Capítulo 7 ( tudo que é ruim pode piorar)

Acordei no meio da madrugada, sentindo o frio cortante daquela região montanhosa ainda mais intenso do que o próprio Monte Evereste, pensei em ligar o aquecimento até que lembrei que estava no século dezoito.

 Olhei ao meu redor e, ao olhar para o chão, percebi que Grigore estava deitado em forma de lua, como um cachorrinho tentando se aquecer. Por um breve momento, senti um pouco de pena por ele. Imaginei que um homem tão sensível não poderia ser um vampiro. Embora, sensível fosse uma palavra forte demais, já que quando está acordado não perdia tempo em fazer provocações e é completamente sem noção.

Movida por uma estranha compaixão repentina, cutuquei Grigore até que ele acordasse, vez ou outra soltando resmungos de protesto. Sugeri que ele deitasse na cama, porém, sem fazer nenhuma gracinha. Grigore apenas sorriu de lado a lado, provocando-me:" Sabia que minha linda esposa não ia resistir a me ter como companhia essa noite",revirei os olhos em reprovação, enquanto ele se acomodava na cama eu pensava em como Grigore conseguia despertar a adolescente que habitava em mim.

Para evitar qualquer contato físico, peguei algumas almofadas e outras coisas que encontrei e dividi a cama em dois lados, um para cada um de nós."Aqui, fique no seu canto", disse a ele, mantendo minha voz fria e distante.

Grigore, com o sorriso provocador ainda presente, comentou acariciando meu ombro:" está fazendo isso porque sabe que se eu a tocar novamente, não irá resistir."

Senti-me ofendida com suas palavras, ele não cansava de ser ridículo, aquela palhaçada estava me fazendo perder tempo tinha que achar uma maneira de voltar ao presente e deixar que a própria Alena lidasse com essa situação, então prontamente me levantei da cama, pronta para seguir em direção a poltrona eu dormiria ali e ao amanhecer tentaria achar alguém que pudesse me ajudar.

Contudo, antes mesmo que eu pudesse dar o primeiro passo em direção ao afastamento, Grigore me puxou de volta com força, interrompendo meu movimento. Ele rapidamente pediu desculpas: " Não precisa sair, sinto muito pelo comentário provocador, é que é divirtido provocar você"..algo em seu tom de voz e no olhar quase suplicante despertou uma sensação estranha em mim como se de fato ele estivesse sendo sincero.

Contrariando a minha própria determinação inicial, voltei a me acomodar no meu lado da cama, com a ideia fixa de que eu não podia deixar-me levar por Grigore tinha que ficar alerta.

Grigore pegou no sono quase instantaneamente após eu me deitar do outro lado do forte de travesseiros pude ver sua respiração ficar mais lenta, ainda sim não me permiti dormir ainda, ele podia muito bem estar fingindo, então eu continuei lá o observando pela pequena fresta entre os travesseiros, Grigore tinha belos traços, o formato do nariz e do queixo impecáveis, além de ter um corpo musculoso e bem diferente das referências que eu tive durante as aulas de história no ensino médio, ele também tinha um cheiro particularmente atraente era como musk e um toque de gin. em qualquer época ele faria sucesso com as mulheres, pergunto-me qual a verdadeira motivação desse casamento, já que segundo Francis ele é bem mais rico que o meu pai, seu sobrenome também tem mais peso, o que ele ganha casando com uma garota como Alena?

Por maior que seja minha curiosidade espero não ficar aqui para descobrir o fim dessa história, minhas pálpebras estão cada vez mais pesadas então sedo ao sono.

Na manhã seguinte, despertei lentamente, ainda envolta em um sono profundo, por um segundo, pensei que estava de volta em casa, no meu quarto e, soltando um suspiro eu mexi-me, aninhando-me de volta no travesseiro.

Mas então parei.

Onde quer que eu estivesse deitada não era um travesseiro! Além disso sentia um peso sob meu corpo, ele era duro e quente, movendo-se para cima e para baixo.

Eu estava deitada no peito de um homem adormecido, era Grigore, tentei assimilar em que momento da madrugada o forte de travesseiros se desfez, e como acabei nos braços dele.

Tentei mover-me lentamente para me desenvencilhar dos seus braços, mas ele segurou-me ainda mais firme, ao olhar para baixo, pude ver as mãos e os braços fortes de Grigore, ele estava agarrado a mim, dormindo profundamente.

Fiz uma segunda tentativa de fuga, primeiro movi minhas pernas lentamente soltando-as das

dele. Ele não se mexeu.

Sucesso! pensei, eu consigo fazer isso.

Eu lentamente segurei um de seus

braços e o tirei da minha cintura no derradeiro momento ele me puxou de volta para seu peito e estreitou seus

braços em volta de mim, pude sentir todo o seu corpo, literalmente tudo, colado, unido ao meu.

Ele esfregou o nariz no meu cabelo, até que atingiu meu pescoço o que fez meu corpo arrepiar, o conde tinha acordado e estava brincando com o perigo.

Prendi a respiração, eu podia simplesmente empurrar ele, mas isso causaria outra discussão e a uma hora dessas todos nessa casa já devia estar acordados, temia que houvesse algum tipo de punição por parte do meu "pai" se me visse discutindo de novo com meu "marido arranjado", preferia infinitamente mais pegar três plantões de doze horas seguidos do que estar enfrentando uma situação tão lamentável.

Quando pensei que aquilo não podia piorar, as mãos de Grigore massagearam minha cintura e passearam para

cima e para baixo em minhas laterais, enquanto os seus lábios tocavam o meu pescoço, no momento que senti o seu toque uma onda de sensações inexplicáveis irrompeu no meu interior, me aquecendo por completo senti o meu rosto ruborizar, eu só queria dizer o quanto ele era um filho de uma $?!;:'$..

Mas, não consegui emitir nenhuma outra palavra que não fosse o nome dele:" Arthur.." num tom digamos, libidinoso. Bom era isso, eu estava me deixando levar, mas não por muito tempo.

Saindo do meu transe emocional os meus olhos abriram-se, então eu gritei e comecei a chutar Grigore. Com sorte, eu acertei-o..em um lugar muito sensível.

Ele esbravejou" Alena, enlouqueceu?" olhei-lhe com raiva:" eu enlouqueci ou você perdeu o senso do limite?" Grigore riu revirando os olhos:" Estava tudo indo muito bem.." Peguei um travesseiro e joguei em seu rosto:" Você é um pervertido, nunca mais vai me tocar de novo. Nunca. Mais!

Os olhos dele escureceram, não totalmente como na noite anterior, mas ficaram em um tom de azul escuro, ele limpou a garganta e disse" Você sabe que temos deveres como um casal, e todos lá fora esperam que nós tenhamos tido uma noite de nupciais, eu só estava te mostrando os benefícios de ser um pouco menos tensa, minha cara…"

É a gota d'água, que discurso ridículo. Penso.

Me afastando dele em direção ao banheiro resmungo sem pensar: "Eu não sou Alena, não tenho que cumprir dever algum!"

Respirei fundo enquanto adentrava o banheiro, tentando afastar os pensamentos que assombravam minha mente. O ambiente luxuoso me envolvia, como se quisesse me distrair do que acabará de revelar a Grigore. Desejei, em silêncio, que ele não tivesse prestado muita atenção em minhas palavras.

Geralmente, as criadas da mansão se encarregavam de preparar o banho para os patrões, mas não queria ter que pedir a Francis para fazer isso. Queria privacidade naquele momento, espaço para refletir sobre as consequências de minhas palavras e, acima de tudo, compreender porque eu tinha sido arrasta para séculos antes do meu nascimento.

Com um olhar rápido, avistei a banheira já cheia de água, provavelmente estava fria. Hesitei por um instante, mas decidi que seria eu mesma a me banhar naquela água gélida.

Peguei delicadamente a toalha que estava disposta ao lado da banheira e me despi, sentindo o frescor da água tocar minha pele.

Enquanto me banhava, eu observava o esplendor do banheiro que me rodeava. Era como se eu tivesse mergulhado em uma cena de época, onde tudo remetia ao luxo e grandeza. Ornamentos de ouro decoravam as paredes e o teto, e pinturas artísticas adornavam o chão. Cada detalhe era exuberante e me fazia sentir como se estivesse em um sonho.

No entanto, mesmo em meio a tanta beleza, a minha mente não conseguia se desvencilhar dos conflitos internos que me atormentavam.

Mergulhei novamente na banheira, tentando encontrar algum alívio para os conflitos que fervilhavam dentro de mim. A água gelada envolveu meu corpo, mas eu mal senti aquela sensação. Estava absorta em pensamentos, em busca de uma solução para retornar ao presente e retomar minha vida como médica.

Por mais que eu tentasse afastar a ideia, a verdade era que Grigore havia conseguido mexer profundamente com meus hormônios.

Enxuguei-me rapidamente com a toalha e me afastei da banheira, deixando a água escorrer pelo meu corpo. Enquanto me vestia com um dos vestidos disponíveis no armário, meus pensamentos continuavam em turbulência. Eu precisava encontrar uma forma de voltar para casa, para o meu tempo, mas ao mesmo tempo o desejo de desvendar o mistério que me envolvia e de entender o que acontecia nessa realidade tão oposta a minha.

Enquanto me olhava no espelho, ouvi o Conde gritar do lado de fora algo sobre ter que resolver algo urgente, encostei a orelha na porta do banheiro e pude ouvi-lo saindo, respirei fundo e sai do quarto estava bem mais relaxada por estar sozinha me sentei na cama por alguns minutos, até que ouvi batidas na porta, só pode ser Francis, pensei.

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