O acampamento improvisado no alto da montanha me permitia ter uma vista privilegiada de toda a tribo Sul e quando as bombas com prata explodiram, meus lábios se repuxaram em sorriso de vitória.
— A loba já despertou? — Perguntei a Kyle, meu braço direito.
— Ainda não, os curandeiros informaram que ela está exausta, e sua loba fraca… parece que não completaram a transformação. — Um rosnado que escapou de meus lábios calou Kyle, toda criança era ensinada que ao receber o lobo com dezesseis anos era obrigatório completar a transformação.
— Arrume tudo, vamos voltar. Ela virá conosco e assim que chegarmos quero uma reunião com conselho. — Ordenei por fim enquanto minha mente revivia a lembrança de como a encontrei, acorrentada e com medo.
Não estava em meus planos encontrar uma mulher aprisionada, mas quando meus olhos se encontraram com os dela, a maneira como ela gritou e estava machucada fez meu lobo uivar em fúria dentro de mim. Quando minha espada cortou as correntes, meu lobo choramingou e apenas se acalmou quando ordenei que os explosivos fossem espalhados.
A cada passo meu os lobos se curvaram prestando sua homenagem e até reverência, o filho adotivo de Fin Balan era visto como um alfa respeitável agora. Muitas pessoas se perguntavam como um garoto como eu se tornou o homem temido de hoje em todas as terras do norte, bom minha história não é fácil.
Minha mãe engravidou sem estar acasalada e como resultado foi expulsa da tribo, nenhuma matilha poderia lhe dar abrigo, ela vagou por essas terras grávida e quando nasci ela estava prestes a pular de um penhasco comigo em seus braços, crianças sem pai eram mal vistas pelos lobos, Fin escutou meu choro e chegou a tempo, eu tinha apenas três dias de vida e já lutava para viver.
O Alfa Balan me acolheu como seu filho, ele se casou com minha mãe e fez dela a Lua de toda a tribo norte, no início os lobos me consideravam um vira-lata, provei a todos que estavam errados e percebi que a tribo norte em geral passou a ver com olhos mais gentis os filhotes órfãos. Várias mudanças aconteceram na tribo norte, mas minha verdadeira origem só veio à tona quando minha mãe adoeceu. Fin após passar anos sozinho se apaixonou por minha mãe e quando ela morreu, o cargo de Alfa da tribo Norte foi passado para minhas mãos.
A caravana de volta às terras nortenhas demorou mais que o normal, principalmente porque agora havia uma carga preciosa que meu lobo insistia que devia ser carregada com cuidado. Confesso que não entendi muito bem o motivo do meu lobo ser tão prestativo com uma estranha, mas quem sabe quando ela acordasse pudesse enfim me contar sua história e se era amiga ou aliada.
— Alfa Balan. — Kyle estava caminhando rapidamente em minha direção.
— Sem formalidades, já disse que pode me chamar de Emir. — Respondi quando ele parou ao meu lado caminhando assim junto comigo.
— Emir, acha que é uma boa ideia levar essa garota conosco? E se ela for uma espiã? — Kyle perguntou por fim, eu gostava dele, pois não analisava a situação de modo geral, ela deixava sua mente ir além.
— Olhe para ela, por algum motivo desconhecido, o meu lobo se enfureceu ao ver sua situação e insiste em protege-la. Acredito que a família Vasile tem muito mais segredos a esconder, e a julgar pela maneira como estava sendo mantida, ela deva ser parte desse segredo. — Meu queixo apenas apontou para a maca onde o corpo da mulher descansava, quatro soldados a levavam um pouco atrás de mim.
— Entendo, então irei preparar a casa de hóspedes assim que chegar e deixar os médicos a postos. — Kyle não estava convencido, mas o fato do meu lobo querer proteger alguém já bastava para o mesmo, principalmente quando meu lobo não se importava com nada.
— Não. Ela ficará na casa principal, junto comigo. — Falei firme enquanto caminhava, percebi que ele queria questionar a ideia, afinal a casa principal de um alfa era habitada apenas pela família do mesmo, e na ausência de sua família o lugar era reservado, limpo e consagrado para a chegada da lua do alfa.
Ele voltou a caminhar em silêncio ao meu lado enquanto por cima dos ombros meus olhos azuis focavam na respiração da desconhecida.
Quando o sol de pós resolvemos montar um acampamento em meio às árvores, já estava dentro das terras comandadas pela tribo do norte, mas ainda faltava muito tempo para chegar onde minha residência ficava.
— Os homens querem se transformar para chegar logo… Estão reclamando. — Kyle como meu segundo no comando tinha a obrigação de resolver as confusões e repassar as coisas para mim, não importava o quão banais elas fossem.
— Escolha dez bons soldados para ficar, o restante pode se transformar e correr para casa… porém se eu sonhar que eles foram beber invés de estarem com suas famílias, os enviarem para o além do mar, para as terras mortas de Mordecai. — Sussurrei antes de olhar para Kyle e sorrir, ele acompanhou meu sorriso quando percebeu que poderia escolher quem iria voltar e quem ficaria, e havia uma grande chance de quem reclamou ficar para trás, apenas por um capricho de meu segundo.
Lobos gostam de entrar em guerra por vários motivos, um pedaço de terra vazio, um olhar atravessado, aumentar seus territórios, são vários os motivos que levam um lobo à guerra, no entanto, o meu motivo era apenas um: vingança.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
Kakakakak
2024-11-03
1
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
epa ja que o lobo não se importa com nada mas se importa com ela finalmente ela pode ter uma chance de compensada aqueles 3 anos no inferno com aquele babaca que eu espero que sofra até o último suspiro
2024-11-03
2
Bernadete Peixoto
Eu também.
2024-08-27
2