Estava acostumada a sujar meus pés de lamas e isso inclui sujar as mãos de sangue também, à medida que caminhava podia ver como os lobos menores estavam se encolhendo com medo, realmente as explosões não eram esperadas. Em um momento a tribo sul fechava suas fronteiras para iniciar um ataque e no momento seguinte éramos os atacados, o jogo realmente parecia virar.
Depois da reunião com os alfas aliados e a reação do pai de Cassandra, percebi que Zedekiah precisava ficar sozinho e isso me dava a oportunidade de caminhar até a tenda médica.
— Coloque isso no chá para o Alfa tomar, ele precisa dormir. — Entreguei o frasco que havia guardado em minhas vestes para uma ômega que prontamente se voltou para dentro da tenda após segurar o frasco nas mãos.
•4 anos atrás.•
— Safira tira essa ideia da cabeça. — Minha mãe gritava a plenos pulmões enquanto eu subia as escadas depois de um árduo dia no campo de treinamento.
Meu pai costumava ser o segundo no comando ao lado do Alfa Vasile, porém sua ambição e ganância o fizeram cair e como resultado ele foi condenado à morte.
— Que ideia? — Perguntei ao parar no topo da escada com um sorriso inocente nos lábios.
— Pensa que não vejo? A maneira como se insinua para o filho do Alfa Vasile… O garoto já está comprometido e não há meios de você se tornar a próxima Lua. — Minha mãe cruzou os braços enquanto jogava duras verdades em minha cara.
— Comprometido com uma garota de o que? Doze ou treze anos? Ela não tem capacidade para ser Lua e com toda certeza eu desempenharia um papel melhor. — Joguei meus cabelos para trás enquanto desaparecia no corredor para meu quarto onde um banho frio me esperava.
Minha mãe e eu somente fomos poupadas graças a bondade de Lua Lydia que me viu crescer, porém eles não sabiam o dano que causaram ao me fazer assistir a punição do meu pai. Imagina você crescer com uma figura paterna que lhe trata como princesa, que lhe dizia constantemente que o mundo ficaria aos pés e do dia para a noite ele é condenado à morte por traição e sua execução é na frente da matilha inteira.
A familia responsável pela sentença de meu pai, deveria pensar no que isso causaria em uma criança de dez anos na época. Meu caminho era um só, faria tudo que estivesse ao meu alcance para ser a lua dessa tribo.
•Dias atuais•
Um pequeno riacho corria próximo do acampamento improvisado, era o mesmo riacho onde vi minha mãe pela última vez antes de fazer com que ela bebesse um suco de laranja, é claro que foi seu último copo de suco.
— Se sentindo nostálgica? — A voz de Zedekiah me puxou da lembrança e um sorriso surgiu automaticamente em meus lábios.
— Me lembrei da minha mãe e estava imaginando como ela reagiria ao me ver como sua noiva. — Meu sorriso apenas crescia enquanto Zed me abraçava e apoiava o queixo em meu ombro direito.
— Sabe, nunca entendi porque misturar o veneno no suco de laranja? — Zed falou por fim e nesse momento franzi minha testa. Para todo o resto nós tínhamos uma máscara, eu procurava ser a boa moça que nunca na vida machucou alguém e ele o filho responsável que estava buscando colocar a matilha em primeiro lugar, mas que internamente queria fugir de um casamento forçado.
— Minha mãe sempre soube a filha que tinha, e sabia do que eu era capaz… Ela bebeu o suco porque quis. — Me calei naquele momento pois a brisa trazia um aroma desconhecido no ar, não estávamos sozinhos ali e quando o som de galhos se quebraram minha loba estava pronta para lutar.
— Relaxa, meus visitantes chegaram. — Zed sussurrou em meu ouvido, ele me soltou caminhando até a beira do rio onde dois homens surgiram. Eles eram altos, musculosos e tinham olhos castanhos, os irmãos Costa.
— Aqui está a foto do lobo, o alvo é o seu filhote. Não me interessa para onde irá levá-lo, desde que o descarte seja aos arredores da tribo do norte. — Zed retirava uma foto do bolso e entregava aos irmãos, nesse momento entendi que ele estava seguindo com seu passo de castigar Lucian. Isso me fez voltar a imagem de uma loba anciã que tinha encontrado em meu aniversário de dezessete anos.
“Se continuar nesse caminho não terá felicidade, somente amargura e o imenso desejo de morrer todos os dias.” A velha me disse e da mesma forma que ela apareceu, sumiu.
Por alguns minutos minha consciência chegou a acusar que tudo aquilo era errado, Zed deveria se casar com Cassandra, eu deveria ser uma boa amiga da futura Lua. Claro, ainda tinha um pouco de humanidade em mim, até mesmo quando esbarrei com Cassandra no festival do luar quando ela tinha treze anos, inocente e com sorriso angelical, senti pena do que ela passaria nas mãos dele. Sempre soube que Zed tinha um lado sombrio, Cassandra deveria me agradecer no fim.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Valdercina Rodrigues
Tomara que esse casal de malvados sofra as consequências, que a Cá Sandra seja feliz.
2025-02-10
0
Fátima Ramos
O canalha vai mandar raptar o filho de luciam para culpar emir
2025-02-04
0
Joelma Oliveira
ficou traumatizada c a morte do pai que matou a própria mãe... tadinha dela gente!
2024-11-28
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