Foram confirmados cento e vinte pessoas para o baile, eu não faço idéia de quem sejam essas pessoas todas, pois tia Jussara e dona Cléo são as organizadoras do evento e eu sou apenas a dona da academia.
Passei a noite chorando e acordo com o rosto inchado, todo vermelho, conto apenas para minha mãe o que aconteceu e que estou arrasada:
__ Ele não decidi e diz que me ama mas ainda está com ela.
__ Calma, Elisa! ... Vocês precisam ter mais diálogo, ele deve ter um motivo justo para isso que seja mais convincente que um mandato de prefeito.
__ Eu acho que ele gosta dela. Não tem explicação, ela é intragável, insuportável e metida. Uma pessoa de caráter duvidoso e ele fica pensando mil vezes se termina ou não. Eu não quero fazer parte disso. Eu o amo mas vou fazer de tudo para esquecê-lo, nem que eu tenha que ir morar com meu pai e nunca mais voltar aqui.
__ Você teria coragem de me deixar aqui?
__ Me desculpa, mãe! Mas se eu não conseguir me desvencilhar desse sentimento eu vou embora. Eu acho que não suportaria vê-lo a todo momento com aquela vaca.
__ Eu te entendo e se for para sua felicidade te darei total apoio.
Nos abraçamos e fiquei mais tranquila, minha mãe será sempre meu apoio e ombro amigo. Lucas abre a porta do quarto e entra, sem perguntar nada ele nos abraça e diz:
__ Somos mais fortes juntos, como um elo. Um precisa do outro e pode contar comigo, maninha seja para o que for.
Eu o agradeço e fico em seus braços.
Minha mãe está curiosa com a sua amizade com a Leide e pergunta se está rolando alguma coisa entre eles, nunca vi meu irmão tão envergonhado e sem jeito como agora:
__ Não! ... Eu e a Leide somos apenas amigos. Ela na verdade gosta de um garoto da faculdade e eu não quero compromisso com ninguém. Sou muito novo para estar me amarrando em alguém. Quero mais é me formar e ter minha clínica veterinária.
__ Estou vendo que terei um filho velho e solteirão.
__ A senhora está esquecendo da filha que também vai ficar de cabeça branca e solteira.
Falo fazendo os dois rirem de mim. Faço um drama e minha mãe me lembra que ainda tenho Ricardo como opção.
__ Ricardo não é uma opção, ele é meu amigo.
Eu não consigo ficar com um pensando no outro, tenho que esquecer o prefeito para poder ser feliz com outra pessoa.
Saio dos meus pensamentos com minha mãe contando a respeito do jantar com doutor Davi e as terapias com o senhor Lorenzo, ela parece ter ficado mexida com alguma coisa e não quer entrar em detalhes. Mas seu olhar está tristonho e anda pensativa a dias. Não faço ideia o que anda pensando, mas vou descobrir.
Na parte da tarde tia Jussara fala a respeito de como será o baile e que cada aluno poderá levar um acompanhante. O buffet será servido por uma das alunas que fez a um preço bem em conta para nos ajudar.
O som foi Ricardo quem arrumou e um amigo dele tocará músicas dos anos oitenta e noventa.
Vou a frente com tia Jussara e o Lucas para acabar de arrumar as coisas. Dona Cléo chega com Laís sua filha, vejo que Lucas está encantado com ela e os dois estão conversando enquanto arrumam as mesas. Tudo está perfeito, Ricardo testa o som e as luzes.
__Ficou lindo! ...
Falo admirando que depois de muito trabalho tudo ficou perfeito.
Os convidados começam a chegar e se acomodarem. Eu cumprimento a todos e as pessoas me desejam sorte.
O delegado Laércio veio de acompanhante de uma policial que faz aula comigo, eles parecem ser amigos. Ele o tempo todo está secando minha mãe que não dá a mínima para ele.
Doutor Davi veio na companhia de uma enfermeira também sua amiga, ele também está de olho na minha mãe que não está se importando em nada. Ela parece esperar alguém e a todo momento olha para a porta de entrada.
Eu subo no pequeno tablado improvisado e peço a palavra, agradeço a todos pela presença e pelo apoio.
No mesmo instante eu vejo Laércio entrando com Janaína ao seu lado, eles não estão de mãos dadas mas a presença dos dois me incomoda.
Engulo meu orgulho e agradeço a presença do prefeito que nos ajudou no início do projeto e todos que colaboraram para que tudo ficasse pronto em tempo viável. Passo o microfone para o cantor e dar-se o início do baile.
As músicas embalam o momento e formam-se casais no meio do salão. Minha mãe mesmo constrangida aceita uma valsa com o delegado. Ela ama dançar e não fazia por vergonha por estar acima do peso. Ela é tão linda e seu rosto angelical, nem parece ter dois filhos adultos e foi reprimida uma boa parte da sua vida a não fazer o que gosta por tabus de uma sociedade com um falso padrão de beleza.
__ Você não quer dançar?
Assusto-me com Laércio atrás de mim.
__ Agora não, talvez mais tarde...
__ Elisa, precisamos nos encontrar para termos uma conversa séria.
__ Me desculpa, mas onde está sua noiva?
__ Ela está dançando com o irmão.
Ele fala sem graça e me encarando enquanto eu me preparo para dar-lhe a resposta que está entalada na minha garganta:
__ Não temos mais o que conversar, eu não sou mais um risco para sua carreira política e a música já está acabando, vá dançar com sua noiva.
Saio de perto dele e vou em direção a Lucas e Laís que acabaram de dançar:
__ Lucas, a Leide não veio?
__ Não, o pai acha que ainda é muito cedo para irem a festas, estão de luto e vão respeitar esse tempo.
Outra música começa e Ricardo me puxa para dançar. É um ritmo romântico e lento, eu encosto minha cabeça em seu peito e curto a música que é linda e envolvente. Ricardo segura firme minhas costas e de vez em quando ele afaga meus cabelos. Nem uma palavra é dita entre nós, ele parece entender o que estou sentindo.
A música acaba e saio dos seus braços e me deparo com Laércio me olhando com os olhos cheios de lágrimas. Não diferente dos meus, passo por eles e não os encaro.
Ricardo conversa com a irmã alguma coisa referente a um almoço em família. Eu não presto atenção e continuo andando quando sinto Laércio pegando em minha mão e me convidando para dançar. Para não ser grosseira e não dar margem para boatos eu aceito.
Meu rosto em seu ombro é confortável, e ele aperta sua mão espalmada em minhas costas e eu sinto uma energia percorrer meu corpo. Ele aproveita o momento e sussurra baixinho no meu ouvido:
__ Eu vou terminar com ela hoje e amanhã você me encontre às dez horas no galpão que te levei da outra vez, você sabe como chegar lá?
__ Sei! ...
A música acaba e antes de separarmos ele encerra com uma frase que me deixa tonta.
__ Eu te amo e vou lutar para ficarmos juntos.
Eu suspiro e respondo baixinho:
__ Eu também te amo e vou lutar junto com você.
Ele se afasta, sorri e me agradece. Espero que não seja um sonho e que ele cumpra o que disse.
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Ameles
TB acho
2024-04-01
3
Edimaria Santos
não se iluda Elisa esse prefeito tá um chove não molha, cuidado
2023-11-24
9
Euzilane Silva
Só rolo este prefeito não se decide
2023-11-22
1