4 anos depois...
Melissa: Acordo cedo e fico encarando o que sobrou da fazenda dos meus pais, passei quatro anos vivendo um inferno, com um homem cruel e desequilibrado que descontava cada frustração que tinha em mim. Tentei fugir algumas vezes e cada vez o preço era mais alto, parei de tentar quando ele ameaçou bater na Bruna. Agora ela está com quatro anos, uma menina linda e muito inteligente para idade. Edgar registou ela e guardou a certidão de nascimento no cofre, não tenho telefone e ninguém a quem recorrer, mas não desisti da minha liberdade. Desço para fazer o café da manhã, a Bruna acorda e vem direto me abraçar.
(Bruna, 4 anos)
Bruna: Bom dia mamãe.
Melissa: Bom dia minha flor.
Pego a Bruna no colo, abraço e dou vários beijos, tirando lindas gargalhadas dela. Ela é a minha esperança, é o que me fez sobreviver todos esses anos. O meu pequeno milagre que sobreviveu contra todas as probabilidades. As risadas param assim que o Edgar da bom dia a Bruna, esse maldito assustou ela ontem. Gritou com ela apenas porque estava cantando, com a justificativa que a voz dela irrita ele.
Edgar: Bom dia princesas!
Melissa: Bruna esconde o rosto do Edgar e temo a reação dele, porque conheço o psicopata que é esse homem.
Filha, o papai deu bom dia.
Edgar: Por acaso está colocando a minha filha, contra mim Melissa?
Melissa: Não, juro que não Edgar. Ontem ela se assustou, criança é sensível, logo ela vai esquecer.
Edgar: Me dá ela!
Melissa: Entrego a Bruna, porque sei que se não fizer é pior. Ela vai esperneando para o colo do Edgar e fico apavorada com o ódio nos olhos dele.
Desconta em mim... sei que está bravo... é minha culpa, fiz a cabeça dela, está certo... Ela é só uma criança Edgar, está com a cabecinha confusa pelas besteiras que falei sobre você.
Falo desesperada com medo que o Edgar bata na Bruna, ele me olha com ódio e sei que pagarei caro por isso, mas pelo menos a Bruna não ira pagar. Edgar tranca ela no quarto e sou espancada mais uma vez, dessa vez revido, tentando me proteger e ele é ainda mais agressivo. Como sempre o covarde me deixa machucada e sai, provavelmente para voltar depois pedindo perdão e me culpando pelo descontrole dele. Me levanto com dificuldade, sei que tem algo errado comigo quando chego a tossir sangue. Me limpo e me troco para não assustar a Bruna, destranco ela é dou um remédio natural que tenho para ela dormir, assim que consigo acalmá-la. Edgar entra em casa caindo de bêbado e vejo a minha oportunidade de sair daqui, quebro um vaso de barro na cabeça dele que cai desacordado no chão com a cabeça sangrando. Pego as chaves, a carteira, celular e arma dele. Tiro a minha corrente e coloco no pé dele. Subo e pego no cofre a certidão de nascimento da Bruna, a minha certidão de casamento, os meus documentos e as joias da minha mãe. Pego a Bruna dormindo com dificuldade e coloco ela na cadeirinha no carro. Aprendi a dirigi ainda muito nova na fazenda mesmo, foi mais por curiosidade do que por necessidade. A estrada está escura e não sei para onde estou indo. Só sigo sem conhecer nada, nem mesmo as regras e leis de trânsito. Depois de algumas horas o carro para, noto que acabou a gasolina. Pego a Bruna, a mochila e começo a caminhar no acostamento com muito medo do Edgar me encontrar. Fico cada vez mais cansada, tomei dois comprimidos para dor, mas insuportável andar e me sento um pouco. Peço a Deus ajuda, imploro que ele não me deixe apagar com a Bruna nos braços no meio do nada.
Na estrada...
(Dr. Maurício, Obstetra. 34 anos)
Maurício: Estou seguindo para a fazenda do meu pai, amanhã teremos um almoço em família. Resolvo pegar um atalho, apesar de ser uma estrada afastada sigo o meu instinto e só vou. Vejo um carro parado com as portas abertas, reduzo a velocidade e não vejo ninguém no carro ou pelo menos perto. Acho estranho, ando pela estrada atento e noto uma mulher com uma criança nos braços no acostamento. Algo me faz parar, sei que deveria ligar para polícia, mas apenas paro e desço do carro. Ligo a lanterna que peguei no porta luvas e vejo uma mulher que treme agarrada a criança.
A senhora está bem?
Melissa: Escuto uma voz, os meus olhos quase não abrem.
Soc... orro...
Maurício: A mulher me olha e noto como ela está machucada, a sua boca está cortada, os lábios e o olho está inchado, as bochechas têm marcas e tem sangue na mão dela.
Vou chamar a polícia e uma ambulância. A criança está machucada?
Melissa: Ele... é policial... vai... me matar.
Maurício: Encaro a mulher muito machucada, acredito nela e faço uma loucura.
Vou te levar para um lugar seguro, terá que confiar em mim. O meu nome é Maurício e sou médico.
Melissa: Mel... issa...
Só consigo falar isso antes de perder a consciência confiando que Deus não me abandonou.
Maurício: Melissa... Melissa...
Melissa desmaia, passo as mãos pelo cabelo totalmente desnorteado. Melissa pode ser ela ou a criança. Ela está com uma mochila e tudo que sei é que quem agrediu ela é um policial e quer matá-la. Se ligar para polícia, o tal policial vai encontrar ela e com tantos casos de mulheres que são brutalmente espancadas e mortas, a minha mente gira sem saber ao certo o que fazer. Sigo os meus instintos, pego a criança e coloco no banco de trás do carro. Em seguida pego a Melissa, deito ela no banco da frente e fico uns segundos encarando as duas. Não sei o que fazer meu Deus! Entro no carro e sigo para fazenda da minha família, temos quase uma UTI lá que usamos quando a minha vó estava partindo e quis fazer isso em casa. Espero que o meu pai não tenha se desfeito de nada, acredito que a Melissa precisa de atendimento urgente. Sigo devagar pela estrada com as duas desacordadas.
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Atualizado até capítulo 84
Comments
Deusirene Pereira
falando sério, foi bem difícil ler esses capítulos, só conseguir porque conheço algumas das histórias da Jéssica, sei que são maravilhosas.
mas foi pesado 😢😢😭😭😭me quebrei por dentro 😢😭😭😭
2024-04-25
6
Izaura Pessi
Nossa não gosto de ler livro que tem violência contra mulher e criança, que hoi
2024-05-05
0
Simone
Ler é muito difícil, mas pior é saber que isso acontece na vida real.
2024-05-05
0