Capítulo 20. Segredos

Depois do almoço, Mary e Marlon conversaram com os ex-empregados de seu pai e Mary pediu se eles podiam ficar mais um tempo com eles, ali na casa, ajudando-a a arrumar as coisas do pai e da mãe, para esvaziar a casa. Contrataram uma empresa, mas o casal conhecia bem tudo e seriam perfeitos para organizarem tudo. Eles aceitaram e Giovanni, uando.soube, perguntou de quem era a casa.

— A casa é minha, faz parte do espólio da minha mãe. Quero me desfazer de tudo e vender a casa. Aliás, acho que vou fazer isso com todos os imóveis que eram dela e foram utilizados por meu pai. — respondeu Marlon.

— Você receberá a lista dos imóveis que ficaram para Luí. Meu pai não gostava de hotéis, então, nas cidades em que tonha negócios e que visitava mais, ele comprou imóveis para poder ficar enquanto visitava a cidade. Assim, existem vários imóveis para verificar e eu aconselho vender a maioria.

— Se você acha que vou cuidar de tudo sozinho, está muito enganado. Seu pai foi um velhaco e não vou cair na dele e nem deixar você entrar em qualquer armadilha que ele tenha preparado, vou estar ao seu lado, querendo ou não. — disse Giovanni, incisivo.

— Senti firmeza, cunhado. Aliás, Luí dormiu no sofá, vou levar ele para a cama.

— Deixa que eu levo, Marlon. — se prontificou Giovanni, como pai.

— Vocês precisam conversar, não é justo que fiquem brigados por causa do velho. — Marlon pegou Luí e saiu.

— Ele tem razão, Mary, não podemos deixar esse testamento nos separar, agora que começamos a nos entender. Eu te amo.

— Então vamos sentar e você me explica o que fez meu pai deixar aquele testamento horroroso.

— Só não se aborreça comigo. Eu te amo. — disse ele, com cara de quem fez coisa errada.

Mary não resistiu e riu. Ele focava lindo de qualquer jeito e não podia negar que estava apaixonada por ele. Estava se controlando para não agarrá-lo. Se perguntava quantas vezes um casal podia fazer amor por dia.

— Você está me dando medo, me olhando desse jeito. — disse Giovanni.

— De que jeito, estou te olhando?

— Como se fosse me devorar…

Ele voou sobre ela no sofá, agarrando-a e beijando sua boca com vontade. Ela retribuiu, beijando-o na mesma medida. Não tinham como negar que se gostavam e desejavam. Nesse momento, Mary decidiu que mesmo brigando, ficaria com ele. Saboreou ao máximo aquele beijo e já estavam deitados no sofá, quando ele ouviu um barulho e lembrou que não estavam em local adequado. Se afastou e tentou se controlar.

— Quer ir para o quarto ou prefere parar?

— Por agora, acho que tá bom, estamos no meio do dia, vamos deixar pra mais tarde.

— Isso é uma promessa? Vou cobrar, heim! — disse ele, sorrindo feliz.

— Agora você vai me contar o que tanto conversou com meu pai… — ordenou ela, se ajeitando e ele rindo, gostando de vê-la marcada por seus beijos.

— Não se aborreça, está bem?

— De novo essa história, você deve ter aprontado feio, não é?

— É que, eu estava com muita raiva, quando saí da prisão e não te encontrei e por isso procurei o seu pai.

— O que inventou, para ele gostar tanto de você?

— Disse o.quanto era apaixonado, que você sentia a mesma coisa e só não queria admitir.

— E ele acreditou?

— Também contei a minha visão do que você chamou de sequestro e que eu chamei de proteção e ele aceitou a minha versão e considerou que eu agi corretamente, pois o principal era sua proteção.

— Vocês dois se mereciam, mesmo. Meu pai era um machista, tinha um monte de amantes e não fazia questão de esconder da minha mãe. Ela sofreu muito e quando quis dar o troco, ele deu uma surra nela e Marlon entrou na frente, para defendê-la e quase ficou aleijado.

— Ninguém dizia que ele era assim. Eu não sou um homem que aceite adultério, aliás, minha família não admite isso. Também não somos espancadores e muito menos beberrões.

— Por um tempo, eu achei que eram mafiosos e investiguei até na dark web e só encontrei os roubos de seu irmão.

— Você não estava errada, mas foi há muitos anos atrás, quando meu pai assumiu, prometeu para a minha mãe que limparia os negócios da família. Ele começou e eu terminei. Hoje estamos limpos, embora eu odeie os políticos e seus impostos abusivos, pago tudo direitinho.

— Então você é um cara honesto, quem diria, com toda essa pinta de playboy mafioso, é "careta".

— Careta? O que é isso?

— É como os brasileiros chamam quem não usa drogas ou não é traficante.

— Então sou careta, sem problemas.

De repente ouviram um estrondo e Giovanni se jogou sobre ela. Elza chegou correndo com seu marido, que estava armado e chamaram:

— Venham, venham, estão tentando invadir a mansão. — disse Jonas,q o ex-motorista.

Eles se levantaram e seguiram os dois, encontrando Marlon com Luí na cozinha, entraram na dispensa e Elza apertou um botão, que abriu uma porta por trás das prateleiras e eles entraram. Era um bunker. Enquanto Marlon, as mulheres e Luí, ficaram ali, Giovanni e Jonas saíram armados para impedir os invasores.

A essa altura, o alarme da casa já tinha sido ativado e a polícia acionada, blindagens desceram pelas janelas e portas e eles foram para o escritório, Giovanni seguindo Jonas, que ligou os aparelhos de monitoramento das câmeras externas e puderam ver quatro homens, usando maçaricos, tentando cortar as barreiras de aço da porta de entrada.

— Eles vieram prevenidos, conheciam as defesas da casa. — dosse Giovanni.

Jonas apertou uma tecla do conyrole e uma fumaça toxica começou a sair pelas frestas da parede, ao lado da porta. O homem com o maçarico, pulou para trás e desligou o macarico, saindo correndo para não inalar a fumaça.

— Eles já tentaram outras vezes e foram se aprimorando.

— O que tem de tão importante nesta casa,para agirem assim?

— Creio que só Mary poderá dizer. Precisamos resistir só até a polícia chegar, que aliás está demorando.

— Eles devem ter colocado algum impedimento no caminho. Tem mais alguma arma?

— Terei que usar a margarida.

Jonas apertou outra tecla e ouviram tiros de metralhadora na frente da casa.

— Nunca precisamos usar a margarida, porque a polícia chegava antes, mas desta vez foi necessário. Acertou dois.

— Olha, tem dois vindo por trás.

— Então é hora do Rodolfo.

Outros disparos foram ouvidos e também a sirene da polícia e o circo fechou. Giovanni se perguntou:

" O que será que tem de tão valioso, legado a Mary, para gerar um ataque cinematográfico como esse?"

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