É Verdade

A pousada estava cercada de guardas, e as pessoas que ali viviam foram retiradas para ficarem em outro lugar. Caminhava ao lado de Kyle de forma tão tranquila com as mãos no bolso que não percebia as reverências que os demais lobos faziam enquanto caminhava.

Minha mente ainda estava repassando a noite em meu quarto, todas as crianças dormindo em minha cama com Cassie no meio da mesma, a noite foi tranquila o problema mesmo foi quando amanheceu que uma a uma elas foram acordando e a baderna de instalou no quarto.

— Meu senhor! — A voz de um soldado me puxou das memórias e quando me dei conta estava em frente à porta da pousada.

— Ninguém, entra. — Falei por fim enquanto seguia porta adentro.

O silêncio reinava por todo lugar, porém quando cheguei a porta onde eles estavam sendo mantidos presos, a familia do coisa 1 e 2 estavam lá dentro junto com eles e suas companheiras pareciam estar alteradas. Assim que a porta se abriu e eu entrei, as vozes cessaram.

— Porque estamos presos aqui? — A primeira mulher se levantou para falar e vi que a mesma foi contida pelo coisa 2.

— Pergunte a seus companheiros, também gostaria de saber porque invadiram a minha casa. — Uma cadeira foi puxada onde me sentei, dentro daquele quarto estava os invasores com suas parceiras, eu e Kyle, não havia necessidade de colocar os guardas ali dentro e também sabia que eles não ousariam fugir.

— É muita ousadia de sua parte nos acusar de invasão quando na verdade, foi você quem atacou nossa tribo e colocou nossa lua Lydia em coma. E tudo isso por que? Por uma imunda como Cassandra Baumer que não aceitou a rejeição. — Coisa 1 falou cuspindo no chão e nesse momento um sorriso de puro divertimento surgiu em meus lábios, era essa a história que ele estava vendendo para os lobos da tribo sul?

— Ataquei vocês, é verdade. Bombas com prata não colocam alguém em coma, e segundo você, eu realizei tudo isso a mando de uma garota que nunca vi na minha vida e que de acordo com meu conselho foi enviada para ser criada e receber sua loba na tribo sul e desde o aniversário de dezesseis anos não é vista… — Comecei a bater palmas enquanto falava e um sorriso surgiu nos lábios de Kyle sabendo exatamente qual era meu jogo.

— Sabe, tenho absoluta certeza que consigo provar que sua teoria está totalmente errada. — Me calei ao apoiar o queixo em minha mão, os quatro estavam em total silêncio me olhando enquanto Kyle dava um passo à frente e cruzava os braços.

— Quem poderia se aproveitar de um ataque nosso e sair ganhando com o coma de sua lua? Vamos lá, coloquem essas cabeças para pensar. — Kyle falou ao caminhar pelo quarto e se encostar na parede com os olhos treinados na expressão de cada um.

— Zedekiah… — Uma das mulheres falou e logo o coisa 1 gritou dizendo que era impossível.

— Espere… Surya tem razão! Lua Lydia mal entrou em coma e ele já passou a agir como Alfa de tudo e ainda transformou Safira que deveria ser acompanhante da sua futura esposa, em sua noiva… — A mulher continuou falando e nesse momento o Coisa 2 se ergueu sobre ela com certa autoridade a fazendo recuar.

— É perfeitamente normal que ele assumisse a liderança, nosso alfa estava desolado com o coma da esposa que você causou! — Coisa 2 pela primeira vez falou e acabou se exaltando.

— Vamos fazer o seguinte, um de vocês pode voltar para a tribo sul, invente uma desculpa qualquer e mude as pessoas cercam a Lua de vocês, enfermeiras, médicos e até mesmo medicamentos… Depois me conte o que aconteceu. — Sorri de lado enquanto analisava a linguagem corporal de todos, as mulheres pareciam estar mais propensas a pensarem.

— Vocês duas suspeitam de Zed porque não gostam de Safira… Ele é nosso primo! Não devemos questioná-lo e sim apoiá-lo. — Coisa 1 falou devagar e nesse momento a sua companheira o encarou com raiva.

— Não seja tolo, todo mundo sabe que Zedekiah nunca esteve pronto para virar alfa, não vamos ser cegos para tudo à minha volta. E outra, por qual motivo o Alfa Balan mentiria sobre colocar a minha prima em coma? — Os homens se olharam em um acordo mútuo e nesse momento se colocaram lado a lado.

— Supondo que Surya e Maya estejam certas, e a crença delas em você seja verdadeira. Como sugere que façamos? — Depois que a pergunta deles soaram em uníssono, meus lábios se abriram em um sorriso.

— Volte para a tribo sul se apresentando para passar um relatório, teremos o festival da lua nova em menos de dois meses, então será tempo suficiente. Conte a Zedekiah que suas companheiras estão trabalhando com as ômegas diretamente ligadas a mim, e que você junto com essa coisa do seu lado saíram em uma caçada para o festival da lua nova. Faça ele acreditar em suas palavras, depois disso dê um jeito de Lua Lydia ingerir isso. — Meu plano era bastante detalhado, joguei um frasco com pozinho branco na direção dele.

— O que é isso? O que faz? — Coisa 2 perguntou enquanto observava o frasco em sua mão.

— Isso vai matá-la. Uma morte de mentira, é claro. Não tenho interesse nenhum em ferir Lydia ou seu companheiro. — Um pensamento invadiu minha mente onde a palavra “ainda” ficava ricocheteando por todos os cantos da mesma.

Os dois homens ficaram em silêncio por alguns minutos enquanto ponderava minhas palavras, o dia estava lindo quando vi os raios de sol batendo contra a janela.

— Não vai machucá-la? — Maya perguntou se cansando do silêncio de ambos.

— Nunca tive intenção em ferir ninguem. — Mentira, eu queria ferir algumas pessoas, porém ainda não era o momento para isso.

— Rick, você vai voltar e fazer tudo isso que ele disse. — Surya falou por fim.

— Os proprios medicos da luna cantante disse que não havia motivos para Lua Lydia entrar em coma, e se o maior perigo não estiver aqui no norte e sim dentro de nossa própria tribo… Precisamos arriscar. — Maya ponderou e isso fez meu sorriso crescer mais, então o nome do coisa 2 era Rick, acho que prefiro chamá-lo de coisa 2.

— Tem a minha palavra que nenhum mal será feito a Maya e Surya… E sobre o seu parceiro de crime, o coisa 1… Ele vai ficar confinado apenas por ter ofendido a criança debaixo do meu teto. — Falei por fim esperando por sua escolha.

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