Capítulo 13

Xavier se ajoelha diante deles, ele vai apanhar no lugar da loirinha? eu não tô acreditando nessa m*erda.

— Venom.

Eu tento impedir e ele me encara.

— Não, eu sou o dono dessa po*rra de morro, não vou deixar que alguém que estava apenas se defendendo seja punida por reagir, eu atirei.

Encara Yuri.

— Seu irmão era um escroto filho da pu*ta, um estup*rador de merda que só não tinha virado esterco porque geral baba seu ovo mais como dizia meu pai eu não sou todo mundo, matei aquele pau no c*ú, e mato qualquer um desses fracassados que vier cantar de galo no meu morro, tem que cobrar o vacilo? faça logo, eu sou o dono do chapadão, eu decido quem vai ser julgado aqui.

Yuri o olha com um misto de raiva e satisfação, o primeiro chute foi dado por ele, quando um dos vapores se aproxima com um pedaço de madeira eu me viro de costas, eu posso ouvir as pancadas, posso ouvir as risadas mas não escuto um só grito ou gemido do Xavier, toda me*rda duram minutos que parecem dias, foi o Dan quem cronometrou toda pancadaria, eu só queria matar todos aqueles desgr*açados, o Xavier é um homem inteligente, ele sabia desde o início que não seria essa a punição que dariam a Kaya, a mina é bonita demais para apanhar, ia virar rodízio na mão de vagab*undo então se certificou de que fosse ele a pagar pelo vacilo, quando o barulho cessa me viro para olhar, Xavier ainda está de joelhos, agora muito machucado, tanto seu rosto quando sua boca sangram, o corpo está completamente coberto por hematomas, Yuri tenta se aproximar mais uma vez e eu me ponho a sua frente.

— Já é seu otário, acabou,se encostar nele de novo seus pais vão enterrar dois e não um dos filhos deles amanhã.

Yuri ri, sabe muito bem que eu só não intervi por ordens de Xavier, Dan se aproxima entrando na nossa frente.

— É certo pelo certo Yuri, seu irmão vacilou tá ligado? rodou porque foi otário, o Venom recebeu a punição no lugar da mina e é isso, não pode simplesmente ignorar as regras.

Dan, dono do Jacarezinho, 35 anos

Yuri sai completamente contrariado, está levando o corpo do irmão e certamente isso aqui não foi um ponto final, é apenas o início de uma guerra entre o chapadão e o PCC, Não sei o porquê do Xavier ter comprado essa briga, to ligado que ele odeia injustiça, que odeia malandro folgado mais ele jamais botaria o dele na reta por alguém que não fosse importante, o ajudo a se levantar e ele mal consegue ficar de pé seu olho esquerdo não se abre e a cabeça está sangrando.

— Te fod*eram na paulada mermão.

Dan diz acendendo um cigarro.

— E tu tá adorando que eu sei filho da pu*ta.

Xavier ri.

— A gente é irmão, a pu*ta em questão é a mesma.

Dan faz graça, me ajuda apoiando Venom contra seu ombro, esses dois um dia vão acabar em uma roubada, nunca vi família mais complicada, Colocamos o Venom em um carro, na entrada da casa dele os vapores nos recebem com armamento até os dentes.

— Por*ra, o que houve com o patrão?

Buscapé pergunta.

— Não fo*de moleque, abre logo essa po*rra.

Digo e ele obedece, entramos no barraco e ele mal consegue andar.

— Tú vai precisar de um médico, isso vai levar pontos.

Aponto para o supercílio aberto e ele nega, se escora ao encosto do sofá encarando o teto, pego um copo com água e nesse exato momento a loirinha da casa sete desce as escadas.

— Deus.

Ela corre em direção a ele.

— O que aconteceu?

Pergunta visivelmente preocupada.

— Não é nada.

Xavier diz como se tentasse me impedir de dizer a verdade.

— Que diabos vocês têm na cabeça, todos desse morro são malucos?

Ele ri, Dan estreita o olhar.

— A mina te esculacha depois de tú levar uma surra por ela e você ri?

Os olhos de Kaya se arregalam no rosto, ela olha imediatamente para Venom.

— Está assim por minha causa?

— Você matou indiretamente o líder de uma das maiores favelas do Rio de janeiro pirralha, acha que tudo é simples assim? Meu irmão é um babaca, eu tinha deixado tú se fo*der.

Dan caminha até a porta, é o rei do caos, joga a bomba e simplesmente mete o pé.

— Eu preciso de um banho.

Xavier se levanta, a camisa jogada no ombro está lavada de sangue.

— Mal consegue parar de pé.

Digo ao vê-lo cambalear, seguro seu braço.

— Eu posso ajudar.

Kaya diz e tanto eu quanto ele olhamos para ela.

— Já Fez isso antes?

Pergunto me referindo ao cuidado com alguém ferido, Xavier ri.

— Nem beijar ela sabe, tô ensinando.

Ela o estapeia e ele grita, faz graça, sequer gemeu na surra que levou dos grandalhões do tráfico agora tá aqui choramingando com o tapa de uma garotinha de um metro e setenta.

— Já dei banho no meu cachorro uma vez, não deve ser difícil, eles são até parecidos.

Ela resmunga e eu não consigo conter a risada, mulher nenhuma nunca esculachou tanto o Xavier, Kaya me ajuda levá-lo ao quarto.

— Tem certeza que consegue fazer isso?

Ela assente.

— Eu posso fazer Kaya, ele tem o dobro do seu tamanho, é um homem pesado, vai dar conta?

— As vezes eu me pergunto porque somos amigos.

Xavier resmunga.

— Não sei se está tentando me ajudar ou me foder, po*rra Gutem deixa a loirinha me dar um banho.

Ele faz graça, sussurra quase de forma inaudível, definitivamente eu não conhecia esse lado brincalhão do Venom.

— Ele está assim por minha causa, nada mais justo do que eu cuidar dele, onde ficam as toalhas?

— No armário do corredor.

Ele diz e ela sai deixando nós dois sozinhos.

— Mete o pé cara.

Ele fala baixinho.

— Não tá fodi*do?

— Não, o Yuri bate que nem uma menininha, os homens dele são um bando de frouxos, da no pé que eu vou tentar a sorte com a loirinha.

— Você vai é apanhar dela.

Digo andado até a porta.

— Talvez eu goste.

Ele ri brincalhão a noite certamente vai ser longa, dois malucos em uma mesma casa, se odiando e se ajudando quando na verdade um dos lados está tentando matar o outro que já está todo quebrado, tá aí um desfecho que eu queria ver.

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