Capítulo 2

Ele foi para o escritório, se trancou lá, eu fiquei com as crianças na sala, a empregada doméstica estava lá, fui atrás dela na cozinha, perguntei o que ela podia fazer de gostoso, algo que eu pudesse só colocar no forno a noite, ela disse que podia ser costela recheada ou alguma massa, escolhi a costela mesmo, ela precisava de alguns ingredientes e o principal a costela, me prontifiquei em ir no mercado com ela, peguei o Otávio fui no escritório, entrei sem bater e falei me aproximando da mesa 

- Você pode segurar ele um pouco, por favor? 

Ele disse que sim, dei o Otávio no colo dele, sai da sala, a empregada e a Amara já estavam me esperando prontas pra ir no mercado, peguei as chaves do carro dele, fui na porta e falei sem nem entrar 

- Vamos no mercado rapidinho tá? 

Ele perguntou se eu não ia levar o Otávio, respondi saindo 

- Não, se ele chorar dá uma chupeta. Sua filha eu vou levar!

Fui tirando o carro, nem dei a oportunidade dele dizer nada, ele não gostou muito, me chamou duas vezes eu nem voltei ver nada. Demoramos mais de uma hora, comprei brinquedos, bebidas, quando chegamos fui na cozinha guardar as compras, ele já veio com o Otávio no colo e falou sério 

- Você disse que seria rápido, ele ficou chorando, muito.

Peguei o Otávio no colo, ele queria mamar foi puxando minha blusa, respondi subindo para o quarto 

- Mas você fez ele parar de chorar, né? Então tá ótimo.

Fui deitar, fiz o Otávio dormir, logo desci pra almoçar, comecei comer, servi a Amara antes dele chegar na cozinha, ele perguntou se eu não podia ter esperado ele, respondi me deliciando no frango grelhado que a moça fez 

- Não, se você estivesse com fome, tinha vindo na hora certa almoçar. Quer que a gente pare a vida por você? Não dá né! Ela é criança e eu amamento. 

Ele foi lavar as mãos, se serviu, quando sentou eu levantei, ele começou conversar com a Amara me ignorando se segurando pra não me atacar, fui sentar no quintal, a Amara logo veio atrás, falando que queria entrar na piscina, falei que não podia porque tinha acabado de comer, ela pediu pra colocar biquíni pelo menos, disse que ia ficar esperando até poder, fui no quarto, troquei ela, ficamos brincando no quintal de boneca e eu estava mexendo bastante no celular, só pra passar tempo mesmo vendo a vida dos outros e roupas sapatos, ele saiu pra fora com o Otávio no colo resmungando querendo chorar e falou super grosso que eu estava pendurada na porcaria do celular e não ouvi meu filho chorando, também que eu não estava prestando atenção na Amara, que com certeza estava falando com o " outro ", respondi pegando o Otávio do colo dele

- Idaí se eu estiver? Vai cuidar da sua vida, não te prometi amor, nem fidelidade, nada disso. Vê se me deixa em paz!

Ele respondeu bravo 

- Kamile Kamile, cuidado com o que você diz.

Respondi sínica sorrindo

- Porque? Tá me ameaçando? Vai me bater de novo?

Ele respondeu baixinho 

- Porque a Amara está ouvindo tudo, só isso. Amara vamos pra dentro tirar esse biquíni filha. 

Ela disse que ia nadar, começou chorar fazendo birra, falei que logo ia dar a hora de ela entrar na água, ele disse que eu estava querendo tirar a autoridade dele, na frente dela, ela começou chorar falando que estava obedecendo pra nadar na hora certa, ele mandou ela se trocar, eu mandei ela ficar e nadar, começamos discutir, falei que a mamãe seria eu, ela perguntou confusa porque eu estava falando aquilo, ele disse que era pra eu parar, só paramos quando vimos a Eduarda já dentro de casa, junto com a empregada, fomos até elas, fui na frente nos abraçamos, ela falou baixinho

- Oi, espero que esteja bem. Fiquei surpresa com o convite!

Agradeci ela por ter ido, ele muito falso educado cumprimentou ela, agradeceu por ter ido, fomos entrando e logo subimos, levei ela no quarto, guardar as coisas, ela perguntou o que estava acontecendo, respondi envergonhada triste 

- É complicado, sempre fiquei dividida mesmo que inconsciente e agora ele se declarou e resolvemos ir adiante. Assim do nada .

Ela respondeu 

- Sempre achei que ele gostava de você, mas não você dele, não dessa forma pelo menos. Por que tanta pressa? Um mês é pouco tempo.

Fiquei sem graça, falei que não queríamos perder tempo. As crianças estavam conosco no quarto, a Nina pegou fogo querendo ir nadar, fugi da Eduarda dando atenção para as crianças, colocamos um maiô da Amara nela e fomos pra piscina, as duas estavam com bóias e na parte rasa, sentamos com os pés na água, começamos conversar sobre o casamento, enviei todas as fotos pra ela e o contato da secretária, ela  perguntou se eu queria mesmo me casar, respondi

- Sim, mas prefiro algo pequeno e ele algo grande. Também fico pensando na chateação do Paulo, porque a separação é recente, sabe? Gosto dele, somos muito amigos e ele não reagiu bem com a notícia.

Ela respondeu irônica

- Errado ele não tá né? Largaram quase ontem . Se fosse meu ex, aí aí eu ia ficar louquinha.

Respondi chateada

- Aí já está me julgando, imagina quando todos receberem o convite de casamento.

Ela ficou sem graça, disse que ninguém tinha o direito de falar nada, porque não podíamos mandar no coração, nos sentimentos, comecei chorar porque sabia que tinha metido os pés pelas mãos e perdido o amor do Paulo, levantei fui no banheiro lavar o rosto, demorei um pouco tentando me acalmar, quando sai o Tariq estava parado na porta e me disse com desaprovação 

- O que foi Kamile? Contou pra ela?

Respondi

- Nada. Sai da frente.

Ele perguntou de novo, se eu tinha falado pra ela a verdade, respondi

- Não, tenho vergonha de mim mesma por ter aceitado isso, não vou contar pra ninguém. Pode ficar tranquilo! 

Passei na cozinha, peguei duas cervejas, voltei pra fora, ficamos a tarde toda bebendo conversando, ela contou tudo sobre o casamento dela, desde o começo, quando me senti meio bêbada, o Tariq tinha acabado de ir sentar perto da gente, pra evitar ele entrei na piscina de roupa mesmo, fiquei brincando com as meninas, deixei o Otávio com a Eduarda, eles tiraram as meninas da piscina e já estava escurecendo, a Eduarda foi dar banho e trocar elas, fiquei sozinha mais um tempo na água, ele saiu sozinho, abaixou perto de mim na beirada da piscina e disse mais amigável 

- Acho que você vai derreter se ficar mais um pouco aí, vem, vamos sair, eu trouxe uma toalha pra você. 

Falei que não queria sair ainda, ele respondeu

- Kamile, por favor, você está bêbada. Logo o pessoal chega para o jantar e você vai estar aí, chamei a minha prima, você gosta dela, não gosta?

Falei que nem gostava da Samira coisa nenhuma e ia continuar na piscina, ele ficou tentando me convencer fazendo pressão psicológica, disse que eu estava sendo ridícula, imatura e a minha irmã ia me achar maluca uma doente, não gostei, fiquei muito chateada, fui saindo da piscina sem dizer nada, tomei a toalha das mãos dele e fui para o meu quarto, tomei banho coloquei um vestido curto agarrado que a Samira ia odiar, fui pegar o Otávio no quarto da Eduarda, ela perguntou se eu estava bem, falei que ia dormir um pouco e fazer o Otávio dormir, pedi pra ela colocar a costela no forno e arrumar a mesa, pra não sair do quarto, pedi que ela fizesse a mamadeira porque eu tinha tomado bebida alcoólica e deitei assim que peguei, tranquei a porta.

Dormi um pouco, coloquei o celular pra despertar pra dali meia hora, levantei, lavei o rosto, fiz uma maquiagem poderosa escura, achei na mala a melhor roupa que eu podia ter levado na vida, o vestido vermelho que era da Layla e foi presente dele a ela, decidi tirar o curtinho, porque aquele lá ia mexer com ele muito mais, quando fiquei pronta desci, não ouvi ninguém indo me chamar em momento algum, ouvi vozes risadas na sala de jantar, a Eduarda foi a primeira da mesa a me ver, ela sorriu pra mim meio sem jeito, todos olharam surpresos, dei boa noite a todos de uma vez só, fui cumprimentei a Samira com beijo e abraço, ela falou curiosa 

- Você não estava desmaiada após uma tarde regada a bebidas? Na piscina?

Sorri e respondi olhando o Tariq

- Não imagina, eu não podia perder essa noite tão especial. Já soube do nosso noivado?

Ela não foi discreta, disse que soube e não podia nem acreditar, que a ficha só ia cair quando nos visse subindo no altar, todo mundo trocou de lugar pra eu sentar ao lado dele, ele ficou sério assim que me viu, começaram conversar, ele perguntou baixinho porque eu tinha colocado aquele vestido, respondi

- Verdade obrigada por me lembrar. Samira eu preciso da sua opinião com o vestido de noiva, quero algo bem bonito e diferenciado, como era o da Layla? Tem fotos?

Ela notou o clima, ele tomou um gole da bebida raivoso, a Samira perguntou se eu tinha uma idéia de quanto queria gastar com o vestido, falei rindo que não sabia, cinco, dez, quinze mil ou mais, que o importante era ser o vestido perfeito, a secretária disse que tinha algumas sugestões, ainda um pouco alterada, falei bastante durante o jantar, ri muito com a Samira falando mal dele e dos familiares, quando terminamos de comer, fomos todos sentar na sala, pra ver melhor as coisas do casamento, começaram beber, eu peguei uma taça de vinho, ele falou pra mim bravo de canto

- Você já bebeu o bastante, chega Kamile.

Virei a taça de uma vez encarando ele nos olhos, ele falou que não queria perder a cabeça comigo, a Eduarda estava chegando perto de nós, ouviu e falou pra ele

- Deixa ela, estamos em família, né? Kamile vem ver a foto que a Samira encontrou.

Era um vestido estilo princesa, decotado muito chamativo com as costas de fora, gostei um pouco, eu preferia estilo sereia, mais justo uma saia e cauda menor, quase todas as fotos o Tariq estava olhando e dando palpite, ele disse que odiou o vestido que a Samira mais gostou, porque era muito aberto, não falei nada, mais decidi que queria aquele modelo só porque ele não gostou, fiquei dando atenção a todos menos a ele, não dirigi uma palavra a ele a noite toda, depois que a Samira e a secretária dele foram embora, continuei bebendo só pra irritar ele, aproveitei que a Eduarda podia me ajudar com o Otávio e enfiei o pé na jaca, estava cansada mais continuei bebendo bebendo. Já estava tarde, era mais de meia noite, a Eduarda queria ir deitar, ela disse que ia deixar nós dois mais a vontade e pegar o Otávio pra dormir com ela, pra gente aproveitar a noite mais um pouco, ele ficou com um sorriso bobo no rosto e falou cheio de ironia

- Do jeito que ela bebeu não ia aguentar dez minutos acordada na cama.

A Eduarda levantou rindo, falei irônica

- Fazer oque se você me dá sono né? A diferença de idade é foda!

Ela deu boa noite foi subindo, ficamos só nós dois na sala.

A Eduarda nos deixou sozinhos achando que íamos namorar, levantei fui na cozinha pegar algo pra beliscar, quando voltei na sala ele já não estava mais lá, fiquei mais de meia hora lá sozinha, tentei ligar para o Paulo várias vezes, chorei muito, mandei muitas mensagens também, contando tudo oque aconteceu com detalhes, pedindo desculpas, depois subi para o meu quarto passando mal, corri vomitar, a Eduarda acordou, foi bater na porta do banheiro, abri, ela ficou me ajudando segurando o meu cabelo, por causa da nossa agitação, o Tariq levantou, foi ver o que estava acontecendo, a Eduarda falou

- Ela tá passando mal, vou dar um banho nela, você fica de olho nas crianças por favor?

A Nina levantou chorando procurando a Eduarda, ele falou

- Deixa que eu cuido dela, pode ir.

Ela queria ficar comigo, mais ele insistiu, fechou a porta, eu estava sentada no vaso de cabeça baixa, ele se aproximou e falou me puxando pra levantar 

- Me ajuda a tirar o vestido.

Fiquei de calcinha e sutiã, ele ligou o chuveiro, fiquei embaixo da água bastante tempo e ele sentado no banheiro sem olhar pra mim, quando fui sair do banho ele perguntou porque eu tinha bebido tanto, onde eu estava com a cabeça, respondi

- Porque eu quis. Você vive bêbado desde que te conheci e eu não te julgo por isso.

Ele saiu do banheiro disse que ia pegar alguma coisa pra eu tomar, me troquei, coloquei pijama e deitei, tudo estava rodando, ele me levou suco, com bolacha água e sal, sentou nos pés da cama e ficou lá quieto até eu dormir. Acordei me sentindo péssima, fui logo ver o Otávio, ele estava dormindo ainda, a Eduarda disse que precisava ir embora cedo e que ainda íamos conversar direito, respondi

- Como assim? Não gostou do que fiz ontem né? 

Ela respondeu séria

- Não é isso, não sei o que você tá fazendo com você mesma, meu sexto sentido tá apitando.

Falei que estava mau por causa do Paulo, que sabia que ele estava magoado e não ia entender os meus motivos nunca, ela perguntou quais eram os motivos, porque ela também não estava entendendo, respondi

- Não sei se já aconteceu com você, de gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? É complicado, gosto de como um faz eu me sentir, mas gosto do que o outro faz eu sentir. 

Ela sorriu e respondeu irônica 

- É, não entendo mesmo, deve ser muito complicado. O que você acha de ir conhecer a minha família antes do casamento? Minha mãe faz muitas perguntas sobre você, estão ansiosas para te ver.

Falei que ia pensar, ver se arrumava um tempo, fomos tomar café da manhã, o Tariq estava dormindo, a Eduarda disse que ele saiu cedo do meu quarto, ainda debochou dizendo que a noite devia ter sido ótima, dei risada e não desmenti, ainda falei " dez minutos " longos minutos.

Ela foi embora antes do almoço, nem se despediu dele, agradeci muito por ela ter ido e por ter me ajudado a noite, ela disse que não tinha sido nada demais, coisa de irmã e prometeu cuidar dos preparativos do meu casamento, como se fossem dela.

Arrumei as minhas coisas, eu queria ir embora cedo, quando o Tariq levantou falei no pé da escada

- Que horas vou embora? Quero ir cedo.

Ele respondeu chegando perto 

- Bom dia Kamile, você está melhor? 

Falei que estava ótima pronta pra outra, ele disse que podíamos almoçar na minha cidade, sair levar a preciosidade dele passear, eu aceitei pra ir logo embora de lá, subi arrumar a Amara, coloquei um vestido exagerado quase de festa, fiz uma trança boxeadora, e logo fomos, fui no banco de trás, dormi a viagem toda, fomos almoçar no shopping, ele estava muito quieto e sério, só respondendo a Amara, que não ficava quieta nunca, falei pra ela 

- Princesa pergunta pro seu pai que bicho mordeu ele? 

Ela falou curiosa 

- Papai, o bicho te mordeu? Que bicho?

Ele respondeu me encarando

- Você fez muitas ligações a noite né? 

Balancei a cabeça que não, me fazendo de sonsa, ele respondeu

- Eu vi tudo Kamile, não minta pra mim, li cada mensagem que você mandou pra ele! Você tem passado de todos os limites. Já estou arrependido!

Respondi sínica

- Viu porque quis, não tinha que mexer no meu celular, você não tinha esse direito. 

Ele disse que não queria eu fazendo ele de idi.o.ta, que eu tinha escolhido casar com ele e ele não ia aceitar ser traído nunca, fiquei quieta fingi que não ouvi, fomos almoçar rapidinho, ele não me deixou olhar nenhuma vitrine, me deixou em casa e não quis subir, o porteiro que carregou as malas pra mim, o meu noivo não falou nem tchau. 

Fiquei até animada de ver que tinha irritado ele, durante a semana tentei contato com o Paulo, mais ele lia tudo e não falava nada, na quarta feira ele mandou uma mensagem 16:30 

" Preciso falar com você e quero ver o Otávio, posso passar na sua casa hoje? " 

Respondi desesperada tremendo suando frio 

" Pode sim, eu chego às 17:30 mais aviso a babá pra te receber antes "

Ele não disse mais nada, fiquei super ansiosa contando os minutos pra ver ele, quando cheguei ele já estava lá sentado na sala com o Otávio no colo brincando, falei apreensiva 

- Oi, tudo bem? Como seus pais estão?

Ele respondeu sem olhar pra mim

- Oi tudo, meu pai tá se recuperando bem, estive pensando em pegar o Otávio um fim de semana sim e um não, a cada quinze dias acho pouco.

Falei que não achava legal por ele ser muito pequeno e mamar no peito, ele respondeu irônico

- Você não acha legal, sabe o que eu não acho legal Kamile outro homem, uma pessoa que não vale nada criando meu filho. Quer começar a dificultar as coisas agora? 

Falei que era longe, que se fosse perto na mesma cidade até dava, ele não gostou, disse que não aguentava mais ficar passando por aquele tipo de coisa, como se tivesse menos direitos do que eu, pedi um tempo pra gente ver o que dava pra fazer, fiquei sentada na sala com os dois, tentei conversar mais ele ignorou, nem banho fui tomar, fiquei só de olho, aproveitando a presença dele, eu tinha acabado de dar a fralda do Otávio, ele queria dormir, tomei o maior susto com a porta abrindo e o Tariq entrando, do nada sem avisar.

Quase toda quarta feira ele tinha reunião na minha cidade, por várias vezes ele aparecia em casa sem avisar justamente de quarta feira, eu nem lembrei disso, mesmo se lembrasse ia pensar que ele não ia lá, porque ficamos o fim de semana juntos, quando um viu o outro, ambos ficaram super sérios, o Tariq muito educado e falso, falou Oi para o Paulo, apertou a mão dele e sentou do meu lado, assim que ele sentou foi pra me dar um selinho, virei o rosto discretamente, falei pra ele

- Não esperava você aqui.

Ele segurou na minha mão e respondeu com ironia

- Também não esperava seu ex aqui, mas aqui estamos nós.

O Paulo já levantou, colocou o Otávio no carrinho e falou indo em direção a porta

- Só passei ver o Otávio, no fim de semana eu volto. Vamos nos ver bastante pelo jeito cunhado, manda um abraço para a Amara, do tio Paulo.

Levantei fui até a porta correndo, falei que ele podia ficar quanto tempo quisesse, pedi desculpas, ele respondeu sério com raiva e decepção no olhar 

- Não valeu, tenho nojo de ficar olhando pra você.

Ele foi indo para o elevador, eu nem respondi nada, fiquei com cara de tacho, quase chorando, entrei daquele jeito já tirando satisfação, perguntei porque ele estava lá sem avisar e porque foi entrando como se fosse a casa dele, ele respondeu cínico

- Atrapalhei o encontro com o seu amante? Não foi a minha intenção, precisava falar com você sobre o Caio.

Fui indo para o quarto, falei que não queria saber nada do Caio, que não ia mexer na morte dos meus pais, ele disse que eu devia tomar muito cuidado, porque ele tinha desfeito a sociedade e o Caio já sabia do nosso casamento, não dei a menor importância, falei que não queria saber de nada, porque a minha vida já estava bagunçada e ruim o suficiente, fui tomar banho, quando voltei na sala ele tocou no mesmo assunto, disse que queria me proteger, cuidar de mim, respondi alterada 

- Me proteja de você mesmo, por favor. 

Ele disse que ia embora porque não estava com paciência pra me aguentar, respondi indo abrir a porta 

- Não era nem pra ter vindo e no final de semana vou na casa da minha irmã só eu e o Otávio. Já estou avisando pra você não fazer planos comigo e usar sua filha.

Ele disse que desde que fosse verdade, sem problemas, pra eu não ir pra cama de outro, porque ele ia saber e aquilo teria consequências.

Nem falei tchau, bati a porta revoltada com ele, mandei mensagem pedindo desculpas ao Paulo, ele nem respondeu. 

No sábado deixei tudo pronto pra viajar cedo, sai antes das 8:00 da manhã, esqueci a bolsa do Otávio com o leite chupetas mamadeiras, tive que voltar pegar em casa, tinha saído a uns quarenta minutos, quando cheguei perto da porta já achei estranho, estava meio aberta, fui entrando com o Otávio no colo apreensiva, vi que estava tudo bagunçado, quando fui voltar pra trás assustada um homem de capuz, chegou por trás e falou super grosso me ameaçando 

- Fica quieta dona, se você gritar vou ter que te machucar.

Entrei em desespero falei que não ia fazer nada, que ele podia levar o que quisesse, ele me arrastou até o banheiro, me trancou lá, fiquei chorando tentando acalmar o Otávio, eu estava sem a bolsa, o celular tinha deixado cair na sala, fiquei horas trancada no banheiro com medo de gritar chamar alguém e algo ruim acontecer, o Otávio mamou e dormiu, ouvi alguém chamando meu nome, respondi apreensiva, era o porteiro, ele perguntou se estava tudo bem, contei o que aconteceu, ele disse que ia pegar uma chave para abrir a porta, assim que ele voltou ouvi ele no telefone falando de mim, sai do banheiro nervosa chorando, troquei o Otávio e sentei na sala, o porteiro disse que a Joana minha babá estava viajando e que ligou pedindo pra ele ir até o meu apartamento pra ver se estava tudo bem, porque estavam tentando falar comigo a horas sem resposta alguma, e ele viu meu carro lá no prédio, peguei o celular, tinham muitas chamadas perdidas, de início da Eduarda, depois do Tariq e até do Paulo, mandei um áudio pra ela contando o que aconteceu, pedi pra ela não contar pra ninguém, ela disse que precisava contar sim, porque estavam todos preocupados comigo, em menos de trinta minutos o Tariq chegou todo preocupado nervoso, nos abraçamos, ele queria saber o que aconteceu, foi super grosso com o porteiro porque ninguém tinha visto nada, ele disse que já estava indo pra lá,  porque a Eduarda falou com ele desesperada, achando que eu tinha sofrido um acidente na estrada, ele disse que não ia me deixar sozinha lá, insistiu pra eu ir embora com ele, estavamos conversando e o Paulo me ligou, estava preocupado porque a Eduarda falou com ele me procurando, atendi rápido, ele perguntou o que tinha acontecido, sai da sala fui no quarto pra conversar melhor, contei o que aconteceu, ele ficou quieto ouvindo, perguntou se eu precisava de alguma coisa, se o Otávio estava bem, respondi

- Não obrigada, vou ficar na casa da minha irmã, não sei o que aconteceu aqui, tô muito nervosa ainda. Queria muito te ver!

Ele respondeu

- Não vou ter cabeça pra nada enquanto não tiver certeza de que vocês estão bem. Você tá sozinha?

Respondi " não " ele falou em tom de desaprovação

- Ele tá com você?

Fiquei quieta, ele disse que então eu não precisaria dele para nada e desligou, fiquei me sentindo muito mal, ele deu a entender que queria me ver, como eu estava com as malas prontas, aceitei ir pra casa do Tariq, a Amara estava com a Samira, fui com o meu carro pra ele não precisar me levar embora no domingo, assim que chegamos coloquei o Otávio pra dormir na cama, tomei banho troquei de roupa e deitei pra assistir, o Tariq foi me oferecer suco, perguntou se eu estava mais calma, falei que não estava entendendo o que aconteceu em casa, ele respondeu

- Acho que você já sabe a resposta e deve fazer algo a respeito. Te alertei várias vezes sobre o Caio! Isso é muito sério Kamile.

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