| Alguma Mulher Sem Identificação, Deu Entrada?

Camila: Saio cedo para trabalhar, me distraio por um instante e perco o controle da moto, são segundos de desespero, deslizo pelo chão tentando me proteger antes de bater com tudo num parapeito. Fico tonta e tento manter os olhos abertos, com medo que um carro não me veja e seja atropelada, mas perco a consciência.

Theo: Camila não chega na academia, pergunto por ela e sou informado que ela nunca se atrasa ou falta. Ligo para a Claudia e noto o seu desespero quando ela diz que ela saiu a mais ou menos uma hora. O Ângelo ativa o rastreador, ainda estou na linha com a Claudia, quando ouço ele dizer que o sinal do rastreador, está no hospital central. Desligo o telefone e vou para o hospital, que é perto de onde estou. Pergunto na recepção pela Camila e não tem nenhuma paciente com esse nome.

Alguma mulher sem identificação, deu entrada?

Recepcionista: Tem uma mulher que sofreu um acidente de moto e chegou desacordada.

Theo: É ela, é a Camila.

Recepcionista: É parente dela senhor?

Theo: Sou. Ela está bem?

Recepcionista: Deu entrada desacordada, vou pedir mais informações. Aguarde aqui por favor.

Theo: Passo as mãos pelos cabelos e ando de um lado para o outro desesperado. A recepcionista não leva dois minutos para voltar, mas são dois minutos eternos sem notícias da Camila.

Recepcionista: Ela está acordada, se chama Camila e está consciente. Pode me acompanhar?

Theo: As palavras não saem, só afirmo que sim com a cabeça e sigo a recepcionista. Entro no quarto da Camila e corro até a cama, seguro a mão dela e passo a mão pelo seu rosto.

Se machucou?

Camila: Estou bem, foi só um susto.

No rosto do Theo só tem medo e desespero. Ele beija a minha testa e continua passando as mãos pelo meu rosto procurando qualquer machucado.

Theo: Por Deus Camila, quase morro de preocupação.

Camila: Como soube que estava aqui?

Theo: Não foi a academia, perguntei por você e me falaram que nunca faltava. Fiquei com um sentimento de angústia e liguei para sua mãe. Ela avisou ao seu pai, que te rastreou, logo eles devem chegar, estava mais perto.

Camila: Melhor ir Theodoro, o meu pai pode estranhar estar aqui com essa expressão de preocupação. Eu estou bem, fiz exames de imagem e não me machuquei, desmaiei pela força do impacto.

Theo: Mila, pelo amor de Deus, se sair daqui vou enlouquecer.

Camila: O médico vai me dar alta dentro de algumas horas, estou apenas em observação. Te encontro meia-noite no portão da minha casa e conversamos. Agora vai, por favor.

Theo me dá um beijo no topo da cabeça, ele está angustiado e sai do quarto com dificuldade. Não queria conversar com ele, mas talvez essa conversa seja necessária para fechar esse capítulo da minha vida. Os meus pais chegam, no hospital. Estava com roupa apropriada e não me machuquei na queda. O médico explica que tive sorte, não costumo correr e isso foi essencial, porque se estivesse correndo, poderia ter sido fatal a queda. A minha moto foi destruída, mas estou bem e isso é o que importa.

Ângelo: Terá um motorista e não quero mais saber de moto filha.

Camila: Pai, foi só um acidente. Ouviu o médico, estou bem.

Ângelo: Sem discussão filha, nunca fui a favor de disso, sabem que esse tipo de emoção é perigoso para mim. Passei mal a caminho do hospital.

Camila: Pai, meu Deus! Me perdoa.

Ângelo: Só me promete, que não vai comprar outra moto.

Camila: Prometo pai.

Falo muito triste, amo pilotar, a adrenalina, a sensação de liberdade, o prazer que sinto e algo incrível. Mas, nada disso importa mais do que o bem estar do meu pai.

Na mansão da Cecília...

Cecília: Recebo uma ligação do Theo avisando que a Camila sofreu um acidente de moto e sinto o meu coração disparar. Me visto rápido, pego o essencial e desço as escadas correndo. Aviso aos meus pais e sigo até o Lucas.

Bom dia! Hospital Central, o mais rápido possível. Pode fazer a rota que preferir.

Lucas: Cecília fala abrindo a porta e entrando no carro completamente desesperada. Sigo em silêncio olhando ela pelo retrovisor impaciente. Algo parece ter preocupado a rainha de gelo.

Cecília: Lucas para o carro e praticamente salto dele, sou acompanhada até o quarto da Camila agoniada e assim que vejo ela sorrindo com os pais, sinto um alívio enorme.

Mila...

Camila: Estou bem, foi só um susto.

Cecília me abraça apertado.

Cecília: Desculpa, posso te abraçar?

Camila: Não quebrei nada e nem estou com dor. Estou bem.

Cecília: Mila, tem que se livrar daquela moto.

Camila: Foi a última vez, terei um motorista engomadinho agora.

Encaro o gato que acompanha a Cecília, ele é um homem bonito, mas com um olhar vazio que me causa calafrios. Já vi ele treinando na empresa, era destaque e derrubou os nossos melhores homens em tempo recorde nos treinos.

Cecília: Lucas, pode aguardar do lado de fora.

Lucas sai e os pais da Camila vão abrir a ficha dela.

Camila: O que o gostosão faz aqui?

Cecília: Quem? O Lucas? Ele é o meu motorista e guarda-costas novo.

Camila: Quero um desses para mim. Ele não vai muito com a sua cara ou é só sério assim mesmo?

Cecília: Falei isso ao meu pai, que ele me odeia. Mas, ele pareceu ganhar a confiança dele.

Camila: Já vi ele na academia, não treino homens, mas sempre acompanho os treinos e ele é muito bom. Talvez seja igual aos outros funcionários, que nos odeiam por sermos mulheres e estarmos no comando.

Cecília: Alguém me odiar não é novidade. Está bem mesmo?

Camila: Estou ótima, só estou em observação. Combinei de falar com o Theo hoje.

Cecília: Ótimo, precisam conversar.

Camila: Só combinei, porque sinceramente me deu dó, do jeito que ficou preocupado.

Cecília: Ele errou, mas gosta de verdade de você.

Camila: Já fomos amigos e talvez ainda possamos ser.

Cecília: É engraçado, porque parece que você acredita nisso mesmo.

Camila: Claro que acredito, porque é verdade.

Cecília: Tudo que eu mais quero é te ver feliz e ainda que possa estar errada, acredito que essa felicidade será ao lado do Theo. Ele errou e queria bater nele por isso, mas se ouvir ele, talvez entenda as motivações dele e consiga perdoá-lo.

Camila: Eu sei às motivações dele.

Cecília: Mas precisa ouvir dele, entender como ele se sentiu também.

Camila: Irei ouví-lo, mas definitivamente não acredito que isso vá me fazer mudar de ideia.

Cecília: Veremos, de qualquer forma, estarei ao seu lado.

Converso um pouco com a Camila, logo todos da família chegam e resolvo ir para empresa. Lucas, segue em silêncio e permanece com o olhar frio.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***