| O Veterinário Novo

Daiane: Ando em passos lentos até a baia do Atlas, noto o peão que me ajudou dormindo ao lado dele com o chapéu no rosto. Cutuco ele que senta no susto.

Darcio: Opa! Senhora Daiane. Tá tudo bem?

Daiane: Eu que te pergunto, está dormido na baia do Atlas.

Darcio: Ele teve uma noite difícil, fiquei aqui para cuidar dele.

Daiane: É o veterinário novo?

Darcio: Sim.

Daiane: Pode me chamar do só de Daiane. Como é o seu nome?

Darcio: Darcio.

Daiane: Me abaixo e passo a mão com carinho no Atlas.

Ele vai ficar bem, não vai?

Darcio: Se ele levantar até amanhã, vai.

Daiane: Foi minha culpa, ele parecia bem quando me ajudou no outro dia.

Darcio: Não foi sua culpa, ele não é mais tão novo Daiane.

Daiane abraça o Atlas e chora. Saio um pouco da baia para dar privacidade a ela, isso pode acabar sendo uma despedida, pois o Atlas está só piorando.

Milton: É um empregado aqui?

Darcio: Posso te ajudar?

Milton: Estou procurando a minha noiva, Daiane.

Darcio: Está na última baia.

O homem passa por mim sem ao menos agradecer. E vou fazer uma ligação para pedir alguns remédios para o Atlas.

Milton: Porque está no chão agarrada a um cavalo Daiane?

Daiane: Escuto a voz do Milton e corro para os braços dele.

Milton: Aconteceu algo com a sua família?

Daiana: O Atlas está muito doente.

Milton: Quem é Atlas?

Daiane: Te falei tantas vezes sobre ele, como pode não lembrar? É o meu cavalo!

Milton: É por isso que está chorando? Compro outro para você, pare de besteira. Agora vamos entrar, porque preciso cumprimentar o seu pai.

Daiane: Não pode entrar, estamos com um problema de família. Preciso que me acompanhe, te pedi para vim porque queria conversar com você.

Falo secando as minhas lágrimas, horrorizada com como o Milton agiu.

Milton: Se é sobre o telefonema eu peço desculpas, exagerei, mas perdi uma cirurgia para outro médico que se acha o bonzão e estava revoltado. Acredita nisso? É só o seu pai se ausentar do hospital, que sou colocado no banco, espero que ele volte logo!

Daiane: Encaro o Milton falando sem parar dele e reflito sobre a história da Melissa, sobre como ela se enganou e o Edgar mudou depois do casamento. Respiro fundo e tento várias falar, mas o Milton continua falando sobre como ele está sendo injustiçado, enquando meu pai não no hospital.

Milton!

Milton: Desculpa amor, falei, falei e nem te ouvi. Como você está, parece abatida?

Daiane: Tiro o meu anel de noivado e coloco na mão do Milton é fecho ela com os olhos inundados.

Não dá mais...

Milton: Daiane, o que significa isso?

Daiane: Nos precipitando com o noivado, se quer falou sobre casamento no último ano. Posso contar nos dedos as vezes que tivemos alguma conversa que não foi sobre você. Já tem tempo que estou tentando... me culpei, achei que estava sendo egoísta, mas não é isso...

Milton: Daiane me escuta com atenção, eu te amo e isso não pode não significar nada.

Daiane: Eu também te amei, mas não amo mais e nesse caso o amor não foi suficiente.

Milton: Daiane se isso é drama para casar, a gente casa, não precisa disso... Quer atenção? Estou aqui, no fim do mundo com você.

Daiane: Não é drama, não quero mais casar. Não quero um casamento assim, onde tenha que algo acontecer, para me olhar e me ouvir.

Milton: Me levanto e passo as mãos pelo cabelo. Encaro a Daiane com lágrimas rolando pelo rosto. Não olhei para ela nos últimos meses, não ouvi ela implorar por atenção e não fui presente, porque só pensei no trabalho.

Nunca te trai Daiane, essa ausência foi apenas por ambição. Essa ambição virou uma obsessão e parei de te olhar. Não vi que estava te fazendo sofrer. Me perdoa! Você está certa, tenho outro foco agora e não é justo te deixar ao meu lado, quando não vou poder te transformar na minha prioridade. Eu te amo Daiane e posso agora estar cometendo a maior loucura da minha vida te deixando ir, mas te amo o bastante para querer te ver feliz ainda que não seja ao meu lado. Sinto muito de verdade.

Daiane: Posso ver a sinceridade no olhar triste do Milton, agora ele se parece o homem que me apaixonei. Me levanto, abraço ele, seguro o rosto dele e olho nos olhos dele.

Espero que seja feliz.

Milton: Eu também espero que seja feliz, que realize o seu sonho de ter uma família e que esse sortudo de valor ao coração enorme que tem.

Beijo o topo da cabeça da Daiane e me afasto.

Daiane: Milton vai embora e me sento um pouco tentando respirar. Seco as lágrimas que descem sem controle pelo meu rosto. Já fomos felizes e apaixonados, nos perdemos em algum lugar do caminho e lamento por isso. Volto a baia do Atlas e o Darcio está tratando dele.

Desculpa, posso voltar depois.

Darcio: Me levanto e me aproximo da Daiane, noto muita tristeza nos olhos dela.

Está tudo bem?

Daiane: Mesma resposta... Não, mas vou ficar.

Forço um sorriso.

Darcio: Quer falar sobre isso?

Daiane: Melhor não, se não vou chorar de novo.

Darcio: Se precisar chorar não segura. Mas, se precisa se distrair pode me ajudar a cuidar do Atlas.

Daiane: Vou ficar com a segunda opção. A minha cabeça já está doendo de tanto chorar.

Darcio: Espera aqui um instante, que já volto.

Daiane: Darcio sai e fico fazendo carinho no Atlas, ele volta e me entrega um copo com água e um remédio.

O que é isso?

Darcio: É um remédio para dor de cabeça e água.

Daiane abre um sorriso e toma o remédio.

Daiane: Obrigada.

Fico com o Darcio cuidando do Atlas, ele me ensina tudo com paciência e calma. A minha mãe vem me chamar para jantar, me despeço dele e saio.

Marlene: Que brilho é esse nesses olhos em mocinha?

Daiane: Não sei do que está falando mãe. Estou muito é chateada, se quer saber. Primeiro, porque o Atlas está doente e depois porque terminei o meu noivado.

Marlene: Pois parece muito bem para quem terminou um noivado.

Daiane: Foi amigável e o Milton foi decente no final.

Marlene: Conte ao seu pai filha. Melhor ele saber por você.

Daiane concorda e seguimos para casa principal para jantar.

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