Capítulo 8 (Encontro marcado)

Abri a porta do quarto com cuidado, preparada para mais uma surpresa inusitada neste lugar desconhecido. No entanto, não poderia prever o que encontraria do lado de dentro. Parado em minha frente, estava um rapaz de aparência jovem, não devia ter mais do que dezessete anos. Seus olhos azuis eram surpreendentemente semelhantes aos do Conde Grigore, e seu cabelo tinha um tom dourado radiante. A pele dele estava bronzeada, algo incomum para alguém que supostamente habitava um lugar tão frio.

Antes que pudesse reagir à sua presença, ele me empurrou para dentro do quarto e, sem hesitar, trancou a porta atrás de nós. Minhas emoções se misturaram entre a surpresa e a preocupação. Quem seria aquele jovem? E por que ele me encurralara dessa maneira?

Fitei-o e perguntei com cautela: "Quem é você?"

Ele pareceu coçar a cabeça, um tanto envergonhado, e respondeu rapidamente: "Você está brincando, não é? Sou Thomas, seu parceiro na caça aos vampiros" Sua resposta me deixou ainda mais confusa, pois aquilo era completamente impossível, eu era uma caçadora de vampiros?

Vendo minha expressão confusa, Thomas suspirou e prosseguiu: "Você não se lembra de nada e nem de mim? Ouvi dizer que você caiu do cavalo e bateu a cabeça. Estava inconsciente por alguns dias. A Princesa Deyse está exigindo respostas, Alena. Precisamos voltar à investigação."

Eu fingi que estava por dentro do assunto, embora tudo aquilo me parecesse um verdadeiro enigma. Além disso, eu tinha minhas próprias preocupações, como encontrar um caminho de volta para o meu tempo presente.

Thomas continuou falando, desta vez sobre ataques de vampiros na floresta e como o último vampiro que eu havia capturado na Torre Cinza havia escapado. A Princesa Deyse queria informações valiosas sobre esses seres sombrios, e eu deveria coletar o suficiente para que a Guarda Real pudesse se preparar e iniciar a caça aos vampiros.

A confusão estampada em meu rosto não passou despercebida por Thomas. Decidi revelar-lhe a verdade sobre minha própria situação. "Thomas, eu... Estou com amnésia. Não me lembro de nada."

Ele parecia desesperado, andando de um lado para o outro no pequeno quarto: " Não, não pode ser Alena, não no meio da investigação, não quando o nosso plano esta correndo tão bem." O som de passos ecoou do lado de fora, e meu coração disparou. Precisávamos resolver aquela situação antes que nos pegássemos, ou eu estaria em uma enrascada ainda maior.

"Você precisa ir embora, Thomas", pedi em um sussurro apreensivo. "Não podemos nos arriscar a sermos descobertos."

Ele assentiu e, antes de sair, disse para que eu o encontrasse embaixo do carvalho no meio da floresta após o almoço ele ouvirá falar que o conde Grigore e meu pai iam sair a negócios para cidade e aquela seria a hora perfeita. Thomas saltou pela janela no momento em que eu me levantei e destranquei a porta.

Para minha surpresa, Francis estava do lado de fora, trazendo uma bandeja com café da manhã. Ela me olhou intrigada.

Suspirei, sabendo que minha jornada estava cada vez mais complexa. Enquanto me sentava para tomar o café, pensava na promessa de Thomas e na possibilidade de encontrar respostas sobre o passado de Alena e esse mundo mágico e, quem sabe, desvendar uma maneira de voltar para casa.

Horas depois eu estava ansiosa enquanto esperava por Thomas no local marcado. Observando ao meu redor, notei que o céu estava coberto por nuvens escuras, o que indicava que a chuva estava prestes a cair. O ar úmido e quente envolvia meu corpo, fazendo-me suar levemente por baixo daqueles quilos de roupas que eu estava usando, não consigo entender porque usar tantas roupas, pensei.

Enquanto esperava, os meus pensamentos vagavam preocupados, não bastava viajar no tempo ainda tinha mais situações adversas.. as últimas notícias que havia recebido sobre a minha posição como caçadora de vampiros me deixava apavorada, eu não sei lutar, nem segurar uma espada, sou médica.. não uma guerreira.

A mera ideia das proezas desse mundo sobrenatural deixavam o meu coração acelerado. A adrenalina corria em minhas veias, misturando-se com a ansiedade.

Alguns minutos se passaram, comecei a perder a paciência. Eu estava prestes a desistir e partir de volta para casa, tinha medo de que Grigore retornasse, será que ele sabia sobre o fato de Alena ser uma caçadora de vampiros? Fui retirada do meu devaneio quando ouvi passos se aproximando rapidamente. Era Thomas, vindo em minha direção com passos largos e determinados.

"Desculpe pelo atraso, Alena", disse ele com um sorriso no rosto. "Tive que finalizar alguns preparativos antes de nos encontrarmos." Por alguma razão seus olhar o de Grigore eram exatamente iguais e isso me perturbava.

Tentei disfarçar a minha desconfiança então sorri aliviada e segui Thomas enquanto ele me levava até o esconderijo dos caçadores onde ele me daria detalhes sobre tudo que eu não lembrava.

Enquanto caminhávamos, pensei que talvez pudesse conseguir com Thomas as informações sobre como voltar para a minha vida, mas eu primeiro precisaria ganhar a sua confiança.

Enquanto seguimos pela trilha da floresta, o ambiente ao nosso redor parecia ganhar vida. As árvores altas e frondosas balançavam suavemente com a brisa, criando uma melodia suave. O cheiro de terra molhada era cada vez mais evidente à medida que a chuva se aproximava.

Thomas então apontou para a imponente mansão com grandes janelas que surgia à nossa frente. "Ali está o nosso ponto de encontro. Consegue lembrar de algo?" A mansão que servia como esconderijo dos caçadores era uma construção imponente e sombria, envolta por uma aura de mistério e segredos. Localizada no topo de uma colina, depois da floresta, cercada por árvores altas e densas, a mansão se destacava como uma fortaleza solitária contra as ameaças que espreitavam no mundo noturno.

Ao nós aproximarmos da entrada da mansão, pude ver a arquitetura gótica em toda a sua glória. Fingi estar tentando puxar a imagem na memória, as paredes de pedra cinza-escuro e as janelas altas e estreitas conferiam um aspecto imponente ao lugar. A fachada estava ligeiramente deteriorada, com hera e trepadeiras entrelaçadas nas suas paredes, dando a impressão de que a mansão havia sido abandonada há muito tempo, depois de alguns minutos sinalizei negativamente.

Ele então suspirou e disse com um olhar apreensivo" talvez leve algum tempo, vamos entrar e te conto tudo que puder dentro do tempo que temos, minha querida Alena se soubesse o quão inapropriada é essa hora que você perdeu a memória!"

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