capítulo 20

Capítulo 20

Thomas

Por mais que eu já estivesse desconfiando disso, ter a confirmação me deixou ainda mais irritado.

- Sim, ao filho do Jalara! - ela afirmou.

- E você quer isso? - perguntei com medo da resposta.

Eu não iria obrigar ela a se casar comigo. Embora esse fosse meu plano inicial, eu não iria mais fazer isso. Não teria coragem de fazer Hannah me odiar, por mais que ela achasse que me odiava agora, eu sabia que não era verdade, mas se eu a obrigasse a algo, ela iria. Por isso tinha dado trinta dias para ela, porque pensei que ela poderia se apaixonar por mim, assim como eu me apaixonei por ela à primeira vista. Mas se ela me dissesse agora, que queria se casar com o filho do Jalara, provavelmente eu a libertaria.

- Não! Meu Deus, não! - ela falou me trazendo para a realidade e alívio inundou todo o meu corpo, fazendo com que eu relaxasse os músculos. - Conhece o filho do Jalara? - Hannah perguntou.

- Na verdade, não! - admiti.

- Ele é gay! - Hannah disse e eu ergui as sobrancelhas - por isso Jalara quer casar o seu sucessor, para que os rumores sejam abafados.

- No nosso mundo não existe espaço para isso! - falei lembrando do que a maioria dos homens fazia com aqueles que eles desconfiavam nem que fosse apenas um pouco.

- Não, não existe! - Hannah falou com pesar.

- Jalara acha mesmo que se o seu filho não gosta de mulher, obrigar ele a casar com uma, vai apagar os rumores?

- Jalara acha que uma noite com uma mulher, vai mudar a sexualidade do filho!  - Hannah disse.

- Ele é mesmo um grande idiota! - falei bufando.

- É, ele é!

Nós dois ficamos nos olhando por vários segundos e uma vontade enorme de pegar ela em meus braços surgiu em mim. Hannah parecia frágil e carente naquele momento. Foi a primeira vez que a vi desarmada, desde que eu a... trouxe para cá.

- Me diga, o que quer fazer depois de hoje, depois de tudo? - Hannah resfolegou como um cavalo, me fazendo prender um riso que ameaçou surgir.

- Como se eu tivesse alguma escolha, assim como meu pai, você simplesmente decidiu as coisas por mim!

- Mais uma vez, sinto muito! - disse.

- Sentir muito não muda nada e você ainda não respondeu minha pergunta! - ela disse agarrando com força os braços da poltrona.

- Não, não muda! Mas achei que você gostaria de ouvir! - falei olhando nos seus olhos e ela ficou num silêncio estranho, me olhando diferente.

- Não, não gostei de ouvir! - ela falou e desviou seu olhar para a janela, onde a noite já tinha adentrado e eu não tinha percebido, exceto pelo cansaço e estresse do dia de hoje.

- Pois eu acho que gostou! - falei mudando meu tom, para divertimento e Hannah virou seu pescoço rapidamente para mim.

- Você é muito convencido! - ela disse e seu nariz franziu um pouco, transformando suas feições. O que era para deixar Hannah com um ar de braveza a deixou... fofa. Deus o que eu estava me tornando.

- Você fica linda com essa cara! - falei sorrindo e a boca de Hannah virou uma linha fina, mas ela não me enganava nem por um segundo, ela Também gostava desse nosso joguinho.

- Você é um idiota! -  ela cruzou um braços e olhou para a rua novamente.

- Hannah - falei levantando da poltrona ao seu lado e me agachei a sua frente, imediatamente ela voltou a me olhar. Toquei sua perna, onde o roupão tinha uma fenda na área do joelho - eu vou libertar você!

Os olhos dela se arregalaram e sua boca abriu levemente, formando um arco.

- Você vai... você vai... - Hannah não conseguiu concluir  e um sorriso se formou no meu rosto, ela estava mais linda do que nunca. Sem produção alguma, apenas com seus cabelos soltos e o roupão branco, na luz fraca do quarto e da noite que entrava pela janela.

- Sim, eu vou! - disse.

- Por que? Com que condição? - ela perguntou desconfiada e me arrancou mais um sorriso.

- Sem condição nenhuma, se quiser ir está livre! - falei acariciando seu joelho e olhando no fundo dos seus olhos.

- Se eu quiser? - ela perguntou ainda desconfiada.

- Sim, se quiser, pode ir!

- E por que eu não iria querer ir? - Hannah perguntou, ficando séria.

Eu sacudi a cabeça, a abaixando e deixei escapar uma gargalhada. Hannah não era mesmo boba.

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