Cap. 6

Helena

Vergonha… é a única coisa que consigo sentir agora, e para dizer a verdade, sinto muita vergonha. Vergonha por ter dando um soco no Julian mesmo que seja sem querer, e vergonha por ter perdido o controle. Quando ele segurou o meu braço daquela forma disparou um gatilho na minha mente, e de repente e foi como se eu revivesse o meu passado. O que ele deve estar pensando sobre mim? Que agi assim para disfarçar o soco que dei nele ou que sou uma desequilibrada? Não sei… mas o estranho é que ele permanece aqui ao meu lado.

Já tem mais ou menos uma hora que tudo aconteceu, e quando eu finalmente consegui retomar o controle do meu corpo ele me ajudou a tomar água, e eu não consegui agradecer o seu gesto. Toco o seu rosto sentindo a sua pele macia e firme, vendo que onde eu bati com a mão está vermelho, mas parece que não passará disso, afinal eu não tenho tanta força assim.  Ficamos sentados no chão durante algum tempo, Julian até se ofereceu para me ajudar a levantar, mas eu recusei a sua ajuda pois sei que as minhas pernas ainda estavam fracas. Assim que ele começou a cochilar eu finalmente consegui me levantar sai da sala sem fazer barulho.

Fui ao banheiro, lavei o meu rosto e prendi o meu cabelo, me encarando no espelho.

_ Você é forte Helena. Digo antes de voltar para a minha mesa onde tentou fazer qualquer coisa que me ajudasse esquecer o que havia acontecido. Eu não devia mais sentir tanto medo, eu não devia ter mais esses tipo gatilho…

Respiro devagar e conto ate dez várias vez tentando me acalmar.

Escutei a porta da sala do Julian se abrir e ele saiu, sei que olhou para mim mas fingi que estava fazendo  algo importante e ele  passou direto me deixando menos tensa, e fiz  mesma coisa quando ele voltou.

Passei a tarde inteira da mesma forma que passei a manhã, sem fazer nada.

_ Pelo menos já é hora de ir embora. Digo quando vendo o relógio marcar  dezessete horas em ponto. Levanto pegando a minha bolsa sentindo uma forte tontura. Escoro na mesa para não cair. Isso que dá passar o dia inteiro sem me alimentar. Depois que aconteceu na sala do Julian perdi completamente o apetite e estou ate agora sem comer nada. Tomo um gole de água tentando me recompor e assim que me sinto melhor vou embora pensando no macarrão a bolonhesa que vou fazer para o jantar. Comerei dois pratos bem cheios para compensar o que eu não comi ate agora, imagina, se eu comer uma porção ficarei satisfeita. Assim que cheguei a rua me senti tonta novamente e … tudo começou a girar...  as minhas ficaram escuras , eu não vejo mais nada…

Acordo ainda um pouco tonta, sei que desmaiei mas não sei onde estou. Abro  os olhos vendo o teto branco, ao meu lado um suporte com um frasco de soro quase no fim. Olho para o meu braço esquerdo vendo o acesso por onde estou recebendo o soro na veia. Quem será que me trouxe para cá? Já estive tantas vezes no hospital que não gosto das lembranças que tenho quando estou aqui.

_ Detesto hospital…

_ Você acordou? Assusto ao escutar a voz grave de um homem, e essa voz e do...

Julian… Olho e vejo o Julian sentado ao lado da cama. O que você está fazendo aqui?

_ Te encontrei desmaiada na rua, só um momento. Respondeu saindo da enfermaria do hospital que estava cheia. Tentei me sentar e percebi que a minha blusa está com alguns botões abertos, provavelmente eles foram abertos quando  fui examinada pelo médico.

Será que ele estava aqui na hora e viu a minha cicatriz? Ela é horrível… Meus pensamentos são cortados com a chegada do Julian acompanhado por uma médica.

_ Helena… boa noite, eu sou a doutora Luiza e estou fazendo o seu atendimento . Cumprimentou a médica olhando para a minha ficha.

_ Boa noite, eu já posso ir embora? Pergunto me sentando.

_ Já estou com o resultado do seus exames. Quando você ao hospital, as sua pressão pressão baixa  assim como a sua a glicose, estamos investigando se foi por isso que você desmaiou. Você está tomando soro glicosado e assim que ele acabar,  vamos medir a sua glicose e se ela já estiver normalizado eu vou te dar alta. Você já teve outros desmaios como esse, é diabética?

_ Não, mas eu sei porque desmaiei… Respondo me entregando.

_ Por que você desmaiou? Perguntou a médica me olhando atentamente

Doutora, eu não comi nada até agora… Revelo desviando o olhar. Então, como a senhora já sabe o aconteceu, então pode me dar alta. Falo mostrando o braço para que ela tire o acesso.

_ Como disse vou medir a sua glicose, e se ela já estiver normalizada vou te liberar. E quanto a você, não deixe a sua namorada fazer essas dietas malucas, ela já está magra demais. Falou a médica que se dirigiu ao Julian. Sinto a minha cara queimar de vergonha. Se já não bastasse o que aconteceu na empresa quando eu acertei o olho dele com um soco, agora vem a médica pensando que ele é meu namorado.

_ Doutora… tentou dizer que ele não é meu namorado, mas Julian se adianta.

_ Não somos namorados, apenas trabalhamos juntos. E assim que sairmos do hospital garanto que ela fará uma refeição. Disse à médica que olhou novamente para mim. Observo ela pegar aquela caneta de furar o dedo para medir a glicose, segurando a minha mão para fazer a medição.

_ A sua glicose está normal, vou liberar você. Helena, você é jovem, tem que se cuidar, não brinque com a sua saúde. Vou pedir a enfermeira para te tirar o acesso. Disse a médica saindo da enfermaria me deixando com Julian.

Escutou o que a médica disse. Se aproximou me ajudando a descer da cama., e a sua mão estava tão quente… Tentei prender o meu cabelo mas não consegui por causa do acesso venoso. Seu cabelo é bonito. Elogiou Julian amarrando o meu cabelo com o elástico que antes prendia o meu coque me fazendo sentir algo estranho, fazendo o meu coração ter um sobressalto me assustando._ Eu tive que mexer na sua bolsa para pegar um documento de identificação.

_ Está bem...Obrigada pela ajuda. Enfim agradeci ele que voltou a se sentar.

Demorou mais de  meia hora para que a médica voltasse para me liberar. Durante esse tempo, Julian ficou em mexendo no celular sem conversar comigo. Não acho ruim a sua postura /,e para falar a verdade, eu já esperava agisse assim.

_ Vamos. Chamou Julian enquanto eu estava distraída pensando nele. Caminhamos até o estacionamento, e eu não sei o que estou fazendo atrás dele, afinal  tem um ponto de ônibus em frente ao hospital, não preciso que me leve até em casa.

_ Julian… tento falar com ele.

_ O que aconteceu? Perguntou se virando para mim.

_Eu… eh…, tem um ponto de ônibus logo ali, não quero te incomodar mais do que eu já incomodei hoje,  está tarde…

_ Helena, vamos... eu não costumo muito me importar com as pessoas...  como trabalhamos na mesma empresa você deve saber disso e de muito mais ao meu respeito, imagino que alguém já te falou sobre mim, mas hoje eu não vou deixar você andando sozinha por aí, ainda mais depois de passar mal duas vezes em um só dia.

_ Mas…

_ Nada de mas. Falou abrindo a porta do carona para que eu entrasse. Hesitei por alguns segundos até que finalmente entrei no carro sentindo um pouco de medo, e prova disso é que as minhas mãos começaram  a tremer um pouco.

_ Eu moro na região nordeste, se você pegar aquela saída…

_ Depois você me passa o seu endereço, primeiro vamos jantar, hoje eu também não almocei, e agora estou com fome.

_ Ai meu Deus...  não precisa me levar para comer, pare esse carro...

_ Nada disso, falei para a médica que você comeria assim que saísse do hospital, estou apenas cumprindo a minha palavra. Disse seguindo sem olhar para mim, pois se olhasse, veria na minha cara como estou assustada.

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Comments

Fernanda Figueiroa

Fernanda Figueiroa

tadinha tudo assusta ela. muito sofrimento que passou

2023-12-18

15

Luiza Freitas

Luiza Freitas

Ela tá muito machucada pelo passado tem medo de tudo😞😞😞

2023-09-20

5

Rafaella Oliveira

Rafaella Oliveira

estou ansiosa pra ler

2023-07-04

3

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