Ciúmes sem medidas

Há dias estou procurando um lugar para instalar a academia, nada me agrada pois gosto da natureza e o exercício em contato com o ar puro nos faz sentir melhor. Então resolvi reescrever o meu projeto, eu não preciso ficar presa a uma bolha já que tenho outras opções e sei que vou conseguir me desvencilhar do setor público.

Ricardo me convidou para sair, deve estar querendo saber coisas a meu respeito que só contei para minha mãe, meu irmão e para tia Jussara que está me ajudando como se eu fosse sua filha.

Ricardo de vez em quando me manda mensagens convidando para sair mas sempre invento uma desculpa, mas estou precisando arejar minhas ideias e decidi aceitar o convite e vamos a um barzinho essa noite.

Já faz quase três semanas que conversei com o prefeito e cheguei a conclusão de que é melhor eu me manter longe dele e de sua noiva, apesar de estar muito mexida com seu beijo e acordar no meio da noite afoita com os sonhos que tenho com ele.

Sempre que estou dando aula na praça ele passa me olhando. Muitas vezes para e cumprimenta seus eleitores que o adoram, eu o trato com indiferença para não causar boatos, apesar de que sua tia Cléo já me falou que formamos um lindo casal. Ela parece não gostar da capivara amarela.

Minha mãe vai jantar com doutor Davi, Leide vai lá para casa assistir filme com Lucas e tia Jussara, ela será babá dos dois jovens amigos. Eu não devo demorar, esse é o meu propósito, a não ser que o local seja maravilhoso.

Ricardo para sua moto em frente a minha casa e ouço um sermão da minha mãe e da tia Jussara:

__ Cuidado, moto é perigoso, use capacete, não deixa ele beber, me liga quando chegar lá, pede para ele não correr...

Já estou no portão e ainda ouvindo as recomendações das duas.

Leide está chegando, pegando alguns lanches no carro e eu a ajudo até que Lucas nos encontra na entrada da casa. Ela com seu jeito meigo me fala baixinho em particular:

__ Aproveita! ... Ele é muito lindo.

Dou lhe um sorriso e saio em direção a moto.

__ Você está linda!

Ele fala me entregando o capacete depois de me cumprimentar com um beijo no rosto.

Subo em sua garupa e seguro firme sua cintura, acho que ele fez de propósito para poder sentir meu corpo grudado ao seu.

Chegamos no bar e o lugar é maravilhoso, cheio de jovens. Um ambiente nostálgico com um som ambiente dos anos noventa cantado por um universitário talentoso com um violão retrô.

Ele me leva até um espaço reservado no fundo do bar e pede dois sucos natural com gelo. Parece saber dos meus gostos, a princípio vamos comer fritas e uma porção de frios.

A conversa é agradável e sempre aparece alguém para nos cumprimentar. Ele me apresenta como sua amiga. Me sinto à vontade e descontraída até que de repente sua irmã chega com o prefeito.

Eles não se aproximam de nós, parece que não estão bem ou andaram brigando, as caras são de velório.

Eu continuo conversando com Ricardo e a presença do casal já não me incomoda tanto. Eu disse a ele que se gostasse de mim teria que terminar com ela, pelo visto não gosta tanto assim, ainda está com a barata da perna comprida.

Ela se senta de costas para nós e ele está bem a minha frente, seus olhos não desgrudam da nossa mesa. Ele bebe uma bebida forte a cada vez que Ricardo segura minha mão.

Já incomodada com a quantidade que ele está bebendo eu peço a Ricardo para irmos embora, não quero confusão com meu nome.

Saímos e damos uma volta pela cidade, foi muito bom e a companhia acabou sendo agradável.

Ele me deixa em casa e quando vou lhe entregar o capacete ele me puxa para um beijo roubado sem muito sucesso. O afasto e passo a mão em seu rosto com um gesto de carinho e respeito:

__ Me desculpa, Ricardo! Mas eu não quero me envolver com ninguém agora, vamos ser somente amigos.

__ Então, está bem! ...Pelo menos eu tentei.

Ele fala com um jeito moleque, acelera sua moto e vai embora.

Coloco a mão no bolso para pegar a chave do portão e vejo um carro parando, para meu espanto é o prefeito. Meu corpo gela e sinto o mundo girar:

__ Elisa!... Entra no carro.

__ Eu não vou entrar no seu carro.

__ Ou você entra ou te pego a força.

Ele fala saindo do carro e abrindo a porta para eu entrar. Minhas pernas estão bambas e sinto um calafrio percorrer minha espinha.

Ele entra no carro e acelera, está cheirando a bebida e parece estar tomado de ódio.

__ Para onde você está me levando?

Ele não responde nada até chegar em um galpão parecendo uma antiga fábrica, feita de tijolos a vista com grandes janelas. Ele entra com o carro dentro do local e fecha o portão. Eu tenho medo de sair do carro e ele me fala para sair. Abre a porta e me manda descer. O lugar é lindo parece cenário de filme:

__ Por quê você me trouxe aqui? ... Eu quero ir embora.

Ele me puxa pelo braço e me encosta na parede, me prende em seu corpo que está em chamas, seus olhos tomados pelo ciúme me encarando o tempo todo e sua respiração acelerada muito próxima a minha boca:

__ Ele te beijou? Fala para mim, ele tocou seus lábios?

__ O que você está fazendo? Eu não te devo satisfação.

Ele segura minhas mãos acima da minha cabeça e seu rosto está colado nos meus:

__ Eu te perguntei se ele te beijou, eu preciso saber o que você sente por ele. Se você me disser que sim eu te prometo que nunca mais olho para você...

__ Não! ...Ele não me beijou e somos apenas amigos.

Antes que eu terminasse sua boca já estava na minha num desespero cheio de desejos e nossos corpos em chamas necessitando um do outro. Sua boca devorando meus lábios e sua língua penetra fundo até quase minha garganta, ele abre minha calça e enfia sua mão tocando minha intimidade com desejo intenso, sussurro em sua boca em meio ao instinto e a paixão:

__ Eu não posso! ..Por favor, pare!

__ Estou te machucando?

__ Eu sou virgem.

Ele me olha assustado e para o que estava fazendo.

__ Desculpa, eu estava tão cego de ciúmes que não pensei em nada. Eu deveria ter te perguntado.

Ele me solta do seu corpo e ainda de pé a minha frente ele passa sua mão em meu rosto:

__ Você está me deixando louco, eu não consigo te esquecer e faço qualquer coisa para ter você comigo.

__ Você terminou com sua noiva? Ou você pretende ficar com as duas? ...

__ Não fala assim Elisa, eu te amo e quero ficar com você.

__ Você não respondeu a minha pergunta.

Ele se afasta e vai até o carro e abre a porta para que eu entre, paro a sua frente esperando uma resposta.

__ Eu não consegui terminar, ela não aceita o fim do noivado e fala em tirar a própria vida.

__ E você acredita na chantagem dela? ... É assim que você faz qualquer coisa para ficar comigo?

__ Não é uma questão de acreditar, ela pode destruir a minha vida e minha carreira política. Eu lutei muito para estar onde estou.

__ Você é quem decide seu futuro, ao meu lado ou ao lado dela, eu não vou ficar presa a um triângulo amoroso.

__ Espera! Eu vou resolver, só preciso de um tempo, só te peço que não fique com ninguém pois eu enlouqueço só de imaginar outro tocando seu corpo e beijando sua boca.

__ Eu não fico se você não ficar, caso você beijá-la e eu beijo também, se fizer amor com ela eu me entrego ao primeiro que aparecer e se você se casar eu também me caso.

Ele me pega pelo pescoço e devora meus lábios novamente:

__ Eu te proíbo a deixar qualquer pessoa te tocar.

Ele fala com a boca na minha. Eu respondo o provocando:

__ Eu dobro a aposta, se você pegar na mão daquela vaca eu me entrego para o Ricardo.

__Você não teria coragem, não se entregou para mim.

__ Paga para ver...

Ele me solta e eu entro no carro, em silêncio ele me leva até em casa e percebo que foi o efeito da bebida, em sã consciência ele jamais teria feito aquilo, estou perdida com esse homem.

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