A melhor decisão que tomei foi deixar Mildred cuidar do treinamento de Cassandra, podia ver os resultados em seu humor e claro, na falta de pesadelo durante as noites. Secretamente me sentia orgulhoso em ver a evolução dela, e sempre que estava sozinho me pegava sorrindo como um adolescente.
Após as notícias que abalaram nosso cotidiano, precisávamos de uma boa noite de sono, porém depois de rolar de um lado para o outro acabei cedendo a minha agitação e quando pisei no corredor senti os pelos do meu corpo se arrepiarem. A porta do quarto de Cassandra estava entreaberta, porém ela não estava na cama, e o cheiro que preenchia o ambiente era diferente daqueles que moravam nessa casa.
Kyle surgiu a minha frente de forma preocupada, balancei a cabeça para que fizesse silêncio e comecei a caminhar descalço pelo chão frio e quando chegamos a entrada do corredor que dava acesso a ala das crianças vi duas figuras enormes caminharem pelas sombras.
— Isso é patético, fomos recebidos com desconfiança e ele já nos mandou invadir a casa do Alfa? — Ouvi eles falarem entre si enquanto ia abrindo porta por porta, me esgueirei pela lateral da parede enquanto controlava até mesmo minha respiração.
— Zed quer saber onde aquela imunda se enfiou, lembre-se que precisamos voltar com um corpo para ele. — Então aquilo se tratava de Cassandra, meu olhar contido de falsa calma se voltou para Kyle que saiu em direção ao quarto de sua mãe, talvez fosse buscar por ajuda.
— Ela não está aqui e duvido que tenha sobrevivido… Vamos embora! — Apelidei eles de coisa 1 e coisa 2 e quando eles se viraram em minha direção prendi a respiração.
Passos pequenos e delicados soaram pelo corredor e a porta do quarto de Addy se abriu com a garota coçando os olhos, as eles param a sua frente e quando ela levantou seus olhos, o grito foi automático e as luzes da casa se acenderam, revelando finalmente meu esconderijo.
— O que está acontecendo aqui? — Perguntei ao surgir na frente deles e Addy correu para abraçar minhas pernas.
Coisa 1 assim que me viu perdeu a cor. E o coisa 2 tossiu se engasgando com o ar.
— Pensei ter sido bastante claro, a casa do alfa não é liberada para os recém chegados. — Estava naquele momento lutando para manter meu tom de voz o mais calmo e pacífico de todos, não podia deixar eles saberem que os tinha ouvido.
— Nós os lobos puros não podemos entrar, mas esse filhote sem pai pode viver aqui? Diria que seu julgamento é completamente questionável Alfa Balan. — Coisa 1 começou a falar, porém a cotovelada que levou do coisa 2 o fez gemer em dor.
— Desculpa Senhor. Meu irmão queria ver como é a casa de um nortenho por dentro e achei que não teria problema em entrar. — Coisa 2 fez uma reverência e nesse momento arquei uma sobrancelha. Não seria preciso me exaltar com eles até porque o rosnado de Mildred fez os lustres da casa tremerem e ambos se encolheram ao ver a mulher idosa de cabelos cinzas com as narinas dilatadas.
— Guardas! — Mildred rosnou e em menos de dois segundos atrás de nós havia cerca de quatro lobos parados com os olhos treinados nos invasores.
— Escoltem eles de volta para a pousada e fiquem de olho neles, estão proibidos de saírem até mesmo para caminhar. Se necessário for, use a força. — Mildred falou por fim e ambos me olharam com certo receio.
— Vai mesmo deixar uma mulher dar ordens? Que espécie de Alfa é você? — O coisa 1 cuspiu as palavras e apenas parou quando viu o sorriso malicioso que surgiu em meus lábios.
— A casa e as pessoas que aqui moram, estão sob a proteção dela. E apenas não lido com vocês da maneira como desejo por causa das crianças, então agradeça a elas por ainda manterem a cabeça sob o pescoço. — Falei baixo ao passar minha mão por cima da cabeça de Addy e tampar seu ouvido.
Coisa 1 e 2 arregalaram os olhos após essa afirmação e antes de saírem escoltados pelos guardas não pude deixar de dar um último recado.
— Mas não se iludam, não esquecerei tudo que foi falado aqui e a falta de respeito para com a minha hospitalidade. Boa noite. — Assim que eles desceram as escadas e seu cheiro estava longe da residência peguei Addy em meu colo e que estava com o coração disparado. Meus olhos encontraram o de Kyle que parecia saber exatamente o que iria perguntar.
— Ela está bem, está no quarto da minha mãe. — Ele caminhou para olhar os demais quartos das crianças e eu respirei aliviado.
— Leve todas as crianças para dormirem no meu quarto. — Falei ao sentir os braços de Addy enrolarem ao redor do meu pescoço e ela se acomodou com a cabeça em meu ombro.
Cassandra estava parada na porta do quarto de Mildred, seu olhar assustado indica que ela talvez tenha sido a primeira a acordar com o cheiro dos invasores, passei a puxando pela mão livre enquanto segurava Addy e abri a porta do meu quarto com os pés.
— Vai dormir aqui. — Apontei para minha cama, e vi que a mesma paralisou. Eu sabia que meu quarto era grande e cabia ali sem brincar cerca de seis camas King, fora a minha enorme cama que poderia abrigar facilmente dez pessoas.
Assim que deitei Addy na cama, a pequena já estava no mundo dos sonhos e um a um as outras crianças foram entrando sob o olhar atento de Cassandra que ainda não tinha dito nenhuma palavra.
— Lembra quando prometi uma semana inteira de festa de pijama? Pois bem, vai começar hoje e todos dormiram aqui. — As crianças estavam sonolentas, mas assim que prestaram atenção em minha voz, elas correram e saltaram na cama.
— Tem certeza? — Kyle se aproximou juntamente com sua mãe e apenas concordei.
— Os guardas fizeram bem em apenas segui-los, e agora que sei que podem invadir, quero todos sob a minha proteção. Mildred me arrume um colchão para que possa descansar, ele vai ficar embaixo da janela. — Falei baixo enquanto olhava para a janela do quarto, se alguém quisesse entrar ali teria que passar por mim.
— Será providenciado. — Mildred respondeu e saiu caminhando porta a fora.
— Emir… — Cassie se aproximou segurando as mãos uma na outra, seu olhar era triste.
— Tem um segundo nome? Um nome que ninguém saiba? Se um dia resolver sair das paredes desse lugar, quero que tua verdadeira identidade seja mantida em segurança. — As palavras deixaram meus lábios com rapidez e vi que ela se assustou.
— Cassandra Aileni Baumer… — Ela respondeu falhando um pouco em sua voz.
— Eu farei o possível e impossível para te manter segura, se não estiver pronta para sair aceitarei isso, se tiver medo de conviver com os demais lobos da alcatéia, também entenderei e não te forçarei a nada, fez dessas paredes a sua fortaleza e segurança e aceito isso. Mas saiba que se um dia resolver sair, para todos os lobos fora dessas paredes será a Senhora Aileni. — falei por fim olhando dentro de seus olhos e por alguns minutos tive o pequeno vislumbre de um sorriso que surgia em seus lábios antes de algumas crianças a puxarem para dormir com eles na cama.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Fátima Ramos
É bom mesmo mudar é a conhecerem pelo segundo nome, assim está mais segura
2025-02-04
0
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
o boca grande viu Kakakakak imundo é você o língua se sapo
2024-11-03
2
JÉSSICA CRIZANTON ALVES LIMA
Kakakakak
2024-11-03
1