Marlon só ouvia Garreth falar, explicando todos os seus pontos de vista. Por incrível que parecesse, era igual ao que Mary falava, quando se referia ao Giovanni.
— Tem certeza que você é irmão do Giovanni? Você fala igual à minha irmã.
— Ela fala assim, é? Então ela tem padrões morais corretos.
— É estranho ouvir você falando de valores morais, quando tentou roubar meus projetos.
— Você não alivia, não é?
— Você está falando a meia hora, a mesma coisa.
— E você, entendeu alguma coisa?
— Entendi que você quer ir mais devagar.
— Ôh…
— Tinha mais alguma coisa pra entender em toda aquela falação?
— Desisto!
— Vai desistir de nós, antes de começar?
— Não! Desisto de te explicar alguma coisa.
— Ótimo, quer namorar comigo?
— Sim, quero. — Garreth sorriu, achando a situação totalmente estranha.
Marlon sempre foi introspectivo, um nerd que vivia só para suas invenções, sempre de olho na tela do computador. Mas com o sequestro e consequente gravidez de sua irmã, precisou assumir a situação e retribuir todo o cuidado que sempre recebeu dela. Com isso, ficou mais forte e autoritário, pois descobriu que as pessoas não lhe obedeciam, se passasse insegurança.
Conseguiu vencer a timidez, dedicou um pouco de seu tempo à natação, para fortalecer a musculatura flácida, de anos passados sem sair da frente do computador e se transformou no homem seguro que é hoje. Jamais tomaria a atitude que tomou com Garreth, se ainda fosse aquele nerd tímido e também se seu pai estivesse vivo.
Seu pai sempre o rejeitou por assumir sua sexualidade. Sempre que se encontravam, era uma enxurrada de xingamentos e reclamações, por ele não assumir seu papel de "homem" e viver sempre à sombra de sua irmã. Até que tomou uma atitude para socorrê-la naquele momento difícil, mas em todas as vezes que seu pai foi visitá-los no Brasil, dizia para ele não influenciar seu sobrinho, com suas "imoralidades" gays.
Ele é um retrógrado.
Era o que sua irmã dizia, para consolá-lo. Mas tudo ficou guardado dentro dele, até o momento que viu Garreth e foi amor à primeira vista, por isso ressuscitou o homem destemido e ousado e investiu. Olhou com carinho para seu primeiro amor e foi se aproximando, para tocar seus lábios com os seus.
— Tá namorando, tá namorando! — gritou Luí, entrando na sala e assustando os dois, que se afastaram rápido.
— Pare com isso, Luí. Não é educado assustar os outros. — disse Marlon mas Luí nem ligou e se jogou sobre eles, no sofá.
— Onde tá a mamãe?
— Pela falta de som, diria que também estão namorando. — sugeriu Garreth.
— Obá!!!
Se levantou correndo para ir atrás dos pais, mas lembrou que não sabia onde estavam e gritou:
— Mamãe, papai, cadê vocês?
A voz de Luí alertou seus pais, que ainda estavam em um beijo profundo e quase caíram da rede, ao tentarem se ajeitar e levantar rápido.
— Estamos na varanda, filho. — respondeu Mary, se recompondo.
Giovanni demorou um pouco mais a se recompor e achou melhor continuar deitado na rede. Luí chegou sorridente, mas se decepcionou por não encontrar os pais namorando. Parou, ficou sério e perguntou chateado:
— Vocês não estão namorando igual aos tios?
Mary olhou para Giovanni com a testa franzida, quase pedindo desculpa pelo comportamento do filho.
— Filho, adultos não gostam de ficar exibindo sua intimidade. — explicou Giovanni.
— Eu acho que você está muito ocioso, que tal jogar um pouco de videogame com seu tio? Depois, podemos tomar banho de piscina,
— Mas eles estão namorando.
Garreth e Marlon chegaram na varanda e Giovanni falou:
— Precisamos voltar para a empresa e começar a planejar o que faremos para reestruturá-la.
Levantou-se da rede e seguiu para se reunir com o irmão e irem embora. Mas antes de sair, deu um beijo rápido em Mary e prometeu ao filho que voltaria. Se retiraram e o restante do dia foi tranquilo. Marlon, Mary e Luí, saíram para jantar fora e foi Luí quem escolheu o lugar e findaram comendo fast food.
— Nem precisávamos sair para comer isso. — comentou Mary, não gostando de se encher de carboidratos.l
— Mas é divertido olhar as pessoas, mãe.
— E o que você acha divertido?
— Todos ficam iguais, sujos de catchup e maionese, lambendo os dedos e rindo.
— Ficam a vontade, sem a etiqueta que usamos para comer em casa, entendi. — disse Marlon.
Mary olhou a sua volta e conseguiu enxergar o que Luí via. As familias estavam se divertindo sem preocupação e pareciam se divertir e sem precisar de muita coisa, apenas felizes por estarem juntos e sem precisar seguir nenhuma etiqueta. No centro das mesas, sobre a bandeja, uma pilha de lixo se formava, mas ninguém se preocupava com isso e realmente, sujavam as bocas de molho, onde passavam a língua e também lambiam os dedos.
Mary sorriu da descontração e por perceber que faziam a mesma coisa.
— Só falta o papai e o tio, aqui.
— Agora você vai querer seu pai e tio em todo lugar que formos, não é?
— Siiiiimmmmm!!
Riram, como as outras famílias e Mary, assim como Marlon, começou a entender o que era ser feliz em família e que seu filho estava lhe mostrando isso. Ficou tão consumida pelas lembranças e ordens de seu pai, que esqueceu que as atitudes de seu pai não refletiam o comportamento ideal das famílias.
Foram para casa, leves e satisfeitos. Luí foi direto para a cama e dormiu logo. Marlon e Mary ficaram na sala, tirando uma conclusão de tudo que aconteceu durante o dia.
— Você acha que Giovanni consegue recuperar a empresa?
— Ele é um CEO competente, várias vezes premiado, creio que sim.
— Então, vamos continuar com nossos projeto, depois que o testamento for lido. Sinto uma sensação ruim quanto a este testamento.
— Eu não sei o que esperar. Papai era considerado um homem bom e protetor do povo, mas nós sabemos que ele não era tão bonzinho assim.
— É, sabemos, mas não vamos começar a sofrer por antecipação, é melhor irmos dormir.
Se despediram e foram para seus quartos e como na noite anterior, um vulto cruzou o jardim, escalou a parede e chegou a sacada, mas quando foi abrir a porta de vidro, estava trancada. Andou pela sacada que ligava os quartos e tentou a porta do lado, que abriu e ele percebeu que seu filho, realmente, estava do seu lado.
Seguiu pelo corredor, para entrar no quarto de Mary, mas a porta também estava trancada e ficou parado ali, com a testa encostada na porta, até que a mãozinha colocou uma chave em sua mão. Ele se abaixou, beijou a cabeça do filho e lhe agradeceu. Luí correu de volta para o quarto e ele abriu a porta, entrou, despiu-se e deitou, só de sunga. Mary não acordou, mas sentiu o corpo quente de Giovanni e se aconchegou a ele.
O consciente dela o rejeitava, mas o inconsciente o aceitava por inteiro.
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Atualizado até capítulo 56
Comments
Maria Helena Macedo e Silva
qual o filho que não quer os pais juntos e uma família amorosa e unida.⁉💕💞💗💖⏳
2024-08-27
2
Fatima Maria
EITA LUÍ EU ESTOU TE AMANDO DEMAISS💝💝💝💝💝💝💖💖💖💖💝💝💖💖💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝💝
2024-07-20
0
Luciana Silva Dias
Esse lui é uma figurinha maravilhosa kkkk
2023-11-07
5