Capítulo 6

" Te amarei de janeiro a janeiro "

Era a minha música com o Paulo e no momento ouvir ela me agradou, comecei ver que sofrer logo de uma vez, ia me ajudar colocar tudo pra fora e superar o nosso término, eu precisava aceitar minha real situação e rápido. O Paulo não me respondeu nada, mas recebeu a mensagem. Coloquei a mesa e subi chamar o Tariq, bati na porta ele não respondeu nada, fui entrando, vi que ele estava dormindo no escuro, fui até a cama usando a claridade da porta aberta, sentei na beirada, mexi com ele, passei a mão no braço tentando o acordar com sutileza, ele se mexeu pegou a minha mão e beijou carinhoso, falei tentando disfarçar a minha surpresa

- Vamos jantar? A mesa tá pronta. Fiz salada, acabei de temperar.

Assim que falei ele soltou a minha mão e respondeu sonolento 

- Kamile ?

Falei sem entender

- É, né? Quem mais seria?

Ele sentou, acendeu a luz e falou sem graça esfregando os olhos 

- Desculpa. Eu estava sonhando!

Respondi séria 

- Estava sonhando com ela? A Layla?

Ele balançou a cabeça que sim, disse que já ia descer, se desculpou novamente, levantei meio zonza perdida, sai sem falar mais nada, fui na frente, tirei comida pra nós três, arrumei a mesa com tudo combinando, ele logo desceu, agradeceu e já foi comendo, começou conversar com a Amara sobre a escola, ela já disse que não queria ir e que ia dormir comigo, o combinado deles dois, eram dela dormir com ele, se não faltasse a aula, ela não gostava de dormir sozinha no quarto dela e também não gostava de ir a escola, então ela vivia lutando contra si mesma, ele disse que ela poderia faltar se dormisse sozinha, ela ficou brava, mais a convenci de dormir comigo e já avisei que ia ir pra escola sim, depois que comi levantei fui lavando a louça, enquanto os dois montaram um quebra cabeças na mesa, fomos dormir cedo, estávamos todos cansados da viagem.

Quando acordei de manhã, a Amara não estava na cama, olhei no celular eram quase 10:00, levantei fui nos quartos não tinha ninguém, quando desci pra tomar café, encontrei a empregada na cozinha, perguntei se ela tinha visto eles, ela disse que a Amara foi para a escola e ele tinha ido trabalhar, tentei puxar assunto mais ela não me deu muita atenção, ficou me chamando de " dona " Kamile, nós já tínhamos nos visto antes e a postura dela estava diferente comigo, pensei que ela podia não estar em um bom dia e sai de perto, desfiz as malas, arrumei a cama e sai andar pela casa com o Otávio no colo, eu não queria mais não resisti, entrei no quarto do Tariq olhei tudo por cima, abri o guarda roupa, dei uma fuçada sem tirar nada do lugar, cheirei os perfumes, abri a gaveta do criado mudo e notei que tinha um porta retrato com uma foto da Layla com ele e a Amara, tirei da gaveta coloquei em cima do criado, comecei falar sozinha me perguntando o que a Layla iria falar de tudo aquilo, se de alguma forma eu poderia estar decepcionando ela, sai na sacada e me distrai olhando a casa dos vizinhos, a vista do quarto dele era a melhor da casa toda, comecei falar com o Otávio, perguntei se ele gostava de lá, falei que eu gostava mais não o suficiente e as escadas seriam um problema, com aquele " mocinho " começando andar, ouvi barulho no corredor, fui sair às pressas pra empregada não me ver lá, tomei um susto enorme com o Tariq encostado na porta me encarando, falei surpresa

- Aii que susto, faz tempo que você tá aí? 

Ele respondeu saindo na sacada 

- Não, acabei de chegar. Vim almoçar! E você? Está fazendo o que no meu quarto sozinha? 

Fui saindo, falei que tinha ido olhar a vista da sacada, ele pediu pra eu não mexer nas coisas dele, porque ele não gostava, respondi

- Não mexi em nada.

Fiquei irritada com o pedido, fui para o quintal com Otávio, sentei na grama, ele não me convidou pra almoçar junto, eu não fazia a menor questão mesmo, depois ele voltou trabalhar e não falou tchau nem nada, fiquei assistindo e lendo a tarde toda, quando os dois chegaram no final do dia, dei atenção para a Amara, ele se trancou no escritório, disse que tinha muito trabalho acumulado e pediu pra eu segurar ela, pra não ficar indo lá atrapalhar. Dei banho nela e no Otávio, jantamos sozinhos, e fomos dormir nós três na mesma cama. No dia seguinte foi a mesma coisa, mais ele não foi almoçar em casa, na quarta feira a secretária passou lá a tarde pra falar comigo, disse que os convites já haviam sido entregues, perguntei se ela ia voltar para o trabalho, ela disse que sim, respondi

- Você pode me levar junto? Tô sem carro e não sei onde fica.

Ela pensou para responder, pareceu não achar boa ideia, falei que queria surpreender meu noivo, corri me trocar, coloquei uma calça jeans cintura alta, um cropped nude e tênis branco, até maquiagem passei, eu já estava cansada de não ver ninguém a tanto tempo, era 16:00 quando chegamos, fomos entrando juntas, ela me apresentou para algumas pessoas como Kamile a noiva do chefe, ela tomou a frente, bateu na porta da sala dele e avisou que eu estava lá, ele estava falando com um cliente, fiquei esperando do lado de fora, uma estagiária começou mexer com o Otávio brincando, pediu pra carregar, começamos conversar sobre crianças, ela foi logo falando que ficou curiosa pra me conhecer e que eu era linda. Ele abriu a porta e falou super sério

- Kamile pode entrar.

Peguei o Otávio de volta, entrei na sala, fechei a porta, ele foi sentar e perguntou se tinha acontecido algo, respondi

- Não aconteceu nada, eu pensei em vir aqui conhecer e queria sair depois de pegar a Amara.

Ele respondeu mexendo no computador 

- Sair onde? Você não devia ter vindo sem avisar, tenho uma reunião daqui meia hora, não posso ficar te dando atenção quando você quer, aqui é meu trabalho Kamile .

Fiquei super sem jeito, sentida, respondi levantando

- Você tem toda razão, isso não vai se repetir. Pode ter certeza!

Ele levantou disse que ia me levar pra casa, falei com ironia que ele não precisava se preocupar comigo, porque eu tinha tempo de sobra e não estava trabalhando super ocupada como ele, ele me pegou pelo braço e falou bravo ainda dentro da sala

- Para de distorcer oque eu falo Kamile, você pode ficar aqui se quiser e depois vamos juntos buscar a Amara na escola. 

Balancei a cabeça que sim, mais fiquei quieta, ele saiu da sala, voltou com a secretária falando de lua de mel, fiquei olhando super séria pra ele com raiva, porque me recebeu mal e dez minutos depois estava como se nada tivesse acontecido, ela foi dando opções de lugares clássicos, fazendas, pousadas, praias, falando de valores e ele super participando, respondendo tudo, só concordei com ele, não opinei diretamente em nada, logo sai, fiquei fora da sala quando ele entrou em reunião, nenhuma das meninas trabalhou mais porque ficaram conversando comigo sobre o casamento, vendo as fotos, gostei delas, eu já não aguentava mais só conversar com o Otávio que nem me respondia, a hora passou super rápido, até peguei o número de celular delas, quando ele me chamou pra ir embora, perguntei se estavam todos dali convidados, a secretária disse que não, fiz questão, convidei todos para o casamento.

Logo fomos saindo, estávamos em cima do horário, ele perguntou se eu ia convidar pessoas próximas a mim, respondi

- Não, ninguém iria apoiar isso mesmo .

Ele respondeu

- Porque não? Você falou de mim para essas pessoas?

Respondi 

- Não muito, a maioria vai ficar falando que nosso caso já era antigo. Isso me chateia muito!

Ele ficou quieto, fomos na escola buscar a Amara, quando viu nós três esperando, saiu correndo da professora, foi direto para o pai com cara de choro, a professora chamou ele pra conversar, fui junto, entramos na escola, ela começou falar sem jeito

- Então pai nós já conversamos com a Amara e hoje ela ficou de castigo sem ir no parquinho porque xingou a coleguinha com palavras feias e jogou todo o material escolar da mesma no chão.

Ele falou para a Amara que estava no colo dele

- Porque você fez isso, Amara? 

Ela começou a chorar dizendo que não queriam ser amigas dela, por causa daquela menina chata, a professora disse que as meninas estavam com receio de se aproximar porque a Amara era muito " hostil " às vezes e brigava com todos.

Entrei na conversa muito p. Da vida e falei

- Como assim? São só crianças, quero saber o que estão fazendo para Amara se irritar tanto? Ela não ia ficar assim do nada.

A professora respondeu com ironia que eram frequentes os casos com a Amara, com vários coleguinhas diferentes, respondi

- Então talvez o problema sejam vocês e não ela. Pode deixar que vamos conversar com ela em casa.

A professora disse que ela não aceitava se desculpar nunca e as coleguinhas ficavam muito chateadas com ela sempre. Fomos embora tentando tirar da Amara o que tinha acontecido, mais ela não queria falar nada, só chorava, quando chegamos em casa falei pra ela já na porta 

- Vai guardar sua mochila no quarto e lava as mãos para tomar café .

Ela subiu triste, ele já me olhou bravo disse que ela não tinha culpa, respondi

- As crianças estão excluindo ela por causa desse mau comportamento, você precisa que aconteça mais o que pra colocar limites nela? 

Ele disse que não era simples assim, que apesar dela reagir mal a o que não agradava, ela não ficava tão brava atoa, acabamos nos desentendendo, falei pra ele cuidar dela sozinho, fazer lição de casa e se virar pra saber o que aconteceu na escola, fui para o meu quarto, fechei a porta, depois ouvi ela dando show pra tomar banho, mais não sai ver, quando foi 19:30 ela bateu na porta perguntando se podia entrar, respondi

- Pode, cadê seu pai?

Ela respondeu entrando no quarto de pijama e pantufa

- Ele tá aqui na porta me mandou ficar quieta. Pai, mas você não disse pra eu chamar a tia Ka pra jantar?

Ele apareceu na porta, disse que o jantar estava pronto, levantei, descemos juntos, depois de comer ela foi na sala assistir novela e ficamos nós dois na cozinha, eu estava mexendo no celular, ele perguntou se eu podia dar atenção a ele, respondi rindo debochada 

- Me manda uma mensagem no Whats quem sabe eu te dou mais atenção por lá .

Ele respondeu sério 

- Conversei com ela e já sei o que houve.

Respondi largando o celular

- E aí? Fala logo!

Ele disse que a coleguinha ia fazer aniversário e tinha convidado todas as meninas menos ela, perguntei como ele sabia que era verdade, ele respondeu

- Não é a primeira vez, parece que se forem amigas dela, as mais populares viram a cara. Não sei o que fazer Kamile, essa é a melhor escola daqui pra ela e pra ser sincero não entendo como crianças tão pequenas podem ser tão más.

Perguntei se ele já tinha falado com os outros pais, ele disse que não, mas que a diretoria tinha prometido fazer isso, falei que eu mesma ia resolver aquilo, nem que tivesse que frequentar as aulas por dias.

Fomos pra sala, entrei no assunto da escola com jeitinho, ela contou tudo, igual ao que já tinha dito a ele, aconselhamos ela ser obediente, mais educada, para as pessoas gostarem dela, e perderem o medo.

Praticamente todos os dias eu conversava com a Eduarda, contei o que aconteceu na escola, ela disse que era assim mesmo, que a Nina virou chacota porque usou um vestido mais chamativo e bonito que as outras no dia de ir fantasiado, ela me deu alguns conselhos de mãe, disse que no nosso caso era essencial uma ajuda profissional, conversamos bastante, ela disse que a viagem tinha sido cancelada e reagendada para depois do casamento, falei que agora podia ter festa então de aniversário pra ela, sentida disse toda sem jeito que não queria fazer nada, senti ela triste desanimada, perguntei se estava tudo bem, ela enrolou e não disse nada, eu pensei em algo especial para presentear ela, mais teria que ir na minha casa buscar, fiquei em dúvida se seria realmente bom.

Na quinta feira levantei cedo e perguntei se eu podia ficar com o carro pra ir em casa buscar algumas coisas, o Tariq respondeu

- É muito necessário mesmo? Não pode esperar o fim de semana para irmos juntos? 

Falei que não podia esperar, ele disse que não me queria viajando sozinha por causa do Caio, eu sabia que os motivos e preocupações dele tinham outro nome, era Paulo na verdade, falei que ia dar o meu jeito então, ele rapidinho disse que ia tirar a manhã livre para me levar.

Já não levou a Amara pra escola, tomamos café da manhã nós quatro juntos, eu estava começando andar pela casa de pijama, ambos estávamos sendo super formais um com outro ainda, ele nem ficava sem camiseta em casa, se fosse sair do quarto colocava, eu usava roupão às vezes, se o pijama não fosse discreto, subi me trocar deixei o Otávio no carrinho com eles, quando eu estava saindo do quarto ouvi o celular dele tocando no quarto, fui lá pegar vi que era uma mulher " Flávia ", deixei o celular lá só pra ele não ver que eu tinha visto, fiquei curiosa mais guardei pra mim, para usar no momento certo e perguntar quem era, fomos pra minha casa, ele perguntou no caminho o que era tão importante, que eu precisava ir buscar, respondi

- Quando chegarmos lá você vai ver. Vai ser o presente da Eduarda, se a minha idéia der certo. 

Ele perguntou se ia ter festa, falei que não, porque ela não estava afim, quando chegamos em casa, chamei a Joana pra ver o Otávio, ela estava com saudades dele, fui fuçando nas minhas coisas nas caixas, até achar o que procurava.

Ele me aconselhou a levar mais coisas pra ficar mais à vontade na casa dele, achei em uma gaveta uma camiseta do Paulo e na distração cheirei, fechei os olhos estava com o cheiro dele, fui longe nos pensamentos, com saudades, eu estava sozinha no quarto mesmo, o Tariq me pegou no flagra e falou sério 

- Vai demorar?

Assustei guardei de volta na gaveta, falei que já estava indo, ele respondeu bravo

- Não vamos voltar aqui antes do casamento, leva tudo o que for precisar.

Fiquei umas duas horas e já fomos embora, assim que cheguei de volta, comecei preparar o presente, eu ia precisar fazer uns ajustes, fiquei até de madrugada fazendo isso e ele não falou mais nada comigo, na sexta feira levantei cedo, precisava comprar algumas coisas na rua e queria fazer as unhas, desci pra tomar café com a Amara, que estava pronta pra ir na escola, falei pra ele

- Bom dia, tem como você deixar o carro comigo hoje? 

Ele perguntou pra que, não gostei do tom de voz, respondi

- Quer saber deixa, vou pedir um carro do aplicativo. 

Ele respondeu tentando concertar

- Peça o que quer e eu trago na hora do almoço, você não precisa sair pra nada. 

Respondi irritada 

- Quero fazer as unhas, ir no salão, posso? Tenho que pedir autorização? 

Ele disse que ia me levar e buscar, aceitei a carona pra ir, levamos a Amara na escola, levei o carrinho pra poder ficar bem com o Otávio, aproveitei para hidratar e escovar o cabelo, depois que saí, fui em algumas lojas no centro mesmo, comprei algumas coisas que faltavam para terminar o presente da Eduarda, aproveitei pra comprar um mimo pra minha baixinha, que tinha ido para escola quase uma semana inteira, comprei uma bota para a Eduarda usar na viagem dela, eu estava ainda bem entretida, quando o Tariq ligou perguntando se eu já estava pronta, falei que estava olhando lojas, expliquei onde estava, ele foi até mim, ouvi ele falando pra vendedora que foi atender ele " estou procurando a minha mulher, ela está com um bebê ", fiquei rindo sozinha no fundo da loja, ele me achou perguntou o que eu estava fazendo, respondi

- Pega o Otávio por favor, ele quer colo. Você acha que a Eduarda prefere vermelho ou preto? 

Ele pegou o Otávio do carrinho e respondeu

- Vermelho sei lá, você vai comprar o presente dela aqui? Não deveria dar algo melhor?

Estávamos em uma papelaria, respondi

- Não é só um presente, a mãe dela disse que ela gosta de coisas que significam algo, não só coisas caras. Comprei uma bota pra ela usar na viagem e tô fazendo mais coisas.

Acabei comprando coisas para a Amara, caderno para colorir, canetinhas, lápis tudo bem colorido, quando fui passar no caixa ele disse que ia pagar, quando colocamos tudo no carro ele ficou surpreso com a quantidade de coisas que comprei em tão pouco tempo. Eu estava muito animada com o presente da Eduarda, perguntei se íamos pra casa dela no fim de semana, ele respondeu

- De novo? Se ela não quer festa é melhor você esperar pra entregar o presente, já fomos semana passada e visita demais incomoda.

Ele me brochou toda, falei tentando enganar ele

- Mais ela vai viajar e só volta para o casamento, quero aproveitar o dia dela, dar toda atenção como aniversariante, no casamento o centro das atenções vai ser eu.

Ele respondeu sério

- Ela não vai viajar agora, só vai depois do casamento esqueceu? 

Me fiz de sonsa como se tivesse esquecido, fiquei pra baixo triste, com certeza ela ia fazer pelo menos um jantar, um bolo com a família e eu ia ficar de fora porque não era tão importante pra ninguém, fiquei super deprimida. Almoçamos juntos em casa, a empregada tinha saído mais cedo pra ir no médico, perguntei se ele queria mais alguma coisa, ele disse que não, respondi levantando tirando a mesa

- Vou fazer o Otávio dormir e tentar dormir com ele, fiquei acordada até tarde à toa. 

Ele perguntou porque a toa, falei que estava arrumando o presente da Eduarda, subi deitar e ele foi trabalhar.

Dormi a tarde toda, quando ouvi ele chegando, desci de baby Doll com o rosto inchado todo amassado, ele me encontrou no caminho e falou pra eu me trocar, porque tinha gente em casa, perguntei quem era, ele respondeu descendo as escadas

- Vai rápido!

Eu já estava pegando o Otávio no colo pra descer, quando alguém bateu na porta, falei que podia entrar era a Samira, nos cumprimentamos, a primeira coisa que ela perguntou foi porque eu estava em um quarto que não era o dele, respondi

- É por causa das crianças, os dois dormem comigo acredita? Vai ser difícil tirar a Amara da nossa cama.

Ela não acreditou muito, mais não insistiu no assunto, descemos juntas na sala, estavam marido dela e as filhas, ela disse que queria sair jantar fora, tomar uns drinks já que não estava amamentando mais, ela também tinha uma bebê quase da idade do Otávio, decidimos ficar em casa mesmo e fazer algo lá, eu não estava nada animada, mas tentei ser simpática, deixei eles lá falando de casamentos árabes e subi colocar o Otávio na cama, o Tariq foi logo atrás, perguntou se estava tudo bem, falei que sim, ele respondeu sentando na beirada da cama

- Sua cara não está das melhores, você nem está se esforçando pra conversar com a gente, é o assunto do casamento que te deixa assim? 

O Otávio tinha ficado dormindo, fomos saindo do quarto, paramos no corredor, respondi séria

- Desculpa se não estou sendo o raio de sol que você esperava, não tô fazendo nada de propósito pra te envergonhar, na frente da sua família, eu só não gosto de ficar mentindo feito louca pra todo mundo. Eu não quero nada disso e você sabe!

Ele respondeu rindo

- Você ia precisar fazer muito mais do que ser fria comigo pra me envergonhar, raio de sol.

Respondi séria

- Acho que preciso de ajuda de um profissional, mas não tô falando que o problema é você, não totalmente sabe... Eu só não me sinto muito bem e fico brava comigo mesma por isso, sei que muitas mulheres queriam estar no meu lugar. 

Ele respondeu interrompendo 

- Mas você não queria isso tudo? Nada disso? Muda o que você não gosta, pode mudar o casamento todo se quiser .

Fomos descendo as escadas, falei chateada

- Não dá pra dar vida aos mortos, né? Você não me entende!

Ele respondeu sem jeito

- Não dá mesmo, me fala o que posso fazer pra te animar, você quer ir na casa da sua irmã amanhã? 

Falei que ela não tinha me convidado, ele disse pra eu falar com ela, perguntar se podia ir, que iríamos caso aquilo fosse me deixar mais animada. Voltamos pra sala, sentamos um do lado do outro, comecei trocar mensagens com a Eduarda e ele ficou olhando lendo enquanto conversava com os primos, ela disse que ia passar o fim de semana com o ex, que já ia me contar mesmo, estava super feliz animada, não falei nada que queria ir ficar com ela, só desejei boa sorte e um ótimo fim de semana super romântico, continuei desanimada, o Tariq pegou uma taça de vinho e me serviu sem eu pedir, ele sentou mais próximo um pouco, colocou a mão em cima da minha e falou pra todo mundo ouvir 

- A Kamile está chateada porque é aniversário da irmã dela e não vamos conseguir ir pra lá. 

A Samira respondeu toda venenosa

- Estou louca pra conhecer sua irmã, ouvi dizer que ela é tão bonita quanto você, só que bem mais divertida.

Os dois homens ficaram sorrindo, respondi

- Qual a graça Tariq? Você acha a Eduarda mais legal do que eu?

A Samira falou também rindo 

- Aiaiai chamou pelo nome, primo você está encrencado.

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