Capítulo 18

Annelise

Passei um bom tempo em minha banheira para que a água quente arrancasse as dores do meu corpo, eu não vou dizer que eu sou uma pessoa de fazer exercícios, quando na verdade eu nunca havia feito.

Não por falta de tempo ou qualquer outra coisa, eu só nunca tive vontade e tenho certeza de que o meu pai me proibiria, eu acho que o meu medo sempre em tentar coisas novas era porque eu estava cansada de ouvir a palavra não.

Com poucos minutos de caminhada a passos lentos eu me sentia exausta, como se o meu corpo ou minha mente implorasse pelo aconchego do meu quarto e o calor das cobertas.

Mas eu resisti bravamente e me esforcei o quanto pude, o que não foi muito, mas se eu deixar de ser uma pessoa pessimista, eu devo considerar os meus pequenos passos, uma vitória.

– onde estão os seus remédios? – minha mãe indagou confusa assim que eu terminei de me arrumar, agora como ela gostava em um vestido de alta costura apenas para ficar em casa.

– Ah, eu queria saber o que aconteceu com a Bonnie – mudei o assunto e ela suspirou. Eu não queria dizer que o meu marido havia jogado, tinha medo de ela interpretar de maneira errada.

- eu falei com o seu marido que a mandasse para um lugar onde ela poderia ficar – falou em um suspiro se sentando em minha cama enquanto eu encarava o espelho olhando o meu colar que o meu marido me deu, eu tenho certeza de que foi ele – e como passou a noite?

- bem, não se preocupe – assegurei, até porque não sei se ela se importaria muito se eu afirmasse que eu não estava bem, eu amo a minha mãe, mas no fundo eu a culpava por nunca ter lutado por mim, mesmo sabendo que ela não tinha muito o que fazer – e a senhora como está?

- eu vou ficar bem – falou e forçou um sorriso – sei que é estranho o que eu vou pedir, mas vejo que o seu marido é um bom homem, conversei bastante com Angelina, e ela disse que ele é confiável e justo.

- Diga o que deseja pedir mamãe – avisei, sabendo que ela queria alguma coisa, ela sempre foi de rodeios para pedir ou matar sua curiosidade, lembro que o meu pai odiava isso nela.

- eu sei que eu não posso sair dessa vida, e muito menos teria coragem de abandonar você – disse e seus olhos ficaram embargados – também sinto que o seu marido é um homem bom dentro do possível, obvio e que ele vai cuidar de você

- o que de fato a senhora está querendo dizer? – indaguei sentindo o meu coração apertando, ela se levantou e veio até onde eu estava, pegou minhas mãos e levou até os lábios beijando algumas vezes – mamãe

- eu vou pedir ao capo para me afastar por um tempo – disse e eu a entendi, juro que eu a entendi, mas também não me decepcionou, eu passei mais da metade da minha vida longe dela.

- vai tranquila – eu disse e forcei um sorriso, ela não me conhecia de verdade e eu acredito que nem deve saber que de fato eu não estou feliz – a senhora merece esse tempo.

Eu a abracei apertado, em seguida fomos para a mesa do café eu não sabia o que o meu marido iria comer, mas também não vou mentir dizendo que eu fiquei muito preocupada porque eu não fiquei.

O dia passou com a minha mãe pesquisando lugares que ela gostaria de conhecer e falando sobre eu não demorar muito a engravidar porque eles irão exigir um herdeiro, eu fingi naturalidade enquanto lia um livro ou tentava. Eu não estava pronta para falar sobre gravidez e nem sei quando eu estaria, conversei com meu marido poucas palavras, e não vou mentir ao mesmo tempo que tenho medo de me entregar a ele eu desejo muito.

Só espero que não exista mais pesadelo com o lobo e nem que ele cumpra sua promessa.

No inicio da noite o meu corpo já começava a doer, penso no quão sedentária eu sou por ter ficado dolorida e cansada com quarenta minutos de caminhada, não vou dizer que gostei porque ainda não sei como serão os dias seguintes, mas eu mesmo com dor estou animada para o dia de amanhã.

Subo para o meu quarto quando faltava poucos minutos para o jantar, Felippo ainda não chegou, eu não quero pensar coisas negativas ao seu respeito, mas quando a gente convive muito no meio de traições tudo o que você acredita é nisso.

O meu celular esquecido na mesinha de cabeceira toca, eu saio da janela onde admirava o jardim e corro para o atender, é um numero desconhecido penso se realmente devo atender pois eu nunca dei o meu numero para ninguém.

- Olá– digo ao atender

- Olá, Annelise, sou a Angelina – diz uma voz melodiosa e eu me lembro de uma das amigas de Felippo e me ânimo pois eu havia gostado muito delas – lembra de mim?

– Claro, a Ruiva não é? – indaguei e ela sorriu

– sim isso mesmo – afirmou – Liguei para você salvar o meu número para mantermos contato.

– Ah, muito obrigada – agradeço feliz, se eu tiver três contatos é muito, nem o do meu marido eu tenho.

Nós nos despedimos pois ela ia dar o jantar das crianças, decidi descer também para a cozinha, precisaria comer pois quero treinar amanhã e quero ficar forte para eu vencer o meu maior pesadelo.

– Onde vai? – me assusto com a voz grossa de Felippo pensei que ele ainda não tinha chegado um sorriso involuntário surgiu em meu rosto

– você voltou – eu disse deixando o perceber a minha insegurança o que não é segredo para ninguém.

– Você é a minha esposa – Ele disse e se aproximou de mim, faltava apenas um degrau para eu descer então ainda fiquei menor que o meu marido, o seu rosto veio na direção do meu, mas a sua boca não veio em direção da minha, ela escorregou para o meu ouvido – eu sempre vou voltar para você Annelise

Disse com a sua voz imponente que me arrepiou até a alma, o meu corpo inteiro estremeceu e as borboletas em meu estômago surgiram novamente.

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Onde será que o Felippo estava? 🙊

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