Cecília: Tomo um banho demorado, desligo o meu celular e fico sentada na varanda pensando nos últimos três anos ao lado do Dylan. Nos conhecemos num jantar de negócios, tínhamos tanto em comum, ele me compreendia e respeitava os meus limites. Me acostumei com ele porque era cômodo, resolvíamos tudo com conversa, não tinha estresse e nem cobranças. Achava realmente que isso, seria suficiente para uma vida longa ao lado dele. Pego um robe e desço no frio até o jardim secreto, sempre quis entender porque a Alice ficava no frio e agora entendi, dói nos ossos, acabo me permitindo colocar para fora toda a dor que me sufoca e choro até não aguentar mais.
Lucas: Estou na guarita, quando vejo pelas câmeras a Cecília saindo sozinha de casa, caminho até o jardim e fico de longe só observando ela. É uma das noites mais frias do ano e a Cecília tira o robe e fica apenas com uma camisola fina de cetim preta. Ela cai de joelhos, abraça o robe e chora. O seu choro é carregado de dor e angústia. Fico onde estou, apenas observando ela. Depois de um longo tempo assim, ela coloca o robe, se levanta, seca as lágrimas e sai como se nada tivesse acontecido. Vou me deitar e me lembro do momento que abracei a Cecília, vê-la tão frágil me fez querer protegê-la. Cerro com força os meus punhos e respiro fundo, com dificuldade para dormir.
Cecília: Me deito e pego no sono. Acordo cedo, tomo banho, faço a minha higiene, passo maquiagem, para disfarçar o hematoma na minha testa e me visto. Envio uma mensagem ao Lucas avisando que vamos sai em dez minutos, termino de me arrumar e desço as escadas. Os meus pais me olham com espanto e forço um sorriso para eles.
Bernardo: Aonde pensa que vai?
Cecília: Bom dia pai! Vou trabalhar e não me espere para jantar!
Dou um beijo no meu pai e na minha mãe.
Júlia: Não vai tomar café da manhã filha?
Pergunto preocupada.
Cecília: Não, obrigada mãe.
Dou bom dia a todos, abraço a Ana e caminho até a porta.
Ana: Não vai irmã, precisa descansar.
Cecília: Já descansei, tenham um bom dia.
Lucas: O frio da rainha de gelo pode ser sentindo a distância. Ela caminha com um olhar vazio em direção ao carro, realmente pensei que depois de ontem ela não sairia de casa hoje. Porém, mais uma vez ela me surpreende.
Cecília: Bom dia Lucas, obrigada por ontem.
Lucas: Só fiz o meu trabalho senhora Cecília.
Cecília: Pode ir direto para empresa do Dylan.
Lucas me encara com curiosidade, mas não fala nada. Durante o trajeto olho a minha aliança de noivado e fico pensando em tudo. O Lucas abre a porta do carro, me trazendo de volta a realidade, desço do carro e entro na empresa do Dylan. Como imaginei, ele está sentado na mesa dele trabalhando como se nada tivesse acontecido. Assim que ele me vê, abre um sorriso.
Dylan: Meu amor...
Cecília: Tiro a minha aliança e coloco na mesa dele.
Da tanto valor ao dinheiro, que imaginei que fosse querer o anel de noivado de volta Dylan.
Dylan: Não fala assim o meu amor, tive que tomar aquela decisão em segundos.
Cecília: Apenas alguns segundos são o suficiente para mudar uma vida inteira Dylan. Só se importou com o dinheiro.
Dylan: Porque tinha certeza que ficaria bem. Se tivesse passado a senha teria perdido tudo, lutei muito para chegar onde estou e você teria feito o mesmo!
Cecília: Não teria Dylan, daria tudo que tenho para não te machucarem. Mas, isso só me mostrou o quanto somos diferentes.
Dylan: Errei, eu sei, mas podemos consertar tudo.
Cecília: Não podemos e se fosse você sairia da cidade como o meu pai sugeriu. A três anos venho te ajudando com os seus contratos, mas isso acaba hoje! Agora Dylan, é meu concorrente direto e sabe que não sou uma pessoa piedosa!
Me afasto e quando passo pela porta escuto os passos apressados do Dylan, Lucas caminha na direção dele e peço que pare fazendo um sinal com a mão. Dylan, segura o meu braço e soco com força o nariz dele, ele cai no chão com o rosto sangrando e uma expressão de dor.
Dylan: Quebrou o meu nariz!
Cecília: Nunca mais se aproxime de mim!
Saio com uma dor excruciante na mão, mas não deixo que ninguém perceba. Lucas para num parque de trailers e desce, fico sem entender o que esse louco pensa que está fazendo. Ele volta com um saco com gelo e me entrega. Me incomoda como ele parece saber o que preciso.
Obrigada.
Lucas: Não foi nada.
Noto a expressão de alívio da Cecília pelo retrovisor do carro, colocando o gelo na mão.
Cecília: Olho para frente e vejo o Lucas me encarando, depois de tudo fico extremamente sem graça de olhar para ele, principalmente pelo fato dele ter visto os meus seios. Desvio o olhar, fico olhando a paisagem pensando nas últimas vinte e quatro horas. A pouco estava planejando o meu casamento e a agora não faço ideia do que vou fazer daqui para frente. Entro na empresa e subo no terraço, caminho até o parapeito e fico um tempo com os olhos fechados.
Lucas: Quando penso que ela iria chorar, ficar triste e abalada com tudo que passou nas últimas vinte e quatro horas, a Cecília me surpreende outra vez.
Se tem tanto medo de altura, porque subir no terraço?
Cecília: Abro os olhos e olho para baixo, sinto o meu coração disparar e respiro com dificuldade.
É pela sensação de estar no controle da minha vida. Aqui, o medo existe, mas não me domina. Tem medo de altura?
Lucas: Porque a pergunta?
Cecília: Curiosidade.
Lucas: Não tenho.
Cecília: Do que tem medo?
Dou um passo para frente, tiro os meus saltos e subo no parapeito.
Lucas: De nada!
Cecília: Dizem que um homem sem medo é perigoso.
Lucas: Desce daí.
Cecília: Não tem medo e ainda sim, a sua voz soou carregada de preocupação.
Lucas: É meu dever cuidar de você.
Cecília: Abro os braços e sinto o vento tocar a minha face e movimentar levemente os meus cabelos.
Lucas: Cecília sorri, é impossível não notar o quanto ela é bonita. Principalmente sorrindo.
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Atualizado até capítulo 92
Comments
Josilda Maria
Soldado abatido kkkk
2025-01-27
0
Marcia Patette
Soldado abatido
2025-01-18
0
Maria Socorro Netos
Lucas vai se apaixonar por ela ela merece ser feliz
2024-12-03
2