta a bandeja sob a cama e diz " Alena, peço desculpas por te assustar, mas algo muito sério aconteceu preciso de você em campo o mais rápido possível!"

Um arrepio percorre minha espinha, pois claramente não estou apta a ir a campo, penso no que posso dizer a Thomas e indago " O conde me levará para o castelo hoje, Thomas, eu não posso sair daqui, e você também não devia estar aqui!"

Me olhando desconsertado e com um certo desdém na voz Thomas diz" Alena, não posso acreditar que você realmente vai seguir com esse plano maluco, eu achei que tinha perdido a memória! Mas como segue insistindo em ser esposa daquele monstro só consigo acreditar que ele a enfeitiçou e que você não perdeu a memória, mas sim está apaixonada por ele!"

Olho confusa e não consigo esconder minha expressão de impaciência esbravejo" Thomas, eu realmente perdi a memória! E que plano é esse? Você disse que o casamento foi arranjando por meu pai e eu não tive escolha!

Ele passa a mão no cabelo e retruca: " sim você teve! Poderia ter fugido comigo, poderia ter feito qualquer coisa, mas insistiu que queria manter o conde por perto. A questão não é essa, Zoe..ela foi assassinado por um maldito vampiro!

Meu estômago revira com uma mistura de choque e medo, quem é Zoe e porque Thomas está tão fora de si? Minha mente não consegue processar imediatamente aquele tanto de informação.

Thomas prossegue " A família Strauss inteira foi assassinada na noite passada, Alena, por Deus, Zoe era sua melhor amiga de infância, como pode continuar com esse teatro de perda de memória?

Meus olhos encontram os de Thomas, e consigo ver a angústia e a tensão em seu rosto. A incerteza do momento paira no ar, silenciando qualquer som ao nosso redor.

"Como isso pode ter acontecido? Todos eles... foram todos... assassinados?", minha voz vacila enquanto digo essas palavras, lutando para manter a compostura diante da terrível notícia.

Thomas abaixa a cabeça por um momento, parecendo tentar encontrar as palavras certas para me contar o que sabe. Seu semblante está carregado de dor e tristeza.

Me aproximo e toco seu ombro digo " Thomas, olhe nos meus olhos!" Ele levanta o olhar por um minuto, prossigo " E..eu realmente não me lembro de nada, eu sinto muito por Zoe e sua família..sinto muito por tudo, mas não vejo como eu posso ajudar, eu não lembro o que devo fazer...

Thomas toca minha testa delicadamente enquanto seus dedos se esgueiram lentamente até a ponta do meu queixo, enquanto me olha nos olhos, ele puxa meu rosto para perto do seu, consigo sentir o calor do seu hálito, e seus lábios cada vez mais próximos, para atalhar sua inclinação a me beijar digo : " pode me dizer o que aconteceu com mais detalhes? por favor seja rápido o conde Grigore pode aparecer a qualquer instante.

Sem graça Thomas se afasta, uma sombra toma conta de seu rosto "Não sabemos ao certo quem fez isso, mas encontrei os corpos de todos os membros da família Strauss. Parece ter sido um ataque brutal, uma verdadeira carnificina", ele finalmente diz, sua voz carregada de pesar.

Minhas mãos tremem involuntariamente, e eu me vejo apoiando-me contra uma poltrona próxima para me manter em pé. O chão parece ter se desfeito sob meus pés, e meu coração dói em solidariedade àquela família.

" De todo modo Alena, não é seguro você estar aqui", Thomas diz, rompendo o silêncio tenso. "O assassino ainda está solto, e não podemos arriscar sua segurança, já que diz estar sem memória será um alvo fácil!"

Eu o encaro: "O conde me manterá segura..eu acho que por agora está tudo bem.. ", murmuro, minha voz cheia de temor.

Thomas solta o ar dos pulmões com ira e diz " Alena, eu e você sabemos que o Conde Grigore é o mais vil dos seres, como ele vai te proteger? Se souber que é uma caçadora ele vai te assassinar com as próprias mãos!"

Fecho os olhos, pois as palavras de Thomas me atingiram em cheio, ele tem razão, eu não posso confiar em Grigore, mas também não sei em quem confiar.

De repente, ouço barulho de conversa e passos no corredor do lado de fora do quarto, estremeço, pode ser meu pai, ou pior ainda Arthur, conforme os passos ecoam pelo corredor se aproximando, sinto a urgência borbulhar dentro de mim, digo.

" Thomas,por favor, não há tempo para terminarmos essa conversa agora. Se alguém nos pegar juntos isso não vai terminar bem, se esconda por favor, se esconda no banheiro.."

A porta se abre e o conde surge" Minha linda esposa, já está acordada? Estou fazendo os últimos preparativos para nossa partida" diz com um tom animado.

"Arthur, que surpresa vê-lo aqui. Onde você passou a noite?" pergunto, esperando desviar sua atenção do fato de Thomas estar escondido a poucos metros dali.

Arthur solta uma risada irônica enquanto caminha em minha direção. Seus olhos percorrem minhas vestes de forma apresiativa, fico inquieta.

" Também senti sua falta, minha linda esposa. Posso dizer que também sentiu a minha?" ele provoca, deixando claro que sabe que algo está acontecendo.

Negando com a cabeça, respondo rapidamente para afastar qualquer suspeita. "Não seja tolo, Arthur. Não há tempo para tais sentimentos no meio dessa confusão."

Me viro de costas para ele não perceber minha apreensão.

Arthur fica em silêncio, caminhando até que consiga ver meu rosto novamente, ele analisa meus olhos por um momento, como se avaliando minhas palavras. Finalmente, ele retruca " posso notar que a minha ausência lhe gerou saudades, não precisa esconder".

Reviro os olhos, mas percebo que ele está caminhando para mais perto, então esbravejo antes que ele esteja perto de mais para eu resistir " Eu apenas fiz uma pergunta simples, não me importo onde você dorme ou com quem! "

Com seu corpo a centímetros do meu ele solta uma gargalhada como se tivesse se divertindo " Se não está com ciúmes porque se preocupa em eu estar dormindo com outra pessoa?" Dou dois passos para trás e respondo " não, estou com disposição para isso agora, Arthur" A essa altura ele andou novamente até que seu corpo alcançasse o meu, concluo em um tom ríspido: " Por enquanto, apenas me deixe sozi...." Ele inclinou-se para roçar os lábios nos meus, exatamente como eu já esperava, achava que seria perfeitamente capaz de resistir dado vacilo da noite anterior, eu saberia o que não fazer, que estratégia não seguir.

Mas, por mais que minha mente o quisesse longe, meu corpo não respondia aos comandos, era como se eu estivesse realmente enfeitiçada, talvez Thomas tenha razão.penso.

O beijo que começou lento e gentil, agora se transformou em algo mais profundo e apaixonado. Achei que tinha recuperado o poder sobre meu corpo, mas quando suas mãos me seguraram pela cintura com firmeza, foi quase como se o corpo dele atravessasse o meu de um jeito tão apaixonado, que eu não consegui reagir, simplesmente fiquei ali rendida respondendo a cada toque dele, as suas mãos deslizaram por meu corpo, traçando cada contorno de minhas curvas.

Me dei conta que aquele corpo não era meu, eu não tinha o direito de deixar que ninguém o tocasse muito menos Grigore, pois Thomas deixou-me claro o quanto Alena odeia o conde, está cada vez mais difícil separar em minha mente que eu sou Catarina e estou no corpo de outra mulher.

Conforme seu beijo se intensifica percebo que estou perdendo a noção das coisas ao meu redor, e não podia permitir, Thomas deve estar de camarote assistindo tudo isso..

Arthur para e me encara com suas típicas sobrancelhas arqueadas, sua expressão imperturbável, ele tira os lábios dos meus e sussura em meu ouvido " Acho que podemos, ter um pouco mais de proximidade agora.." Me lançando sobre a cama Arthur continua a me beijar, devorando-me com os lábios e a língua.

Era o momento para eu dizer alguma coisa, mas eu não conseguia pedir que ele parasse, eu não queria.

No entanto, nosso momento íntimo é violentamente interrompido pela chegada abrupta de Francis, que adentra o quarto sem bater.

Os nossos lábios que ainda estavam se tocando, se separaram assim como nossos corpos bruscamente, envergonhados pela interrupção. Uma mistura de raiva, decepção e confusão se espalha pelo rosto de Grigore,posso jurar que vi seus olhos mudarem de cor e seus caninos aparecerem cintilantes.

"Meus senhores, perdoem a interrupção, mas é urgente que eu fale com a senhora Alena", declara Francis, sua expressão séria revelando a gravidade da situação.

Minha mente entra em pânico e meus olhos procuram desesperadamente por uma desculpa. "Claro, Francis. Precisamos conversar. Arthur, poderia nos dar um momento a sós?"

Arthur parece insatisfeito, e aceita meu pedido relutantemente. Ele me dá um olhar fixo antes de sair do quarto, fechando a porta atrás de si.

Agradeço a Francis em tom gentil "obrigada, você apareceu na hora exata, agora peço que leve essa bandeja!"

Francis me olha, retrucando ", mas tenho que dizer algo a senhora."

Afirmo " agora não Francis, preciso tomar um banho"

Ela segura a bandeja com firmeza, visivelmente chateada e sai cuidadosamente.

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