Capítulo 4 (bem vinda ao século dezoito)

Vamos lá, parece que eu me meti em um problema e tanto, meu pai decidiu que para aplacar o meu espírito selvagem me casar com um Conde sombrio seria a maneira ideal de me disciplinar, segundo Francis eu era a ovelha negra da família, já que meu irmão mais velho George tinha ido para guerra e ganhado medalhas conseguiu fazer sua vida em Londres, minha irmã do meio Isobel era casada com o filho mais novo do rei da Escócia a única que havia restado em casa era eu, a mais problemática, eu preferia andar a cavalo do que bordar, preferia caçar a passar horas em frente ao piano, a dona desse corpo seja lá quem for estava a frente da sua época. Sobre o Conde Grigore Francis diz: " Senhora, o Conde é um homem muito rico, e respeitado, é conselheiro direto do rei, infelizmente sua mãe partiu cedo demais quando ele era apenas um adolescente, além disso o pai dele Arthur Grigore V, se casou novamente e foi embora para França, parece que o conde tem um meio irmão, mas essas coisas a senhora vai relembrar em breve, oh eu já ia esquecendo.. senhora existem rumores sobre ele.." Olho para ela tentando entender o que isso significa nas entrelinhas mas como não consigo eu exijo:" Francis, já disse a você que deve ser direta, rumores sobre o quê?", Ela limpou a garganta parecendo escolher as melhores palavras: " Ele é muito reservado senhora, alguns dizem que é excêntrico, um homem de muitas mulheres.."

nenhuma novidade debaixo do sol homens sempre são assim, penso.

Mas Francis ainda não terminou de falar: "Senhora, como não se lembra de nada...vou dizer isso, que a senhora mesmo descobriu quando visitou a aldeia abaixo do castelo do duque Grigore.." Fixei meus olhos e ouvidos em Francis, ela seguiu:" Para muitos aldeões, ele é um daquela espécie... que não comentamos..!" Reviro os olhos e Francis entende que estou perdendo a paciência por fim ela esclarece: "Um vampiro minha senhora, uma criatura da noite, amante de sangue, de corpo gélido e sem reflexo no espelho".

Fico sem ação como assim um vampiro? Isso está indo longe demais, Francis ainda conta que ocorrem muitos desaparecimentos na região pessoas saem para caçar e não retornam, entrando na floresta do Conde só há passagem de ida sem volta.

Fiquei muda com tantas revelações minha cabeça latejou ainda mais, depois de um tempo apenas observando o meu silêncio, Francis questionou: "doce criança, não se preocupe se essa história fosse verdadeira seu pai não teria dado você em casamento a esse homem, seu pai a ama muito, senhora Alena. Mesmo com suas palavras de consolo meus pensamentos estavam todos em conflito e deixando-me inquieta.

Decidi pedir a Francis que saísse do quarto por um momento, para que eu pudesse descansar. Francis assentiu, compreendendo a necessidade de privacidade em um momento como aquele.

Assim que ela deixou o quarto, fechei as cortinas, envolvendo o aposento em uma atmosfera de segredo e mistério. Apenas a luz tênue dos castiçais rompia a escuridão, criando sombras dançantes pelas paredes. Respirei fundo, tentando lembrar o que houve no momento do acidente fechei os olhos e tentei resgatar as memórias me lembro de Stephan de pé na chuva, das lágrimas, da escuridão...e do colar em meu pescoço que brilhou no exato momento, tatiei meu pescoço em busca do colar imaginando que ele poderia estar lá comigo, mas foi em vão a única jóia em meu pescoço era o colar de pérolas que Francis havia colocado a algumas horas.

Meu coração batia acelerado no peito eu precisava descobrir como sair daquele lugar, como voltar ao presente.

A medida que percebia o tempo passar tive a ideia de vasculhar o quarto em busca de respostas, mesmo com o pensamento acelerado consigo absorver e admirar a atmosfera encantadora e imponente que permeia o ambiente. Eu não havia reparado mas, as paredes do quarto são revestidas por um papel de parede delicado, com estampa de flores elegantes e cores suaves. Uma cômoda de mogno está posicionada no canto esquerdo exibindo ornamentos intricados e detalhes em marfim.

O fio de luz do sol que atravessa as cortinas de seda, ilumina as peças de mobiliário requintadas. Uma poltrona estofada com tecido bordado, na cor dourada, em frente a uma lareira de mármore parece deixar tudo mais aconchegante. Sobre a mesinha ao lado, há um vaso de porcelana chinesa com flores exóticas.

Cansada eu caminho em direção à imensa cama com dossel, cujos tecidos brancos se estendem até o chão. Tecidos bordados à mão em tons pastel decoram o dossel, enquanto almofadas e colchas delicadamente rendadas repousam sobre ela. A cabeceira é esculpida em madeira e coberta com um tecido florido, exibindo um trabalho artístico excepcional.

Deitada posso observar a escrivaninha de mogno, ela está posicionada perto da janela, me levanto e penso que ali pode haver mais pistas sobre a dona desse corpo, ao me aproximar abro as pequenas gavetas revelando papéis e livros cuidadosamente organizados ao lado de uma pena de escrever, porém tudo está escrito em uma linguagem incompreensível para mim.

A tarde avançava rapidamente e, às seis horas da tarde, Francis viria me buscar para o encontro com o Duque, eu não estava pronta.

Ouvi o som do relógio antigo badalar e pelas minhas contas a hora havia chegado.

Nunca me senti tão confusa e desesperada em toda a minha vida. Aqui estava eu, Catarina, tentando escapar de um relacionamento e, de alguma forma, fui transportada para um passado distante, onde agora estava fadada a me tornar esposa de um vampiro. Era inacreditável!

Sentada no quarto, agora quase que completamente escuro, ouvindo o silêncio assustador do bosque ao redor da mansão e os murmúrios dos empregados, minhas mãos tremiam de ansiedade. Eu sabia que precisava fugir, não podia permitir que esse vampiro desconhecido me levasse embora e me aprisionasse nesse mundo sombrio.

Finalmente, Francis, a governanta, entrou no quarto. Seus olhos arregalados denotavam tanto medo quanto surpresa ao me ver determinada. "Você tem que me ajudar a fugir, Francis. Por favor, eu não posso ir com ele", implorei, desesperada.

Francis balançou a cabeça, horrorizada. "Você não entende, minha senhora. Se tentar fugir, o seu pai nos matará. Nós não podemos arriscar nossas vidas dessa forma."

Eu ignorei a advertência de Francis. Eu podia estar presa no corpo de outra pessoa, uma jovem desconhecida, mas minha determinação em manter minha segurança e escapar desse destino sombrio era maior. Era um instinto de sobrevivência que havia se apoderado de mim.

Depois de muita discussão acalorada, Francis finalmente se deu por vencida. Ela concordou em ajudar, mas avisou que fazer um cordão de lençóis levaria algum tempo. Suspirei aliviada, pois eu mesma já havia preparado a corda improvisada. "Eu já fiz, Francis. Só preciso que você me ajude a descer".

Os olhos da governanta se encheram de lágrimas, enquanto estendia uma capa para me proteger do frio da noite. Ela me abraçou com força antes de me guiar até a janela. Eu sentia meu coração batendo fortemente em meu peito, a adrenalina correndo em minhas veias conforme me preparava para o salto.

Com cuidado, meu corpo se pendurou na janela, segurando firmemente a corda improvisada. Olhei para Francis uma última vez antes de começar a descer. Senti a textura áspera dos lençóis em minhas mãos e segurei minha respiração enquanto descia lentamente, sentindo a terra firme se aproximar.

Então, assim que meus pés tocaram o solo, corri em direção ao bosque sem olhar para trás, fui o mais longe que consegui, mas acabei tropeçando em algo no chão devido a escuridão, ouvi passos e os galhos se quebrando enquanto alguém caminhava em minha direção.

Me levantei o mais rápido que consegui senti meu pé direito um tanto dolorido, eu devia tê-lo torcido quando cai.

Pude notar uma presença ao meu redor. Meus olhos se fecharam instintivamente, temendo ter sido capturada por meu pai ou algo pior. Mas, para minha surpresa, era outro homem.

Abri os olhos e me deparei com um homem alto, de olhos azuis penetrantes, com feições extraordinariamente arrebatadoras, ele carregava uma aura misteriosa tanto ameaçadora quanto sedutora e estava impecavelmente vestido, seu olhar para mim era intenso ele tinha uma lamparina nas mãos.

Desviei o olhar e me virei para correr.

Então ele se moveu na minha direção

com uma rapidez sobrenatural ficando na minha frente, ele estava lá e estava segurando meus ombros antes

que eu soubesse o que estava acontecendo.

Assustada, recuei alguns passos mantendo os olhos fixos nele. "Quem é você? E o que quer de mim?" perguntei com voz trêmula.

"Meu nome é Arthur Grigore VI, seu marido, não me reconheceu? Acenei negativamente com a cabeça e ele retrucou exibindo um sorriso branco reluzente e levemente ameaçador: " Está escuro aqui deve ser isso. Soube que sofreu um acidente hoje, estava preocupado, porque está correndo pela floresta minha cara?

Balbuciei com meu corpo tremendo devido ao frio e ao medo:" E..eu.." não consegui emitir nenhuma resposta então ele lançando sua capa sobre mim, envolveu meu corpo com um de seus braços e disse:" não tema, Alena, não quero lhe fazer mal, vou te levar de volta ao seu pai, aqui está muito frio."

Ergui o olhar, meus olhos se encontrando com os seus olhos intensos, ele emitiu outro sorriso me levando de volta a mansão. Eu não tinha mais para onde fugir.

...Conde Arthur Grigore VI...

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