capítulo 8

Capítulo 8

Thomas

- Por que não está lá em cima com elas? - perguntei irritado com Mont, um dos poucos homens em quem eu confiava de verdade e deixava que entrasse aqui.

- A senhora Marga pediu para ficar a sós com ela, disse que iria dar banho nela e a trocar.

- Inferno! - falei irritado e bufei, duvidava muito que ela deixasse que alguém a ajudasse com algo

Saí da sala onde eu fiquei andando de um lado para o outro, ainda muito irritado com tudo que havia acontecido. Fui para meu escritório no corredor, ao lado da escada, me joguei na minha cadeira, após servir whisky para mim e notei uma mancha de sangue em cima da minha mão direita, quando levei o copo à boca.

Passei a mão na cabeça pensando, lembrando de quando acordei e não vi Hannah no quarto e nem no banheiro. Ela tinha me enganado, fingido que estava tranquila com o que tinha acontecido, esperou eu dormir e tentou fugir.

Maluca!

E ainda teve a capacidade de dizer pros meus homens que era uma garota de programa, de que outro jeito ela achou que iriam tratar ela? Hannah me obrigou a matar um dos meus homens e essa era a última coisa que eu queria.

A minha vontade era de matar aqueles que viram o que estava acontecendo e não fizeram nada. Mas uma morte já deveria servir de exemplo para eles. Ao menos, eu esperava que sim.

Os gritos dela de desespero ainda ecoavam na minha cabeça. Se ele tivesse chegado a ter estuprado ela, eu com certeza teria torturado e esquartejado ele. Perdi a cabeça muito rápido, simplesmente disparei na cabeça sem pensar. No fim, não sei se fiz o certo, mas a raiva me dominou.

Meu telefone tocou e era um número desconhecido.

- Sim? - falei quando atendi.

- Senhor Thomas Noskosi? - perguntou uma voz que eu não soube reconhecer.

- Quem gostaria? - perguntei desconfiado

- Sou o investigador Delano Norton. - O homem disse baixo e lembrei do que Jordan havia me avisado.

- Sim, sou eu. Thomas! No que posso ajudar? - perguntei.

- Gostaria de fazer algumas perguntas, o senhor por acaso poderia comparecer à delegacia?

- Claro. Quando gostaria de me encontrar?

- Em breve. Hoje ou amanhã. Na verdade, o dia em que o senhor estiver disponível. - Ele falou me deixando sem saída.

- Essa semana estou bem ocupado, fiz uma pequena viagem a negócios. Semana que vem, terça-feira terei um horário, às nove horas. Combinado?

- Perfeito! Espero você na delegacia 44! - disse ele e desligou.

Perfeito. Para ele estar me chamando para uma conversa alguém devia ter falado alguma coisa. Ou não, se ele tivesse qualquer mínima prova, iria pedir prisão preventiva.

Era tudo que eu não precisava agora, me preocupar com um investigador no meu encalço. Desde o aviso do Jordan ontem, mandei que parassem as cargas e está tudo se acumulando no celeiro daqui. Armas, drogas e eletrônicos. Se não desse um jeito logo, iria me ferrar com os clientes. Mas não podia colocar meus negócios em risco, mesmo que o prejuízo fosse grande.

Ouvi uma batida leve na porta, reconheci imediatamente.

- Entre! - falei apoiando meu rosto na palma da minha mão, meu cotovelo estava apoiado na mesa de madeira rústica à minha frente.

- Trouxe isso para você querido! - Marga me alcançou uma camiseta preta básica e eu coloquei, mesmo estando com respingos de sangue espalhados pelo corpo.

- Obrigado, como ela está? - perguntei.

- Bem, dentro do possível. Ela está inconformada, muito irritada e totalmente desconfiada de todos, mas acho que não entende direito a situação ainda. Por que não conta tudo a ela?

- Não é tão fácil assim e não quero que ela tenha nenhuma vantagem sobre mim! - falei irritado e bebi mais do meu whisky.

- Hannah parece uma mulher forte e determinada, você indo pelo caminho errado querido, devia  ir com calma, devia conquistar ela. Assim seria mais fácil.

- Eu já a conquistei! - falei sério.

- Sim e colocou tudo a perder quando meteu a carreta na frente dos bois. Você tem trinta e três dias, em quinze já teria ganhado ela e poderia fazer o pedido, a convencer que era certo isso, ela acharia apressado, mas iria aceitar no calor da emoção! Depois você contaria o resto, ela já estaria apaixonada. Mas agora que colocou tudo a perder, deveria contar a Hannah!

- Eu discordo de você e sinceramente não estou nem aí. Não gosto de esperar, sou um homem prático e resolvo tudo da minha maneira! - eu disse irritado, sabia o que estava fazendo.

- Bom - ela falou com a voz suave e me olhou nos olhos - eu só posso torcer para que você consiga fazer as coisas do seu jeito então, espero sinceramente que saiba o que está fazendo, porque não tem muito tempo.

- Não se preocupe, sei o que estou fazendo! - falei a encarando e ela sorriu sem mostrar os dentes e se retirou, me deixando novamente sozinho com meus pensamentos.

Não precisava dos conselhos de ninguém, eu sabia o que estava fazendo!

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