Capítulo 5 . Patrões.

Pauline ficou tão feliz com a proposta do patrão que foi correndo contar a seus pais e a Ane, eles ficaram orgulhosos e Ane mais ainda. Pauline a abraçou com carinho, sempre a considerou como uma segunda mãe.

Há dias que Ane andava preocupada com Maria, ela não estava bem, não aquentava mais ir a lavoura e estava com dificuldade para andar. Não aceitava ir ao médico. O pai de Pauline achou que ela teve um derrame, mais não tinha certeza, Maria era teimosa e não gostava de dar trabalho a ninguém então fazia tudo com dificuldade, ela e Ane sempre dividiram as tarefas, cuidar da casa e roupas era a parte dela. Ane ia para lavoura e arrumava lenha para o fogão.

Nos finais de semana Pauline ajudava Ane e Maria nas tarefas. Pauline tinha muito orgulho das mulheres fortes que elas eram e do que já haviam enfrentado na vida.

Quando Maria faleceu uma tristeza profunda invadiu o coração de Pauline, não apareceram nenhum parente para o velório e Ane precisava de um apoio, ela estava sozinha agora. Pauline até entendia pois tinha mais afinidade com Ane do que com seus irmãos e pai, mais num momento como esse os que ficam precisam saber que são amados e que a vida continua. Pauline passou a fazer companhia pra Ane a noite, de lá ia direto ao trabalho. Um rancor pelos parentes de Ane surgiu em seu coração. Ane queria ver sua irmã e sobrinhos então o pai de Pauline arrumou um carro para a levar. Ela passou dias lá, o que fez Pauline ficar ansiosa não queria perder aquela que era sua mãe de coração, o medo de Ane não querer mais voltar a entristecia.

Pauline começou a estudar veterinária, na escola ia tudo muito bem, o problema era os filhos do patrão que não a deixavam em paz por terem ciúmes do pai lhe pagar os estudos.

Donizete: - A magrela só está estudando graças ao favor de papai.

Edu : - O que será que ela fez para ele fazer isso??

Donizete: - Ele fica gastando nossa herança com essa sem graça, precisamos ficar de olhos abertos.

Pauline aquentava tudo calada, seu patrão era um homem muito bom e não merecia os filhos que tinha, nem os comentários maldosos deles.

Em agradecimento ao patrão ela cuidava dos animais da fazenda da melhor maneira que conseguia, e como amava os animais fazia tudo com carinho e dedicação, o que agradava senhor Nelson.

Com o tempo Pauline foi mudando, adquiriu corpo de mulher com curvas delicadas, os cabelos negros cresceram até a cintura e seu rosto de menina adquiriram traços de uma bela mulher com lábios carnudos e rosados, sobrancelha bem desenhada com um olhar profundo.

Pauline não esqueceu os insultos de infância, então nenhum rapaz tirava com ela, ela sempre tinha a resposta na ponta da língua.

'' Cuidado pau lito de fósforo queima.''

'' A vareta cresceu, não é pra qualquer um''

Mais com os filhos do patrão era diferente, ela não podia abusar, pois apesar de idiotas eram filhos do patrão.

Edu até não era tão mal, mais Donizete vivia a humilhando, ele também fazia veterinária e não se conformava por Pauline tirar notas melhores que ele, sendo a primeira da classe. Ele vivia inventando mentiras sobre ela para os colegas, dizia que ela conseguia notas boas porque ficava com professores, que era protegida, mais Pauline sempre foi boa aluna e os professores sabiam que era esforçada e inteligente.

Donizete a tratava como uma serviçal, a fazia colocar a sela no cavalo para que ele montasse, os chicoteava sem motivo e dizia que ela os estava deixando rebeldes.

Donizete: - Você não sabe cuidar nem de um simples cavalo como quer ser veterinária??

Edu : - Deixe Pauline em paz Zeti, você sabe que não é verdade.

Senhor Nelson chega e ouve os filhos discutindo na frente de Pauline, ele não gosta do modo como os filhos tratam as pessoas, ele já foi muito pobre um dia e pra ele dinheiro não é tudo, caráter e honestidade são mais importantes.

Nelson: - O que houve Edu? Zeti?

Donizete: - Pauline que deixou esse cavalo rebelde, fui ensinar ele e ele me jogou no chão!

Nelson: - Eu não acredito, todos os animais são dóceis com ela, você deve ter feito alguma coisa??

Donizete: - Agora prefere defender uma empregadinha do que seu filho!! É o fim mesmo!

Nelson: - Zeti toma cuidado com o que diz, eu sou seu pai, te conheço muito bem!!

Pauline: - Senhor Nelson, por favor. Não vão discutir por minha causa.

Pauline pega o cavalo e o leva ao estábulo, o animal a seguiu docilmente, o que deixou Zeti mais irritado ainda.

Dona Bernadete também não aprovava o que Nelson fazia, e enchia a cabeça dos filhos contra Pauline.

'' - essa garota ainda vai tirar o que é de vocês, seu pai está louco de pagar faculdade para uma empregada.''

Nelson conhece a esposa que tem, houve uma época que ele tentou muda- lá, mais não conseguiu, ela sempre foi uma pessoa orgulhosa e prepotente, filha de milionários que faliram, tinha uma beleza inigualável, Nelson se apaixonou a primeira vista, não conhecia o caráter e a ambição que ela tinha e como na época casavam-se sem se conhecerem antes ele foi enganado pela beleza superficial dela.

Como Nelson estava progredindo rápido no ramo de café e criação de pequenos animais seus sogros marcaram o casamento em troca de um belo dote.

Assim que casaram a filha venderam tudo que tinham e foram embora do país. Bernadete não gostou nada de ter que morar em fazenda, queria ir para capital, sempre gostou de festas e da alta sociedade, fez Nelson comprar uma casa lá pra que pudesse participar da agitação da cidade. E lá ela passava dias, semanas e até meses, se esquecia do marido e da fazenda só se lembrando quando precisava de dinheiro.

Nelson não ligava mais se ela ficasse ou não na fazenda mais queria que Seus filhos tivessem pelo menos um pouco de interesse pelo que ele, com muito trabalho e esforço conseguiu, mais como mãe só sabiam gastar o dinheiro suado que conseguira e reclamar de tudo da roça.

Pauline sim, poderia muito bem ser sua filha.....

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