Inimigo Meu
O carro diplomata, todo preto, com vidros pretos e placa branca, cruzava as ruas da cidade em direção ao centro de eventos do governo. No banco de trás, vestidos a rigor, pai e filha discutiam:
— Você precisa diminuir o ritmo de trabalho, minha filha. As empresas não vão desmoronar se der mais funções ao seu irmão.
— Você é engraçado, papai, lembro muito bem, quando era o senhor que trabalhava mais que o normal, dando a sangue por aquela empresa.
Ele riu ao lembrar dos velhos tempos.
— Literalmente, dei o sangue naquelas prensas, trocando peças e apertando porcas e parafusos. Mas valeu a pena, para que hoje, você não precise dar o seu sangue ou o seu precioso tempo, naquele jornal.
— Não é mais um jornal, papai. É uma empresa de comunicação.
— Mary Elizabeth Foster, você é minha primogênita e precisa me dar netos.
— Lá vem você com….
O som dos tiros de uma metralhadora acertando o carro, interrompeu a fala de Mary e seu pai já estava por cima dela, depois de jogá-la para baixo, quase a derrubando do banco. Os seguranças nos carros da frente e de trás, revidaram, atirando no carro comum que emparelhado com o deles, atirava sem parar. Os seguranças acertaram os pneus, paralisando o carro, que rodopiou na pista e quase despencou da ponte onde passavam.
O motorista, muito habilidoso, conseguiu desviar do movimento e seguiu em frente, para chegar ao seu destino, mesmo estando todo amassado pelas balas, o carro seguiu firme. Abaixando o vidro que separava ele do senador e sua filha, o motorista perguntou:
— Os senhores estão bem?
— Sim, Conrad, obrigado. Dá para seguir até lá?
— Sim, senhor, na volta, trarei outro veiculo blindado.
— Obrigado.
Pai e filha desceram na frente do prédio, onde aconteceria a cerimônia de premiação de Mary, como a melhor empresário do ramo da comunicação. O senador era convidado de honra e ao ver seu chefe de segurança, não falou nada, só o seu olhar afiado era o suficiente para o funcionário entender. Subiram as escadas, e ao entrarem, foram direcionados a uma sala particular, reservada para eles ficarem antes de iniciar a festividade.
— Não aguento todo este aparato cada vez que saímos juntos. Da próxima vez, iremos em carros separados.
— Quem disse que se andarmos separados, vai te poupar de passar por isso. Aliás, vá se acostumando, pois vou contratar uma equipe para você.
— Nem pensar que vou andar com esses carrapatos grudados em mim.
O chefe da segurança, escutava e analisava tudo e cria que tinha a pessoa certa para cuidar da rebelde filha do senador.
Enquanto isso, ela não parava de manusear seu tablet, se comunicando com sua equipe e selecionando as imagens das gravações das câmeras que colocou nos carros. Sempre fazia isso quando saía com seu pai. Nunca havia convivido com uma pessoa tão atacada quando o senador Foster, para andar com ele era melhor estar prevenido.
— Quando sairmos, espero já ter um segurança esperando para a proteger. — disse o senador para seu chefe de segurança.
— Sim, senhor, já estou providenciando.
— Ahh! Vocês são impossíveis mesmo. Não quero segurança nenhum, só preciso me distanciar de você, papai e ficarei segura.
Um toque na porta e o concierge responsável por eles, avisou que estava na hora de seguirem para o salão. Foram direcionados, com toda a pompa e circunstância, para uma das mesas posicionada bem a frente do palco. O palco tinha uma elevação, suficiente apenas para que todos vissem bem toda a cerimonia de premiação dos empresários do ano, segundo seu campo de atuação.
Uma cortina mantinha tudo oculto, mas logo se abriu e podia-se ver um enorme telão, onde passaria um resumo do trabalho de cada indicado. Logo que todos os convidados chegaram, iniciou a cerimônia. Drinks e canapés foram servidos e a atenção de todos se movia conforme seus interesses, mas Mary notou que a maioria tinha a atenção voltada para Don Giovanni.
Aquele homem com sua postura arrogante, a incomodava sobremaneira. Não conseguia nem olhar para sua cara, pois era lindo,mas evocava nela um sentimento que ela não compreendia. Estava investigando com a ajuda de seu irmão, se existia alguma coisa oculta nas empresas que ele administrava. Depois investigaria a dele, pois, com certeza encontraria muitas mulheres desiludidas e talvez até ppornografia.
Não queria olhar para onde ele estava, mas sentia uma quentura na nuca, que a incomodou e a fez olhar justo para onde ele estava e seus olhares se encontraram. Ele a fitava com um olhar sombrio e sério. A força daquele olhar, falava de mistérios a serem desvendados e que ele queria desvendar pessoalmente. Ela continuou presa em seu olhar, até que alguém lhe cochichou algo ao ouvido e ele desviou o olhar para fitar o palco.
O locutor apresentava o empresário número um em vendas no varejo e era ele, o dito cujo estava passando no telão. Uma imagem dele completamente diferente, sem toda aquela elegância e pompa, andando pelas docas, conferindo carregamentos e depois, direto nas lojas varejistas, sorrindo e conversando com os fregueses. Depois mudou para ele no escritório, assinando papéis e em reuniões com vários compradores. Findou o vídeo, com ele em sua mansão, rodeado da grande família, que eram os Raglionnes.
Ele levantou e caminhou até o palco, aplaudido por todos e principalmente pelas mulheres. Subiu as escadas e uma das apresentadoras mais bonitas do jornalismo televisivo, o esperava com o troféu e um prêmio, uma viagem com acompanhante para a Ilha do Caribe com hospedagem completa no Le Barthélemy Hotel. Ela o parabenizou, entregou os prêmios e lhe passou o microfone para os agradecimentos.
Ele olhou diretamente para ela e levantou o troféu, mas ela não fazia ideia do que ele queria dizer com aquele gesto, mas o discurso esclareceu, pelo menos para ela:
— " Agradeço a minha família, toda a equipe de funcionários que trabalham arduamente para termos sucesso e a mídia ncional e internacional, que nós promovem constantemente com suas investigações e especulações sobre nossa idoneidade. Obrigada a todos!"
O sorriso dele, com dentes brancos,as com um incisivo tortinho, que deixava ele mais charmoso, pareceu iluminar o local e o suspiro de algumas mulheres foi audível.
— Com quem pretende desfrutar dessa ilha paradisíaca, senhor Raglionne?
— Com a mulher que mais admiro nesta planeta, mas que parece me odiar. Obrigada.
Desceu do palco, deixando Mary de boca aberta, surpresa. Ela não teve tempo de expressar sua desaprovação, pois era a vez dela subir ao palco e ela iria apresentar uma matéria em primeira mão, para alavancar seu novo programa de notícias urgentes e inéditas.
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Atualizado até capítulo 56
Comments
HENEMANN- M. Henemann
começando agorinha mesmo 😃 já estou amando e esperando muitooooo pelo fogo 🔥🔥🔥🔥 desses dois 🤩
2025-03-12
0
Erlete Rodrigues
começando hoje
2024-10-27
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Maria Helena Macedo e Silva
li várias obras. e hoje decidi maratonar as obras concluídas . então boa leitura para mim😉🤝⏳💖👒👠👀📖
2024-08-26
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