Capítulo 8

Algumas eu reconheci me lembrei, outras não, a brincadeira era que elas iam cobrir meus olhos com as mãos e a Eduarda ia me dando os presentes abertos, se eu acertasse quem tinha dado, a pessoa podia beber uma dose um drink ou me contar um segredo no pé do ouvido, se eu errasse seria a mesma coisa, o primeiro era com bastante renda parecia uma peça só, chutei um nome qualquer e errei, era da menina do escritório, eu preferi beber uma dose de tequila, errei o segundo bebi, errei o terceiro e era da Joana, falei surpresa

- Não vale, você me enganou achei que não estava participando.

Ela disse que estava tudo marcado a semanas e só eu não sabia, me deu um conjunto lindo pink e preto, falei no ouvido dela o segredo 

- Gosto mais do meu ex do que do meu atual .

Ela sorriu e respondeu rindo

- Isso eu já sabia menina.

Continuamos brincando e as lingeries mais ousadas foram dadas pela família do Tariq, até produtos de sex shop elas deram e foram vários, eu nunca nem tinha usado aquelas coisas, só tinha usado aquelas bolinhas eróticas horríveis que me deram coceira na época, fiquei admirada com as parentes dele, bebi muito, não queria falar nada pra ninguém, tirei o casaco perdi até a vergonha, fiquei bem a vontade toda soltinha, quando abri o da Eduarda acertei porque era o penúltimo, ela podia beber ou falar o segredo, ela se aproximou e falou no meu ouvido

- Se você quiser posso te ajudar a encontrar ele, sem ninguém saber.

Olhei pra ela surpresa tipo " não tô entendendo " , ela virou uma dose de tequila me deu outra e falou sorrindo

- Não precisa responder.

Fiquei confusa mais pensei logo no Paulo, tinham bastante coisas pra comer, torradas com várias pastas, comidas árabes, salgados, doces até decorados, a empregada estava lá cuidando de tudo, ajudando servir junto com a Suzi, tinha um último presente, perguntei de quem era, uma prima do Tariq respondeu

- É da Samira, ela não pode vir porque estava indisposta, ela disse que é para a noite de núpcias.

Abri o pacote rindo sozinha, porque sabia que ela estava brava comigo e não indisposta coisa nenhuma, era uma lingerie branca com renda, calcinha, sutiã, um robe lindo com as costas e mangas todas trabalhadas em renda, junto tinha um óleo afrodisíaco para massagem, no começo até vermelha de vergonha fiquei, as peças eram muito ousadas e os produtos então mais ainda, uma das parentes dele era mais simpática, comentei que fiquei surpresa por elas terem ido e dado coisas tão " diferentes " , ela respondeu rindo 

- Nós gostamos de agradar nossos maridos, a diferença entre nós é só que damos preferência a casar com alguém das nossas origens, evita retaliações em família, é um costume antigo. Mas olha nada contra você, a gente mora aqui há anos, eu mesma nasci no Brasil. Quando conheci meu marido fiquei mais interessada do que ele, tive que procurar ele nas redes sociais e puxar conversa.

Começamos conversar, ela falou bastante dela, da família deles, disse que estava tentando engravidar e que com certeza logo eu estaria grávida também, falei que não queria mais filhos, ela respondeu sem jeito

- Como não, vocês precisam ter um filho de vocês, juntos.

Balancei a cabeça que não, ela disse que seria bom para todos, porque ia nos unir e aproximar mais da família, deixei bem claro que não estava nos meus planos e ela levou na esportiva. Algumas de nós estávamos bêbadas, todo mundo se divertiu bastante, foi bem legal até, percebi que eu estava ficando ruim demais, agradeci a Eduarda, abracei ela e falei que não precisava de tudo aquilo, porque eu não tinha o menor interesse em agradar meu noivo, ela respondeu

- Eu não deveria ter deixado você beber tanto assim, isso é o álcool falando. Vamos subir antes que alguém escute esse tipo de coisa!

Eu não queria subir, falei que ia me comportar, a Joana já tinha subido pra ficar com as crianças e a Suzi também, a festa acabou, elas foram todas juntas embora, a Eduarda acompanhou elas até o portão e voltou falando que os homens logo iam chegar, que era pra eu subir me trocar e tomar um banho gelado pra melhorar, fui na cozinha beber água e a empregada estava lá organizando as coisas, ela saiu da cozinha, logo voltou com um pacote de presente e falou séria 

- Desculpe por não participar da brincadeira dona Kamile, mas comprei o seu presente, espero que goste.

Fiquei olhando séria pra ela e só falei porque estava bêbada

- Posso te fazer uma pergunta, dona Júlia? 

Ela disse que sim, continuou fazendo as coisas sem me dar muita atenção, falei bem séria

- Fiz alguma coisa que a senhora não gostou? 

Ela se fez de desentendida, disse que não, continuei falando

- Venho notando que a senhora está me tratando diferente e queria saber o motivo?

Ela respondeu se esquivando que nada tinha acontecido, pediu desculpas por ter me passado aquela impressão, respondi irritada

- A senhora também não aprova o nosso casamento, é isso? 

Ela encostou no balcão e falou com ironia 

- Eu sou só uma empregada doméstica, não tenho que ter opinião sobre o que acontece na vida de patrão. Preciso muito desse emprego dona Kamile, te peço perdão se cometi algum erro, se fiz algo que não lhe agradou, me perdoe. Não vai se repetir!

Abri o embrulho enquanto ela falava, eram várias calcinhas de renda, todas coloridas com cores alternadas, falei pra ela

- A senhora comprou por obrigação? Para agradar a patroa? Não precisava, deve ter custado caro né, até gostei, mas se não foi de boa vontade, eu não quero. 

Ela estava sem jeito, disse que deu de coração que ficou escolhendo com a maior atenção, respondi

- Não acredito nisso e não quero.

A Eduarda entrou na cozinha me ouviu falando e perguntou o que estava acontecendo, respondi com ironia 

- Nada. A dona Júlia comprou o presente pra me agradar porque sou patroa, mas ela não gosta de mim.

A Eduarda chamou a minha atenção, disse que a dona Júlia tinha organizado muitas coisas e feito tudo de comer sozinha com muita boa vontade, levantei da cadeira, deixe as calcinhas lá no balcão e subi, a Eduarda foi atrás falando que tinham colocado as minhas coisas no quarto do Tariq, porque os pais dela iam dormir lá e ela também, a Joana, muita gente, eu estava tão ruim que só queria deitar, ela me levou até o quarto deixou meu celular e água do lado da cama, pedi pra ela pegar alguma coisa pra eu comer, ela foi buscar e eu dormi, capotei.

Acordei com o celular tocando, estava tudo escuro no quarto, me senti tonta meio desorientada, derrubei o celular fui levantar, trombei no criado mudo derrubei um copo e ele se quebrou, molhou tudo, eu nem tinha visto mais o Tariq estava no quarto deitado comigo, ele acendeu a luz levantou e perguntou se eu tinha me machucado, falei que não, peguei o celular, ele disse pra eu subir na cama, pra não me cortar, fui no banheiro lavei o rosto, a nuca, prendi o cabelo, ele jogou os cacos no lixo e falou na porta do banheiro 

- Você está bem? Precisa de alguma coisa?

Respondi de cabeça baixa encostada na pia

- Não, tô enjoada.

Quando levantei a cabeça e olhei ele pelo espelho, tive a impressão de que estava sendo cobiçada, eu estava ainda vestida com a lingerie vermelha e a camisola toda transparente, senti o olhar dele me secando, desejando, falei pra ele séria

- Dá licença, por favor. Sai daqui.

Ele respondeu saindo do banheiro

- Quero saber se isso vai se tornar frequente, você nunca foi de beber e ultimamente anda bebendo demais. Eu não gosto disso!

Fechei a porta fiquei um pouco no banheiro, tirei a camisola e coloquei uma camiseta dele, sai do banheiro parei em pé ao lado da cama, peguei o celular, vi que o Paulo tinha mandado uma mensagem se desculpando por não ter ido e nem avisado, ele disse que o Cícero ficou mau e por isso não puderam ir.

Respondi

" Como ele está? " Falei com seu irmão, ele me disse oque aconteceu, sinto muito.

Era de madrugada quase 5:00 horas, o Tariq estava deitado e falou bravo

- Kamile vamos dormir, está tarde.

Apaguei a luz e deitei, ele perguntou com quem eu estava falando, respondi

- Com o Paulo, aconteceu um imprevisto e ele não foi ver o Otávio.

Ele respondeu

- Porque você se trocou? 

Não respondi nada, ele perguntou se me incomodava tanto assim estar perto dele, respondi

- Vamos dormir. 

Ele disse que depois íamos conversar, respondi quase dormindo " aham ", voltei dormir, acordei com o barulho dele mexendo no guarda roupa, me sentei comecei mexer no celular, ele falou

- Bom dia, se você quiser eu preparo a banheira pra você, suas roupas estão nessa parte do guarda roupa.

Respondi levantando

- Bom dia, quero comprar um bolo pra minha irmã, você vai comigo, pra ela não ficar fazendo perguntas? 

Ele disse que sim, era bem cedo, levantei tomei banho no chuveiro mesmo, de porta fechada, sai de toalha peguei a roupa e fui me trocar no banheiro, fui ver o Otávio, troquei ele pra sair comigo, só a Joana e a Júlia estavam acordadas, enquanto fui pegar o Otávio o Tariq foi tomar café, quando desci a Júlia tinha feito um suco pra mim de couve com laranja e pão na chapa, falei bom dia super sem graça, porque eu estava lembrando de tudo o que falei pra ela, pedi pra ele ir colocando a cadeirinha no carro enquanto eu comia e ficamos sozinhas na cozinha, chamei ela pra perto e falei apreensiva 

- Ontem eu me exaltei com a senhora, queria pedir desculpas. Ando meio fora de controle e você não tem culpa de nada, ainda acho que o seu comportamento mudou comigo, mas pode ficar tranquila, que não vou falar nada pra ele. Não tenho a menor intenção de te prejudicar, se te fiz algo que você não gostou não fiz por mal, obrigada pelo suco.

Ela respondeu segurando na minha mão por cima do balcão

- Não precisa falar nada dona Kamile, estou aqui a sua disposição sempre que precisar.

Perguntei se ela não ia falar o que aconteceu, o Tariq entrou de volta, ela nem me respondeu mais nada.

Fomos comprar um bolo, ficamos uma meia hora quarenta minutos fora, no carro ele disse que não me queria bebendo, porque eu não sabia beber e já estavam se tornando muito frequentes os episódios, respondi chateada

- Você não quer que eu trabalhe, não gosta que eu vá a lugar algum sozinha, não posso beber dentro de casa em família, não posso dormir onde quero, oque mais você vai tirar de mim?

Ele respondeu me olhando pelo retrovisor

- Não é pra tanto Kamile, você não é uma prisioneira. Seu trabalho exige muito de você, posso te dar tudo, enquanto você ficar comigo cuidando da Amara, você vai poder cuidar melhor do Otávio também.

Não respondi nada, fiquei quieta, ele disse que era difícil conviver comigo, porque eu não queria falar com ele direito, falei que não achava justo ter que largar tudo em um mês, já que o mais importante eu ia fazer, que era casar. Ele nem falou mais nada, quando chegamos em casa guardei o bolo, arrumei uma bandeja com suco, pão, frutas e leite, levei café da manhã na cama para a Eduarda, era o dia do aniversário dela mesmo, peguei ela de surpresa, tirei até foto dela e ameacei postar.

Descemos todos juntos para tomarem café da manhã, pude conversar mais com o Hélio e a Suzi, fizemos churrasco na beira da piscina, estava calor, as crianças brincaram bastante na água, eu e a Eduarda também entramos na piscina, quando fomos nos trocar emprestei um biquíni meu, ela perguntou se eu tinha um shorts pra ela usar, falei que podia ficar de biquíni, que estávamos em família, não era nada muito ousado mesmo, ela ficou com um vestidinho todo o tempo, fiquei me perguntando se ela estava sendo muito respeitosa ou se tinha motivos pra estar assim, eu era a prova viva do que os olhares do meu noivo podiam fazer, comecei reparar mais no comportamento dos dois um com o outro e achando tudo estranho .

Eu dei a bota de presente a ela, falei que era pra ela usar na viagem, ela disse que tinha gostado muito, guardei o melhor pra hora de cortar o bolo e não fui a única, eu nem sabia, mais o Tariq comprou um presente pra ela e deixou guardado no escritório, lá eu não entrava quase nunca, quando subi pegar o meu, vi ele saindo com o embrulho na mão, ele deu primeiro era um perfume importado muito caro seiscentos reais, tentei não deixar a minha cara ser sincera demais, não gostei lógico, já entreguei o meu e falei

- Espero que goste, queria algo diferente que o dinheiro não pudesse comprar.

Ela abriu ansiosa, todos ficaram curiosos, ela olhou abriu começou folhar e disse sem graça

- É lindo, mas não posso aceitar. Deve ser muito importante pra você e ela nem me conhecia mesmo.

A Suzi perguntou o que era, respondi

- É um caderno de receitas, era da minha mãe, tem tudo feito a mão, eu quero te dar, é de coração.

Ela disse que não era certo porque era algo meu, respondi

- Eu fiz um pra mim, tirei cópia de cada folha e encadernei.

Ela me abraçou e falou que ia usar com muito gosto, foi um dia bem legal, me senti um pouco melhor e um pouco normal, ainda que distante do Tariq. Eles foram embora no final do dia, comecei arrumar a bagunça e a Júlia estava lá ainda, falei pra ela enquanto eu organizava a louça

- A senhora pode ir embora, ficou sábado e domingo aqui trabalhando direto, deve ter alguém em casa te esperando. 

Ela respondeu que não, que os filhos dela já eram grandes e ela não tinha marido, disse que eu não precisava lavar a louça e insistiu, falei pra ela

- Eu não tenho frescura tá bom, pode me chamar de você ou Kamile como antes, a senhora está aqui pra ajudar não só para servir, as coisas ficaram diferentes entre nós a partir do momento que virei noiva dele.

Ela respondeu sem jeito

- Dona Kamile eu não ligo de servir vocês, ganho muito bem pra isso.

Falei pra me chamar de Kamile, ela começou falar que ele pediu pra ela me tratar como patroa e disse que eu reclamei dela, perguntei indignada

- Quando? Eu nunca reclamei de nada .

Ela respondeu com medo

- Por favor, não fale nada pra ele, eu preciso muito desse emprego, moro sozinha, pago aluguel, se ele me pegar falando isso vai me dispensar.

Falei que não ia contar nada, mais que queria saber a verdade, ela respondeu

- Ele disse que eu precisava me adaptar às mudanças, pra te tratar como patroa e não falar nada do que visse acontecendo aqui dentro da casa pra ninguém.

Perguntei se ela tinha visto algo errado, ele com outra, ela estava com medo, respondeu

- Não ele sempre está sozinho, mais ele disse que não posso falar nada pra ninguém se ver vocês brigando ou qualquer outra coisa, também que não devo me intrometer, nem deixar de contar pra ele tudo o que você faz quando ele está fora, como não gosto de fofoca prefiro ficar no meu canto fazendo o meu serviço. 

Fiquei irritada com ele, estava manipulando a coitada contra mim e ainda colocando ela pra me vigiar, falei pra ela que ninguém saberia da nossa conversa, que ela podia confiar e que ele tinha mentido porque eu não tinha reclamado de nada nunca.

Ela não quis falar muito, mais me desculpou, pedi o meu presente de volta, ela disse que tinha certeza de que eu ia gostar, ajudei ela limpar tudo e já era de noite, a Amara estava com o pai no quarto e o Otávio dormindo na sala, quando terminei tudo peguei o Otávio e subi, fui para o meu quarto de costume, coloquei ele na cama e comecei olhar melhor os presentes e tudo mais, o que não servisse eu podia trocar, a Amara entrou no quarto toda brava falando que queria dormir comigo, respondi rindo

- Não precisa ficar brava princesa, pode vir se quiser, mas amanhã você vai na escola né?

Ela disse que o pai falou que ela ia começar dormir sozinha, porque eu e ele íamos dormir junto, falei pra ela

- Vai lá e fala para o papai que não vou dormir com ele. Que eu não quero isso!

Ela estava saindo do quarto e já falou na porta 

- Pai, a tia Ka vai dormir comigo e não com você.

Ele foi na porta do quarto conversando com ela, disse que já tinham conversado, me perguntou porque eu ia voltar para o quarto de hóspedes se as minhas coisas já estavam no quarto dele, respondi

- Escutando atrás da porta? Que feio!

Ele respondeu se aproximando da cama olhando as coisas que ganhei

- Não, eu já estava vindo falar com você, temos que acertar algumas coisas essa semana. Você gostou do que sua irmã fez? Ganhou bastante coisas né? Lindas!

Respondi guardando tudo

- Gostei, mas se dependesse de mim não faria nada disso, sabia que a Samira mandou presente? 

Ele disse que não, mostrei o conjunto que ela deu, ele pegou nas mãos olhou e começou falar sério

- Ela gosta de você Kamile, mas não sei oque anda acontecendo, você está diferente, faz coisas que antes não fazia, fala oque não deveria falar, sem se importar com os outros.

Respondi sínica

- Talvez agora você esteja me conhecendo de verdade, ou a culpa seja sua, do Paulo, do Caio, cansei de fazer tudo por todos enquanto ninguém faz nada por mim, as vezes parece que todos ao meu redor sempre querem algo de mim, ninguém pergunta oque eu quero nunca, ninguém se doa por mim.

Ele disse que não era verdade, que a Eduarda gostava de mim e a Amara precisava muito de mim, respondi

- Ela quer que eu seja a irmã que ela nunca teve, faço as coisas pra agradar ela, vou aceitando tudo quieta com medo de perder ou magoar.

Ele disse que eu não precisava fazer aquilo, porque a Eduarda só queria ser minha amiga e me ajudar, respondi

- Ela quer me ajudar com oque? Você? Me ajudar indo pra sua cama?

Ele respondeu saindo do quarto

- Não sei, com qualquer coisa que você precisar. Para de falar essas coisas!

Não respondi nada, depois fui no quarto dele pegar as minhas coisas e quando entrei peguei ele falando no celular, ele levantou saiu do quarto, não disse nada que eu pudesse ouvir, quando eu estava saindo do quarto ele voltou e perguntou se as crianças estavam dormindo, respondi

- O Otávio sim, a Amara está quase, vou tomar banho e deitar. Quer alguma coisa? 

Ele respondeu sem jeito

- Vou fazer alguma coisa pra comer, você me faz companhia?

Eu estava com raiva por causa do que a Júlia empregada tinha falado, respondi

- Não, tô cansada e amanhã o dia vai ser longo. Tenho teste de maquiagem e cabelo no salão! 

Ele perguntou se eu queria que ele fosse junto, falei que iria sozinha e a Joana ia ficar com o Otávio, ele não disse nada, foi lá pra baixo todo frustrado.

Tomei banho, a Amara dormiu, desci pegar água e ouvi ele conversando com alguém no celular de novo, entrei na cozinha como quem não queria nada, ele continuou conversando, estava falando de um hotel e valores.

Peguei água e subi, ouvi que ele já desligou e foi atrás, comecei suspeitar que ele estava de rolo com alguma mulher, ele nunca deixava o celular dando bobeira e tinha a senha da digital, fiquei super curiosa, ele foi dormir e nem falou mais comigo. No dia seguinte arrumei a Amara pra ir na escola, descemos tomar café da manhã juntas, ele desceu depois, passou pela cozinha e falou sem me olhar 

- Bom dia, filha, vamos logo pra você não chegar atrasada. 

Ele pegou a mochila foi indo para o carro e saiu sem falar nada comigo, a minha babá estava ficando uns dias conosco pra me ajudar né, peguei tudo o que ganhei e fomos na lavanderia pra eu lavar na mão, com todo cuidado pra não estragar, estendi tudo, lavei a louça do café do manhã e coloquei algumas roupas pra lavar, quando fui verificar os bolsos das roupas do Tariq encontrei um papel toalha com um beijo de batom vermelho, acabei cheirando a roupa dele e estava com cheiro de perfume de mulher, fiquei possessa, ele estava sempre cobrando respeito de mim e não estava me respeitando, nem fiquei muito surpresa, eu já esperava aquilo dele, peguei o papel e coloquei em cima da cama dele, sai ainda de manhã por volta das 10:00, fui sozinha no salão e comecei conversar com a Eduarda sobre o penteado, escolhi uma maquiagem bem marcante cheia de iluminador, batom nude, o salão foi indicação da secretaria, quase não conversei lá, quando acertamos tudo, soltei o cabelo e fui embora maquiada, passei em algumas lojas pra procurar roupa para o Otávio, aproveitei pra tirar um tempo pra mim, quando foi 13:30 o Tariq me ligou, eu estava com raiva dele e não atendi, mandei mensagem para a Joana, ela disse que estava tudo bem com o Otávio, mais que o Tariq estava lá querendo saber de mim, cheguei em casa quase 15:00, guardei o carro fui entrando com as sacolas, ele estava sentado na sala muito sério, passei por ele sem dizer nada, ele perguntou onde eu estava, respondi

- Fui no salão e depois passei em algumas lojas.

Ele levantou foi indo atrás de mim, subindo as escadas e falou

- Porque você não me atendeu? Podia ter acontecido alguma coisa com a Amara ou o Otávio .

Não respondi nem olhei, ele me puxou pelo braço super grosso e falou

- Você foi encontrar ele, não foi?

Respondi sínica

- Não fui, mas e você? Anda se encontrando com quem? 

Ele disse que com ninguém, pra eu não mudar de assunto, porque fiquei mais de cinco horas fora de casa sozinha e estava toda arrumada maquiada, falei que não ia ficar discutindo com ele, ignorei e entrei no quarto, peguei o Otávio no colo, ele foi para o quarto dele e bateu a porta, fui logo atrás abri e falei

- Deixei em cima da cama o que achei no seu bolso. Eu conheço ela? Você é um hipócrita!

Ele respondeu cínico

- Não, mais vai conhecer se continuar achando que sou idi.ota.

Respondi rindo 

- É uma ameaça? Que medo, espero que ela faça bom aproveito, trás pra cá, assim não preciso ocupar sua cama. 

Ele só falou " Para Kamile ", entrou no banheiro e jogou o celular em cima da cama, pensei em pegar, mais fiquei com medo, fui para o meu quarto tomei banho, troquei de roupa e deitei pra curtir o Otávio, a Joana estava assistindo novela passando roupa no quarto comigo, ela perguntou se a gente estava se entendendo, falei que sim na medida do possível, ela começou falar que ele me deixava ardida como uma pimenta, respondi

- Esse homem me tira do meu juízo, dona Joana.

Ela respondeu debochando

- E você não gosta menina? Tem coisa melhor que fazer as pazes depois de uma briga daquelas? Tem que fazer na cama é lógico, com esse tanto de coisa bonita, o homem vai ficar louquinho na lua de mel com você.

Fiquei sem graça, falei que não ia ter lua de mel, ela disse que estava sabendo o contrário e que não queria estragar a surpresa. 

Fiquei fazendo perguntas, mais ela não disse nada, ele ficou o resto do dia trabalhando em casa, não conversou mais comigo, se fechou no escritório só saiu pra buscar a Amara na escola, quando eles chegaram estávamos na cozinha, ele me chamou na sala e falou sério 

- Você precisa pedir desculpas para a Samira, ela não vai no casamento se você não se desculpar antes.

Fiquei séria e quieta o encarando, ele continuou falando que eu estava errada e desrespeitei eles dois por pensar uma besteira tão grande, disse que eu ia afastar todo mundo legal de perto da gente, peguei o celular ainda na sala de frente com ele e mandei um áudio para a Samira

- Oi Samira tudo bem? Espero que sim, conto com a sua presença no meu casamento sábado, me desculpa por ter sido tão radical com você, esses dias estão sendo uma loucura pra mim, não confio no seu primo e às vezes acho que sou um troféu para ele, adoraria conversar melhor com você pessoalmente. Obrigada pelo presente, vai ajudar a nossa noite de núpcias ser mais inesquecível ainda. 

Enquanto eu falava com cinismo, ele tentou tomar o celular de mim, mas fui mais rápida sai correndo para o quintal, ele ficou muito bravo, começou falar que ela não ia acreditar nunca, jogou na minha cara que ele estava sendo legal com a minha " família " enquanto eu fazia de tudo pra envergonhar ele,  começamos discutir, falei que eu não era bem vinda e não ia aceitar ser comparada com a Layla, como uma usurpadora, ele respondeu rindo irônico

- Não tem comparação mesmo, apesar de terem sido amigas, a Layla era completamente diferente, você nunca vai substituir ela. Você não é a metade do que ela um dia foi pra mim !

Não aguentei segurar e respondi chorando de raiva

- Ótimo, então me deixa em paz e não precisa ficar fingindo que se importa comigo, porque sei que você não dá a mínima pra ninguém além de você. Não fala mais comigo, se não eu vou embora e largo tudo. Só fico do seu lado morta!

Ele ficou quieto, quebrou um copo na parede perto de mim, estávamos na área de lazer, fui para a cozinha, a Joana tinha saído no quintal da frente com as crianças, pra eles não ouvirem a gente discutindo. Sentei no balcão tentei me acalmar, estava chorando muito, saí ficar com as crianças, a Amara perguntou se eu não gostava de morar com ela, perguntei o porque da pergunta, ela respondeu

- Você falou que vai embora e vai me deixar.

Entramos na cozinha, expliquei pra ela que nunca ia deixar ela, mesmo se a gente fosse morar longe uma da outra, ela ficou chateada, foi mal educada disse que era pra eu ir embora mesmo e levar o Otávio porque ele era chato demais, fui agradar ela, mais não teve jeito, ela disse que queria o pai e saiu da cozinha, me deixou falando sozinha, como eu já estava com raiva dele, resolvi relevar e não chamar atenção dela como deveria.

Fiquei na cozinha, fiz o jantar e coloquei a mesa, pedi pra Joana avisar ele,    não consegui comer nada, fiquei no quintal com o Otávio, quando entrei não passei pela cozinha, eles estavam os dois jantando, a Amara falou comigo de longe

- Tia Ka eu quero sobremesa, por favorzinho.

Respondi com frieza de longe mesmo 

- Peça para o seu pai, você não brigou comigo e me deixou falando sozinha?

Ela não respondeu nada, ouvi ela começando chorar, subi para o quarto e fiquei assistindo, ouvi os dois indo para o quarto dele, uma hora depois ela foi e bateu na porta, falou toda boazinha 

- Pode entrar, tia Ka?

Falei que sim, me sentei na cama, ela já estava de pijama pronta pra dormir, falou cheia de dengo

- Posso dormir aqui com você? 

Fiquei ignorando olhando para a televisão, ela mesma falou quase chorando, sem eu dizer nada

- Desculpa, não vou mais fazer coisa feia tia, eu quero que você mora aqui comigo e o Otávio também, a gente vai dormir no mesmo quarto, eu vou cuidar dele pra você sempre. Desculpa.

Respondi

- Tá bom, pode vir. 

Ela foi deitar colada em mim, falei pra ela que era muito feio agir daquela forma e xingar, que eu fiquei muito triste e ia embora se ela não tivesse pedido desculpas, ela ficou super arrependida e prometeu não fazer de novo, disse que ficava triste sem eu por perto.

Na terça feira acordei cedo, troquei ela e mandei para o quarto dele, fiquei fechada no quarto até ele sair pra trabalhar, a Samira me respondeu 

- Desculpa a demora, não pude responder ontem, vou nesse casamento pela consideração que tenho ao meu primo, tenho certeza que ele te fez vir falar comigo, já que não é do seu feitio esse tipo de coisa, essa exposição toda. No que depender de mim não teremos problemas, mas você perdeu uma grande aliada . Tenha um bom dia Kamile! 

Não respondi mais nada, faltavam quatro dias para o casamento e apesar de conformada, eu não queria falar com ninguém, me isolei no quarto com o Otávio, na hora do almoço o Tariq foi almoçar em casa, não desci pra nada, nem vi ele, só fiquei espiando pela janela, a noite comi enquanto ele estava no escritório e me fechei no quarto. 

Na quarta feira a mesma coisa, não nos vimos nem conversamos mais, a Eduarda perguntou se estava tudo bem na quinta feira de manhã, disse que eu não tinha nem pedido foto do vestido e que eu estava diferente, falei que estava muito ocupada nervosa, mas era mentira. O Paulo não falava comigo a dias e nem tinha tocado no assunto de ver o Otávio de novo, comecei pensar que ele ia se afastar de vez e não participar mais da vida do filho, eu me sentia muito culpada por isso, na quinta feira a noite, vi que ele postou foto com o pai com uma legenda de luto, liguei pra ele assim que vi, ele atendeu e falou

- Oque você quer agora Kamile? 

Perguntei como ele estava, ele respondeu

- Como você acha que eu tô? O meu pai morreu, a minha mãe ta mau no hospital, não posso ver meu filho, você tá com outro, tô cansado sabe Kamile, de tudo.

Respondi chorando por ele, pela dor dele

- Posso ir ficar com você? Quero te ajudar.

Ele respondeu

- Não, você não tem nada pra fazer aqui, sua vida é com ele agora e não quero mais problemas. 

Ele desligou na minha cara, depois só dava Caixa postal, eu estava sozinha no quarto quando falei com ele, saí pra falar com a Joana, ela estava na cozinha, sentei chorando muito, contei o que tinha acontecido e perguntei o que eu deveria fazer, ela respondeu

- Kamile não me pergunta isso, seu casamento é depois de amanhã e você nem fala com ele a dias, ele vai ficar maluco se você for atrás do Paulo.

Respondi

- Mas é certo eu deixar ele lá sozinho nessa hora? Eu já perdi meus pais dói demais, perdi a cabeça na época, não quero que nada ruim aconteça a ele, tenho medo Joana. A gente teve uma história, temos um filho, não sou o tipo de pessoa que ignora quando alguém precisa muito de ajuda. Me dá uma luz?

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