Cap. 4

Helena

Ufa! Coloco a mão no peito conseguindo respirar aliviada depois que sai da sala dele. Consegui sobreviver ao primeiro contato com aquele homem, pensei que fosse enfartar na hora que olhava descaradamente para as minhas roupas. Provavelmente aquele demônio  está agora zombando de mim, pela forma como visto. Claro, ele  está acostumado com pessoas como ele, ricas, bonitas e que se vestem bem, enquanto eu perdi toda alto estima e vaidade já tive uma dia.

Como eu tinha muito medo das atitudes do meu ex namorado, passei a vestir dessa forma tentando não despertar a sua ira, e até hoje não consegui me desfazer dessa hábito, não uso maquiagem e até o meu cabelo sofre preso em um coque todos os dias. Talvez se eu cortar o cabelo me sinta melhor... talvez seja esse o primeiro passo para que eu comece a me cuidar mais.

Conversando com a terapeuta que me acompanha há alguns meses, ela disse o meu comportamento ainda é reflexo do medo que sentia do Otávio que por ciúmes exigia que eu me vestisse assim, que prendesse o meu cabelo, e eu não podia usar sequer um batom que ele dizia que eu estava me oferecendo para outros homens. Ela disse que eu tenho medo de tudo se repetir, e que por isso continuo me comportando como se o Otávio ainda estivesse perto de mim e controlando a minha vida.  Talvez ela tenha razão...sei que preciso me cuidar, estar bem comigo mesma, pois quando me olho no espelho assim, me sinto uma estranha.

_ Quem sabe um dia desses eu vou ao salão cortar o meu cabelo… Procrastinação deveria ser o meu sobrenome, , preciso  fazer tantas coisas, mas estou sempre deixando para depois.  Vou para minha mesa e fico esperando o tal Julian solicitar algo, enquanto isso começo a pesquisar alguns cursos de aperfeiçoamento profissional. Tenho vontade de me qualificar, quem sabe fazer um curso de idiomas, também quero preparar para o vestibular, mas ainda não sei que o quero estudar. Estou recomeçando a viver, tentando descobrir quem sou de verdade, pensei que esse processo seria mais rápido e fácil, mas não é.

As horas vão passando lentamente, e eu estou com sono e um pouco entediada, pois passei a manhã inteira a toa. Julian até agora não precisou de mim, não recebeu nenhuma ligação, e não saiu da sua sala para nada. A única coisa que ele fez foi falar sozinho, e pelo visto ele estava bravo,  e eu não faço ideia com quem ou porque ele está bravo. Talvez o Julian não esta  satisfeito por voltar a trabalhar. Fiquei sabendo que ele praticamente não trabalhava na  época que o pai gerenciava a empresa e que gostava de mandar nos outros funcionários como se ele fosse o dono. Mas agora a realidade é outra... Ah, tenho que parar de fazer  suposições e pensar nele e focar apenas no meu trabalho.

Quando eu trabalhava como recepcionista, não via o tempo passar por causa do grande movimento das pessoas entrando e saindo na empresa. A única coisa que me incomodava era a forma como alguns homens olhavam para mim, como se eu fosse um pedaço de carne...  chego a sentir um arrepio ruim só de lembrar. Helena esqueça isso... mentalizo varias vezes.

Olho para o relógio pendurado na parede e vejo que já  passou de meio dia. O meu estomago começou a roncar com fome. Pela manhã sai de casa atrasada e por isso não consegui tomar café da manhã e sequer trouxe algo para fazer um lance no meio da manhã. No entorno da empresa tem algumas lanchonetes, e tem até uma padaria na esquina, mas eu não tive vontade de sair do trabalho para comprar um lanche mesmo com fome.

Sei que tenho que cuidar melhor da minha alimentação pois  perdi muito peso depois do aborto... foi difícil superar tudo o que aconteceu,  e eu quase perdi a minha vida para a depressão que tomou conta de mim naquela época... É isso é outra coisa que não gosto de lembrar.

Pego a minha carteira na bolsa e decido sair para almoçar, dou alguns passos em direção ao elevador e paro. Será que  devo ou não avisar  para o Julian que vou fazer o meu horário de almoço agora? Na dúvida, resolvo ir à sala dele para avisar que estava saindo.

_ É melhor avisar, assim evito qualquer problema com ele. Paro em frente a sala de Julian, levanto a mão para bater na porta antes de entrar. Escutei o meu nome ser chamado e parei com a mão encostada na porta sem bater olhando na direção do elevador

_ Quer almoçar comigo? Quem chamou o meu nome foi a Ana, ela que trabalha Rh da empresa. Costumamos almoçar no mesmo restaurante e ao me ver ele fez o convite, evitando que a porta do elevador se fechasse para descermos juntas.

_Ana eu preciso avisar o meu chefe que vou almoçar agora, você poderia me espera na recepção da empresa?

_ Está bem.

_ Mas se eu demorar mais que cinco minutos para descer, não precisa me esperar. Falei pois não sei o que o Julian vai dizer. Ana disse ok liberando a porta do elevador que se fechou. Concluo o movimento de bater na porta sem perceber que ela estava aberta e acerto em cheio um soco no olho do Julian.

_ O meu olho… Gritou Julian levando a mão ao rosto dando um passo para trás.

Levo as mãos a boca assustada com  o que eu fiz, pelo visto vou durar pouco tempo como secretária dele.

_Desculpa... Eu te machuquei? Está doendo muito? Pergunto me aproximando de Julian tendo ver tamanho do estrago que da pancada que dei no olho dele. No meu desespero, acabei tropeçando na cadeira e caindo sobre Julian que não consegui impedir a nossa queda. Ele caiu de costas no chão e eu sobre ele. O impacto da queda fez o meu cabelo se soltar e cobrir o meu rosto.

_ Desculpa, desculpa… tento me desculpar assustada pelo que eu fiz.

_ Por favor pare de se mexer. Pede Julian segurando os meus pulsos fazendo o meu corpo começar a tremer... Quando Julian segurou os meus pulsos imediatamente lembrei do  Otavio... de  todas as vezes que ele me segurava dessa forma antes de me agredir.

_ Não faça nada comigo… Peço totalmente sem controle.

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Se eu chegar do trabalho cedo postarei mais capítulos a noite.

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