| Acabou, Está Tudo Bem

Cecília: Lincon pega um cortador de charuto, ele testa no ar e se aproxima de mim, me fazendo gemer de dor outra vez segurando com força a mão que ele praticamente esmagou. Olho o Dylan, que fecha os olhos e não consigo acreditar. Lincon volta a passar a arma pelo outro lado do meu decote, me deixando exposta, enquanto passa a língua pelos meus lábios por cima da fita.

Lincon: Uma pena estar sem tempo, ia amar brincar um pouco você. Agora, vamos ao que interessa. A senha ou um dedo Dylan?

Cecília: Encaro o Dylan, em segundos ele toma a decisão sem hesitar, de deixar o Lincon me torturar. Mal respiro vendo ele fechar os olhos com força, enquanto sussurra um pedido de desculpas. Lincon coloca o cortador de charuto no meu dedo e olho ele nos olho com ódio.

Lincon: Não me olha assim princesa, essa decisão foi do Dylan, ele é quem se importa mais o dinheiro do que com a noivinha.

Lucas: Cecília está demorando, observo atentamente tudo e não vi ninguém fazendo a ronda da empresa. Saio do carro e faço a ronda estranhando uma empresa desse porte não ter seguranças. Vejo um segurança sentado, perto da garagem privada, ele parece estar dormindo. Chamo, ele não responde, me aproximo, chuto o seu pé e ele cai. Merda! Confirmo que o segurança está morto, arrasto ele até a garagem e abro a porta com a digital dele. Entro em silêncio, envio uma mensagem com um relatório ao Bernardo. Vejo a Cecília amarrada a uma cadeira, olho e vejo três homens, todos armados e o Dylan está ao lado dela. O "lider" parece o cara que está falando com a Cecília, ele passa a arma pelo decote dela a deixando quase exposta e em seguida tampa o nariz dela, o noivo não faz nada e começo a entender o que está acontecendo. Procuro a melhor posição para derrubar os dois homens que estão um pouco mais distantes que a Cecília. Ela chora olhando para noivo e o babaca com a arma a deixa exposta passando a língua na boca dela por cima da fita. Ele pede mais uma vez uma senha ao Dylan, que se nega, mesmo sabendo que isso vai custar um dedo da Cecília.

Cecília: Escuto dois disparos e os dois homens que estavam com o Lincon caem. Os tiros foram fatais, um levou um tiro na cabeça e outro no coração. Lincon coloca a arma na minha cabeça e tampa o meu nariz outra vez.

Dylan: Está acabando amor, eu sabia, sabia que ficaríamos bem.

Lincon: Cala a boca, não vou repetir, passa a porra senha, mande os seus homens abaixarem as armas e se entregarem. Caso contrário vai ver a sua noivinha morrer bem diante dos seus olhos.

Cecília: Me concentro para não perder a consciência. Sou uma ótima mergulhadora e coloco em prática o meu treinamento me mantendo calma. Escuto dois disparos e o Lincon cai do meu lado com um tiro no meio da testa e outro no coração. Fecho os olhos com força e me assusto quando sinto alguém subindo o meu decote. Respiro aliviada vendo quem é, o Lucas solta os meus braços, pernas e termino de me cobrir. Ele fez isso de modo respeitoso e se quer me tocou indevidamente. Encaro o Lucas tentando normalizar a minha respiração enquanto ele tira a fita da minha boca. Estou apavorada, o Lucas me abraça e permito me envolver nos braços dele e mesmo sem entender, isso me acalma.

Lucas: Acabou, está tudo bem.

Cecília parece calma por fora, mas é possível sentir o seu medo, sem pensar muito abraço ela, que se treme inteira nos meus braços. Sinto ela se acalmar aos poucos.

Dylan: Amor... Amor...

Cecília: Me tira daqui Lucas... por favor.

Se quer olho para o Dylan.

Lucas: Ajudo a Cecília a levantar e ela se apoia no meu ombro. Passo a mão pela cintura dela e saímos da garagem.

Dylan: Precisa me soltar! Amor... Cecília...

Bernardo: Vejo o Lucas saindo com a Cecília e corro até eles.

Filha!

Cecília: Abraço os meus pais dizendo que está tudo bem, mas por dentro a sensação é que o que sobrou se quebrou. Sussurro um obrigada ao Lucas, que se afasta.

Estou bem pai.

Júlia: Vem meu amor.

Levamos a Cecília até a ambulância, o Lucas fica distante apenas encarando ela. O paramédico disse que não tem sinal de concussão e que ela não quebrou nenhum osso da mão. Ele aconselha levá-la ao hospital para avaliar e a Cecília se recusa. O Bernardo tenta convencer ela a ir, mas ela não aceita. O Dylan tenta se aproximar e o Bernardo dá um soco nele. Ele faz menção a reagir e o Lucas o imobiliza, colocando o Dylan de cara no chão, com o joelho no pescoço dele.

Lucas: É ruim tentar e não conseguir respirar não é mesmo?

Júlia: Lucas deixou o celular gravando, e assistimos a tudo ao vivo durante o caminho. Peço ao Bernardo calma, a Cecília está claramente escondendo como se sente de verdade e precisa de nós dois agora.

Solta ele Lucas, não vale a pena.

Lucas: Solto o Dylan, mas a vontade é quebrar o pescoço dele.

Bernardo: Vai se mudar de cidade Dylan, porque se ficar em Seattle vou destruí-lo!

Dylan sai com segurança dele, o Lucas e a Cecília falam com a polícia. Insisti para a Cecília ir ao hospital e ela não aceitou. A levamos para casa e noto como o olhar dela escureceu.

Júlia: Filha...

Cecília: Vou ficar bem, vou me reerguer outra vez e quantas vezes for necessário. Não se preocupem comigo!

Bernardo: Eu sei o quanto é forte, a vi passar pelo inferno e renascer das cinzas, mas precisa respeitar os seus limites. O Dylan é idiota...

Cecília: Não pai! Eu sou uma idiota! Me coloquei nessa situação. Eu sabia, no fundo eu sabia quem o Dylan era, mas pensava que realmente poderíamos ser bons um para o outro. Fiquei vulnerável pela última vez!

Júlia: Filha, não pode se fechar para o amor.

Cecília: Nunca mais mãe, vou permitir que alguém me faça sentir o que estou sentindo agora. Nunca mais!

Júlia: Chegamos em casa, o Lucas estaciona o carro e todos tentam falar com a Cecília, abraçar ela, mas ela não permite e sobe para dormir. Fico arrasada, me sento com a Ana, o Felipe e o Bernardo, depois de todos vão embora. Cecília se fechou de vez e agora temo que ela nunca consiga se abrir outra vez.

Ana: Ela só não encontrou a pessoa certa mãe e quando encontrar irá derrubar todas essas barreiras.

Júlia: Assim espero.

Ana e Felipe vão se deitar e fico com o Bernardo no escritório. Ele está tentando entender quem é Lincon.

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