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Criminally

Capítulo 1

A brisa suave do mar envolve a Praia de Ponta Negra, em Natal, Rio Grande do Norte, onde Eliza encontra seu refúgio. Com o sol tingindo o horizonte de tons dourados, ela se dedica ao seu ritual familiar: escrever cartas, colocá-las dentro de garrafas e lançá-las ao oceano. Enquanto Eliza concentra-se em sua tarefa, Gustavo, seu companheiro de vida, se aproxima com curiosidade.

— Você está aí de novo, jogando cartas no mar —, comenta Gustavo.

— É o meu passatempo. Me ajuda a relaxar —, responde Eliza, sorrindo de leve.

Gustavo reconhece a rotina de Eliza e indaga sobre o conteúdo das cartas.

— O que você tanto escreve? —, questiona ele.

— Um dia você vai saber —, responde misteriosamente Eliza.

Gustavo, impaciente, insiste em saber mais, mas Eliza desvia o assunto, lembrando-o de suas responsabilidades.

— Você não devia estar ajudando a Tia a vender água de coco? —, lembra Eliza.

Gustavo reluta, reclamando da persistência da tia, mas Eliza o lembra do amor e cuidado que ela sempre demonstrou por eles.

— Então vamos ajudá-la —, sugere Eliza, e Gustavo concorda, decidido a apoiar sua tia.

Juntos, eles deixam a praia para cumprir seus deveres familiares, enquanto as ondas continuam a embalar as cartas lançadas ao mar, levando consigo os segredos e esperanças de Eliza.

O sol começava a se pôr sobre a tranquila praia de Ponta Negra, pintando o céu de tons dourados enquanto as ondas preguiçosas lambiam a areia. Gustavo e Eliza, com sorrisos radiantes, caminhavam em direção ao quiosque onde a tia Carol os aguardava.

— Ainda bem que vocês chegaram! —, exclamou Carol, aliviada, enquanto ajustava as cadeiras.

Eliza arqueou as sobrancelhas: — Por quê? O movimento hoje não está fraco?

Carol balançou a cabeça: — Não está. Daqui a pouco todos os gringos estarão chegando!

— Que bom! Vamos vender muita água —, respondeu Eliza animada.

— Graças a Deus... —, murmurou Carol, um leve sorriso de gratidão nos lábios.

De repente, Carol se virou para Gustavo: — Gustavoo? — ela chama.

Ele respondeu prontamente: — Oi tia... estou aqui.

— Eu quero que você vá lá em casa correndo e pegue o dinheiro trocado que esqueci de trazer — disse Carol.

— Tudo bem, tia! Eu volto já —, concordou Gustavo, partindo apressadamente em direção à casa da tia.

O sol derramava seus últimos raios sobre a paisagem enquanto Gustavo se debatia com a decisão que mudaria sua vida. A cada passo na direção da casa, o eco dos próprios pensamentos martelava em seus ouvidos, ecoando suas incertezas. O ar pesado da noite parecia carregar uma carga de tensão que ele mal conseguia suportar. Mas a determinação o impelia adiante.

A porta rangia quando Gustavo a empurrou com cuidado, como se cada rangido pudesse trair sua presença. Cada respiração era um lembrete constante de que estava arriscando tudo. Dentro da casa, os minutos pareciam se arrastar enquanto ele se movia em direção ao quarto da tia, guiado por uma força que ele não podia entender.

— Preciso fazer isso —, sussurrou para si mesmo, suas palavras ecoando vazias no silêncio opressivo.

O quarto estava mergulhado na escuridão quando Gustavo avançou, seus dedos tateando o móvel em busca do que veio buscar. As mãos tremeram quando encontraram o dinheiro, mas algo mais capturou sua atenção: uma carta, escondida entre as notas, como um tesouro esquecido. O papel enrugado parecia pulsar com energia, chamando por ele.

— O que é isso? — Gustavo murmurou para o vazio, seu coração acelerando enquanto desdobrava o conteúdo proibido.

A caligrafia familiar de sua mãe saltou das páginas amareladas, envolvendo-o em um abraço há muito tempo desejado. As palavras contidas ali eram como uma revelação, iluminando os cantos escuros de sua mente com uma luz cruamente honesta. "Era uma carta de sua mãe."

As lágrimas borbulharam em seus olhos enquanto ele absorvia cada palavra, cada linha preenchendo uma lacuna em sua história que ele nem sabia que existia. A verdade estava ali, diante dele, desvendando os segredos e mentiras que haviam moldado sua vida.

— Por que minha tia escondeu isso de mim? — ele sussurrou, sua voz uma mistura de dor e indignação.

O mundo de Gustavo girava em torno da carta, girando em uma espiral de emoções conflitantes. Ele percebeu então que sua busca pelo dinheiro era apenas um prelúdio para uma jornada muito maior, uma busca pela verdade que o levaria pelos recantos mais sombrios de sua própria história.

— Eu preciso descobrir o que mais estão escondendo de mim —, ele murmurou, a determinação arrebatadora em sua voz ecoando no vazio do quarto.

Com a carta firmemente em suas mãos, Gustavo estava pronto para enfrentar o desconhecido, para desvendar os segredos que sua família havia mantido ocultos por tanto tempo. E assim, com cada passo adiante, ele se aproximava cada vez mais da verdade que havia sido negada a ele por tanto tempo.

A brisa suave acariciava a areia dourada da praia de Ponta Negra, enquanto o sol se punha no horizonte, tingindo o céu de tons avermelhados. No agitado quiosque à beira-mar, Carol olhava ansiosamente ao redor, preocupada com a demora do seu sobrinho.

— O seu irmão está demorando muito —, murmurou Carol para sua sobrinha, Eliza, cujos olhos estavam fixos no horizonte.

Eliza, com um sorriso tranquilizador, respondeu: — Vá atrás dele, que eu cuido daqui, tia.

Com um aceno de cabeça, Carol se apressou em direção à praia, determinada a encontrar Gustavo antes que a noite caísse completamente. Enquanto isso, Eliza permaneceu no quiosque, observando as ondas quebrarem suavemente na costa, sem perceber as sombras misteriosas que se aproximavam da praia.

Minutos depois, Carol chegou em casa, exausta após um longo dia de trabalho. Seu coração pesava com o peso dos segredos que carregava. Ao entrar no quarto, encontrou Gustavo, seu sobrinho, com um olhar furioso.

— Ei, menino, que demora é essa? — perguntou Carol, tentando disfarçar a ansiedade em sua voz.

Gustavo não perdeu tempo e acusou: — Você é uma mentirosa! Por que está escondendo a carta da minha mãe?

— Por favor, acalme-se —, pediu Carol, tentando conter a tempestade que se formava. — Eu posso explicar. Não é isso que você está pensando.

Mas Gustavo não estava disposto a ouvir: — Você mentiu para mim e para minha irmã! — gritou ele, sua voz ecoando pelo quarto.

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Carol: — Você não vai entender —, disse ela com voz embargada. — Eu amo vocês.

— Você é uma mentirosa —, disse Gustavo, sua voz carregada de decepção. — Não quero mais saber de você.

Desesperada, Carol tentou apaziguar a situação: — Por favor, não fique com raiva de mim —, implorou ela. — Só estou tentando proteger vocês. Agora, me dê essa carta.

Mas Gustavo estava determinado: — Não, eu vou embora. Vou encontrar minha mãe.

Sem olhar para trás, Gustavo saiu correndo da casa. Ele foi até o ponto de ônibus mais próximo e, ao chegar em uma rodoviária, pagou a um homem para comprar uma passagem só de ida para São Paulo. Com o bilhete na mão, ele embarcou no ônibus, deixando para trás a confusão e os segredos de sua vida em Natal RN.

Enquanto isso, uma vizinha de Carol chegou com notícias preocupantes.

— Carol —, disse ela com um tom de urgência, — Gustavo foi embora de ônibus.

Carol sentiu seu coração apertar com a confirmação da partida de Gustavo. Os segredos que ela tanto tentara proteger agora ameaçavam separar ainda mais a família que tanto amava.

O sol brilhava tímido através das cortinas, pintando a cozinha de tons dourados enquanto Carol tentava reunir coragem para revelar a notícia que estava pesando em seu coração. O aroma reconfortante do café recém-passado pairava no ar, mas não conseguia dissipar a ansiedade que a consumia.

— Como é que eu vou falar para Eliza? — murmurou Carol para si mesma, sua voz mal audível sobre o ruído da cafeteira.

Antes que pudesse ensaiar as palavras, Eliza entrou na cozinha, sua expressão inocente iluminada pela curiosidade.

— Tia, quem foi embora? — perguntou Eliza, seus olhos castanhos buscando respostas no rosto tenso de Carol.

O coração de Carol apertou-se com a pergunta direta de Eliza, o peso da verdade pairando sobre ela como uma nuvem escura. Num instante de silêncio tenso, ela sentiu a responsabilidade de escolher as palavras certas, palavras que poderiam mudar o mundo de Eliza para sempre.

...{...}...

No tranquilo cenário dos chalés na Califórnia, os amigos se reuniram para uma conversa descontraída. Entre risadas e brincadeiras, Gabi parecia um pouco distante, alimentando a curiosidade dos demais.

— O que foi, Gabi? Você está tão quieta —, perguntou Olívia, preocupada.

Gabi sorriu misteriosamente: — É porque tenho uma surpresa para vocês —, respondeu, despertando a curiosidade de todos.

Thiago e Pedro, sempre os brincalhões do grupo, não perderam a chance de fazer suas conjecturas: — Será que você finalmente perdeu sua virgindade? —, provocou Thiago, enquanto Pedro sugeriu com um sorriso malicioso: — Ou será que tirou o BV?.

Gabi revirou os olhos com um sorriso divertido: — Aí, meu Deus, vocês são tão porcos —, respondeu, sacudindo a cabeça.

Olívia interveio, querendo desvendar o mistério: — Deixem de besteira! Então, qual é a surpresa, Gabi?

Antes que Gabi pudesse revelar sua surpresa, um som ecoou no céu, todos se viraram para fora, surpresos, para ver um helicóptero se aproximando dos chalés. Intrigados, eles saíram para investigar. Do helicóptero emergiu Renner, uma figura do passado que os deixou atônitos, ele se aproximou dos chalés, trazendo consigo uma enxurrada de lembranças e emoções inesperadas. O ar fresco da Califórnia soprava suavemente entre os chalés, enquanto dentro de uma sala a atmosfera estava carregada de tensão.

— Então, de que horas vamos começar a festa? — Renner questionou, ansioso.

— A festa vai começar quando você foi embora! — Daniel respondeu com um tom cortante.

— Mas eu acabei de chegar —, Renner protestou, confuso.

— Para você, nunca vai ter festa nenhuma! — Daniel retrucou, sua voz carregada de raiva.

— Você está sendo muito grosso comigo — Renner reclamou, sentindo-se injustiçado.

— Calma gente, fui eu que convidei ele. É a minha surpresa — Gabi interveio, tentando acalmar os ânimos.

— Isso é a surpresa? Tô vendo que você tem um péssimo gosto — Olívia não poupou críticas.

— Vocês não podem me expulsar daqui — Renner desafiou, buscando afirmar sua presença.

Mas todos fizeram a mesma pergunta: — Por que não?

— Porque eu vou transar com cada uma das namoradas de vocês! — Renner disparou, sua ameaça cortando o ar.

O clima explosivo deu lugar a uma discussão acalorada. Em meio ao tumulto, Renner foi violentamente agredido, e acabou lançado contra uma mesa de vidro. O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor, enquanto a gravidade da situação pesava sobre todos. O que começou como uma festa cheia de expectativas se transformou em uma cena sombria e chocante. Com Renner lutando pela vida, o futuro de todos os envolvidos estava agora em jogo, marcado por segredos ocultos e decisões precipitadas que mudariam suas vidas para sempre.

A noite pairava densa sobre os chalés isolados na imensidão da floresta californiana, seu manto sombrio interrompido apenas pelo eco inquietante do sangue que escorria no chão da sala. Em meio ao horror que os consumia, os amigos se agrupavam ao redor do corpo inerte de Renner, enquanto Daniel se aproximava com passos hesitantes.

— Aí meu Deus... o que foi que vocês fizeram? Eu vou chamar a ambulância! —, exclamou Gabi, sua voz trêmula denunciando o pânico que a dominava.

— Ele está bem? —, indagou Thiago, a preocupação pesando em suas palavras.

— Ele está perdendo muito sangue —, observou Pedro sombriamente, já antecipando as sombras que se avizinhavam.

— O que está acontecendo? —, ecoou a voz trêmula de Olívia pelo ambiente carregado de tensão.

Daniel respirou fundo, seus olhos fixos em Renner: — Eu sinto muito... ele... ele morreu —, anunciou, sua voz ecoando como uma sentença irrevogável.

O grito estridente de Gabi trespassou o ar pesado: — Aí meu Deus, vocês o mataram! —, acusou, o medo transbordando em raiva.

Olívia fitou Gabi com um olhar duro: — Antes de Renner cair naquela mesa de vidro, você também o agrediu —, acusou, sua voz carregada de reprovação.

Gabi se defendeu, suas palavras ecoando com desespero: — Eu estava tentando protegê-lo! —, protestou, suas mãos tremendo de emoção.

— Mentirosa você! Sua falsa loira! —, contra-atacou Gabi, seu ressentimento transparecendo nas palavras afiadas.

Daniel interrompeu a crescente discórdia com uma voz firme: — Não é hora para brigas —, advertiu, sua expressão séria.

Mas a pergunta pairava no ar como uma nuvem negra.

— O que vamos fazer agora? —, perguntou Thiago, o desespero transparecendo em sua voz.

Pedro reconheceu a gravidade da situação: — Estamos em apuros —, admitiu sombriamente, sua mente já maquinando planos desesperados.

Gabi propôs uma solução desesperada: —Por que não chamamos a polícia? —, sugeriu, uma frágil esperança vibrando em sua voz.

Pedro recuou com medo: — Eu não quero ser preso —, confessou, o terror colorindo suas palavras.

Olívia foi categórica: — Ninguém será preso —, declarou, sua voz soando como uma sentença.

Gabi estava confusa e temerosa: — Então o que vamos fazer? —, perguntou, sua voz trêmula ecoando pela sala.

Daniel ponderou a proposta de Olívia: — Não temos outra escolha —, admitiu, resignação pesando em suas palavras.

Gabi lutou contra a ideia: — Não podemos simplesmente enterrá-lo como um animal! —, protestou, seu coração pesado pela moralidade do ato.

Olívia confrontou Gabi, suas palavras afiadas como lâminas: — Você quer enfrentar 20 ou 30 anos na prisão? —, desafiou, sua lógica cruelmente clara.

Gabi cedeu, sua voz vacilante: — Não. Eu só quero que isso acabe —, confessou, sua determinação fragmentada.

— Ok —, concordou Olívia sombriamente, sua mente já tramando os sinistros planos para ocultar o segredo na escuridão da noite.

As sombras do Tongass National Forest abraçavam os jovens enquanto eles se envolviam em um segredo sombrio. Um lençol branco, manchado pelo peso de suas ações, testemunhava seu pacto de silêncio. Sob a luz difusa das árvores, eles cavaram uma sepultura e depositaram o peso de suas escolhas lá, junto com o corpo de Renner... Daniel, Pedro, Olívia, Gabi e Thiago estavam unidos por um segredo mortal.

— Droga, isso está ficando cada vez mais louco —, murmurou Daniel, enquanto o grupo se afastava dos chalés.

— Precisamos nos livrar disso de uma vez por todas —, disse Pedro, sua voz cheia de urgência.

— Um pacto de sangue? —, sugeriu ele, olhando para os outros com olhos brilhantes.

Olívia pareceu hesitar: — Pacto de sangue? Parece um pouco extremo, não acha?

— Não há nada de extremo nisso —, respondeu Pedro com determinação.

— Gabi está certa, o que estamos esperando? —, disse Thiago, com sua voz ecoando pela floresta.

Com um pedaço de vidro quebrado, cada um cortou sua mão, deixando a escuridão do bosque testemunhar sua promessa. Enquanto o sangue se misturava com a terra, eles formaram um círculo, unindo suas mãos em um juramento solene.

— Prometemos —, sussurraram em uníssono, sentindo o peso de sua culpa e segredo selados entre eles. Sob as copas das árvores antigas, eles sabiam que aquela aliança de silêncio era mais do que apenas palavras; era um pacto que os uniria, mesmo quando o peso de sua culpa ameaçasse consumi-los.

Mas naquele momento, debaixo da vegetação densa do bosque, eles estavam unidos por algo mais sombrio do que as próprias árvores: a promessa de silêncio, tingida com o rubor do sangue derramado.

...{...}...

A cozinha estava impregnada com a tensão palpável quando Eliza confrontou sua tia Carol. O silêncio pairava pesadamente sobre elas, como se o peso das palavras não ditas fosse sufocante.

— Então Tia, me responda quem foi embora? — Eliza pressionou, sua voz ecoando no pequeno espaço.

O olhar de Carol desviou-se, seus olhos refletindo a angústia que ela tentava esconder.

— O que eu tenho para falar para você é muito delicado —, ela finalmente murmurou.

— Tia, pode me falar — Eliza insistiu, sua determinação evidente em cada palavra.

E então veio a revelação que mudaria tudo: — O seu irmão achou uma carta da sua mãe... e... ele foi para São Paulo, para encontrá-la —, confessou Carol, com uma mistura de tristeza e resignação em sua voz.

— Gustavo? Ele fugiu? — Eliza ficou chocada com a notícia.

— Sim —, confirmou Carol, sem rodeios.

Decidida a trazer seu irmão de volta, Eliza declarou: — Eu vou atrás dele, e vou trazê-lo de volta.

Mas a preocupação de Carol era evidente: — São Paulo é uma cidade muito grande. Como é que você vai encontrá-lo? —, questionou ela, tentando dissuadir a sobrinha.

— Tia, não tem porque esconder mais —, respondeu Eliza com convicção.

Apesar de suas preocupações, Carol cedeu: — É verdade. Mas você tem certeza? —, perguntou, querendo ter certeza de que a decisão de Eliza era firme.

— Sim, tia, eu preciso ir —, afirmou Eliza, sem hesitação.

— Então, já que é sua vontade —, concordou Carol resignadamente.

Determinada a cumprir sua promessa, Eliza assegurou: — Eu vou trazer ele de volta. Você vai ver

Com um suspiro, Carol decidiu apoiar a sobrinha: — Eu vou dar um dinheiro para você comprar sua passagem e se manter em São Paulo —, ofereceu generosamente.

— Muito obrigada, tia. É preciso —, agradeceu Eliza, sentindo o peso da responsabilidade que agora pesava sobre seus ombros. A jornada em busca de seu irmão começava ali, naquela modesta cozinha em Natal.

Na movimentada rodoviária de Natal, sob o calor escaldante do nordeste brasileiro, Eliza se preparava para embarcar. Seu coração batia forte, misturando ansiedade e esperança enquanto arrumava suas malas e garantia sua passagem. Ao lado do ônibus, uma figura familiar se aproximou: era Carol.

— Que Deus abençoe você e seu irmão —, disse Carol com uma expressão séria, como se carregasse um peso profundo em suas palavras.

— Amém, vai dar tudo certo, tia, em nome do Senhor —, respondeu Eliza, tentando manter a calma apesar das preocupações que a assombravam.

— Quando encontrar seu irmão, não deixe que Gustavo fale com sua mãe —, disse Carol, sua voz carregada de segredos e mistérios.

Eliza se sentiu perplexa: — Por quê? Qual é o segredo entre você e minha mãe? — questionou, sua curiosidade misturada com uma pitada de medo.

Um momento de silêncio tenso pairou entre elas, apenas o som distante da batida do coração de Carol preenchendo o espaço. Seus olhares se encontraram intensamente, carregados de emoções não ditas, revelando que havia muito mais por trás daquela troca de palavras do que Eliza jamais imaginara.

Capítulo 2

As sombras da noite começavam a envolver os chalés na Califórnia, enquanto os amigos retornavam, cada passo pesado com o peso do segredo que enterraram junto a Renner.

— Eu vou tomar uma ducha. Estou toda suja de terra —, anunciou Olívia, sua voz carregada de exaustão e uma pitada de desconforto.

Enquanto Olívia se afastava em direção ao quarto, seus passos ecoando levemente pelas tábuas do assoalho, Gabi a seguia silenciosamente, um misto de preocupação e curiosidade estampado em seu rosto.

Na sala, o ambiente pesava com a presença silenciosa de Daniel, Pedro e Thiago. O olhar de cada um carregava o peso do que haviam feito, os segredos compartilhados entre amigos criando laços tão fortes quanto frágeis. Uma tensão silenciosa pairava no ar, quebrada apenas pelo sussurro do vento do lado de fora e o crepitar ocasional da lareira, seu calor contrastando com a frieza que se instalava nos corações dos amigos.

Ali, naquela sala, entre suspiros contidos e olhares fugazes, os laços de amizade eram postos à prova, enquanto segredos enterrados clamavam para emergir à superfície, ameaçando desvendar os alicerces frágeis de suas vidas. O vento sussurrava através das cortinas semi-abertas, enquanto a sombra de Gabi se projetava no quarto de Olívia. Ela avançou silenciosamente em direção à sua amiga, que estava parada diante da janela, perdida em seus pensamentos. Olívia, surpresa, girou-se abruptamente ao ouvir o som dos passos de Gabi.

— Que susto —, murmurou Olívia, tentando recuperar a compostura. — O que você está fazendo aqui no meu quarto?

Gabi encarou Olívia com uma expressão carregada de ressentimento: — Você é mais culpada do que eu —, acusou ela, sua voz cortando o silêncio da noite.

— Minha amiga, por favor, vá dormir. É melhor para você —, respondeu Olívia, tentando acalmar os ânimos.

— Vou sim, mas antes eu tenho que dar uma coisa para você —, retrucou Gabi, sua voz tremendo de raiva contida.

Olívia franziu a testa, sem entender o que sua amiga queria dizer. Antes que pudesse reagir, Gabi avançou e desferiu um tapa cruel em seu rosto.

Atordoada, Olívia levou a mão ao rosto, sentindo a queimadura da dor e o choque da traição: — Mas o que é isso? Você está ficando louca? —, exclamou ela, sua voz trêmula de incredulidade e mágoa.

— Você sabe muito bem o motivo —, retorquiu Gabi, sua voz carregada de amargura. — Você não presta... você não vale nada!

Com essas palavras finais, Gabi virou-se e deixou o quarto em silêncio, deixando para trás uma Olívia perplexa e ferida. Sozinha em seu quarto, Olívia afundou-se na cama, seu coração pesado de tristeza e confusão.

— Me aguarde, amiga —, sussurrou ela para o vazio do quarto. — Vai ter volta.

A atmosfera carregada da rodoviária de Natal parecia refletir os segredos que pairavam entre Eliza e sua tia, Carol. Enquanto aguardavam o embarque, as palavras sussurradas entre elas pareciam carregar um peso invisível, um mistério não revelado.

— Eu não tenho nenhum segredo com sua mãe! —, afirmou Carol, tentando dissolver a tensão que se formava no ar.

Mas Eliza não estava convencida: — Parece que a senhora tem —, retrucou, seu olhar inquisitivo buscando respostas.

Carol, por sua vez, tentou desviar o assunto: — É só impressão sua —, respondeu, evitando o confronto direto.

Mas Eliza persistiu: — Mas a senhora falou de um jeito... —, sua voz carregada de suspeita.

— A única pessoa que deve dar explicação é sua mãe —, declarou Carol, finalizando a discussão de forma enigmática.

Intrigada, Eliza ponderou: — Mas por quê? Você sabe o motivo? —, questionou, esperando desvendar os mistérios ocultos.

— Eu espero que você aproveite quando encontrar sua mãe. Ela que vai falar toda a verdade —, respondeu Carol enigmaticamente, deixando Eliza com mais perguntas do que respostas.

Com um aceno de despedida, Eliza embarcou no ônibus, deixando para trás Natal e rumando em direção a São Paulo, com um turbilhão de emoções e perguntas em sua mente.

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Enquanto isso, em São Paulo, Gustavo desembarcava com a carta de sua mãe nas mãos, o coração ansioso por respostas. Ele decidiu fazer uma breve parada em um supermercado próximo, onde comprou alguns biscoitos e uma bolsa, preparando-se para a jornada que o aguardava. Caminhando pelas ruas movimentadas da cidade, Gustavo finalmente encontrou um local para descansar, "a Avenida Cruzeiro do Sul". Porém, sua pausa foi interrompida quando dois garotos se aproximaram dele, lançando um novo mistério em sua jornada em busca da verdade.

As sombras da tarde se estendiam pela movimentada Avenida Cruzeiro do Sul, em São Paulo. Entre o frenesi dos carros e o burburinho dos transeuntes, um momento tenso se desenrolava. Gustavo estava em seu próprio mundo quando foi abruptamente confrontado por dois garotos de aparência sinistra.

— Eu quero sua bolsa —, um deles exigiu, sua voz carregada de ameaça.

Determinado e sem se intimidar, Gustavo respondeu: — Eu não vou dar nada a vocês

Os olhos dos garotos brilharam com malícia enquanto trocavam um olhar significativo.

— Se não dá para o bem, vai dar para o mal —, um deles declarou, um sorriso cruel se formando em seus lábios.

Um misto de adrenalina e medo pulsava nas veias de Gustavo quando, num ato impulsivo, ele desferiu uma bofetada no rosto de um dos agressores. Em seguida, sem hesitar, ele virou as costas e começou a correr o mais rápido que pôde, deixando para trás a cena do confronto. O coração de Gustavo martelava em seu peito enquanto ele se afastava, a sensação de perigo ainda pairando no ar. A Avenida, normalmente tão familiar e acolhedora, agora parecia-lhe hostil e ameaçadora. Com cada passo, a adrenalina diminuía, mas a memória daquele momento de confronto permaneceria gravada em sua mente, moldando sua jornada futura de uma forma que ele ainda não podia compreender.

O sol escaldante da tarde banhava as ruas de São Paulo enquanto os amigos finalmente pisavam em solo brasileiro. A atmosfera estava carregada de tensão após os eventos recentes nos Estados Unidos. Daniel ergueu a mão para sinalizar a importância do momento.

— Agora, pessoal, precisamos manter a discrição. Nada de comentar sobre o que aconteceu lá nos Estados Unidos —, alertou ele, buscando preservar o segredo que os unia.

Gabi concordou prontamente: — Claro, não queremos causar mais problemas do que já temos —, murmurou ela, lançando um olhar significativo para Olívia.

Olívia repreendeu levemente sua amiga com um gesto sutil: — Por favor, Gabi, vamos manter a calma. Não é hora para dramas.

Thiago interveio, tentando dissipar a tensão: — O que aconteceu foi um acidente, pessoal. Não foi intencional —, lembrou, olhando para cada um de seus amigos em busca de compreensão.

Pedro assentiu, sentindo o peso da culpa em seus ombros: — Nós não queríamos prejudicar o Renner. Foi um mal-entendido.

Após a breve conversa, cada um seguiu seu caminho para casa. Daniel encontrou refúgio em seu apartamento, onde mora com seus pais, Lígia e João, mas sua paz foi interrompida quando Lígia, sua mãe, se aproximou dele com uma expressão curiosa...

A suave penumbra do apartamento de Lígia e João contrastava com a agitação nervosa que se instalava na atmosfera. Daniel, com o peso da recente viagem ainda fresco em sua mente, sentiu-se subitamente sobrecarregado pela iminente chegada do convidado especial.

— Mãe, já estou de volta —, anunciou ele, ao entrar pela porta.

Lígia, com seu sorriso caloroso, o cumprimentou, mas a tensão em seus olhos não passou despercebida: — Oi, meu querido. Foi uma viagem breve desta vez?

— Sim, mãe, muito rápida —, respondeu ele, tentando manter uma calma superficial.

— Ótimo... agora vá tomar um banho e se aprontar. O pai de Renner estará jantando conosco esta noite.

A notícia atingiu Daniel como uma onda gelada, fazendo com que seu coração acelerasse em antecipação e apreensão.

— O quê? Por quê? —, perguntou ele, lutando para manter a compostura.

— Ele é uma pessoa influente de São Paulo. Seu pai quer discutir alguns negócios com ele —, explicou ela, tentando tranquilizá-lo.

Embora resignado à inevitabilidade do encontro, Daniel não pôde deixar de se questionar sobre o que estaria por vir.

— Está bem, mãe. Me dê cinco minutos.

Enquanto se dirigia ao quarto, sua mente estava uma confusão de pensamentos. Como explicaria a ausência de Renner? O que diria ao pai do amigo?

— Meu Deus! E agora? Fernando certamente perguntará pelo filho. O que diabos eu vou dizer? —, murmurou ele para si mesmo, sentindo-se cercado pela incerteza.

Entre as paredes do apartamento, segredos e tensões pareciam flutuar no ar, como sombras dançantes em uma sala escura, prenunciando uma noite repleta de revelações e desafios para Daniel e sua família.

Eliza desembarcou na rodoviária de São Paulo com o coração pulsando de expectativa. O agito da cidade grande contrastava com a serenidade que ela buscava. Decidida a encontrar seu irmão perdido, ela seguiu seu instinto e rumou em direção à praia mais próxima. À luz da lua, as ondas dançavam ao som do vento, acolhendo Eliza como uma antiga amiga. Com um caderno em mãos e uma caneta pronta para capturar suas emoções, ela se entregou à inspiração que a natureza lhe proporcionava.

— É encantador —, começou a escrever Eliza, descrevendo a magnificência das praias, a areia grossa sob seus pés e as águas cristalinas que refletiam a grandiosidade das montanhas cobertas pela densa e exuberante mata atlântica. Mas sua contemplação foi interrompida por uma leve chuva que começou a cair, quebrando momentaneamente a magia do momento.

Depois de concluir sua carta, Eliza se viu mergulhada em pensamentos, perdida na imensidão do mar diante dela. O som das ondas batendo na costa ecoava em seus ouvidos, ecoando o chamado misterioso do oceano.

— E agora por onde eu começo, para achar o meu irmão? —, murmurou Eliza para si mesma, sentindo-se pequena diante da vastidão do desafio que a aguardava. O som do mar respondeu com um sussurro reconfortante, como se prometesse guiá-la em sua jornada.

Congelada pelo momento, Eliza absorveu a calma do mar, alimentando sua determinação e preparando-se para seguir em frente, rumo ao desconhecido que a esperava além das ondas.

Noite escura envolvia o modesto apartamento de Lígia e João, onde Daniel, sentado em sua cama, mergulhava em pensamentos turbilhonantes sobre a difícil conversa que teria com o pai de Renner. Com um suspiro pesado, ele decidiu buscar ajuda e abriu seu notebook, iniciando uma chamada no Skype com Olívia, sua confidente de longa data.

— Eu preciso de sua ajuda —, disse Daniel, a ansiedade ecoando em sua voz.

— Mas que ajuda? — respondeu Olívia, percebendo a tensão na voz de Daniel.

— O Fernando vem jantar aqui em casa hoje — Daniel confessou, o peso da situação evidente em suas palavras.

— Meu Deus, o pai de Renner? — Olívia exclamou, compartilhando a surpresa e preocupação de Daniel.

— Sim —, confirmou Daniel, sentindo o peso da expectativa sobre seus ombros.

— Fique calmo, você vai fazer o seguinte —, começou Olívia, prontamente oferecendo seu apoio e orientação para enfrentar a difícil tarefa que estava por vir.

A noite caía suavemente sobre o apartamento, pintando a sala de jantar com tons de mistério e antecipação. Entre conversas corteses e sorrisos, a presença de Senhor Fernando, um convidado especial, adicionava uma certa gravidade ao ambiente.

— Sr. Fernando, seja bem-vindo! —, saudou Lígia com um sorriso caloroso.

— Obrigado —, respondeu Fernando, retribuindo o gesto com um aceno de cabeça.

— Então, o que estamos esperando? Vamos jantar —, exclamou João, impaciente para iniciar a refeição.

Mas antes que pudessem começar, Lígia interrompeu, lembrando-se de algo importante: — Esperem, falta o Daniel para jantar conosco —, disse ela com preocupação.

— Seu filho já chegou de viagem? —, perguntou Fernando, curioso sobre a presença do herdeiro.

— Sim, ele chegou há pouco tempo —, respondeu João, indicando que Daniel já estava em casa.

Nesse momento, uma empregada se aproximou, trazendo notícias sobre Daniel: — Desculpe interromper, dona Lígia, mas o Daniel não poderá jantar conosco. Ele está com enxaqueca e foi dormir cedo —, informou ela com uma expressão de preocupação.

— Bem, então... vamos jantar. Meu filho está doente e foi dormir cedo —, anunciou Lígia, tentando dissipar qualquer preocupação que possa ter surgido.

— Mas como ele está? —, questionou João, demonstrando sua preocupação pelo filho ausente.

— É apenas uma enxaqueca, nada grave —, tranquilizou ela, tentando acalmar os ânimos.

— Vamos jantar. Depois falaremos sobre negócios —, sugeriu João, mudando o foco da conversa para assuntos mais pragmáticos.

— Estou ansioso para ver sua proposta de negócio —, acrescentou Fernando, demonstrando sua expectativa em relação às discussões que viriam a seguir.

E assim, com expectativas no ar e uma sensação de mistério pairando sobre a mesa, a noite prometia ser cheia de surpresas e revelações.

...{...}...

A brisa salgada envolvia Eliza enquanto ela lançava sua mensagem ao oceano, como um último suspiro de esperança. Sob a luz prateada da lua, ela vagou pela praia, a areia fria acariciando seus pés cansados. Finalmente, encontrou refúgio sob a sombra acolhedora de um majestoso coqueiro, onde se entregou ao abraço do sono.

Com o nascer do sol, Eliza despertou para enfrentar um novo dia de incertezas. Em busca de orientação, dirigiu-se à banca de jornais mais próxima, onde esperava encontrar não apenas notícias do mundo, mas talvez uma direção para sua própria jornada.

— Tenho que encontrar um lugar para ficar —, murmurou ela para si mesma, enquanto folheava o jornal em busca de anúncios de aluguel. As preocupações com o futuro se entrelaçavam com seus pensamentos enquanto ela tentava traçar um plano para sobreviver na cidade desconhecida.

Mas em meio às dúvidas e inseguranças, uma centelha de determinação brilhava nos olhos de Eliza. Mesmo diante das adversidades, ela estava determinada a encontrar um caminho, a construir uma vida digna para si mesma. Com um suspiro resignado, ela fechou um jornal e se levantou, pronta para enfrentar os desafios que aguardavam além daquelas páginas. O destino de Eliza estava nas mãos do destino, e ela estava determinada a escrever sua própria história, página por página.

Os raios de sol dançavam timidamente pelas ruas tranquilas da Vila Nova Conceição, enquanto Olívia seguia sua rotina matinal de caminhada. Era um ritual que a conectava com o bairro e lhe permitia apreciar a serenidade da manhã. No entanto, sua calma foi interrompida quando avistou Gabi, uma figura conhecida, dirigindo-se à casa do pai de Renner. Intrigada, Olívia escondeu-se discretamente para observar o desenrolar dos eventos.

— O que ela veio fazer aqui? —, questionou Olívia para si mesma, sua mente já fervilhando com especulações. Gabi sempre fora uma presença enigmática na vizinhança, e suas motivações suscitavam constantes suspeitas entre os moradores. Com uma mistura de curiosidade e preocupação, Olívia decidiu aguardar, observando atentamente enquanto Gabi adentrava a residência.

O que estaria por trás da visita inesperada? Segredos antigos ressurgindo? Conflitos familiares à espreita? Enquanto Olívia buscava respostas, o mistério envolvendo Gabi e sua conexão com a família de Renner parecia se aprofundar, prometendo revelações surpreendentes e consequências imprevisíveis na tranquila Vila Nova Conceição... Olívia não hesitou em se aproximar da majestosa Mansão de Fernando, determinada a ter uma conversa crucial com Gabi. No interior da luxuosa Sala de Estar, o clima estava tenso quando Olívia confrontou Gabi.

— O que você faz aqui? — questionou Olívia, sua voz carregada de desconfiança.

Gabi respondeu com frieza: — Isso não é da sua conta.

A troca de palavras rapidamente se tornou acalorada, com Olívia tentando explicar-se enquanto Gabi permanecia implacável em suas acusações.

— Olha aqui, foi tudo um acidente, eu sinto muito —, insistiu Olívia.

Mas Gabi não estava disposta a aceitar desculpas tão facilmente: — Será que foi mesmo? — provocou ela.

A tensão atingiu seu ápice quando Gabi revelou uma descoberta chocante: A ligação de Olívia com Renner.

— Eu descobri sobre você e Renner —, Gabi acusou, lançando uma bomba sobre Olívia.

Olívia, aturdida, negou veementemente: — Você está louca, não sei do que está falando!

As palavras duras de Gabi foram como punhais para Olívia: — Você é uma cadela, além de ser uma rapariga!

Em um acesso de raiva, Olívia não conseguiu conter-se e desferiu um tapa no rosto de Gabi: — Isso é pelo que você disse.

A chegada inesperada de Fernando, pai de Renner, interrompeu o confronto. Ele questionou as vozes alteradas que ouvira, enquanto Olívia tentava minimizar a situação. Após a saída de Olívia, a tensão permaneceu na sala, agora habitada apenas por Fernando e Gabi, deixando-os para refletir sobre as revelações e conflitos que acabaram de ocorrer.

O sol poente pintava o céu com tons de laranja e rosa enquanto Eliza caminhava apressadamente em direção à parada de ônibus mais próxima. Seus passos eram impulsionados por uma mistura de ansiedade e esperança, pois ela estava determinada a encontrar uma resposta para o mistério que envolvia o desaparecimento de seu irmão, Gustavo. Ao chegar ao destino, seus olhos percorreram rapidamente o local, absorvendo cada detalhe em busca de qualquer sinal de seu irmão perdido. E então, do outro lado da rua, ela o viu. Um jovem cujos traços faciais refletiam uma semelhança impressionante com Gustavo. Seu coração deu um salto de alegria enquanto uma onda de emoção percorria seu corpo.

— Meu Deus —, sussurrou Eliza para si mesma, sem conseguir conter a mistura de emoções que tomava conta dela. — Eu encontrei meu irmão, Gustavo!

Seus passos se apressaram ainda mais, guiados pela urgência de reunir-se com o irmão há tanto tempo perdido. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto ela atravessava a rua, seu coração batendo forte no peito. Ao se aproximar, ela podia ver os detalhes familiares nos olhos do jovem desconhecido, a forma como ele inclinava a cabeça, até mesmo o sorriso que parecia ecoar o de seu irmão. Quando finalmente estavam face a face, as palavras escaparam de seus lábios com uma mistura de alívio e felicidade.

— Gustavo? —, disse Eliza, sua voz tremendo com a emoção. — Sou eu, sua irmã, Eliza.

Quando finalmente estavam face a face, a verdade se revelou cruelmente diante dela. O jovem desconhecido não era Gustavo. Ele olhou para ela com confusão, sem entender a intensidade das emoções que a consumiam. Eliza sentiu seu coração afundar em seu peito, uma mistura de desapontamento e tristeza tomando conta dela. Ela havia alimentado tanto esperança, apenas para ser confrontada com a dura realidade de que seu irmão ainda estava perdido. As lágrimas ameaçaram transbordar de seus olhos enquanto ela lutava para processar a decepção avassaladora que a envolvia. Naquela parada de ônibus solitária, a luz do sol já não parecia tão reconfortante, e Eliza se viu confrontada com a dolorosa jornada que ainda tinha pela frente na busca por seu irmão perdido.

Capítulo 3

O sol espreitava pelas cortinas entreabertas, lançando raios dourados no apartamento silencioso de Lígia e João. Um silêncio perturbador envolvia o ambiente quando Lígia, com a firmeza de quem carrega segredos há muito tempo guardados, adentrou o quarto de Daniel.

— Bom dia, meu filho —, sua voz suave quebrou a quietude. — Eu quero falar com você.

Daniel ergueu o olhar para sua mãe, o coração batendo descompassado, como se já pressentisse o que estava por vir: — Bom dia, mãe. O que a senhora deseja?

A mão de Lígia tremia ligeiramente ao apresentar a evidência: — Daniel, a empregada encontrou essa camisa manchada de sangue e estava dentro da sua bolsa... o que significa isso?

Um congelamento se abateu sobre Daniel, ecoando o som da própria batida de seu coração. Os segundos se esticaram como se o tempo estivesse desacelerando, enquanto ele lutava para articular uma resposta, confrontado pela realidade implacável que agora o envolvia. Ele fitou o líquido avermelhado em suas mãos trêmulas, tentando convencer a si mesmo de que era apenas ketchup. Porém, a expressão preocupada de sua mãe, Lígia, o fez questionar sua própria certeza.

— Como assim, mãe? Isso é ketchup —, tentou ele, buscando uma explicação simples para a mancha em sua roupa.

Mas Lígia não se deixou enganar tão facilmente: — Não, eu sei muito bem o que é. Isso parece sangue!

Daniel engoliu em seco, sentindo um aperto no peito ao ver a preocupação estampada no rosto de sua mãe: — Eu só levei um pequeno arranhão. É só isso! — tentou minimizar a situação.

No entanto, as palavras não foram suficientes para acalmar a mãe preocupada: — E por que você estava querendo mentir para mim? — questionou ela, com uma mistura de frustração e angústia em sua voz.

Daniel baixou os olhos, sentindo o peso da culpa se acumular sobre seus ombros: — Eu não queria preocupar a senhora —, confessou ele, ciente de que suas mentiras não eram uma opção diante da firmeza de sua mãe.

Lígia suspirou, seus olhos fixos no filho: — Você e seu pai sabem muito bem que eu não gosto de mentiras —, lembrou ela, reforçando a importância da sinceridade em sua família.

Com um nó na garganta, Daniel engoliu seu orgulho e se desculpou: — Está certo, mãe. Me desculpe —, murmurou ele, sentindo um alívio momentâneo ao admitir a verdade.

Lígia assentiu, seu semblante suavizando: — Está bem, filho. Qualquer problema, só me falar —, ofereceu ela, deixando claro que sempre estaria ali para ele, não importasse a situação.

Daniel assentiu com a cabeça, agradecido pela compreensão de sua mãe: — Ok, mãe —, respondeu ele, observando-a sair do quarto com um misto de alívio e preocupação.

— Esta foi por pouco —, pensou consigo mesmo, sentindo o peso do segredo em suas costas. — O que eu vou fazer agora?.

Gustavo caminhava pela movimentada Avenida Paulista, seus passos cansados ecoavam entre os imponentes prédios que se erguiam ao seu redor. Em meio à agitação da cidade, ele se via perdido, buscando desesperadamente por pistas que o levassem de volta à sua mãe desaparecida. A fome apertava, e ele se viu obrigado a fazer uma pausa debaixo de uma árvore, onde retirou alguns biscoitos de sua bolsa para saciar a necessidade urgente. Enquanto saboreava os biscoitos, um garoto de aparência juvenil se aproximou. Seus olhos se encontraram, e Gustavo foi surpreendido por uma pergunta direta: — O que você está olhando?

O garoto se apresentou como Pneu, um menino de 14 anos. Uma conversa improvável se iniciou entre os dois. Pneu revelou ter visto Gustavo correndo de algo ou alguém, uma observação que deixou o jovem perplexo.

— O que você viu? — indagou ele, confuso.

— Eu me chamo Pneu, e você?

— Eu sou Gustavo, muito prazer.

— Eu vi você correndo dos cabeças. Eles acham que podem mandar em todos nós, os que vivem nas ruas.

A revelação de Pneu intrigou Gustavo. Traficantes controlavam os moradores de rua? Ele mal teve tempo para processar essa informação quando dois garotos se aproximaram, exigindo uma parte dos biscoitos que Gustavo havia tirado de sua bolsa.

— Olha o Menino da bolsa, divida esses biscoitos com a gente! — provocaram os garotos.

O encontro inesperado na Avenida Paulista estava apenas começando, e Gustavo mal podia imaginar os desafios e aventuras que estavam por vir. Avenida fervilhava com a agitação típica de uma tarde de sábado. Sob a sombra de uma imponente árvore, um grupo de garotos se encontrava envolto em uma discussão acalorada.

— O que é que vocês querem aqui? —, indagou Gustavo, com uma expressão desconfiada.

Pneu levantou as mãos em um gesto pacífico: — Olha, a gente não quer confusão. É melhor nos deixar em paz.

Mas os outros garotos não pareciam dispostos a recuar: — Mas a gente não quer confusão, a gente só quer um pouco desses biscoitos! —, insistiu um deles.

Cabeça, o líder do grupo adversário, encarou-os com um olhar desafiador: — Vocês vão negar o biscoito para a gente?

Gustavo permaneceu firme em sua posição: — Eu já falei e vou repetir, eu não vou dar nada para vocês.

Pneu tentou apaziguar a situação: — É melhor vocês desistirem, antes que façam algo que se arrependam.

Mas antes que pudessem chegar a um acordo, Cabeça e Garoto partiram para cima de Pneu e Gustavo. A violência irrompeu, com empurrões e golpes sendo trocados freneticamente. Desesperados, Pneu empurrou Cabeça, enquanto Gustavo, agarrando um pedaço de pau, desferiu um golpe na perna do outro garoto. O tumulto atraiu a atenção da polícia, que se aproximou da cena com cautela.

— Ei, que confusão é essa? O que está acontecendo aqui? —, questionou o policial, tentando entender a situação.

O sol do fim da tarde tingia o céu com tons dourados enquanto Eliza atravessava apressadamente a rua, seu coração batendo descompassado no peito. O nome de seu irmão ecoava em sua mente como um mantra, impulsionando-a adiante enquanto ela corria em direção à parada de ônibus.

— Gustavo cadê você? —, gritou ela, sua voz misturando-se ao barulho do tráfego e aos murmúrios dos pedestres. Mas seu irmão, como um espectro fugaz, desapareceu nas ruas movimentadas antes que ela pudesse alcançá-lo.

Ofegante, ela retornou à parada de ônibus, resignada por não ter encontrado pistas sobre o paradeiro de seu irmão. Enquanto o ônibus se aproximava, Eliza embarcou, seu rosto marcado pela determinação e pela incerteza do desconhecido. Desembarcando em uma pousada modesta, Eliza conseguiu um quarto com a ajuda da hospedeira simpática, que lhe entregou a chave com um olhar compassivo.

— Aqui está, querida. Espero que encontre o que está procurando — , disse a mulher, tocando levemente o ombro de Eliza antes de se afastar.

Sozinha em seu quarto, Eliza sentiu o peso da responsabilidade sobre seus ombros.

— Agora, preciso encontrar um emprego —, murmurou para si mesma, determinada a construir uma base sólida antes de embarcar na busca incansável por seu irmão desaparecido.

Na tranquila sala de estar da mansão de Fernando, a tensão pairava no ar enquanto Gabi se preparava para revelar algo sobre Renner. Fernando, com uma expressão de curiosidade e preocupação, aguardava sua explicação.

— Posso ajudar em alguma coisa? —, perguntou Fernando, rompendo o silêncio tenso.

Gabi respirou fundo antes de responder: — Sim, eu quero falar sobre o Renner.

Antes que Gabi pudesse continuar, o telefone interrompeu a conversa. Fernando atendeu, mas em poucos minutos sua expressão mudou drasticamente, sua face se tornou pálida e lágrimas começaram a rolar por suas bochechas.

— Aí Meu Deus, aconteceu alguma coisa? —, perguntou Gabi, alarmada com a mudança repentina de Fernando.

Com a voz trêmula, Fernando respondeu: — Sim, encontraram meu filho morto.

O choque se espalhou pela sala enquanto Gabi tentava processar as palavras de Fernando: — Você tem certeza? —, perguntou ela, incapaz de acreditar no que estava ouvindo.

Fernando confirmou com tristeza: — Sim, confirmaram o nome dele, o sobrenome. Meu filho está morto.

Gabi expressou suas condolências enquanto Fernando se preparava para lidar com a difícil tarefa de informar sua esposa sobre a terrível notícia. Com a mente girando e o coração partido, Fernando saiu apressadamente da sala, determinado a ligar para sua esposa, que estava longe, organizando um desfile em Paris. Enquanto Fernando enfrentava a dolorosa tarefa de comunicar a tragédia para Débora, a sua esposa, Gabi agiu rapidamente, enviando uma mensagem para todos os amigos, convocando-os a se reunirem na casa de Daniel para apoiar Fernando neste momento de profunda dor e angústia.

O sol estava se pondo quando Gabi chegou ao apartamento de Lígia e João. Ela adentrou o local com uma expressão séria, seu coração pesado com o fardo da notícia que carregava. Sem hesitar, dirigiu-se ao quarto de Daniel, onde o jovem estava mergulhado em pensamentos, perdido em seus próprios devaneios.

— Daniel —, disse ela, sua voz carregada de preocupação. — Você mandou uma mensagem querendo falar com a gente.

— Sim —, respondeu ele, olhando para Gabi com uma mistura de expectativa e apreensão. — Mas onde estão os outros?

— Eles ainda não chegaram —, explicou Daniel rapidamente. — Mas estão a caminho.

Gabi respirou fundo antes de pronunciar as palavras que mudariam tudo: — Eu tenho uma péssima notícia para dar.

As palavras pairaram no ar, carregadas de um peso indescritível. Daniel engoliu em seco, sua mente girando com o que poderia ser tão terrível.

— Que notícia é essa? — perguntou ele, sua voz vacilando ligeiramente.

— Já encontraram o Renner — respondeu Gabi com gravidade.

Um silêncio pesado caiu sobre o quarto, interrompido apenas pelo som da batida do coração de Daniel. Seu peito apertou-se com uma mistura de choque e temor. Não podia ser verdade. Não o Renner... não agora. Congelado no lugar, ele sentiu o mundo girar ao seu redor, enquanto as sombras da incerteza o envolviam. O que isso significava para eles? E o que aconteceria a seguir? O destino deles estava agora nas mãos do destino, e o futuro parecia mais incerto do que nunca.

— Gabi, você tem certeza mesmo? —, Daniel perguntou em um sussurro tenso.

— Sim, eu estava lá quando ligaram para Fernando —, respondeu Gabi, sua voz carregada de ansiedade.

Um arrepio percorreu a espinha de Daniel: — Agora nosso pesadelo vai começar —, murmurou ele, seus olhos refletindo o medo que todos sentiam.

Poucos minutos depois, Olívia, Thiago e Pedro entraram no apartamento, suas expressões uma mistura de confusão e preocupação.

— O que está acontecendo? —, perguntou Olívia, olhando ao redor do quarto em busca de respostas.

— Encontraram Renner —, Daniel anunciou sombriamente.

— Tem certeza disso? —, Pedro questionou, incrédulo.

— Sim, sim, sim —, Gabi confirmou, sua voz trêmula.

— Estamos em apuros agora —, murmurou Thiago, sua mente trabalhando freneticamente em busca de uma solução.

— Daniel, você tem algum plano? —, Pedro perguntou, esperançoso por uma orientação em meio ao caos.

— Eu não sei o que fazer agora —, admitiu Daniel, sua voz vacilante.

Olívia, sempre astuta, interveio: — Eu tenho uma ideia —, anunciou ela, capturando a atenção de todos.

— O que é? —, perguntou Pedro, ansioso por uma faísca de esperança.

— Vamos todos para a casa de Fernando —, propôs Olívia, sua voz firme com determinação.

— Mas por quê? —, Daniel questionou, confuso.

— Eu sei exatamente o que devemos fazer —, respondeu Olívia, um brilho misterioso em seus olhos, sugerindo que ela tinha um plano meticulosamente elaborado.

O sol brilhava forte sobre a pequena cidade litorânea onde Eliza se encontrava. Sentada na cama de seu modesto quarto na pousada, ela se viu imersa em pensamentos sobre como poderia ganhar dinheiro extra. Foi então que uma ideia brilhante atravessou sua mente.

— Vou vender empadas na praia! —, ela exclamou para si mesma, sentindo a empolgação percorrer seu corpo.

Sem hesitar, Eliza se levantou e se dirigiu ao supermercado mais próximo, determinada a colocar seu plano em ação. Lá, ela escolheu cuidadosamente os ingredientes necessários para suas empadas, imaginando o sabor delicioso que iriam proporcionar aos clientes. Com a sacola cheia de ingredientes em mãos, Eliza retornou à pousada com um sorriso no rosto. Ela abordou a dona da pousada e explicou seu plano, pedindo permissão para utilizar a cozinha.

Com um aceno de aprovação da dona da pousada, Eliza se sentiu ainda mais determinada. Rapidamente, ela se dirigiu à cozinha, começando a preparar suas empadas com habilidade e entusiasmo. O aroma tentador começou a preencher o ar, deixando Eliza ainda mais confiante em seu empreendimento. Enquanto o sol se punha no horizonte, Eliza trabalhava incansavelmente na cozinha, sabendo que sua nova jornada empreendedora estava apenas começando.

...{...}...

A manhã despertou com os primeiros raios de sol filtrando pelas cortinas da pequena pousada onde Eliza se estabelecera. Na acolhedora cozinha, o aroma tentador de massa recém-preparada pairava no ar, misturando-se com o cheiro suave de temperos frescos. Eliza, com seu avental de linho manchado de farinha, movia-se com destreza entre os utensílios, preparando suas empadas com cuidado meticuloso. Frango desfiado, camarão suculento, queijo derretido - cada recheio ganhava vida sob suas mãos habilidosas. Enquanto moldava as empadas, sua mente fervilhava com a promessa do dia seguinte.

— Amanhã bem cedo —, ela murmurou para si mesma, um sorriso de determinação brilhando em seus olhos cansados. — Vou começar a vender minhas empadas.

A ideia de compartilhar seu talento culinário com os outros enchia Eliza de alegria e nervosismo. Seria o começo de uma nova jornada, uma chance de mostrar ao mundo o sabor único de suas criações. Com um último toque de perfeição, ela finalizou as últimas empadas e olhou em volta para a cozinha silenciosa. O sol agora iluminava completamente o ambiente, e Eliza sentiu um arrepio de empolgação percorrer sua espinha. Com o coração cheio de esperança, ela cobriu as empadas com cuidado e preparou-se para a noite que viria. Amanhã seria o dia em que sua paixão se transformaria em realidade, um novo capítulo começaria em sua vida, e ela estava pronta para enfrentar o desafio com todo o vigor que tinha.

Na imponente sala de estar da mansão de Fernando, as sombras dançavam nas paredes enquanto Olívia, Pedro, Thiago, Daniel e Gabi aguardavam sua chegada. O ar pesado de suspense envolvia o ambiente, criando uma aura de mistério e tensão. Quando Fernando finalmente adentrou a sala, sua presença dominou o espaço. Seus olhos buscaram os rostos dos presentes, capturando cada expressão com uma intensidade silenciosa.

— Sr. Fernando —, começou Olívia, sua voz firme cortando o silêncio, precisamos falar sobre o que aconteceu com o seu filho

O magnata fitou-os com uma mistura de curiosidade e apreensão: — O que aconteceu com meu filho é uma tragédia —, murmurou ele, sua voz carregada de dor e descrença.

— É sobre essa tragédia que aconteceu com seu filho que viemos falar —, retomou Olívia, determinação marcando cada palavra.

Fernando franziu a testa, seus pensamentos correndo em todas as direções: — E vocês sabem alguma coisa? — ele perguntou, uma ponta de esperança brilhando em seus olhos cansados.

Olívia assentiu solenemente: — Sim, sabemos quem matou seu filho... foi o seu piloto de helicóptero.

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