Cap. 17

Helena

Assim que cheguei ao meu apartamento foi direto para o banho me lembrando do Julian. Ele também foi vítima de violência doméstica que visto deixou marcas na sua personalidade. Talvez seja por isso que ele teve tantos problemas com a Marie e agia como um assediador. Lembro que disse que ele pode mudar, sendo que eu não acredito nisso, eu sinto que menti para o Julian naquele momento, mas era necessário ele não estava bem... Julian não parece ser alguém violento, mas o seu passado o condena... tenho que parar de pensar nele.

Ao sair do banho vesti uma roupa quente e confortável e nos s pés calcei uma meia para aquece-los. Apesar de ter parado de chover, o dia continuava frio.  Após passar a noite  sentada em uma poltrona sinto que preciso de uma cama quente e confortável. Sobre a minha cama estava o moletom do Julian. E uma peça quente e confortável. Gostei quando ele teve a sensibilidade de buscar o agasalho para mim. Deitei ao lado do agassalho do Julian  sentindo o seu cheiro impregnado na peça.

_ Não sei o que aconteceu... eu pensei que ele fosse me beijar. Digo tocando os meus lábios com as pontas dos dedos constatando que desejei ser beijada por ele naquele moment, sentindo o meu coração disparar, a boca fiar seca esperando o contato da boca dele que não aconteceu._ Não, nao eu estou me apaixonando por ele... é apenas carência, pena,  fragilidade... sei lá, tudo menos  paixão. Digo balançando a cabeça negativamente me virando na cama e fechando os olhos,agradecendo em seguida. Acordei no início da tarde abraçada ao agasalho dele.

_ Será que ele está bem? Se eu tivesse o número dele poderia ligar e saber como ele está. Eu continuava pensando no Julian, a crise emocional que ele teve ontem foi grave, espero que ele esteja bem. Mesmo tentando me distrair com outras coisas, passei o restante do dia pensando no Julian, preocupada com o seu estado mental.

O domingo amanheceu ensolarado, e eu pensei até em ligar para a Marie em busca de alguma notícia do Julian. Por várias vezes peguei o telefone, mas desisti de ligar, afinal temos apenas uma relação de trabalho, não devo me preocupar com a sua vida pessoal.

Quanto mais esforçava para esquecer o Julian, mais ele insistia em ocupar meus pensamentos...essa inquietação que ele provoca em mim somente desapareceria se eu descobrisse como ele estava. Meus olhos se fixaram no agasalho do Julian sobre a cama, e uma ideia surgiu em minha mente: eu poderia ir até seu apartamento com a desculpa de devolver a peça de roupa, e assim conseguiria saber como ele estava.

_ É desculpa perfeita... digo indo ao meu guarda roupas escolhendo algo para vestir, sairia de casa imediatamente. Depois de me trocar, olhei me  espelho avaliando a roupa que havia escolhido. Estava usando um vestido floral tamanho midi que eu sempre gostei de usar, mas que fazia muito tempo que eu nao usava, e o vestido combinava bem com uma jaqueta de sarja preta. Nos pés, calcei um tênis confortável. Soltei os cabelos, e de repente percebi que estava passando perfume como se tivesse me preparando para um encontro, mas eu estava indo apenas devolver um agasalho.

Gastei  pouco mais de 30 minutos até o edifício onde o Julian morava.  Parei em frente à portaria em dúvida se estar certo ali era certo.

_   Oi moça, o Julian está em casa, vamos entre. Disse porteiro era o mesmo que estava trabalhando na sexta-feira quando cheguei acompanhando o Julian, e pelo visto ele havia me reconhecido abrindo o portão para eu entrar.

_ Obrigada...Agradeço ao passar pelo portão e me dirigindo ao elevador, ainda indecisa sobre subir ou não. "Ainda há tempo para desistir, Helena", penso, mas me questiono se o porteiro o avisou de que estou aqui. Essa dúvida me impede de ir embora. Por fim, pressiono o botão do andar onde Julian mora, com a sensação de que a porta do elevador se fechou mais rápido do que o normal.

Ao descer do elevador, percebo que a porta do apartamento de Julian continua fechada. Parece que o porteiro não o informou de que estou aqui. Caminho lentamente em direção à porta, reunindo coragem para tocar a campainha.

Demorou uns segundos para Julian abrir a porta. Aparentemente ele ficou surpreso ao me ver. Ele estava  vestido com a bermuda preta e uma camiseta branca, o seu semblante parecia cansado como se ele não tivevesse dormido nada na noite anterior.

_ Bom dia... atrabalho? Pergunto tímida sentindo sobre o seu olhar curioso sobre mim, sentindo o seu cheiro mesmo sem me aproximar dele.

_ Bom dia... não, você não me atrapalhar, entre. Respondeu Julian dando passagem para mim.

_  Eu trouxe seu agasalho... E gostaria de saber se você está bem... Pensei em te ligar, mas não sei o seu número. Falo nervosa.

_Obrigado, mas não precisava se preocupar comigo. E quanto a estar bem,   e eu estou bem na medida do possível...  sente-se Helena. Nos sentamos no sofá de frente um para o outro. _ Essa noite eu não consegui dormir... todas vezes que fechei os olhos eu me lembrava da minha mãe pensando no quanto ela sofreu por causa do meu pai... Depois pensei na Marie que quase perdeu a vida por causa dele... E pensei em você... Revelou fazendo um frio percorrer a minha espinha.

_ Você precisa de tempo... somente com o tempo voce vai conseguir guardar essas memórias em lugar  na sua mente sem acessá-las todo dia... é difícil? É! Eu precisei de muito tempo, de ajuda especializada talvez pode ser bom para você... conversar com um psicólogo...

_ Pode ser bom... Falou cabisbaixo enquanto eu comecei a sentir um cheiro de queimado se espalhar pela sala.

_  Julian, acho que tem alguma panela queimando na cozinha.

_  O meu almoço... falou correndo para cozinha que já estava toda esfumaçada.

Segui o Julian até a cozinha me deparando com a panela completamente queimada.

_  O meu macarrão... Disse Julian desligando o fogo da panela. _ Esqueci que a panela está ligada. Julian abriu a janela para que a fumaça saisse.

_ Desculpa, eu cheguei em hora imprópria. Peço sabendo que fui o motivo da sua distração.

_ A culpa não é sua, eu estava esquentando o macarrão e esqueci completamente que ele poderia queimar. Sou uma negação na cozinha, a Marie vai ter trabalho para me ensinar a fazer qualquer coisa.

_  Está aprendendo a cozinhar com a Marie?

_  Ontem ela esteve aqui e disse que vai me ensinar a cozinhar pelo menos o básico. Ela deve saber que eu estou vivendo a base de sanduíche e biscoito quando estou em casa.

_  Como  eu fiz você queimar o seu almoço, posso te ensinar alguma coisa, claro se voce quiser. Não sou a melhor cozinheira, mas não sei fazer algumas coisas.

_ Helena, não quero te dar trabalho...

_ Eu estou me oferencendo, não esta me dando trabalho.  Falo tirando a minha jaqueta e prendendo o cabelo. _  o que você gostaria de comer?

_  A geladeira  é a  despensa estão cheias, pode fazer o que quiser, algo que gosta de comer.

_ Vamos ver então o que eu faço. Falo sorrindo me sentindo bem ao cozinhar para ele. Quansi saí de casa estava sem fome, mas agora penso em fazer companhia para ele durante o almoço. _ Gosta da strogonoff? Perguntou ao verificar os ingredientes na geladeira e na despensa.

_ Gosto. Mas me dia em que posso te ajudar? Se ofereceu Julian.

_ Bom, pode lavar as verduras e legumes que vamos usar. Digo olhando para ele que sorri.

_ Acho que isso eu sei fazer. Falou se aproximando de mim sem desviar o olhar. _ Helena, posso te fazer uma pergunta?

_ Claro… respondo gaguejando sem imaginar qual seria a sua pergunta.

_ Por que você chorou aquele dia na minha sala? Eu realmente não te machuquei?

_ Não, você não me machucou, eu apenas lembrei de algo ruim quando segurou os meus pulsos. Respondi a sua pergunta vendo ele olhar para as minhas mãos.

_ Eu não queria…

_Eu sei… não vamos lembrar disso, vamos esquecer o que nos faz mal, pelo menos por agora

_ Mais uma vez você tem razão... vou começar a lavar as verduras. Disse se afastando. Comecei a fazer o preparo dos ingredientes que utilizaria no strogonoff, e eu e o Julian continuamos a conversar sobre , sobre assusntos do dia a dia, e de vez enquanto trocávamos olhares... Era bom estar com o Julian, eu me sentia confortável ao seu lado e não sentia medo... o que é estranho...

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