Cap. 12

Helena

A conversa que a Marie queria ter comigo era sobre o Julian. Ela estava preocupada com ele, pensando que ele poderia ter brigado com alguem. Por isso foi bom contar para a Marie que fui eu quem o machuquei. Enquanto eu estava nervosa ao revelar o que aconteceu, ela apenas achou graça.

Agora o que está me deixando preocupada, é saber que amanhã tenho que estar na reunião da empresa com o Julian, espero estar mais calma quando chegar a hora, tenho que me acostumar com esse tipo de situação, afinal se eu quero crescer profissionalmente, tenho que enfrentar todos os desafios que surgirem, eles não podem fazer com que eu desista dos meus objetivos.

Voltando para casa passei no supermercado, pois precisava comprar umas coisas que estão faltando em casa. Voltei a pé, adoro caminhar pelas ruas, antes sentia medo do meu ex aparecer e na sua cabeça eu estar fazendo algo errado, o que seria suficiente para ele começar a me humilhar e me agredir na rua.

Depois de tomar banho e jantar, comecei a olhar as minhas roupas no guarda roupa, acho que tenho que me vestir bem para a reunião. Ainda guardo as minhas roupas antigas, as que eu gostava de vestir, mas que por causa do Otávio parei de usar. Experimentei algumas roupas e elas ficaram bem em mim, mas não sei se devo voltar a usá-las... não quero chamar a atenção de ninguém.

Acordei no dia seguinte e novamente vesti uma calça larga e um camisa branca de mangas compridas. Pensei em soltar o cabelo, mas desisti e fiz um coque.

Quando cheguei a empresa, Julian já estava na sua sala, pelo visto ele está concentrando no trabalho. Paro de olhar para a porta da sua sala quando ela se abre.

_ Bom dia, está pronta para a reunião Helena? Perguntou se aproximando de mim.

_ Bom dia... estou nervosa, mas farei o meu trabalho da melhor forma possível.

_ Como eu disse ontem, é como se eu estivesse começando a trabalhar agora, e sei que dever ser assim para você também, que quer cumprir bem a sua função, por isso não tenha medo, vamos acertar e errar, faz parte do aprendizado do aperfeiçoamento pessoal e profissional. Vamos cooperar um com outro e tudo ficará bem, ok?

Julian está certo... vejo que assim com eu, ele também se sente um pouco perdido.

_ Você tem razão, ter medo só me atrapalha.

_ Nos atrapalha… Temos um acordo de cooperação? Perguntou estendo a mão para mim. Olhei para a sua mão e dessa vez  eu não recusei aperta-la. A mão do Julian é quente e macia e vi querer surgir no seu lábio um sorriso... e novamente senti algo estranho, e eu ainda não sei definir o que é.

Nos olhamos nos olhos, e eu não senti medo dele... me pergunto como é possível hoje ele parecer mais bonito do que quando nos conhecemos a três dias. _ Às nove e cinquenta vamos para a sala de reuniões, então esteja pronta. Falou Julian cortando os meus pensamentos.

_ Está bem, eu estarei pronta. Finalmente ele soltou a minha mão que logo ficou fria, apesar da minha aparente calma, por dentro eu estava um turbilhão de emoções.

Por volta das nove e meia, Sofia chegou a empresa empurrando o carrinho de bebê da filha.

_ Bom dia Helena. Cumprimentou Sofia.

_ Bom dia, você vai participar da reunião.

_ Não, hoje eu não preciso estar na reunião, vou trabalhar na minha sala e cuidar dessa mocinha que quase não dorme durante o dia.

_ A sol está linda.

_ Eu sou suspeita para falar, mas a minha menina é linda.

_ Eu posso pega-la? Pergunto, pois amo o cheiro que tem os bebês.

_ Claro, a sol ama colo... Sorri pegando a sol no carrinho sem perceber que ela segurava um pedaço de fruta que foi parar direto na minha camisa.

_ Desculpa, devia ter lembrado que dei  a Sol um pedaço de fruta gelada para aliviar o incomodo dos nascimentos dos dentinhos.  Falou Sofia olhando para a minha blusa suja. _ Você vai participar da reunião?

_ Sim, mas não se preocupe, vou ao banheiro ver o que posso fazer com essa mancha. Digo colocando Sol no carrinho e ela choraminga querendo voltar para o meu colo.

_ Helena, mancha em roupa branca só sai lavando toda a peça. Vamos a minha sala, acho tenho algumas peças piloto que servirão em você.

_ Não quero incomodar.

_ Não está incomodando, e a culpa foi minha por esquecer que dei a fruta para a Sol. Disse Sofia me levando para a sua sala. No caminho encontramos com Heitor que nos cumprimentou.

_ Oi Sol do papai... Falou se curvando sobre o carrinho com a intenção de pegar a filha.

_ Amor, ela está com a mãozinha suja, acabou de sujar a Helena, então não pegue ela agora, senão vai ter que trocar de roupa para a reunião.

_ Hummm papai vai dar um cheiro na menina mais bonita do mundo, e assim que a reunião acabar ele voltará correndo para cuidar de você. Sol sorriu para Heitor que conversava com ela.

_ Amor, preciso que nos dê licença, tenho que ajudar a Helena a se trocar.

_ Está bem, nos vemos depois da reunião. Heitor se despediu de Sofia com um selinho . Assim que chegamos a sala de Sofia, ela foi a arara de roupas e começou a separar algumas peças.

_ Vamos ver o que fica bom em você. Falou separando alguns blazers e umas camisas.

_ Sofia só o blazer esta bom.

_ Não combinam... já sei. Falou abrindo a bolsa e tirando um saquinho de tecido. _ Tenho essa regata, sempre tenho alguma peça de roupa de reserva na bolsa, o que aconteceu com você vive acontecendo comigo e com o Heitor. Falou me entregando a regata branca. _ Essa peça ficará perfeita em você.

_ Sofia...

_ Anda, vista. Falta pouco para a reunião, e para combinar, você usar esse blazer acinturado. Falou me incentivando a vestir as peças. Troquei de roupa e realmente as peças ficaram bem no meu corpo e eu me senti bonita, mas logo fiquei insegura . _ Nossa, você tem o corpo lindo. Sofia me elogiou.

_ Obrigada... mas eu não quero a atenção com essa roupa.

_Helena, você é linda, e não deve pensar dessa forma. Olha, o que importa e se você está se sentindo bem com essa roupa, não se vai chamar a atenção de alguém. Eu conheço a sua historia, sei pelo que passou ao lado de um homem ciumento, possessivo e violento, mas acabou, e você sabe que aconteceu não foi por causa da forma como você se vestia... Mas se você não estiver se sentindo confortável, podemos ver outras opções.

Sofia tinha razão, Otávio não me tratava daquela forma por causa das minha roupas, e sim porque ele me via como um objeto que ele poderia usar da forma que quisesse, era como se ele fosse meu dono e eu tinha que obedecer cegamente. Ao seu lado eu não tinha opinião, só a dele valia, e se eu o contrariasse… Eu não vou viver mais o passado.

_ Você tem razão... eu não devo continuar refém do meu passado. Digo disposta a continuar com a roupa que Sofia escolheu para mim.

_ Que bom, agora vamos soltar esse cabelo e você já estará pronta para a reunião. Não tive tempo para dizer não, Sofia soltou o meu cabelo ajeitando ele com as mão. Será que eu realmente consigo ir para a sala de reuniões assim? Questiono sentindo um friozinho na barriga.

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