Os dias pareciam passar mais rápidos a medida que olhava por aquela imensa janela, volta e meia ainda conseguia sentir toda a tortura que passei nas mãos de Zedekiah e quando a noite chegava tinha medo de dormir.
Havia uma tábua solta no corredor, sempre que alguém pisava na mesma podia ouvir seu ranger e isso indicava que a pessoa que estava vindo em direção a meu quarto, por impulso corri para trás da cabeceira da cama assim como fiz todas as vezes nas ultimas semanas.
— Ela não está comendo e tenho certeza que não tem dormido… Precisa fazer algo, Emir. — A voz de uma mulher soava pelo corredor quando os passos cessaram na frente da porta. Meu corpo tremeu de medo quando vi a maçaneta girar, mal tive tempo de raciocinar e já estava gritando do meu esconderijo assim que a porta se abriu.
Passos apressados soaram pelo quarto e vi a cama sendo arremessada para o outro lado quarto e a figura de Emir parado olhando tudo à minha volta, seus olhos azuis gelo vidrados buscando por qualquer sinal de perigo.
— Seu idiota! Fazer algo não implica em destruir esse quarto! — A voz da mulher idosa chamou minha atenção, ela entrou logo em seguida distribuindo tapas por todo o braço de Emir que apenas se encolheu em medo.
— Para Mildred, ela estava gritando e meu lobo ficou preocupado… Aí! — Ouvi ele se justificar antes de um soco o atingir bem no meio da barriga.
— Kyle! Leva ele logo daqui ou vai apanhar mais! — ela falou por fim e logo a figura do homem que tinha aberto a porta onde eu ficava presa surgiu na porta, ele parecia rir enquanto puxava Emir pelo braço.
— Eu… eu não queria causar problemas, me assustei…— mal tinha voz para sair, e logo vi o olhar da idosa suavizar enquanto estendia os braços em minha direção. A única pessoa que entrava em meu quarto era Mildred, de certa forma criei um laço com ela e quando vi a figura de Emir entrando fiquei em pânico.
Corri para seus braços respirando fundo antes de olhar a situação que o quarto havia ficado.
— Precisa comer… e descansar. — Mildred tentou soar um pouco mandona, porém ela deve ter visto algo em meus olhos que a fez suspirar. Novamente o alfa surgiu na porta, dessa vez ele bateu na madeira para anunciar sua chegada e isso me fez suspirar.
Ele coçava a nuca de forma desajeitada ao olhar a situação que deixou meu quarto.
— Ela vai comer na sala de jantar conosco. — Emir falou tão firme que senti meu corpo tremer novamente.
Fui basicamente arrastada para o andar de baixo onde ouvi o som das crianças brincando, elas corriam e brincavam pela casa do alfa de forma despreocupada. Emir Balan, o alfa, apenas sorria e parecia não notar meu olhar de espanto com isso, seria essas crianças todas filhotes dele?
O leve ranger da cadeira no chão me deixou em estado de alerta e passei meus olhos buscando cada canto disponível da casa, locais que poderiam servir como esconderijo.
— Olha, ela é linda… — Uma garotinha que carregava um boneco de pano parou na porta apontando em minha direção, seus olhos verdes se fixaram nos meus e seu sorriso foi tão espontâneo e inocente.
— Oras! Addy, o que falei sobre apontar? — Mildred surgiu e logo a menina se desculpou e voltou a correr pela casa.
— E por que você bateu nele? Não sabia que podia tratar um alfa assim… — Parecia que estava pensando em voz alta naquele momento, pois Mildred me olhou de forma divertida e Emir que entrava agora com um garoto no colo parou para observar tudo.
— Oras, limpei a bunda desse fedelho desde que nasceu, então é um privilégio poder bater nele às vezes. — Mildred respondeu ao desaparecer pela porta da cozinha me deixando sozinha com Emir, nesse momento meu coração disparou e meus lábios secaram. O garoto cochichou algo no ouvido dele que o fez rir e depois voltou seus olhos para mim.
— James, disse que você é bonita. — O menino corou assim que Emir transmitiu suas palavras. Não me sentia segura sozinha somente com um homem presente, gostava da companhia de Mildred e me sentia segura.
Olhei nervosamente para a porta da cozinha esperando ela voltar, pedindo aos deuses que demorassem muito. Me sentia desconfortável, em três semanas ali aquele quarto tinha se tornado meu refúgio e zona de conforto, nesse momento, no meio da sala de jantar estava fora dessa zona e não conseguia lidar com isso.
— Seja útil e leve os pequenos para lavar as mãos! Ande logo. — Mildred voltava da cozinha ditando algumas ordens para Emir que se levantava mal humorado chamando as demais crianças que corriam, percebi que todos eles corriam e sorriam, mas assim que o chamado do alfa foi ouvido todos obedeceram sem questionar.
— Kyle coloque a mesa, ande logo com isso. — Mildred parou ao meu lado pousando a mão em meu ombro e nesse momento suspirei em alívio.
— Isso é serviço para ômegas… — Kyle resmungou.
— Obedeça à sua mãe. — Mildred foi mais firme com ele. Então ela era sua mãe, isso explica a semelhança.
A mesa foi posta, e as crianças voltaram agora mais silenciosas e prontas para tomar seu lugar à mesa. Mildred me guiou até a cadeira onde me sentaria, embora secretamente não quisesse ficar ali e já tinha certeza que não iria comer nada.
— Vamos às nossas orações. — Mildred bateu as mãos enquanto as crianças tomavam seu lugar na mesa, todas elas juntaram suas mãos umas nas outras. Emir tomava seu lugar na cabeceira da mesa, estávamos sentados em dez pessoas.
— Querida deusa, obrigada pelo alimento de hoje. Por nós manter em segurança, cuide de nosso alfa para que ele sempre possa nos proteger e perdoe aqueles que não nos quiseram como filhotes… — A pequena Addy fez a prece e nesse momento olhei com atenção para todas as crianças ali, todos eles eram órfãos que viviam sob o mesmo teto que o alfa.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Fátima Ramos
Emir acolheu em sua casa os meninos órfãos
2025-02-04
0
Leidiane Silva
tadinha dela 😭🥺
2025-01-27
0
Marcia Cristina Carneiro
29/12/24/lindo A atitude dó alfa 👏👏👏
2024-12-29
1