"Do medo de ser aprisionada é que vem minha força, do medo da prisão sem muros vem meu uivo de dor, força e sentimentos."
Vermelha.
— A nova alcateia será criada no próximo mês querida. Você será a fêmea alfa.
— Eu sei, mãe.
Segurei-me para não lhe atirar as meias
sujas.
— Sei disso desde os sete anos.
— E chegou o momento de você se comportar como tal.
Disse ela.
— Ranulf está preocupado.
— É, sei. modos. Ele quer uma alfa com bons modos.
Quase ri ironicamente.
— E Anolfo está preocupado com o que Rony quer.
Continuou ela.
— O que Rony quer?
Retruquei e estremeci pela estridência da minha voz.
Mamãe pegou meus sutiãs sobre a cama. Todos brancos e de algodão; os únicos que eu tinha.
— Precisamos pensar nos preparativos. Tem alguma lingerie decente?
A queimação em minhas bochechas voltou. Cheguei a pensar se ruborizando tanto não acabaria tendo uma descoloração permanente.
— Não quero falar sobre isso com você mamãe.
Ela me ignorou, murmurando qualquer coisa com ela mesma, enquanto examinava as pilhas de roupas, que supus ser “aceitáveis” e “jogar fora”, porque ela me mandara parar de dobrá-las.
— Ele é um macho alfa e o garoto mais popular da escola. Ao menos foi o que soube...
Sua voz ganhou um tom melancólico.
— Tenho certeza de que ele está acostumado a certas atenções femininas. Quando sua
hora chegar, filha, você deve estar preparada para satisfazê-lo.
Engoli a raiva antes de respondê-la.
— Mãe, também sou uma alfa, esqueceu? Rony precisa de uma parceira que lidere a alcateia. Ele quer uma guerreira, não uma líder de torcida de time de futebol.
— Rony precisa que você se comporte como uma fêmea. Mesmo sendo uma guerreira, deve parecer atraente.
A aspereza na sua voz me surpreendeu.
— Vermelha tem razão, mamãe.
A voz era do meu irmão.
— Rony não quer uma mocinha indefesa. Ele já ficou com todas as líderes de torcida que pôde durante os últimos anos e deve estar entediado. Ao menos minha irmãzinha
vai deixá-lo em alerta sempre.
Virei-me e vi Ruller olhando para o quarto, na porta.
— Uau, o furacão Ruller ataca novamente e não deixa sobreviventes!
— Ruller!
Retrucou mamãe, com as mãos na cintura.
— Por favor, dê um pouco de privacidade para mim e sua irmã.
— Desculpe, mamãe.
Ruller continuou sorrindo.
— Mas Malai e Sercan estão esperando você para a patrulha da noite.
Ela arregalou os olhos.
— Já é tão tarde?
Anse
Ruller deu de ombros. Ela se virou e ele piscou para mim. Cobri a boca para esconder o sorriso.
Mamãe suspirou:
— Vermelha, não estou brincando. Deixei roupas novas no seu armário e espero que comece a usá-las.
Abri a boca para protestar, mas ela me interrompeu.
— Roupas novas a partir de amanhã ou jogo fora todas as suas blusas e jeans surrados. Assunto encerrado.
Ela se levantou e saiu do quarto, com a saia balançando ao redor das panturrilhas enquanto se movia.
Ouvi seus passos na escada e grunhi antes de me deitar na cama.
A pilha de blusas era perfeita para afundar minha cabeça. Fiquei tentada a assumir minha forma de lobo para dilacerar a cama, mas, se fizesse isso, certamente acabaria de castigo.
Além disso, gostava da minha cama
e, nesse momento, era uma das poucas coisas que minha mãe não ameaçava jogar fora.
A cama rangeu. Apoiei os cotovelos e fitei Ruller. Ele se sentou na ponta do colchão.
— Mais um momento caloroso e emotivo entre mãe e filha?
Acertou.
Rolei na cama.
— Está tudo bem?
Perguntou ele.
— Tudo bem.
Massageei a testa na tentativa de
afugentar outra forte dor de cabeça.
— E então?
Disse Ruller.
Virei-me e o encarei. O sorriso sarcástico havia desaparecido.
— “Então”, o quê?
— Rony…
— Desembucha, Ruller.
— Você gosta dele? Mesmo?
Disparou ele. Desabei na cama outra vez. Cobri os olhos com os braços, tapando a luz.
— Você também, não.
Ele veio até mim, de joelhos.
— Se não quiser ficar com ele, não precisa.
Arregalei os olhos e perdi o ar por um instante.
— Poderíamos fugir. Eu iria com você.
Disse Ruller, terminando a frase em um sussurro quase inaudível.
Sentei-me na cama em um sobressalto.
— Ruller.
Sussurrei.
— Nunca mais fale isso. Não
sabe o que está... Esqueça isso, está bem?
Com a mão sobre a colcha, ele distraía os dedos.
— Quero que você seja feliz. Você parecia sentir tanta raiva do que mamãe falou.
— Estou possessa com mamãe, não com Rony.
Passei os dedos pelas mechas que caíam sobre os ombros e pensei em raspar o cabelo.
— Então, não se incomoda com a ideia de ser a mulher de Rony?
— Não, está tudo bem por mim.
Acariciei seu cabelo castanho-claro.
— Além disso, você fará parte de uma nova alcateia. Assim como Lina, Dário e Giulia.
Com você no meu grupo, será mais fácil manter Rony na linha.
— Com certeza.
Ele sorriu.
— E nem uma palavra sobre essa ideia de fugir. Ruller, isso passa dos limites! Desde quando resolveu ser tão rebelde?
Semicerrei os olhos.
Ele revelou os caninos afiados.
— Bem, sou seu irmão, não sou?
— Então essa natureza traiçoeira é minha culpa agora?
Dei-lhe um tapa no peito.
— Tudo o que precisava saber, aprendi com Vermelha.
Ele se levantou e começou a pular na cama. Pulei para a beirada da cama e rolei para fora, aterrissando facilmente na ponta dos pés.
Agarrei a extremidade da colcha e puxei violentamente. Ruller caiu de costas, às
gargalhadas, e quicou na cama mais uma vez antes de sossegar.
— Estou falando sério, Ruller. Nem uma palavra.
— Pode deixar, maninha. Não sou tão idiota como você pensa. Nunca vou
trair os anciãos.
Disse ele.
— A não ser que você me peça, senhorita alfa.
Tentei sorrir.
— Obrigada, irmão, agora vai que preciso dar um jeito nessa bagunça.
Ele sorriu e saiu.
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Atualizado até capítulo 104
Comments
Fatima Leal Oliveira
É difícil um irmão apoiar o outro assim
2024-04-20
2
Maria Eduarda
belas cotações
2023-04-25
7
Boneca De pano
eu quero mais autora, libere mais capítulos 🤗
2023-04-24
7