| Dança Comigo?

Darcio: Procuro pela Daiane agoniado. Vejo ela caída no chão, não muito distante me aproximo rápido e noto ela tremendo de frio encolhida.

Daiane...

Daiene: Graças a Deus!

Darcio se aproxima e abraço ele apertado, com o movimento deixo um gemido de dor escapar.

Darcio: Está ferida?

Me afasto e olho com atenção a Daiane que parece assustada.

Daiene: Estou, mas tive sorte. Atlas viu uma cobra e se assustou, ele me derrubou e correu. Torci o pé, não consegue ir atrás dele, a minha sorte foi que a cobra se enfiou no mato, porque nem mesmo iria conseguir correr dela.

Darcio: Teve sorte mesmo, ainda bem que não foi pior. O seu pai está preocupado.

Tiro a minha jaqueta e passo pelos ombros da Daiane. Pego ela nos meus braços e ajudo ela a montar no cavalo. Guio o cavalo com ela em cima.

Daiane: Teremos uma longa caminhada pela frente, porque não sobe no cavalo?

Darcio: Melhor não.

Daiane: É comprometido Darcio?

Darcio: Não.

Daiane: Bom se não é comprometido e não estaríamos fazendo nada de mais, porque prefere ir andando?

Darcio: Se para você, não seria nada de mais, não é quem eu pensei que fosse.

Daiane: Para.

Darcio: Para o cavalo e encaro a Daiane.

Daiane: Isso foi tão grosseiro. Porque falou assim comigo?

Darcio: Conheci o seu noivo e vi que hoje mesmo ele esteve aqui.

Daiane: Não estou mais noiva desde a última vez que o Milton veio aqui. Hoje ele veio tentar reatar, mas não quis. Jamais desrespeitaria ele se ainda estivéssemos juntos.

Darcio: Volto a caminhar com um sorriso no rosto.

Desculpa ter te julgado!

Daiane: Me ajudou hoje, por isso vou perdoá-lo.

Noto um sorriso no rosto do Darcio. Chegamos perto do celeiro e o meu pai veem ao meu encontro. Darcio me ajuda a descer do cavalo me segurando como se não fosse nada pela cintura de forma firme. Chego a sentir a respiração dele no meu rosto. Ele se afasta e me apoia pelo ombro. Fico desnorteada.

Bruce: Filha! Graças a Deus!

Daiane: Conto tudo ao meu pai que me beija com carinho e me envolve nos braços dele me abraçando apertado.

Estou bem pai.

Bruce: Vou te examinar, vamos entrar.

Obrigado Darcio, boa noite.

Daiane: Meu pai devolve a jaqueta do Darcio e coloca a dele em mim, ele me pega nos braços e descanso a minha cabeça no peito dele. Entro em casa e estão todos na sala, até a Melissa. A minha mãe corre ao meu encontro, ela passa as mãos pelo meu rosto procurando algum machucado.

Está tudo bem mãezinha.

Maurício: Nos assustou Dai.

O meu pai senta a Daiane no sofá e abraço ela. Ela conta o que houve e o meu pai examina ela, não é nada de mais, terá que colocar gelo e repousar um dia.

Melissa: Fico encarando à preocupação e o cuidado que todos dessa família têm uns com os outros, Bruna corre até a Daiane e da muitos beijos nela dizendo que o beijo sara os dodois. Ela fica brincando de cozinha perto da Daiane servindo ela e fico apenas observando de longe. Assim que se afastam, me aproximo da Daiane.

Precisa de algo?

Daiane: Estou bem, de verdade Mel.

Melissa: Que bom.

Daiane: Mel, aqui estamos seguras.

Melissa: Dou um sorriso para Daiane.

Com essa mini enfermeira vai ficar bem logo.

Daiane: É o amor da titia.

Bruna me abraça e me beija.

Melissa: As horas passam e começa a chover, não sinto sono e resolvo descer um pouco. Deixo a Bruna protegida e desço as escadas em silêncio, encaro a chuva louca para correr um pouco nela. Hoje me segurei e agora com todos dormindo quero tanto tomar um banho de chuva. Me lembro de dançar na chuva em dias assim quando era mais nova, me encho de coragem e saio. Sinto o vento gelado e as gotas de chuva molhando a minha camisola, corro e danço sozinha com um largo sorriso no rosto. As minhas lágrimas se misturam a água que cai sobre a minha cabeça e me ajoelho agradecendo a Deus a minha liberdade.

Maurício: Estou acordado e vejo a Melissa saindo de casa, sigo ela em silêncio, vejo ela dançando. Ela corre, sorri e chora na chuva. Posso ver um misto de emoção nas expressões dela. Fico encantado, porque não espera vê-la assim, não imagino como deve ter sido difícil, ser privada de algo tão simples como um banho de chuva.

Melissa: Noto o Maurício na porta, ele parece pensativo. Me levanto e encaro ele.

Maurício...

Maurício: Caminho até a Melissa e sinto o vento frio.

Mel, não esperava te ver aqui. Não está com frio?

Melissa: Dança, ajuda com frio.

Maurício: Dança comigo?

Melissa: Estendo a mão para o Maurício e assim que os nossos dedos se entrelaçam não sinto repulsa ou medo. Me assusta muito não sentir medo. Encaro ele séria e seguro a sua mão, ele se aproxima com cautela observando as minhas expressões.

Não senti medo, a repulsa que pensei que sentiria quando outro homem me tocasse, não senti com você.

Maurício: Dou um sorriso e danço com a Melissa, ela não se aproxima muito e não forço.

Melissa: Vou pular na piscina.

Maurício: Corro na frente e pulo na piscina, Melissa sorri e pula em seguida.

Melissa: Está congelando, poderia ter avisado.

Falo batendo os dentes.

Maurício: Não seria justo, pular foi ideia sua.

Me aproximo da Melissa sem saber o que fazer e ela me abraça com o corpo trêmulo. Não sei se é do frio ou da aproximação. Envolvo ela nos meus braços e ela esconde a cabeça no meu peito.

Melissa: Foi a minha pior ideia, os meus ossos doem de frio.

Abraço o Maurício no impulso, só tentando melhorar o frio e me escondo de vergonha com medo de ter ultrapassado os limites. Ele me abraça e me sinto confortável, isso me assusta e me afasto rápido. Vou em direção a escada.

Pode olhar para o outro lado?

Maurício: Claro, me avisa quando puder virar.

Melissa sai e me avisa. Saio em seguida e pego duas toalhas, nos secamos do jeito que dá e entramos.

Melissa: Obrigada.

Maurício: Eu que te agradeço, foi uma experiência maravilhosa. Tome um banho quente para evitar que fique doente.

Melissa: Você também, boa noite Maurício.

Maurício: Boa noite Mel.

Melissa: Vou direto para o banheiro e tomo um longo banho quente, fico pensando em como foi incrível e libertador banhar na chuva. Me deito sorrindo, feliz como há muito tempo não me sentia.

Maurício: Banho rápido e me deito pensando na Melissa, em como foi bom tê-la nos meus braços e em como me sinto ao lado dela. Me sinto um bobo apaixonado, descobrindo o amor pela primeira vez.

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