Capítulo 09

Felippo

Assim como eu ensinei muita coisa a minha irmã ela também me ensinou algo que diz sempre proteger as mulheres, o instinto, a intuição.

E eu sentia o meu gritando para ver a Annelise, eu fiquei com ela em meus pensamentos desde quando eu falei com o conselheiro, estava hospedado em um quarto grande da mansão e ainda assim eu não havia visto pelo restante da noite.

Eu sentia como se ela tivesse em perigo, eu sentia que ela precisava de mim, que ela implorava por ajuda, era algo forte que eu nunca senti antes.

Eu me via confuso com isso pois Annelise estava em um quarto quase ao lado do meu e a mansão protegida.

Mas ainda assim segui os meus instintos e fui para o seu quarto, chegando lá me deparei com a porta trancada na chave, achei estranho pois da vez que eu vim aqui ela não estava assim.

– Annelise – eu chamei batendo em sua porta, não queria parecer desesperado para não a assustar, porém ela não me respondeu me deixando mais agoniado ainda, com mais força que antes bati novamente na porta, pronto para arromba-la se ela não abrisse em dez segundos – Annelise.

E então aconteceu.

Um redemoinho surgiu dentro de mim quando ela abriu a porta e se jogou em meus braços me abraçando de maneira apertada e desesperada.

– Me diz que você é real – pedia me abraçando forte enquanto soluçava eu estranhei sua atitude, eu queria vasculhar o seu quarto, mas eu também não queria soltá-la. Sua cabeça mal chegava à altura do meu peito, mas ainda assim ela esfregava o rosto em meu peito como se tivesse conhecimento do meu cheiro e procurasse por ele em busca de se acalmar.

– eu sou real – eu disse devolvendo o seu abraço apertado com o seu corpo ainda trêmulo, sem esforço eu a peguei em meus braços, ela era pequena e magra, não pesava nada, com cuidado eu a carreguei – vou levar você para o meu quarto ok?

– Por favor me tira desse pesadelo – pede ainda de olhos fechados, eu sinto o desespero e o medo dela e isso me deixou confuso e amedrontado, o que é capaz de deixa-la assim?

Assim que chegamos em meu quarto eu tranquei a porta mesmo sabendo que era errado ficarmos apenas nós dois em meu quarto antes do casamento, nos deitei em minha cama e a mantive em meus braços. A nossa diferença de tamanho era enorme, era ridículo até.

Prometi a mim mesmo não a tocar para não a manchar com o tanto de sangue que eu tenho em minhas mãos, mas é impossível eu me afastar quando eu sinto que ela precisa de mim e eu dela para me manter sã diante da inquietude que me atingiu.

Ela não demorou muito para dormir, assim que parou de chorar o sono chegou e caiu em um profundo sono. Possivelmente o que ela teve foi um pesadelo antes e nem sabe que está em meu quarto e em meus braços.

Mas o que eu senti foi que ela estava em um perigo real e que eu precisava muito protegê-la. O medo e a sensação foram reais, eu senti, e agora eu quero muito descobrir o que aconteceu.

Com cuidado eu a tirei dos meus braços e me levantei, queria o mais rápido possível me afastar dela, não que de fato era isso que eu queira, mas é melhor assim. Assim que eu a soltei a sua mão foi parar em seu pescoço, mas precisamente em seu colar que eu dei a ela.

Ela deveria ter tirado aquilo para dormir, pensei e sorrir nervoso, espero que ela não saiba que foi eu quem dei a ela.

- Me diga que está ligando para matarmos alguém ou eu vou arrancar a sua cabeça fora por está me ligando a essa hora – Alexandra disse assim que atendeu a ligação. Minha irmã era tão delicada como uma leoa.

- pensei que desde que você foi cuidar das meninas você não matasse mais – brinquei e ouvir o seu bufar

- E não faço, mas se o meu irmão me liga as três da manhã eu com certeza viro uma sanguinária – brincou e foi impossível não rir – diga o que te aflige irmão.

- Vou me casar amanhã – avisei e ela suspirou pois provavelmente já sabia – quando fez faculdade de psicologia chegou a aprender alguma coisa? Acho que eu vou precisar

- No seu caso, você precisa é de um psiquiatra – brincou – vai dar tudo certo irmão, nós fizemos juntos uma investigação sobre ela, você não tem com o que se preocupar.

- Hoje eu senti uma coisa estranha, algo dentro de mim gritou que ela estava em perigo – eu disse e ela suspirou

- Quanto mais você negar que a ama mais vai surgir coisas que você se nega a admitir – disse – e ela estava em perigo?

- como eu posso amá-la se eu nem a conheço? – indaguei – eu não sei fazer isso Lex, eu sei que eu vou machucá-la, eu sei que se envolver comigo será o fim dela, a proteção que eu sinto com ela não passará disso.

- Você só tem tamanho Felippo, mas é burro na mesma proporção – xingou e eu revirei os olhos – ela estava em perigo?

- Eu não sei, talvez tendo um pesadelo – contei e ela pareceu interessada – na verdade quando eu senti que eu deveria protegê-la eu fui até o seu quarto

- Que fofo – zomba

- Quando ela abriu a porta ela parecia desesperada só se jogou em meus braços e ficou perguntando se eu era real, ela queria que eu a tirasse dali – contei

-Quais eram as ações do corpo dela? – indagou seria – gestos, algo assim.

- eu estou vendo ela dormir agora – contei e ela soltou um palavrão – as vezes ela passa as mãos nos braços ou na perna como se quisesse se livrar de alguma coisa

- Ou do toque de alguém – Alexandra disse e suspirou, neguei rapidamente

- Não Lex, claro que não – eu disse e a encarei Annelise que dormia agora serenamente, ela passou a vida em um internato só para mulheres e voltou para casa agora, uma casa totalmente protegida, obvio que algo assim não vai acontecer.

- fique de olho irmão, você está em um território totalmente novo, você sabe que não devemos confiar em ninguém, observe e nunca abaixe a guarda – pediu eu concordei e desliguei a chamada.

Minha conversa com a minha irmã serviu apenas para me deixar mais confuso sobre tudo, eu não sei como agir agora, mas eu só tenho certeza de uma coisa, se alguém tiver a tocado essa pessoa vai passar a ver o verdadeiro monstro diante dos seus olhos, porque a morte será pouco perto do que eu farei.

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